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Afonso VIII de Castela, chamado O Nobre ou O das Navas (Sória, 11 de novembro de 1155 — Gutierre-Muñoz, 5 de outubro de 1214), foi rei de Castela e de Toledo desde 1158 até sua morte.
É lembrado principalmente pelo seu papel na Reconquista, levando à queda do Califado Almóada. Depois de uma pesada derrota na Batalha de Alarcos, liderou uma coligação de forças cristãs na Batalha de Navas de Tolosa, evento que marcou o início da supremacia cristã na Península Ibérica.
O seu reinado também foi marcado pelo domínio de Castela sobre Leão e pela aliança com Aragão, tornando o seu reino o mais poderoso da região.
Afonso VIII também é avô de dois reis reconhecidos como santos pela Igreja Católica: São Luís e São Fernando
Ascendentes e infância
Filho de Sancho III de Castela e de Branca, infanta de Navarra,[1] Afonso VIII era neto paterno de Afonso VII de Leão e Castela e Berengária de Barcelona, e neto materno do rei Garcia Ramires de Pamplona e de Margarida de l'Aigle, portanto, descendente de Rodrigo Dias de Vibar, o Cid.[2]
Em 1157, o rei Afonso VII faleceu e, à hora da sua morte, dividiu o reino entre os dois filhos, legando Castela ao seu primogénito Sancho e Leão a Fernando. Os dois reinos outrora unidos tinham agora objectivos políticos diferentes, apesar do Tratado de Sahagún (23 de Maio de 1158) celebrado pelos dois irmãos, que estabelecia a colaboração dos dois reinos e a repartição dos territórios conquistados a Portugal e aos mouros.
Sancho III de Castela morreu em 31 de Agosto de 1158, com 23 anos. Afonso, o único filho legítimo do jovem rei, subiu ao trono com apenas 3 anos de idade.
O jovem rei serviu de joguete nas mãos dos dois grandes partidos nobiliárquicos que disputavam o poder em Castela, os Lara e os Castro.[3] Além disso, o seu tio Fernando II reclamava igualmente a regência do reino, situação que quase conduziu a uma guerra civil. Nuno Peres de Lara, irmão de Manrique Perez de Lara, o regente do reino de Castela, levou a Afonso a San Esteban de Gormaz e Ávila, leais ao rei de Castela.
Reinado e reconquista
Assim, desde a adolescência que teve de lutar para reconquistar o seu reino. Tomou de surpresa a cidade de Toledo, então nas mãos da nobreza castelhana. Em 1170, aos 15 anos de idade, casa-se com a sua noiva de 9 anos de idade, Leonor de Inglaterra, filha de Henrique II de Inglaterra e Leonor da Aquitânia.
Em 1174 sediou a Ordem de Santiago na vila de Uclés, a partir de onde inicia uma campanha que culmina com a reconquista de Cuenca em 1177. A cidade rende-se a 21 de Setembro, no dia de São Mateus, que passa a ser também o dia dessa cidade.
Compreendendo as vantagens de uma aliança contra o inimigo comum almóada, negocia com todos os reinos cristãos da Península Ibérica e consegue firmar o Tratado de Cazola (1179) com Afonso II de Aragão, para partilha dos territórios a reconquistar.
Depois de refundar a cidade de Plasencia em 1186, conquistada aos mouros, relança o movimento da Reconquista com o objectivo também de unificar a nobreza castelhana na sua causa, e recupera parte de La Rioja da posse de Navarra.
Depois da quebra das tréguas com o Califado Almóada, em 1195 Afonso vai socorrer a cidade de Alarcos (hoje em dia Cidade Real), nessa época o enclave mais importante da região. Na batalha que se seguiu, foi derrotado pelo califa Abu Iúçufe Iacube Almançor e perdeu toda a região. A fronteira de Castela com o império almóade ficou 17 anos nos Montes de Toledo, ameaçando a própria cidade de Toledo e a região do vale do rio Tejo.
Até que em 1212, com a mediação do papa Inocêncio III, foi convocada uma cruzada com o objectivo de derrotar o poder almóada. Sancho VII de Navarra, Pedro II de Aragão e um exército de Afonso II de Portugal, para além das ordens militares de Santiago, Calatrava, Templários e Hospital, responderam ao chamado. Afonso IX de Leão, em conflito com Castela e Portugal não juntou as suas forças ao exército cristão, mas alguns cavaleiros leoneses aderiram de moto próprio à Cruzada.
Começando com a conquista de Calatrava, depois Alarcos e Benavente, a campanha terminou em uma vitória decisiva na Batalha de Navas de Tolosa, a 16 de Julho de 1212 frente ao califa almóada Maomé Nácer, e na recuperação dos territórios do vale do rio Guadiana.
Afonso VIII morreu em 5 de Outubro de 1214, e foi enterrado junto com a esposa no Mosteiro de Las Huelgas em Burgos, panteão dos reis de Castela.
Contribuições para a cultura
A corte de Afonso VIII teria sido um importante instrumento cultural, acolhendo trovadores e sábios, especialmente pela influência da sua esposa Leonor de Inglaterra, com quem teria uma verdadeira relação de amor.
O monarca terá ainda sido o fundador do primeiro studium generale (Universidade) da Península Ibérica, em Palência. No entanto, esta instituição não terá sobrevivido por muito tempo após o seu falecimento.
Referências culturais
- O romance Die Jüdin von Toledo (A Judia de Toledo), de Lion Feuchtwanger (1955), que narra a história de uma judia na Toledo medieval, considerada a capital do saber e da tolerância entre cristãos, muçulmanos e judeus, tem Afonso VIII como personagem e soberano da cidade.
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Do seu casamento em 1170,[4] em Burgos com Leonor de Inglaterra, filha de Henrique II de Inglaterra e de Leonor da Aquitânia nasceram pelo menos 10 filhos:[5]
- Berengária de Castela (1 de junho de 1179/80-8 de novembro de 1246),[6] rainha consorte de Predefinição:Lknb, regente de Castela em nome de seu irmão Henrique, rainha de Castela em 1217 após a morte deste, abdicou do trono de Castela em favor de seu filho Predefinição:Lknb;[7]
- Sancho (5 de abril de 1181-9 de julho de 1181), morreu aos três meses de idade;[8]
- Sancha (1182-1184);[9]
- Urraca de Castela (1186-2 de novembro de 1220), rainha consorte de Predefinição:Lknb;[10]
- Branca de Castela (Palencia, 4 de março de 1188-Melun, 1252), rainha consorte de Luís VIII de França e fundadora do Mosteiro de Maubisson da Ordem de Cister;[11]
- Fernando (Cuenca, 29 de novembro de 1189-Madrid, 14 de outubro de 1211);[12]
- Mafalda (Plasência, 1191-Salamanca 1204);[13]
- Leonor de Castela (c. 1190-1244), rainha consorte de Predefinição:Lknb;[14]
- Henrique I de Castela (14 de abril de 1204-26 de maio de 1217), que lhe sucedeu no trono, casou com D. Mafalda, infanta de Portugal;[15]
- Constança (?-1243), monja e senhora do Mosteiro de Las Huelgas em Burgos.[16]
Referências
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 20.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 21.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 25-29.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 41.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 43-53.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 46 e 54.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 46-47.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 47-48.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 48.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 48-49.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 49.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 49-50.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 50-51.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 51-52.
- ↑ Martínez Díez 2007, pp. 52-53.
- ↑ Martínez Díez 2007, p. 52.
Bibliografia
- Caetano de Sousa, António (1946). História Genealógica da Casa Real Portuguesa (Tomo I) 2ª ed. Coimbra: Atlântida-Livraria Editora. p. 41. OCLC 20210378
- Costa, Ricardo da (2004). «Amor e Crime, Castigo e Redenção na Glória da Cruzada de Reconquista: Afonso VIII de Castela nas batalhas de Alarcos (1195) e Las Navas de Tolosa (1212)». Guerras e Imigrações. Campo Grande (Brasil): UFMS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. p. 73-94. ISBN 8576130238
- Martínez Díez, Gonzalo (2007). Alfonso VIII, rey de Castilla y Toledo (1158-1214) (em español). Gijón: Ediciones Trea, S.L. ISBN 978-84-9704-327-4
- Vicaire, M-H (1938). «Une ambassade dans les Marches». Saint Dominique: l'idée, l'homme et l'oeuvre. I. Paris: Desclée De Brouwer. OCLC 4219234
- Encyclopædia Britannica, 11.ª edição
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Ligações externas
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