Predefinição:Info/Gênero musical O Forró é uma festa originária da Região Nordeste do Brasil, [1] [2]bastante popular e comum, especialmente nas festas juninas. O nome da festa forró é usado para nomear distintos gêneros musicais como o xote, baião, arrasta-pé e o xaxado, por isso quem não conhece suas histórias, as confundem com um gênero único.[3][4] As músicas são executadas tradicionalmente por trios instrumentais com acordeon(sanfona), zabumba e triângulo.[5]
Forró também é o nome de um dos gêneros musicais da festa forró, o qual foi criado por Luiz Gonzaga em 1958.[6]
Conhecido e praticado em todo o Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de Caruaru e Campina Grande, que sediam as maiores festas juninas do país. Já nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, Teresina e Salvador, são tradicionais as festas e apresentações de bandas de forró em eventos privados que atraem especialmente os jovens.
Origem do nome
O termo "forró", segundo o filólogo pernambucano Evanildo Bechara, é uma redução de forrobodó, que por sua vez é uma variante do antigo vocábulo galego-português forbodó, corruptela do francês faux-bourdon, que teria a conotação de desentoação.[7] O elo semântico entre forbodó e forrobodó tem origem, segundo Fermín Bouza-Brey, na região noroeste da Península Ibérica (Galiza e norte de Portugal), onde "a gente dança a golpe de bumbo, com pontos monorrítmicos monótonos desse baile que se chama forbodó".[8][9][10]
Na etimologia popular (ou pseudoetimologia) é frequente associar a origem da palavra "forró" à expressão da língua inglesa for all (para todos).[8] Para essa versão foi inventada uma engenhosa história: no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco para construir a ferrovia Great Western, promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, o termo passaria a ser pronunciado "forró" pelos nordestinos. Outra versão da mesma história substitui os ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco por Parnamirim (Rio Grande do Norte) do período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar dos Estados Unidos foi instalada nessa cidade.[11]
Apesar da versão bem-humorada, não há nenhuma sustentação para tal etimologia do termo. Em 1912, estreou a peça teatral "Forrobodó", escrita por Carlos Bettencourt (1890-1941) e Luís Peixoto (1889-1973), musicada por Chiquinha Gonzaga[12] e em 1937, cinco anos antes da instalação da referida base militar em território potiguar, a palavra "forró" já se encontrava registrada na história musical na gravação fonográfica de “Forró na roça”, canção composta por Manuel Queirós e Xerém.[9]
História
Os bailes populares eram conhecidos em Pernambuco por "forrobodó" ou "forrobodança" ou ainda "forrobodão" já em fins do século XIX.[13]
O forró tornou-se um fenômeno pop em princípios da década de 1950. Em 1947, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira lançam o baião, gravado por Quatro Ases e um Coringa, que teve grande sucesso, isso "abriu as portas" para outros tipos de músicas nordestinas.[14] No entanto, o forró popularizou-se em todo o Brasil com a intensa imigração dos nordestinos para outras regiões do país, especialmente, para as capitais: Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Nos anos 60, além de Luiz Gonzaga, destacaram-se artistas como Marinês, Ary Lobo, Zito Borborema, Luiz Wanderley, Sebastião do Rojão, Jacinto Silva e muitos outros.
Nos anos 1970, surgiram, nessas e em outras cidades brasileiras, "casas de forró". Foi nessa década que surgiu a moda do forró de duplo sentido, consagrada pelas composições e interpretações de João Gonçalves. Outros grandes cantores do período foram Zenilton e Messias Holanda. No fim desta década, instrumentos como a bateria, o baixo elétrico e a guitarra elétrica já eram introduzidos nas gravações de discos de vários artistas, como Dominguinhos e o Trio Nordestino.
No final da década de 1970, quando a bateria passou a ser utilizada de forma sutil em disco de artistas como Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste, Genival Lacerda e outros. Na década de 1980, a bateria, guitarra elétrica e baixo elétrico faziam parte oficialmente da instrumentação dos discos de forró. Luiz Gonzaga passou a fazer uso constante desses instrumentos a partir do seu álbum de 1980, "O homem da terra".
A década de 1980 foi de crise para o forró, o que fez com que grandes nomes do gênero aderissem ao duplo sentido das letras para atrair a atenção do público. Foi a década do chamado "forró malícia" representado por nomes como Genival Lacerda, Clemilda, Sandro Becker, Marivalda entre outros. Foi nessa década que a bateria (esporadicamente utilizada nos anos 70) foi inserida oficialmente na instrumentação do gênero, assim como a guitarra, o baixo elétrico e, mais raramento, os metais. A década de 1980 terminou sem que as músicas de forró conseguisse recuperar o prestígio.
Movimentos Influenciados
No início da década de 1990, surgiu no Ceará um novo movimento musical, inicialmente com características do forró(pé-de-serra), com a introdução de instrumentos como o teclado e o sax e a retirada da zabumba, mesclando com elementos da lambada, música pop e axé music, ficou conhecido como forró eletrônico ou estilizado. Seu precursor foi o produtor musical e empresário Emanuel Gurgel, responsável pelas bandas Mastruz com Leite, Forró Cavalo de Pau, Mel com Terra e Catuaba com Amendoim. O principal meio de divulgação foi a rádio Som Zoom Sat e a gravadora Som Zoom Estúdio pertencentes a Gurgel. Tal pioneirismo recebeu críticas por transformar o forró num produto.[11]
A banda de rock Raimundos fez muito sucesso nos anos 1990 com o gênero, forrocore, um misto de forró com o hardcore, desde a composição musical até as letras.[15]
No fim da década de 1990 e início da de 2000 em São Paulo, as músicas do forró pé-de-serra houve uma revitalização com o surgimento de grupos e artistas solo como o Rastapé, Bicho-de-pé e o Falamansa. O estilo desses artistas ficou conhecido como "forró universitário", o nome é devido a se apresentarem inicialmente em festas universitárias da cidade de São Paulo. Elas executam gêneros musicais do forró original com acréscimos ou mudanças instrumentais.[16] As diferenças com o forró pé de serra são as músicas misturadas com características de reggae, rock e MPB. [17]
Tipos de Músicas
Na festa são executados gêneros musicais originários e típicos da Região Nordeste do Brasil. Costumeiramente o grupo de gêneros recebem o mesmo nome da festa, forró. Desde a década de 90, também é nomeado de forró pé-de-serra e forró tradicional.
Tipos de danças
Danças tradicionais ou populares:
- Dança em casais. A característica em comum e clássica entre elas é o abraço fechado:
- Xote: conhecida também como dança (tradicional) do forró. O passo original é chamado de dois para lá de dois para cá. Também são executados outros passos na mesma marcação. Ela acompanha músicas do xote e de outros gêneros como baião, coco, forró (gênero musical), rojão e toada. É a dança mais praticada nos forrós.
- Baião: Tem passo de marcação binária, uma troca de pé de apoio, seguido de um quique de sola do outro pé. Ela acompanha as músicas do baião.
- Arrasta-pé: executada no passo de marcha. Ela acompanha músicas do arrasta-pé/polca e frevos executados por grupos de forró.
- Danças individuais, menos frequente nos forrós:
- Xaxado: dança trocando o pé de apoio marcando o tempo e contratempo das músicas do xaxado. Há versão estilizadas que não marca o contratempo.
- Coco: passos com soladas no chão marcando o ritmo. Ela acompanha músicas do coco.
Danças de salão
Surgiram no fim dos anos 90 em escolas de dança de salão. A partir de misturas da dança do xote/forró com outras danças. Elas acompanham alguns gêneros musicais como o xote, baião, forró (gênero musical), coco, rojão e toada. As principais danças são:
- O forró roots (ou de raiz, "pé-de-serra"), no modo raiz, ela é dançada em abraço fechado e contato corporal total, característica identitária da dança (tradicional) do forró, sem fazer movimentos em posições abertas. Sua criação começou nos eventos de forró de Itaúnas/ES, que introduziu principalmente movimentos intrínsecos e complexos de pernas, em sua maioria originados e modificados do tango e samba de gafieira.
- O forró universitário a maioria das figuras são em posições abertas com movimentos de braços de salsa cubana e/ou salsa L.A.(Los Angeles). Há movimentos de outras danças, como zouk e lambada em posição aberta ou no abraço do xote/forró.
Ver também
Bibliografia
- Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, folclórica, popular. 2ª. ed. rev. e atual. Art Editora/Itaú Cultural, 1998.
- Alvarenga, Oneyda. Música Popular Brasileira. São Paulo. "Lundu e Danças Afins". P.177. 2ª Edição. Livraria Duas Cidades, 1942.
- Carvalho, Rodrigues de. Cancioneiro do Norte. Paraíba do Norte. 71. 2º Edição, 1928.
- Câmara Cascudo, Luís da. Vaqueiros e Cantadores. p. 143 (em Almeida RJ, José Alberto de. 1997. Os Cantadores de Cordel do Nordeste Brasileiro: Relentara de Uma Prática Medieval. p. 6. Universidade Estadual do Ceará. CNPq - PIBIC).
- Câmara Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 2ª ED. Rio de .Janeiro. Instituto Nacional do Livro. Ministério da Educação e Cultura, 1962.
- Câmara Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6ª Edição. Belo Horizonte, Itatiaia - São Paulo. p. 95. Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
- Enciclopédia Brasileira Globo. Vol.II - 14ª. Porto Alegre. Edição. Editora Globo, 1975.
- Buarque de Holanda Ferreira, Aurélio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 1ª Ed. 5ª Impressão. Rio de Janeiro. p. 207. Editora Nova Fronteira, 1977.
- Phaelante, Renato. Forró: Identidade Nordestina. Fundação Joaquim Nabuco (Instituto de Pesquisas Sociais, Departamento de Antropologia). Recife, 1995.
Referências
- ↑ «"forró", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013»
- ↑ «Signficado de Forró no Dicionário online Aulete Digital»
- ↑ «Dominguinhos apresenta as diferenças entre forró de pé de serra, baião, arrasta-pé, xote, xaxado»
- ↑ «Origem da Palavra Forró».
... o forró é o espaço onde se dança, não a música que se canta. Alguém se aproveitou de Jackson, de Gonzaga, de Marinês… E tudo virou forró – garante Marinês.
- ↑ «Significados de Forró no Dicionário Michaelis»
- ↑ «Chamego, baião, xote: as várias facetas do gênero que imortalizou Luiz Gonzaga»
- ↑ BECHARA, Evanildo (2009). Minidicionário da Língua Portuguesa. [S.l.]: Nova Fronteira. 957 páginas. ISBN 9788520921852
- ↑ 8,0 8,1 Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, verbete "forrobodó"
- ↑ 9,0 9,1 Sobre Palavras - Forró vem de "for all"? Conta outra!, Sérgio Rodrigues, Revista Veja, 4 de agosto de 2011
- ↑ José Augusto Carvalho. «A origem forrobodó». Editora Escala. Conhecimento Prático Língua Portuguesa (53)
- ↑ 11,0 11,1 Mvirtual. «Forró - Origens e Manifestações atuais». Consultado em 13 de janeiro de 2012
- ↑ ChiquinhaGonzaga.com - peças teatrais
- ↑ Enciclopédia da Música Brasileira: p. 301.
- ↑ «Baião no Dicionário Cravo Albin da MPB».
O baião tornou-se em pouco tempo uma moda avassaladora
- ↑ Ricardo Schott (Janeiro de 1995). «Raimundos: A corrida do ouro». Super Interessante
- ↑ «O velho Forró conquista seguidores entre a classe média urbana»
- ↑ «Conheça as origens e a evolução do forró, o ritmo da festa de São João».
... como explicou Ricardo Cruz, do Falamansa, ao G1 ... misturando o pé-de-serra” com influências de reggae, rock e MPB.