O forró eletrônico ou forró estilizado é um subgênero do forró originado no início da década de 1990, que procura mesclar elementos tradicionais do forró com outros gêneros musicais, adotando fortes influências da pop, do rock, do sertanejo, do axé music e da lambada, mas não discernindo a base original do ritmo. A zabumba, instrumento básico do forró tradicional, perdeu espaço nessa nova vertente, enquanto o sax adquiriu, em especial nos primeiros anos, papel de destaque.[1] Na verdade, o forró eletrônico teve sua origem em meados da década de 1980, agregando elementos da lambada e do axé music. Não existe, contudo, uma definição acadêmica sobre em que consiste e quais as distinções entre o forró eletrônico e o tradicional.[2]
Origens
Embora seja um termo que divide opiniões de estudiosos, músicos, pessoas da indústria da música, ninguém duvida que o berço deste gênero foi a cidade de Fortaleza, ligada às chamados bandas de bailes, onde vários estilos musicais eram tocados por uma mesma banda durante a noite, dos quais a lambada era o mais característico. Artistas como Jorge de Altinho já haviam realizado mudanças, incorporando os metais á instrumentação de um forró mais urbanizado. Instrumentos como a bateria, a guitarra elétrica e o baixo elétrico já vinham sendo utilizados nas gravações de discos, desde o final da década de 1970, por artistas como o Trio Nordestino.
Uma artista que representou uma ruptura significativa entre o estilo tradicional e o chamado "moderno", foi Eliane. Conhecida como "a rainha do forró", ela trouxe o romantismo da música pop, as letras pueris e a sensualidade feminina nunca antes vista e abordada no gênero tradicional.
Críticas
O forró eletrônico tem sido alvo de críticas severas.[3] Geralmente enquadrado na chamada cultura de massa, não apenas pelos ouvintes mais conservadores, mas também por artistas de forró tradicional. A modernização das letras, o constante apelo à sexualidade e a intensa apologia a bebidas alcoólicas, ao frequente uso de novas tecnologias e o uso de versões são denunciados como algumas das características que pesam contra.
De certa forma, o forró eletrônico está para o forró como o sertanejo universitário está para a música caipira, e ambos compartilham o desdém de serem considerados estilos bregas por muitos dos admiradores dos estilos tradicionais de que se derivavam. Regis Tadeu em sua crítica para o Yahoo! disse que
“ | [nada] é aproveitável. Do tal 'funk' ao 'pagode xexelento (...) do sertanejo "universitário (...)" ao tal 'forró eletrônico', o que se vê e ouve é [um] tsunami de lixo musical inédito na história da música brasileira. | ” |
Em 2011 o músico Chico César que na época era secretário de cultura do município de João Pessoa causou polêmica ao dizer que o município não iria contratar bandas de forró eletrônico para a sua tradicional festa junina referindo-se a elas como "bandas de plástico".[5] O termo foi considerado preconceituoso e a postura adotada foi vista como segregacionista e excludente por músicos e fãs.
Cronologia:
- 1984: Luiz Gonzaga introduz no seus discos bateria, guitarra, baixo e outros instrumentos elétricos. (Ainda dentro dos padrões do forró original)
- 1990-1994: Mastruz com Leite, Banda Aquárius, Cavalo de Pau, Mel com Terra e Banda Styllus são as primeiras do nordeste a difundir o novo conceito de forró, cujas canções falavam de vaquejada;
- 1995-1999: Bandas como Magníficos, Calcinha Preta, Limão com Mel, Banda Líbanos , Caviar com Rapadura e Brucelose introduzem uma linha mais romântica no forró e exportam o ritmo para fora do Nordeste, se apresentando em programas da mídia de massa de São Paulo, a exemplo de Raul Gil, gerando imenso mercado para a música com base no acordeon.
- 2000-2004: A banda Brasas do Forró vem com o estilo forronerão, que mescla forró com elementos do sul do país. Surgimento de novas bandas como Moleca 100 Vergonha, Mala 100 Alça, Tropicália, Gatinha Manhosa, Desejo de Menina, Forró Saborear, Aviões do Forró e Garota Safada. Surge também o forró universitário com o Falamansa, com a volta do puro forró pé-de-serra.
- 2005-2009: O forró muda radicalmente. Suas letras, que antes falavam de amor e de vaquejadas, dão mais espaço ao apelo sexual e ao consumo de álcool. Bandas como Saia Rodada, Forró Real e Forró do Muído, evidenciaram isso. Cresce acentuadamente o número de novas bandas e das canções de duplo sentido.
- 2010-2017: Wesley Safadão e Aviões do Forró foram as referências do novo modelo de forró contemporâneo.
- 2018-Atualmente: A pisadinha, que também é conhecida pela sua derivação piseiro, se torna popular como uma nova vertente do forró misturado com o funk. A banda Barões da Pisadinha e o cantor Vitor Fernandes, sâo os expoentes desse novo subgênero do forró.
Ver também
Referências
- ↑ http://entretenimento.r7.com/musica/noticias/o-que-e-esse-tal-de-forro-eletronico-afinal-de-contas-20090929.html
- ↑ http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/06/conheca-origens-e-evolucao-do-forro-o-ritmo-da-festa-de-sao-joao.html
- ↑ http://entretenimento.r7.com/musica/noticias/para-dominguinhos-forro-eletronico-nao-e-forro-20090930.html
- ↑ Regis Tadeu (20 de agosto de 2015). «Indústria do "forró eletrônico" é o retrato de um Brasil cretino». Yahoo!. Consultado em 30 de outubro de 2016
- ↑ «Chico César diz que não apoia banda de forró eletrônico no São João da PB». Pop & Arte. 20 de abril de 2011