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Nuno Álvares Pereira

Predefinição:Infobox Santos Nuno Álvares Pereira (O. Carm.), também conhecido como o Santo Condestável, São Nuno de Santa Maria, ou simplesmente Nun'Álvares (Paço do Bonjardim[1][i], 24 de Junho de 1360[2]Lisboa, 1 de Novembro de 1431[3]) foi um nobre e um guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º conde de Arraiolos, 7.º conde de Barcelos e 3.º conde de Ourém.

Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas».

Uma escultura sua encontra-se no Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio, em Lisboa e no castelo de Ourém. Tem também uma estátua em Flor da Rosa[4].

São Nuno foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 26 de abril de 2009. [5]

D. Nuno Álvares Pereira.

Biografia

Estátua de Nuno Álvares Pereira, do escultor Leopoldo de Almeida, em frente ao Mosteiro da Batalha

Segundo Fernão Lopes, D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves. D. Nuno Álvares Pereira cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos[6] e foi lá que se iniciou "como bom cavalgante, torneador, justador e lançador" e sobretudo onde ganhou gosto pela leitura, lia nos "livros de cavallaria que a pureza era a virtude que tornara invenciveis os heroes da Tavola Redonda, e procurava que a sua alma e corpo se conservassem immaculados".[7]. Foi com essa idade que entrou para a côrte de D.Fernando de Portugal, onde foi feito cavaleiro com uma armadura emprestada por D.João, o Mestre de Avis[8]. Aos seus 16 anos casou com Leonor de Alvim cerca de 1376[ii] em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja.

Quando o Rei D.Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa D. Beatriz, casada com o Rei João I de Castela, D. Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de D. Nuno Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos Atoleiros, em Abril de 1384, D. João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.

A 6 de Abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela invade Portugal com vista a proteger os interesses de sua mulher D. Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do país.

A 14 de Agosto, D. Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota. A batalha viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar raides contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.

Em 1415 (14 de Agosto), vence a sua última batalha em Ceuta, liderando as tropas Portuguesas na primeira conquista dos Descobrimentos, no 30º aniversário de Aljubarrota.

Descendência

Do seu casamento com D. Leonor de Alvim, o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança, dando origem à Casa de Bragança, que viria a reinar três séculos mais tarde.

Vida religiosa

Nos últimos anos da sua vida Nuno Álvares Pereira recolheu-se no Convento do Carmo, onde morreu.

Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que fundara como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431, com 71 anos.

Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.

O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: "Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."

Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário.

Beatificação e canonização

Nuno Álvares Pereira foi beatificado aos 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV, que consagrou o dia 6 de Novembro ao, então, beato. Iniciado em 1940, o processo de canonização foi posteriormente interrompido e, em 2004 reiniciado.

No Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 - acto formal no qual o Papa pediu aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já concluídos -, o Papa Bento XVI anunciou para 26 de Abril de 2009 a canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com quatro outros novos santos.[9] O processo referente a Nuno Álvares Pereira encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após sua beatificação.

D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009.

A Conferência Episcopal Portuguesa, em nota pastoral sobre a canonização de Nuno de Santa Maria, declarou: "(...)o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.

Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos."[10]


Notas

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  • - Fernão Lopes na sua Crónica de el-rei D. João I não refere o local de nascimento de Nuno Álvares Pereira. Alguns autores, entre os quais se inclui Virgínia Rau[2], Oliveira Martins[11]Elias Cardoso[12]Valério Cordeiro[13] ou Miguel Leitão de Andrada[14] indicam como seu possível local de nascimento a localidade de Bonjardim, no concelho da Sertã (actual Cernache do Bonjardim). Segundo uma teoria o termo Bonjardim poderá referir-se a um outro local perto do Mosteiro de Flor da Rosa, em Flor da Rosa[15].
    A Chronica do Condestabre de Portugal Dom Nuno Alvarez Pereira (disponível aqui de autor anónimo (eventualmenteFernão Lopes), publicada possivelmente em 1526 (ver página xi da obra citada), também não indica o local de nascimento de Nun'Álvares. O texto refere-se tanto a Bom Jardim, como a Flora da Rosa, aparentemente como dois locais distintos (ver página 2(52) da obra citada), nos seguintes termos referindo-se aos feitos do pai de D. Nuno: (...)fez o castello da Ameeyra q he castello forte y muy fermoso. E os paços e assentameto do Boõ Jardim qe he obra assaz vistosa e fermosa. E fez mais Frol de Rosa lugar muy forte e bem obrado (...)
  • - Segundo Fernão Lopes, este casamento teve lugar quando Nuno Álvares Pereira tinha pouco mais de 16 anos, e três anos antes da morte do pai de Nuno Álvares Pereira, Álvaro Gonçalves Pereira, a qual ocorreu por altura da morte de Henrique II de Castela, em 1379, tendo portanto o casamento ocorrido cerca de 1376[16].

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Ver também

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Ligações externas

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Precedido por
Álvaro Pires de Castro
Condestável de Portugal
Sucedido por
João de Portugal
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João Fernandes Andeiro
Conde de Ourém
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Afonso, Conde de Ourém
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João Afonso Telo de Menezes
Conde de Barcelos
Sucedido por
Afonso, Conde de Barcelos
Precedido por
Álvaro Pires de Castro
Conde de Arraiolos
Sucedido por
Fernando, Conde de Arraiolos
  1. DENIS, Fernando J. (1846), Portugal Pittoresco ou Descripção Historica d'este Reino, Typographia de L.C. da Cunha, Lisboa (disponível aqui.)
  2. 2,0 2,1 Rau, Virgínia. Estudos de história medieval. Editorial Presença, 1986. Pág. 55.
  3. Peres, Damião. História de Portugal: Ed. monumental comemorativa do 8º centenário da fundação da nacionalidade. Portucalense Editora, 1938. Vol II, pag. 25.
  4. Fotografia da Estátua de Nuno Álvares Pereira no Panoramio
  5. Bento 16 canoniza herói nacional de Portugal na BBC Brasil, 26 de abril de 2009
  6. Chronica do Condestabre de Portugal Dom Nuno Alvarez Pereira
  7. CORDEIRO, Valério Aleixo (1921), Vida do Beato Nuno Alvarez Pereira, 2. edição, Livraria Catholica, Lisboa (disponível aqui.
  8. Chronica do Condestabre de Portugal Dom Nuno Alvarez Pereira
  9. Notícia em Agência Ecclesia
  10. Patriarcado de Lisboa
  11. MARTINS, J. P. Oliveira (1893) , A Vida de Nun'Alvares, Lisboa, 1893
  12. CARDOSO, Elias (1958), A Bibliografia Condestabriana, Roma.
  13. CORDEIRO, Valério Aleixo (1921), Vida do Beato Nuno Alvarez Pereira, 2. edição, Livraria Catholica, Lisboa (disponível aqui.
  14. ANDRADA, Miguel Leitão de (1629), Miscellanea (a 2.ª edição de 1867 foi facsimilada e republicada em 1993 pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa (ver aqui).
  15. Boletim da Academia Portuguesa de História. Lisboa, 1960. Pág. 106.
  16. Crónica de el-rei D. João I, Fernão Lopes, Capítulos XXXIII e XXXIV

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