imported>Mocidade portuguesa (Correção de erros) |
imported>Mocidade portuguesa |
||
Linha 35: | Linha 35: | ||
== Trajetória política == | == Trajetória política == | ||
Na sequência da [[Revolução dos Cravos]] que derrubou a ditadura de [[Marcello Caetano]] (após a morte de [[Salazar]] em 1970), Portugal anunciou em {{DataExt||4|1974}} a sua intenção de abdicar das suas colónias. Em Angola, os três movimentos anticoloniais iniciaram de imediato entre eles uma luta pela conquista do poder. Embora a UNITA fosse à partida o movimento mais fraco, Jonas Savimbi decidiu lançar-se na corrida, confiando na sua base social e nos seus apoios externos.{{carece de fontes|data=Dezembro de 2020}} | |||
Numa fase inicial, as forças da FNLA e da UNITA, apoiadas principalmente pelo [[Zaire]] e pela [[África do Sul]], obtiveram uma clara vantagem sobre o MPLA que teve apenas um certo apoio da parte de militares portugueses "reconvertidos". A situação mudou radicalmente quando Cuba decidiu intervir militarmente a favor do MPLA, com o suporte logístico da União Soviética. Na data marcada para a independência, a {{DataExt|11|11|1975}}, o MPLA dominava a capital e a parte setentrional de Angola, declarou a independência em [[Luanda]] sendo imediatamente reconhecido a nível internacional.<ref> [[Franz-Wilhelm Heimer]], ''O processo de descolonização em Angola: Ensaio de sociologia política'', Lisboa: Regra do Jogo, 1979 </ref> | Numa fase inicial, as forças da FNLA e da UNITA, apoiadas principalmente pelo [[Zaire]] e pela [[África do Sul]], obtiveram uma clara vantagem sobre o MPLA que teve apenas um certo apoio da parte de militares portugueses "reconvertidos". A situação mudou radicalmente quando Cuba decidiu intervir militarmente a favor do MPLA, com o suporte logístico da União Soviética. Na data marcada para a independência, a {{DataExt|11|11|1975}}, o MPLA dominava a capital e a parte setentrional de Angola, declarou a independência em [[Luanda]] sendo imediatamente reconhecido a nível internacional.<ref> [[Franz-Wilhelm Heimer]], ''O processo de descolonização em Angola: Ensaio de sociologia política'', Lisboa: Regra do Jogo, 1979 </ref> |
Edição das 12h41min de 30 de abril de 2022
Jonas Malheiro Savimbi | |
---|---|
Jonas Malheiro Savimbi | |
Líder da UNITA | |
Período | 1966 a 2002 |
Sucessor(a) | António Sebastião Dembo (interino) |
Dados pessoais | |
Nascimento | 3 de agosto de 1934[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Munhango, Bié, África Ocidental Portuguesa |
Morte | 22 de fevereiro de 2002 (67 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Lucusse, Moxico, Angola |
Nacionalidade | Angolano |
Serviço militar | |
Lealdade | Predefinição:Flagicon image FNLA (1964–66) Predefinição:Flagicon image UNITA (1966–2002) |
Anos de serviço | 1964–2002 |
Graduação | General |
Conflitos | Guerra de Independência de Angola Guerra Civil Angolana |
Jonas Malheiro Savimbi (Munhango, Bié, 03 de Agosto de 1934 — Lucusse, Moxico, 22 de Fevereiro de 2002) foi um político e guerrilheiro angolano e líder da UNITA durante mais de trinta anos.
Durante a luta pela independência e a guerra civil teve, em diferentes fases, o apoio dos governos dos Estados Unidos da América, da República Popular da China,[1] do regime do Apartheid da África do Sul, de Israel,[2] de vários líderes Africanos (Félix Houphouët-Boigny da Costa do Marfim, Mobutu Sese Seko do Zaire,[3][4] do rei Hassan II de Marrocos e Kenneth Kaunda da Zâmbia) e mercenários de Portugal, Israel, África do Sul e França,[2] Savimbi passou grande parte de sua vida a lutar primeiro contra a ocupação colonial portuguesa e, depois da independência de Angola, contra o governo Angolano que era apoiado, em termos militares e outros, pela então União Soviética e Cuba.
Nascimento e estudos
Savimbi nasceu a 3 de Agosto de 1934, em Munhango, uma pequena localidade na província Bié, de pais originários de Chilesso, na mesma província, pertencentes ao grupo Bieno da etnia Ovimbundu.[5] O pai de Savimbi era funcionário do Caminho de Ferro de Benguela e também pastor da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA).
Jonas Savimbi passou a sua juventude em Chilesso, onde frequentou o ensino primário e parte do ensino secundário em escolas da IECA. Como naquele tempo os diplomas das escolas protestantes não eram reconhecidos, repetiu a parte secundária no Huambo, numa escola católica mantida pela ordem dos Maristas. A seguir ganhou uma bolsa de estudos providenciada pela IECA nos Estados Unidos da América para concluir o ensino secundário e estudar medicina em Portugal.
Em Lisboa concluiu de facto o ensino secundário, com a excepção da matéria "Organização Política Nacional", obrigatória durante o Salazarismo, não chegando por isso a iniciar os estudos universitários. Entretanto tinha tomado contacto com um grupo de estudantes angolanos que, em Lisboa, propagavam em segredo a descolonização e discutiam a fundação de uma organização de luta anticolonial.Predefinição:Nota de rodapé
Perante a ameaça de uma repressão por parte da PIDE, a polícia política do regime, Jonas Savimbi refugiou-se na Suíça, valendo-se de contactos obtidos por intermédio da IECA que, inclusive, lhe conseguiu uma segunda bolsa. Como a Suíça reconheceu os seus estudos secundários como completos, iniciou os estudos em ciências sociais e políticas, em Lausana e Genebra, obtendo provavelmente um diploma nestas matérias.Predefinição:Nota de rodapé
Savimbi aproveitou a sua estadia na Suíça para aperfeiçoar o seu domínio do inglês e do francês, línguas que chegou a falar fluentemente.
Trajetória política
Na sequência da Revolução dos Cravos que derrubou a ditadura de Marcello Caetano (após a morte de Salazar em 1970), Portugal anunciou em Predefinição:DataExt a sua intenção de abdicar das suas colónias. Em Angola, os três movimentos anticoloniais iniciaram de imediato entre eles uma luta pela conquista do poder. Embora a UNITA fosse à partida o movimento mais fraco, Jonas Savimbi decidiu lançar-se na corrida, confiando na sua base social e nos seus apoios externos.[carece de fontes]
Numa fase inicial, as forças da FNLA e da UNITA, apoiadas principalmente pelo Zaire e pela África do Sul, obtiveram uma clara vantagem sobre o MPLA que teve apenas um certo apoio da parte de militares portugueses "reconvertidos". A situação mudou radicalmente quando Cuba decidiu intervir militarmente a favor do MPLA, com o suporte logístico da União Soviética. Na data marcada para a independência, a Predefinição:DataExt, o MPLA dominava a capital e a parte setentrional de Angola, declarou a independência em Luanda sendo imediatamente reconhecido a nível internacional.[6]
Face a esta constelação, Jonas Savimbi fez uma aliança com a FNLA; juntos, os dois movimentos declararam, na mesma data, a independência de Angola no Huambo e formaram um governo alternativo com sede nesta cidade. Porém, as forças conjuntas do MPLA e de Cuba conquistaram rapidamente a parte maior da metade austral de Angola. O governo FNLA/UNITA, que não havia sido reconhecido por nenhum país, dissolveu-se rapidamente. A FNLA retirou-se por completo do território angolano e desistiu de qualquer oposição armada contra o MPLA. Em contrapartida, Jonas Savimbi decidiu não abandonar a luta e, a partir de bases no Leste e Sudeste de Angola, começou de imediato uma guerra de guerrilha contra do governo do MPLA - desencadeando assim uma guerra civil que só terminaria com a sua morte.
Protagonista da Guerra Civil
Em 1992, aquando das primeiras eleições (legislativas e presidenciais) em Angola, Savimbi participou, sendo o seu partido, a UNITA, derrotado nas eleições legislativas. Ao não aceitar o resultado das mesmas, optou novamente pelo caminho da guerra, perpetuando a guerra civil. Quanto à eleição presidencial, a segunda volta não se realizou devido ao recomeço do conflito armado.
Em 1994, a UNITA assinou os acordos de paz de Lusaca, depois de meses de negociações, e aceitou desmobilizar as suas forças, mas não as desarmou, com o objectivo de conseguir a reconciliação nacional. O processo de paz prolongou-se durante quatro anos, marcado por acusações e adiamentos. Nesse período, muitos membros da UNITA deslocaram-se para Luanda e integraram o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) e para constituir uma bancada minoritária na Assembleia Nacional. Estas e outras dissidências internas acabaram por separar o braço armado do braço politico surgindo dessa forma a UNITA renovada, onde Jonas Savimbi não se sentia representado, rompendo com os acordos de paz e retornando, novamente, ao caminho da guerra.
Foi morto em combate a Predefinição:DataExt, perto de Lucusse na província do Moxico, após uma longa perseguição efectuada pelas Forças Armadas Angolanas. Foi substituído no comando do partido e da autoproclamada República Popular Democrática de Angola por António Sebastião Dembo.[7]
Legado
Os filhos exilados do guerrilheiro processaram na justiça francesa a fabricante do videogame Call of Duty por representá-lo como um "bárbaro".[8]
Por ter lutado contra o colonialismo português liderando um dos movimento de libertação nacional, Jonas Savimbi é tido como uma das maiores personalidade de Angola.[9][10]
Ver também
Referências
- ↑ «Angola: Don't Simplify History, Says Savimbi's Biographer». allAfrica.com (em English). 25 de junho de 2002. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
- ↑ 2,0 2,1 Angola: A Country Study
- ↑ Blaine Harden, Africa: Dispatches from a Fragile Continent, p. 51
- ↑ Sean Kelly, America's Tyrant: The CIA and Mobutu of Zaire, p. 4
- ↑ Ver John Marcum, The Angolan Revolution, vol. I, The anatomy of an explosion (1950-1962), Cambridge/Mass. & Londres, 1969, p. 244
- ↑ Franz-Wilhelm Heimer, O processo de descolonização em Angola: Ensaio de sociologia política, Lisboa: Regra do Jogo, 1979
- ↑ Cahoon, Ben. Angola. World Statesmen. 2019.
- ↑ «Savimbi em Call Of Duty como "bárbaro"». Voice of America. 14 de janeiro de 2016. Consultado em 2 de outubro de 2019
- ↑ magazine, Le Point (14 de janeiro de 2016). «Jeu vidéo: Jonas Savimbi dans "Call of Duty", la justice française saisie». Le Point (em français). Consultado em 19 de fevereiro de 2021
- ↑ ANP/AFP (21 de fevereiro de 2012). «Angola's Savimbi still haunts 10 years on». Angola's Savimbi still haunts 10 years on. Radio Netherlands Worldwide. Consultado em 3 de junho de 2018
Bibliografia
- Fred Bridgeland, Jonas Savimbi: Uma chave para África, Lisboa: Perspectivas & Realidades, 1988
- William Minter (ed.), Operation Timber: Pages from the Savimbi dossier, Trenton/NJ: Africa World Press, 1988
- João Paulo Guerra, Savimbi - Vida e Morte, Lisboa: Bertrand, 2002
- Emídio Fernando, Jonas Savimbi: Do lado errado da história, Lisboa: D. Quixote, 2012
- Peter Polack, Guerrilla Warfare; Kings of Revolution, Casemate, ISBN 9781612006758.
Ligações externas
- «Entrevista a Jonas Savimbi» (em français)