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O seu filho [[Afonso V de Portugal|Afonso]] tinha apenas 6 anos quando Duarte morreu, em 1438 de doença. O rei em testamento entregou a regência à rainha, [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor]], sua esposa. Esta medida não foi do agrado da população. Houve uma desavença na família para decidir quem seria regente.{{harvref|Marques|1980|p=190-191}} | O seu filho [[Afonso V de Portugal|Afonso]] tinha apenas 6 anos quando Duarte morreu, em 1438 de doença. O rei em testamento entregou a regência à rainha, [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor]], sua esposa. Esta medida não foi do agrado da população. Houve uma desavença na família para decidir quem seria regente.{{harvref|Marques|1980|p=190-191}} | ||
Jaz nas Capelas Imperfeitas do [[Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], na [[Batalha (Portugal)|Batalha]]. | Jaz nas Capelas Imperfeitas do [[Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], na [[Batalha (Portugal)|Batalha]], ao lado da rainha [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor]]. | ||
==Reinado== | ==Reinado== | ||
[[Imagem:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|200px|left|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]].]] | [[Imagem:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|200px|left|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]].]] | ||
O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da [[Lei Mental]], uma forma de defender os bens da coroa,<ref name="portal" /> já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei [[João I de Portugal|João I]]. | O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da [[Lei Mental]], uma forma de defender os bens da coroa,<ref name="portal" /> já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei [[João I de Portugal|João I]]. Manteve a política que vinha do reinado do pai.{{harvref|name=Mat|Mattoso|1993|p=501}} No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.{{harvref|Saraiva|1993|p=130}} | ||
D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as [[Anexo:Lista de Cortes em Portugal|Cortes]] cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado.<ref name="portal" /> Várias vezes as [[Cortes (política)|Cortes]] tinham pedido a [[João I de Portugal|D. João I]] a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o [[direito]] (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]], ela se converteria nas [[Ordenações Afonsinas]]. | D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as [[Anexo:Lista de Cortes em Portugal|Cortes]] cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado.<ref name="portal" /> Várias vezes as [[Cortes (política)|Cortes]] tinham pedido a [[João I de Portugal|D. João I]] a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o [[direito]] (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]], ela se converteria nas [[Ordenações Afonsinas]]. | ||
D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em [[África]] e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433, o rei mostra-se firme com a [[nobreza]] e reprime os abusos de poder do [[clero]]. | D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em [[África]] e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433 ([[Leiria]]-[[Santarém (Portugal)|Santarém]]), o rei mostra-se firme com a [[nobreza]] e reprime os abusos de poder do [[clero]].<ref name="Mat"/> | ||
Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em [[1435]] e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e Pedra da Galé em [[1436]]. O [[arquipélago da Madeira]] foi doado ao irmão Henrique, em 1433.{{harvref|Saraiva|1993|p=143}} | Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em [[1435]] e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e Pedra da Galé em [[1436]]. O [[arquipélago da Madeira]] foi doado ao irmão Henrique, em 1433.{{harvref|Saraiva|1993|p=143}} | ||
Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a [[Marrocos]],{{harvref|Marques|1980|p=190}} de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]] e [[João, Condestável de Portugal|D. João]] estavam contra a iniciativa<ref name="portal" /> de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de [[Desastre de Tânger (1437)|Tânger]] não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de [[Ceuta]] e morreu em cativeiro,<ref name="portal" /> anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "''Infante Santo''". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa. | Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a [[Marrocos]],{{harvref|Marques|1980|p=190}} de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]] e [[João, Condestável de Portugal|D. João]] estavam contra a iniciativa<ref name="portal" /> de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de [[Desastre de Tânger (1437)|Tânger]] não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de [[Ceuta]] e morreu em cativeiro,<ref name="portal" /> anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "''Infante Santo''". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes (Leiria), em 1438; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.{{harvref|name=M2|Mattoso|1993|p=502}} | ||
[[Imagem:Leal Conselheiro (Enrique Casanova).png|thumb|180px|O rei a escrever a obra ''Leal Conselheiro''.]] | [[Imagem:Leal Conselheiro (Enrique Casanova).png|thumb|180px|O rei a escrever a obra ''Leal Conselheiro''.]] | ||
==Obras== | ==Obras== | ||
Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de [[poesia]] e [[prosa]]. Destes últimos destaca-se ''[[Leal Conselheiro]]'', um ensaio sobre variados temas onde a [[moral]] e [[religião]] têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor de Aragão]]. Nele, Duarte regista a [[depressão nervosa|depressão]] pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou. | Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de [[poesia]] e [[prosa]]. Destes últimos destaca-se ''[[Leal Conselheiro]]'', um ensaio sobre variados temas onde a [[moral]] e [[religião]] têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor de Aragão]]. Nele, Duarte regista a [[depressão nervosa|depressão]] pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou.<ref name="M2"/> | ||
Compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'', intitulado de ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]'',<ref>Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo III</ref> em forma de manual para cavaleiros. | Compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'', intitulado de ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]'',<ref>Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo III</ref> em forma de manual para cavaleiros. | ||
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*D. Maria de Portugal (1432); | *D. Maria de Portugal (1432); | ||
*D. [[Fernando de Portugal, Duque de Viseu|Fernando de Portugal]], [[Duque de Viseu]] (1433-1470), pai do rei D. [[Manuel I de Portugal]]; | *D. [[Fernando de Portugal, Duque de Viseu|Fernando de Portugal]], [[Duque de Viseu]] (1433-1470), pai do rei D. [[Manuel I de Portugal]]; | ||
*D. [[Leonor de Portugal, Sacra Imperatriz Romana|Leonor de Portugal]] (1434-1467), casou com [[Frederico III, Sacro Imperador Romano-Germânico]], mãe | *D. [[Leonor de Portugal, Sacra Imperatriz Romana|Leonor de Portugal]] (1434-1467), casou com [[Frederico III, Sacro Imperador Romano-Germânico]], mãe do imperador [[Maximiliano I do Sacro Império Romano-Germânico|Maximiliano I]]; | ||
*D. Duarte de Portugal (1435); | *D. Duarte de Portugal (1435); | ||
*D. [[Catarina de Portugal (1436)|Catarina de Portugal]] (1436-1463); | *D. [[Catarina de Portugal (1436)|Catarina de Portugal]] (1436-1463); | ||
*D. [[Joana de Portugal, rainha de Castela|Joana de Portugal]] (1439-1475), casou com o rei [[Henrique IV de Castela]] e foi mãe de [[Joana, a Beltraneja|Joana ''a Beltraneja'' ou ''a Excelente Senhora'']]. | *D. [[Joana de Portugal, rainha de Castela|Joana de Portugal]] (1439-1475), casou com o rei [[Henrique IV de Castela]] e foi mãe de [[Joana, a Beltraneja|Joana ''a Beltraneja'' ou ''a Excelente Senhora'']]. | ||
==Legado== | |||
Foi no seu reinado que [[Gil Eanes]] dobrou o cabo [[Bojador]], um importante marco na exploração marítima. | |||
Antes de ser rei, teve funções governativas e encarregou [[Fernão Lopes]] de escrever as crónicas dos rei de [[reino de Portugal|Portugal]]. | |||
Deixou duas importantes obras literárias: ''[[Leal Conselheiro]]'' e ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. | |||
Deixou em testamento a regência à rainha que estava grávida de Joana. A rainha governou por alguns meses sozinha, depois em conjunto com o infante Pedro e em 1439, exilou-se em Toledo.{{harvref|Mattoso|1993|pp=502-503}} | |||
Os seus filhos acabaram por crescer sem os pais. Afonso foi o sucessor de Duarte, Fernando foi o pai da rainha [[Leonor de Viseu|Leonor]] e do rei [[Manuel I de Portugal|Manuel]]. Uma das filhas de Duarte, Leonor foi a primeira imperatriz portuguesa do Sacro Império, como tal Duarte é o avô do imperador Maximiliano I e este é o avô paterno do imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]]. | |||
Edição das 20h00min de 17 de janeiro de 2020
Predefinição:Info/Nobre Duarte I (Viseu, 31 de outubro de 1391 – Tomar, 9 de setembro de 1438), apelidado de o Eloquente e o Rei-Filósofo pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o Rei de Potugal e Algarve de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei João I e da rainha Filipa de Lencastre e por morte de seu irmão mais velho, Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.
Vida
Foi o décimo primeiro rei de Portugal,[1] o segundo da Dinastia de Avis.
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em 1412 foi formalmente associado à governação pelo pai,Predefinição:Harvref tendo os assuntos da justiça e das finanças.Predefinição:Harvref
Juntamente com os irmãos, convenceu o pai a conquistar Ceuta;Predefinição:Harvref lá foi armado cavaleiro pelo pai, juntamente com os irmãos Pedro e Henrique.
Casou com Leonor de Aragão, neta paterna de João I de Castela. Duarte dedicou à rainha uma obra literária. Leonor após ficar viúva tornou-se regente por algum tempo.
Quando se tornou rei, tinha quase 42 anos e levava 21 de governo, pois ganhou experiência no reinado do pai.[2]
Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política de exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão Henrique estabeleceu-se em Lagos, de onde dirigiu as primeiras navegações e em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida a Tânger, o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro.Predefinição:Harvref
Este rei interessou-se pela cultura e escreveu duas obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela doença.
O seu filho Afonso tinha apenas 6 anos quando Duarte morreu, em 1438 de doença. O rei em testamento entregou a regência à rainha, Leonor, sua esposa. Esta medida não foi do agrado da população. Houve uma desavença na família para decidir quem seria regente.Predefinição:Harvref
Jaz nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, ao lado da rainha Leonor.
Reinado
O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da Lei Mental, uma forma de defender os bens da coroa,[1] já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei João I. Manteve a política que vinha do reinado do pai.Predefinição:Harvref No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.Predefinição:Harvref
D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as Cortes cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado.[1] Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante D. Pedro, ela se converteria nas Ordenações Afonsinas.
D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em África e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433 (Leiria-Santarém), o rei mostra-se firme com a nobreza e reprime os abusos de poder do clero.[3]
Durante o seu reinado, o seu irmão Henrique estabeleceu-se em Lagos, a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em 1434 Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em 1435 e Afonso Gonçalves Baldaia atingiu o Rio do Ouro e Pedra da Galé em 1436. O arquipélago da Madeira foi doado ao irmão Henrique, em 1433.Predefinição:Harvref
Em 1437, os seus irmãos Henrique e Fernando convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos,Predefinição:Harvref de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do Oceano Atlântico. A ideia não foi consensual: D. Pedro e D. João estavam contra a iniciativa[1] de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de Tânger não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de Ceuta e morreu em cativeiro,[1] anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "Infante Santo". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes (Leiria), em 1438; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.Predefinição:Harvref
Obras
Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de poesia e prosa. Destes últimos destaca-se Leal Conselheiro, um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão. Nele, Duarte regista a depressão pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou.[4]
Compôs um livro de Regimento pera os que custumarem andar a cavallo, intitulado de Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela,[5] em forma de manual para cavaleiros.
Ainda criou o livro "Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte". O livro apresenta a seguinte informação: "Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação."
Títulos, estilos e honrarias
Teve os seguinte títulos:
- 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "Sua Alteza, o Infante Duarte de Portugal";
- 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "Sua Alteza Real, o Rei".
O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta".
Descendência
Da sua esposa, a infanta Leonor de Aragão (1402-1455), teve nove filhos.
A rainha tornar-se-ia regente do reino até Afonso V atingir a maioridade, o que gerou controvérsia no reino,Predefinição:Harvref pois a opinião pública considerava os infantes D. Pedro, D. Henrique e D. João mais capazes para a regência. D. Leonor manteve-se regente até 1439, assinando os atos régios como «a triste rainha», e nesse ano foi substituída pelo infante D. Pedro e afastada da corte. Exilou-se em Espanha e morreu em Toledo. Deste casamento nasceram:
- D. João de Portugal (1429-?), morreu jovem;
- D. Filipa de Portugal (1430-1441), «morreu em idade de onze annos de pestenença em Lisboa»[6]
- D. Afonso V de Portugal (1432-1481), sucessor do pai no trono português;
- D. Maria de Portugal (1432);
- D. Fernando de Portugal, Duque de Viseu (1433-1470), pai do rei D. Manuel I de Portugal;
- D. Leonor de Portugal (1434-1467), casou com Frederico III, Sacro Imperador Romano-Germânico, mãe do imperador Maximiliano I;
- D. Duarte de Portugal (1435);
- D. Catarina de Portugal (1436-1463);
- D. Joana de Portugal (1439-1475), casou com o rei Henrique IV de Castela e foi mãe de Joana a Beltraneja ou a Excelente Senhora.
Legado
Foi no seu reinado que Gil Eanes dobrou o cabo Bojador, um importante marco na exploração marítima.
Antes de ser rei, teve funções governativas e encarregou Fernão Lopes de escrever as crónicas dos rei de Portugal.
Deixou duas importantes obras literárias: Leal Conselheiro e Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela.
Deixou em testamento a regência à rainha que estava grávida de Joana. A rainha governou por alguns meses sozinha, depois em conjunto com o infante Pedro e em 1439, exilou-se em Toledo.Predefinição:Harvref
Os seus filhos acabaram por crescer sem os pais. Afonso foi o sucessor de Duarte, Fernando foi o pai da rainha Leonor e do rei Manuel. Uma das filhas de Duarte, Leonor foi a primeira imperatriz portuguesa do Sacro Império, como tal Duarte é o avô do imperador Maximiliano I e este é o avô paterno do imperador Carlos V.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 O Portal da História
- ↑ Erro de citação: Marca
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- ↑ Erro de citação: Marca
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- ↑ Erro de citação: Marca
<ref>
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- ↑ Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, capitulo III
- ↑ Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, cap. XLIV;
Bibliografia
- Luís Miguel Duarte, D. Duarte. Requiem por um rei triste. Círculo de Leitores, 2005.
- Humberto Baquero Moreno, A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico. 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979, disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018).
- Marques, António (1980). História de Portugal 8.ª ed. Lisboa: Palas Editores.
- Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América.
- Mattoso, José (1993). História de Portugal — A Monarquia Feudal. 2.º volume. [S.l.]: Círculo de Leitores. ISBN 972-42-0636-X.
Ver também
Ligações externas
- «Chronica de El-Rei D. Duarte, Rui de Pina (1440-1522), Porto: Renascença Portuguesa, 1914, na Biblioteca Nacional Digital» (em português)
Duarte I de Portugal Casa de Avis Ramo da Casa de Borgonha 31 de outubro de 1391 – 9 de setembro de 1438 | ||
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Precedido por João I |
Rei de Portugal e Algarve 14 de agosto de 1433 – 9 de setembro de 1438 |
Sucedido por Afonso V |