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Marco Vipsânio Agripa: mudanças entre as edições

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{{sem-notas|data=Maio de 2011}}
{{Info/Político
{{Info/Combatente militar
|nome                 = Marco Agripa
|nome           =Marco Vipsânio Agripa
|imagem               = Bust of Agrippa (loan from Ruhr-Universitat Bochum) - Glyptothek - Munich - Germany 2017.jpg
|imagem         =[[Ficheiro:Marcus agrippa louvre portrait.jpg|200px]]
|imagem-tamanho        = 220px
|desc          = Busto de ''Marcus Vipsanius Agrippa'', no [[Museu do Louvre]]
|legenda              = Busto de Agripa.
|nasceu        = {{dni|lang=br|||63 a.C.|si}}
|título                = [[Cônsul (Roma Antiga)|Cônsul da República Romana]]
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|vice                  = [[Lúcio Canínio Galo (cônsul em 37 a.C.)|Lúcio Galo]]
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|antecessor            = [[Ápio Cláudio Pulcro (cônsul em 38 a.C.)|Ápio Cláudio Pulcro]]<br />[[Caio Norbano Flaco]]
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|sucessor              = [[Marco Coceio Nerva (cônsul em 36 a.C.)|Marco Coceio Nerva]]<br />[[Lúcio Gélio Publícola (cônsul em 36 a.C.)|Lúcio Gélio Publícola]]
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}}
|cônjuge-tipo         = Esposa
'''Marco Vipsânio Agripa''' (ca. {{dni|lang=br|||63 a.C.|si}} — {{morte|lang=br|||-12|si}}), em [[latim]] ''Marcus Vipsanius Agrippa'', foi um [[general]] e [[estadista]] do [[Império Romano]]. Foi [[cônsul]], [[governador]] da [[Síria (província romana)|Síria]] e o general máximo do [[exército romano]]. Era amigo e genro do [[imperador romano|imperador]] [[Augusto]], e responsável por muitos dos sucessos militares de Otaviano, entre eles a vitória naval da [[Batalha de Áccio]] contra [[Marco Antônio]] e [[Cleópatra VII do Egito]].
|cônjuge              = [[Cecília Ática]]<br />[[Cláudia Marcela, a Velha|Cláudia Marcela]]<br />[[Júlia, a Velha]]
|filhos                = [[Vipsânia Agripina]]<br />Vipsânio Marcela<br />[[Caio César]]<br />[[Júlia, a Jovem]]<br />[[Lúcio César]]<br />[[Agripina]]<br />[[Agripa Póstumo]]
|partido              =  
|religião              = [[Politeísmo romano]]
|lealdade              = [[República Romana]]<br />[[Império Romano]]
|anos_de_serviço       = 45–12 a.C.
|ramo                  = [[Exército Romano]]
|graduação            = [[General]]
|batalhas              = [[Segunda Guerra Civil da República Romana]]<br />[[Batalha de Mutina (43 a.C.)|Batalha de Mutina]]<br />[[Terceira Guerra Civil da República Romana|Guerra Civil dos Libertadores]]
* [[Batalha de Filipos]]<br />
[[Última Guerra Civil da República Romana]]
*[[Batalha de Áccio]]
*[[Batalha de Alexandria (30 a.C.)|Batalha de Alexandria]]
}}
'''Marco Vipsânio Agripa''' ({{langx|la|''Marcus Vipsanius Agrippa''}}) foi um político da [[gente (Roma Antiga)|gente]] [[Vipsânios|Vipsânia]] da [[República Romana]] eleito [[cônsul romano|cônsul]] por três vezes, em 37, 28 e 27 a.C., com [[Lúcio Canínio Galo]] e com [[Otávio]] nas duas vezes seguintes.<ref name="DGRBM">Smith, v. 1 p. 77-80</ref> Era amigo próximo, genro e principal comandante de [[Otávio]] e, como [[arquiteto]], foi responsável pela construção de alguns dos mais notáveis edifícios da história de Roma. Como general, conquistou muitas vitórias importantes, especialmente a [[Batalha de Ácio]], em 31 a.C., contra as forças combinadas de [[Marco Antônio]] e [[Cleópatra]], que deixou Otávio como único poder em Roma, o futuro [[imperador romano]] [[Augusto]]. Agripa auxiliou-o na transformação de Roma numa "cidade de mármore"<ref>{{citar web|publicado = Ancient History| título = Marble| língua = inglês| url = http://ancienthistory.about.com/od/basics101/f/011508Marble.htm}}</ref> e na reforma dos [[aqueduto romano|aquedutos romanos]] com o objetivo de entregar a todos os romanos, de todas as classes sociais, serviços públicos de boa qualidade. Foi o responsável pela criação de muitas [[terma romana|termas]], [[pórtico]]s e jardins por toda a cidade e já se acreditou no passado que ele teria encomendado a construção do [[Panteão (Roma)|Panteão]]. Agripa era também o sogro do segundo imperador, [[Tibério]], avô pelo lado materno de [[Calígula]] e bisavó materno de [[Nero]].


Agripa destacar-se-ia pela sua capacidade militar e política, e pelas construções com que embelezou a cidade de [[Roma]], bem como pelo [[mapa]] do mundo antigo que elaborou com os dados obtidos durante as suas viagens.
== Primeiros anos ==
Agripa nasceu entre 64 e 62 a.C.{{Efn|[[Dião Cássio]]<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/54*.html#28.3 54.28.3]</ref> data a morte de Agripa no final de março de 12 a.C. enquanto [[Plínio, o Velho|Plínio]]<ref>[[Plínio, o Velho|Plínio]], ''[[História Natural (Plínio)|História Natural]] [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/L/Roman/Texts/Pliny_the_Elder/7*.html#46 7.46].</ref> afirma que ele teria morrido ''"em seu quinquagésimo-primeiro ano"''. Dependendo da interpretação da frase de Plínio, Agripa poderia ter 51 anos completos ou a completar, o que colocaria a sua data de nascimento entre março de 64 e março de 62 a.C.. Um calendário de [[Chipre]] ou da [[Síria]] inclui um mês em homenagem a Agripa começando em 1 de novembro, o que pode ser uma referência ao mês de seu nascimento<ref name=R1>Reinhold, pp. 2–4; Roddaz, pp. 23–26.</ref>.}} em um local incerto.<ref name=R1/> Seu [[cognome]] de família é derivado da forma [[latim|latina]] do [[grego antigo|grego]] ''"Agrippas"'', que significa "cavalo selvagem".<ref name=R1/>


Dos mais importantes generais do período inicial do [[Império Romano]], era oriundo de família modesta. Estudou na [[Grécia]] com Otaviano, futuro [[Augusto (título)|augusto]], nascendo entre ambos sólida e duradoura amizade. Responsável pelas vitórias de [[Batalha de Filipos|Filipos]] contra os assassinos de [[Júlio César|César]], de [[Batalha de Nauloco|Nauloco]] contra [[Sexto Pompeu]] em [[36 a.C.]] e da [[Batalha de Áccio]] contra [[Marco Antônio]] em 31 a.C., bem como da reorganização do exército romano.
É possível que seu pai tenha sido [[Lúcio Vipsânio Agripa]].<ref>Cf. [[epigrafia|inscrição]] no [[Panteão (Roma)|Panteão]], <small>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Gazetteer/Places/Europe/Italy/Lazio/Roma/Rome/_Texts/PLATOP*/Pantheon.html "M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT"]</small>.</ref> Ele tinha um irmão mais velho, também chamado Lúcio Vipsânio Agripa, e uma irmã, [[Vipsânia Pola]]. A família não tinha nenhuma proeminência na vida pública romana até sua ascensão.<ref>[[Veleio Patérculo]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2D*.html#96 2.96], [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2D*.html#127 127].</ref> Porém, Agripa tinha mais ou menos a mesma idade de Otaviano e os dois foram educados juntos, tornando-se grandes amigos. Apesar da associação de Agripa com a família de [[Júlio César]], seu irmão mais velho escolheu o lado adversário na [[Guerra Civil de César|guerra civil]] da década de 40 a.C., lutando com [[Catão, o Jovem]], contra César na [[Batalha de Tapso]], na [[África Velha]]. Quando as forças de Catão foram derrotadas, o irmão de Agripa foi preso e libertado depois que Otaviano intercedeu por ele.<ref>[[Nicolau de Damasco]], ''Vida de Augusto'' [http://www.csun.edu/~hcfll004/nicolaus.html 7].</ref>


Em [[27 a.C.]], o general Agripa criou as províncias: [[Tarraconense]], antiga [[Hispânia Citerior]]; a [[Bética]] e a [[Lusitânia]], a partir da [[Hispânia Ulterior]].
Não se sabe se Agripa lutou contra o irmão na África, mas é provável que ele tenha servido na campanha de César de 46-45 a.C. contra [[Pompeu]], que culminou na [[Batalha de Munda]].<ref>Reinhold, pp. 13–14.</ref> César o tinha em alta estima, suficiente para enviá-lo com Otaviano, em 45 a.C., para estudar em [[Apolônia (Ilíria)|Apolônia]] (na costa da [[Ilíria (região)|Ilíria]]) com as [[legião romana|legiões]] [[macedônia romana|macedônias]] enquanto consolidava seu poder em Roma;<ref>[[Suetônio]], ''[[As Vidas dos Doze Césares]]'', ''Augusto'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Augustus*.html#94.12 94.12].</ref> um dos amigos de César, [[Caio Cílnio Mecenas]], enviou seu filho para estudar com eles. No quarto mês de sua estadia em Apolônia chegaram as notícias do [[assassinato de Júlio César]], ocorrido em março de 44 a.C.. Agripa e outro amigo deles, [[Quinto Salvidieno Rufo]], recomendaram que Otaviano marchasse para Roma com as legiões da Macedônia, mas ele preferiu navegar para a Itália com uma pequena força para chegar mais rapidamente. Assim que chegou, soube que César o havia [[adoção na Roma Antiga|adotado]] como herdeiro legal.<ref>[[Nicolau de Damasco]], ''Vida de Augusto'' [http://www.csun.edu/~hcfll004/nicolaus.html 16–17]; [[Veleio Patérculo]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2C*.html#59.5 2.59.5].</ref> Ele imediatamente assumiu o nome de César ("Caio Júlio César") e acrescentou "Otaviano" como [[agnome]], mas os historiadores modernos geralmente se referem a ele como "Otaviano" neste período.


No inicio do governo de Augusto, participou das reformas do programa do imperador como [[edil]] romano e mais tarde [[cônsul]], ocupando importantes cargos públicos. Sua atuação como conselheiro do [[imperador romano|imperador]] foi discreta mas significativa. Para preparar sua sucessão, Augusto fê-lo casar-se com sua filha [[Júlia Cesária]], de quem teve, entre outros, Caio e Lúcio César e [[Agripina]].
== Ascensão ao poder ==
[[Ficheiro:Mvt troupes Perouse -41.png|thumb|direita|upright=1|Mapa da [[Campanha de Perúsia]] contra as forças de [[Lúcio Antônio]] e [[Fúlvia]], filho e esposa de [[Marco Antônio]].]]
[[Ficheiro:Maison Carrèe - Nîmes 2014.JPG|thumb|direita|upright=1|[[Maison Carrée]], em [[Nîmes]], na [[França]], construído por ordem de Agripa.]]
Depois do retorno de Otaviano a Roma, ele e seus aliados, especialmente Agripa e Mecenas, perceberam que precisariam do apoio de legiões. Agripa ajudou Otaviano a alistar tropas na [[Campânia]].<ref>[[Nicolau de Damasco]], ''Vida de Augusto'' [http://www.csun.edu/~hcfll004/nicolaus.html 31].</ref>{{Efn|Já se especulou que Agripa estava entre os negociadores que conseguiram convencer as legiões macedônicas de Antônio a apoiarem Otaviano, mas não há evidências diretas disto<ref>Reinhold, p. 16.</ref>.}} Assim que conseguiu suas legiões, Otaviano fez um pacto com [[Marco Antônio]] e [[Lépido]], estabelecido legalmente em 43 a.C. na forma do [[Segundo Triunvirato]]. Otaviano e seu colega [[consular]], [[Quinto Pédio]], conseguiram que os assassinos de César fossem processados ''[[in absentia]]'' e Agripa foi encarregado do caso contra [[Caio Cássio Longino]].<ref>[[Veleio Patérculo]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2C*.html#69.5 2.69.5]; [[Plutarco]], ''[[Vidas Paralelas (Plutarco)|Vidas Paralelas]]'', ''Bruto'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Brutus*.html#27.4 27.4].</ref> É possível que tenha sido neste mesmo ano que Agripa iniciou sua carreira política, assumindo o posto de [[tribuno da plebe]], o que lhe garantiu o acesso ao [[Senado Romano]].{{efn|Um evento mencionado apenas por [[Mauro Sérvio Honorato]] na "[[Eneida]]", de [[Virgílio]]<ref>[[Virgílio]], ''[[Eneida]]'' [http://perseus.mpiwg-berlin.mpg.de/cgi-bin/ptext?lookup=Serv.+A.+8.682 8.682] {{Webarchive|url=https://archive.is/20120629050209/http://perseus.mpiwg-berlin.mpg.de/cgi-bin/ptext?lookup=Serv.+A.+8.682 |date=2012-06-29 }}</ref>, mas uma posição anterior, requisito para o posto, de [[pretor urbano]] em 40 a.C., favorece a data de 43 a.C.<ref>Roddaz (p. 41)</ref>.}}


De caráter reservado, avesso às intrigas políticas, Agripa morreu de uma crise de [[Gota (doença)|gota]], quando viajava pela [[Campania|Campânia]].
Em 42 a.C., Agripa provavelmente lutou ao lado de Otaviano e Antônio na [[Batalha de Filipos]].<ref>[[Plínio, o Velho|Plínio]], ''[[História Natural (Plínio)|História Natural]]'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/L/Roman/Texts/Pliny_the_Elder/7*.html#148 7.148] o cita como uma fonte autoritativa para a enfermidade de Otaviano na ocasião.</ref> Depois de seu retorno a Roma, Agripa teve um importante papel na [[Campanha de Perúsia|guerra de Otaviano]] contra [[Lúcio Antônio (irmão de Marco Antônio)|Lúcio Antônio]] e [[Fúlvia (esposa de Marco Antônio)|Fúlvia]], respectivamente irmão e esposa de Marco Antônio, que começou em 41 a.C. e terminou com a captura de [[Perúsia]] em 40 a.C.. Porém, [[Quinto Salvidieno Rufo]] ainda era o principal general de Otaviano na época.<ref>Reinhold, pp. 17–20.</ref> Depois da [[Campanha de Perúsia]], Otaviano partiu para a [[Gália]], deixando Agripa como [[pretor urbano]] em Roma com instruções de defender a [[Itália romana|Itália]] contra [[Sexto Pompeu]], um adversário dos triúnviros que estava ocupando a [[Sicília romana|Sicília]]. Em julho do 40 a.C., enquanto Agripa estava ocupado com os [[Jogos Apolinários]] (''"Ludi Apollinares"''), uma responsabilidade dos pretores, Sexto começou um [[raide]] no [[sul da Itália]]. Agripa avançou contra ele, forçando-o a se retirar.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/48*.html#20 48.20].</ref><ref>Reinhold, p. 22.</ref> Porém, o triunvirato se mostrou instável e, em agosto de 40 a.C., tanto Sexto quanto Antônio invadiram a Itália (mas não em aliança). O sucesso de Agripa na retomada de [[Siponto]] das forças de Antônio ajudaram a acabar com o conflito (conhecido como [[Guerra de Mutina]]).<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/48*.html#28 48.28]</ref><ref>Reinhold, p. 23.</ref> Agripa estava entre os intermediários que firmaram a paz entre Otaviano e Antônio. Durante as discussões, Otaviano soube que Salvidieno havia se oferecido a Antônio para traí-lo, o que resultou em sua prisão. Ele foi executado ou cometeu o suicídio e Agripa tornou-se o principal general de Otaviano.<ref>Reinhold, pp. 23–24.</ref>


==Primeiros anos==
Em 39 ou 38 a.C., Otaviano nomeou Agripa governador da [[Gália Transalpina]], onde, em 38 a.C., ele sufocou uma revolta dos [[aquitanos]]. Agripa lutou também contra as [[tribos germânicas]], tornando-se o segundo general romano a cruzar o [[Reno]] depois de [[Júlio César]].<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/48*.html#49 48.49]</ref> Foi convocado de volta a Roma por Otaviano para assumir o consulado em 37 a.C., quando serviu com [[Lúcio Canínio Galo]]. Ele estava bem abaixo da idade mínima requerida (43 anos), mas Otaviano havia sofrido uma humilhante derrota naval contra Sexto Pompeu na [[Batalha de Messina (39 a.C.)|Batalha de Messina]] e precisava de um amigo para supervisionar os preparativos para as campanhas seguintes da [[Revolta Siciliana]]. Agripa recusou a oferta de realizar um [[triunfo romano|triunfo]] por seus feitos na Gália — afirmando, segundo [[Dião Cássio]], que seria impróprio celebrar um triunfo num período difícil para Otaviano.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/48*.html#49 48.49].</ref><ref>Reinhold, pp. 25–29; Lendering, "[http://www.livius.org/vi-vr/vipsanius/agrippa.html#Philippi De Filipos a Ácio]".</ref> Como Sexto Pompeu tinha o controle do mar na costa da Itália, a primeira providência de Agripa foi arranjar um porto seguro para sua frota. Ele conseguiu construindo um canal através das faixas de terra que separavam o ''[[Lacus Lucrinus]]'' do mar, formando um porto externo, e ligando o [[lago Averno]] ao ''Lucrinus'' para que servisse como porto interior.<ref>Reinhold, pp. 29–32.</ref> O novo complexo portuário foi chamado de [[Porto Júlio]], uma homenagem a Otaviano.<ref>[[Suetônio]], ''[[As Vidas dos Doze Césares]]'', ''Augusto'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Augustus*.html#16 16.1].</ref> Agripa também foi responsável por alguns avanços tecnológicos, incluindo navios maiores e uma versão melhorada dos [[arpéu]]s (ganchos para agarrar as naus inimigas).<ref>[[Apiano]], ''Guerras Civis'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Appian/Civil_Wars/5*.html#106 2.106], [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Appian/Civil_Wars/5*.html#118 118–119].</ref><ref>Reinhold, pp. 33–35.</ref> Foi nesta época que Agripa se casou com [[Cecília Pompônia Ática]], filha do amigo de [[Cícero]], [[Tito Pompônio Ático]].<ref>Reinhold, pp. 35–37.</ref>
Pouco se sabe da sua vida até [[43 a.C.]], em que começou a apoiar [[Augusto]] na luta pelo poder desencadeado após a morte de [[Júlio César]].


Agripa nasceu nas zonas rurais nas cercanias de [[Roma]], no seio de uma rica família da [[Equites|classe equestre]]. Seu pai foi Lúcio Vipsânio Agripa, e a sua irmã foi [[Vipsânia Pela]]. Tinha a mesma idade que Otaviano e ambos foram amigos  desde a infância. Otaviano e Agripa serviram como oficiais de cavalaria sob comando de [[Júlio César]] na [[batalha de Munda]], em [[45 a.C.]], aonde Agripa fora após a luta contra [[Catão, o Jovem]] e os [[optimates|republicanos]] ao norte da África. Após a batalha, de volta para Roma, Júlio César adotou Otaviano como herdeiro.
Otaviano e Agripa partiram com a frota para lutar contra Sexta em 36 a.C.. Porém, a armada dos dois foi duramente atingida por tempestades e obrigada a recuar, com Agripa assumindo o comando de uma nova investida. Graças à tecnologia superior e ao treinamento dos marinheiros romanos, Agripa e seus homens venceram batalhas navais decisivas em [[Batalha de Milas|Milas]] e [[Batalha de Nauloco|Nauloco]], destruindo todos menos dezessete dos navios de Sexto e obrigando a maior parte de suas forças a se render. Otaviano, com seu poder aumentado, forçou o triúnviro [[Lépido]] a se aposentar e voltou para Roma em [[triunfo romano|triunfo]].<ref>Reinhold, pp. 37–42.</ref> Agripa recebeu a homenagem sem precedentes de uma [[coroa naval]], decorada com a ponta da proa dos navios vencidos; como lembra [[Dião Cássio]], esta foi ''"uma decoração dada a ninguém mais, antes ou depois".''<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/49*.html#14.3 49.14.3].</ref>


Enquanto César se dedicava a consolidar o seu poder em Roma, enviou Agripa e Otaviano a estudar em [[Apolônia (Migdônia)|Apolônia]], na [[Ilíria (região)|Ilíria]], com as [[legião romana|legiões]] situadas na [[Macedônia Antiga|Macedônia]]. César também enviou o filho de um dos seus amigos, [[Caio Cílnio Mecenas]], a estudar com eles.
== Vida no serviço público ==
Agripa participou de campanhas militares menores entre 35 e 34 a.C., mas, no outono deste ano, já estava em Roma<ref>Reinhold, pp. 45–47.</ref> para dar início imediato a uma campanha de melhorias e reformas públicas, incluindo a renovação do [[aqueduto romano|aqueduto]] conhecido como [[Água Márcia]], incluindo a extensão de seus canais para que cobrissem uma parte maior da cidade. Por suas ações, foi selecionado como um dos [[edil plebeu|edis]] de 33 a.C. e, durante seu mandato, as ruas foram restaurados e os esgotos ([[Cloaca Máxima]]) foram limpos enquanto se promoviam luxuosos espetáculos públicos.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/49*.html#42 49.42–43].</ref> Agripa construiu ainda [[terma romana|termas]] (conhecidas como [[Termas de Agripa]]), jardins, [[pórtico]]s e estimulou exibições de obras de arte.  


Os três jovens desenvolveram uma forte amizade no tempo em que estiveram afastados de Roma e sob as ordens de César. Agripa pronto conseguiu o apoio das legiões macedônias, graças à sua habilidade de liderado. Também aprendeu [[arquitetura]], sendo esta uma área do conhecimento que aplicaria mais adiante na sua vida.
Era bastante raro que um consular aceitasse posições inferiores,<ref>Lendering, "[http://www.livius.org/vi-vr/vipsanius/agrippa.html#Philippi De Filipos a Ácio]".</ref> mas o sucesso de Agripa acabou com esta tradição. Como imperador, Augusto se vangloriaria por ''"encontrar uma cidade de tijolos e entregar uma cidade de mármore"'', um feito conquistado em parte pelos grandes serviços de Agripa durante seu mandato.


Enquanto estudavam em Apolônia, chegaram as notícias do [[assassinato]] de Júlio César em [[44 a.C.]] Otaviano partiu imediatamente para Roma.
== Antônio e Cleópatra ==
{{AP|Guerra Civil de Antônio}}
[[Ficheiro:Battle of Actium-pt.svg|thumb|esquerda|upright=.8|Diagrama da [[Batalha de Ácio]] (31 a.C.), a grande vitória de Agripa e que encerrou a [[Guerra Civil de Antônio]].]]
Agripa foi novamente convocado para assumir o comando da frota quando a guerra contra Antônio e [[Cleópatra]] irrompeu. Ele capturou a estratégica cidade de [[Metone (Messênia)|Metone]], no sudoeste do [[Peloponeso]], e seguiu para o norte, atacando a costa grega e capturando [[Corcira]]. Otaviano em seguida levou suas forças terrestres para lá, ocupando a ilha como uma base naval.<ref>[[Paulo Orósio|Orósio]], ''Contra os Pagãos'' [http://www.attalus.org/latin/orosius6B.html#19 6.19.6–7]; [[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/50*.html#11 50.11.1–12.3.</ref><ref>Reinhold, pp. 53–54.</ref> Antônio reuniu suas tropas e navios em [[Ácio]] e Otaviano seguiu para lá para encontrá-lo. Agripa, enquanto isso, derrotou o aliado de Antônio, [[Quinto Nasídio]], em uma batalha naval em [[Patras]].<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/50*.html#13.5 50.13.5].</ref> Dião relata que, conforme Agripa seguia para se encontrar com Otaviano perto de Ácio, encontrou [[Caio Sósio]], um dos generais de Antônio, que estava realizando um ataque surpresa contra o esquadrão de [[Lúcio Tário Rufo]], um aliado de Otaviano. A chegada inesperada de Agripa reverteu o resultado da batalha.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/50*.html#14 50.14.1–2]; [[Veleio Patérculo]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2C*.html#84.2 2.84.2]. Dião está errado ao afirmar que Sósio foi morto, pois ele participou da [[Batalha de Ácio]] e sobreviveu (Reinhold, p. 54 n. 14; Roddaz, p. 163 n. 140).</ref>


==Ascensão ao poder==
Conforme a batalha decisiva se aproximava, segundo [[Dião Cássio]], Otaviano recebeu informações de que Antônio e Cleópatra planejavam atravessar seu [[bloqueio naval]] e fugir. A princípio, ele queria permitir que a [[nau capitânea]] deles passasse livre argumentando que ele conseguiria tomá-la com naus menores e que o resto da frota inimiga simplesmente se renderia ao perceber a covardia de seus líderes. Agripa foi contra, argumentando que os navios de Antônio, embora maiores, poderiam escapar se conseguissem lançar suas velas e que Otaviano deveria iniciar a batalha imediatamente pois a frota de Antônio havia acabado de ser atingida por uma tempestade. Otaviano seguiu o conselho do amigo.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/50*.html#31 50.31.1–3].</ref>
Após o retorno de [[Otaviano]] a [[Roma]], os três ([[Caio Cílnio Mecenas]], [[Otaviano]] e Agripa) deram-se conta de que precisavam o apoio das [[Legião romana|legiões]]. Agripa voltou para [[Grécia]] para assumir o comando das legiões macedônicas (e, nomeadamente, da [[Legio IV Macedonica]]) e marchar com elas para Roma.


Uma vez que Otaviano teve o controlo dessas legiões, chegou a um pacto com [[Marco Antônio]] e [[Marco Emílio Lépido]] no que seria o [[segundo triunvirato]], para se enfrentarem unidos contra os assassinos de [[Júlio César]]. Agripa lutou com Otaviano e Antônio como o general de maior categoria na [[Batalha de Filipos]].
Em 2 de setembro de 31 a.C., a [[Batalha de Ácio]] foi travada. A vitória de Otaviano, que conferiu-lhe o poder completo sobre Roma e sobre a República, deveu-se principalmente a Agripa.<ref>Reinhold, pp. 57–58; Roddaz, pp. 178–181.</ref> Como sinal de sua consideração, Otaviano concedeu-lhe a mão de sua sobrinha, [[Cláudia Marcela Maior]] em 28 a.C.. Ele também serviu um segundo consulado com Otaviano neste mesmo ano. Em 27 a.C., Agripa foi cônsul pela terceira vez com Otaviano e, naquele ano, o Senado conferiu a Otaviano o título imperial de [[Augusto (título)|Augusto]], dando fim, efetivamente, à [[República Romana]].


Na sua volta a Roma, Otaviano enviou Agripa em [[41 a.C.]] para que comandasse a guerra contra [[Lúcio Antônio]] e [[Fúlvia|Fúlvia Antônia]], irmão e mulher, respectivamente, de Marco Antônio. A guerra terminou com a captura de [[Perugia]] em [[40 a.C.]]
Em comemoração pelo resultado da batalha, Agripa construiu e dedicou o edifício que serviu como "Panteão" de Roma antes de sua destruição em 80 a.C.. O imperador [[Adriano]] utilizou o projeto de Agripa para construir seu [[Panteão (Roma)|próprio Panteão]], que ainda hoje sobrevive em Roma. A inscrição neste edifício posterior, construído por volta de 125, preservou o texto da inscrição do edifício de Agripa, da época do seu terceiro consulado. Os anos seguintes, Agripa passou na [[Gália]], reformando toda a administração provincial e o sistema tributário, juntamente com um [[Via Agripa|efetivo sistema viário]] e aquedutos.


Dois anos depois pacificou a [[Gália]] após o levantamento da [[Aquitânia]], e chegou a cruzar o [[rio Reno|Reno]], tornando-se o segundo general da história em fazê-lo, após Júlio César, e com a finalidade de retaliar as agressões prévias das [[tribos germânicas]]. À sua volta recusou celebrar um [[triunfo romano|triunfo]], se bem que aceitasse ocupar o seu primeiro [[cônsul romano|consulado]] em [[37 a.C.]]
== Últimos anos ==
[[Ficheiro:Panteon-roma-2011.JPG|thumb|direita|upright=1|[[Frontão]] do [[Panteão (Roma)|Panteão]], uma obra posterior, do imperador [[Adriano]] ({{ca.}} 125 a.C.), mas que preserva a dedicatória de Agripa, da época de seu terceiro consulado (27 a.C.).]]
[[Ficheiro:02.Teatro romano (49).JPG|thumb|direita|upright=1|[[Teatro romano de Mérida]], construído por Agripa ordem de Augusto.]]
A amizade de Agripa com Augusto parece ter sido obscurecida pelo ciúme dos sobrinho do imperador, [[Marco Cláudio Marcelo (sobrinho de Augusto)|Marco Cláudio Marcelo]], fomentada, provavelmente, pelas intrigas de [[Lívia Drusila|Lívia]], a terceira esposa de Augusto, que temia a influência dele sobre seu marido.<ref name="Britannica1911">[[File:Wikisource-logo.svg|15px]] 1911 Encyclopædia Britannica, [[s:1911 Encyclopædia Britannica/Agrippa, Marcus Vipsanius|''Agrippa, Marcus Vipsanius'']]</ref> Tradicionalmente, acredita-se que foi por causa deste ciúme que Agripa saiu de Roma, nominalmente para assumir o governo das províncias orientais — uma espécie de "exílio de honra", mas ele enviou apenas um [[legado]] para a [[Síria (província romana)|Síria]] permanecendo o tempo todo em [[Lesbos]] e governando por procuração,<ref name="Britannica1911"/> apesar de ser possível que ele estivesse numa missão secreta negociando com os [[partas]] o retorno dos [[estandarte romano|estandartes]] que eles ainda detinham.<ref>David Magie, ''The Mission of Agrippa to the Orient in 23 BC'', Classical Philology, Vol. 3, No. 2(Apr., 1908), pp. 145-152</ref> Com a morte de Marcelo, ocorrida em menos de um ano depois de seus exílio, Agripa foi reconvocado a Roma por Augusto, que percebeu que não podia prescindir de seus serviços. Porém, se estes eventos forem colocados no contexto da crise em 23 a.C., parece improvável que, tendo que enfrentar uma importante oposição e próximo de realizar uma importante movimentação política, o imperador Augusto colocasse um homem no exílio no comando do grosso das tropas romanas. O que é muito mais provável que é o "exílio" de Agripa foi, na verdade, um cuidadoso movimento político para colocar um leal aliado no comando de uma importante exército para servir como plano secundário caso as negociações de 23 a.C. fracassassem e Augusto precisasse de apoio militar.<ref>Syme (1939), 342.</ref> Além disso, depois de 23 a.C., como parte do que ficou conhecido como o "Segundo Acordo Constitucional" de Augusto, os poderes constitucionais de Agripa foram aumentados para prover ao [[Principado (Roma Antiga)|Principado de Augusto]] maior estabilidade ao designar um herdeiro político ou substituto se ele sucumbisse aos frequentes problemas de saúde ou fosse assassinado. No espaço de um ano, o [[imperium|''imperium'' proconsular]], similar ao poder de Augusto, foi conferido a Augusto por cinco anos. A natureza exata desta concessão é incerta, mas provavelmente cobria as [[província imperial|províncias imperiais]] de Augusto, no ocidente e no oriente, provavelmente sem autoridade sobre as [[província senatorial|províncias senatoriais]]. Estas viriam posteriormente assim como o cuidadosamente protegido [[tribuno da plebe|poder dos tribunos]] (''"tribunicia potestas"'').<ref>Syme (1939), 337-338.</ref>


Para então, [[Sexto Pompeu]] conseguira o controlo sobre o mar que rodeia as costas da Itália, pelo qual a guerra já era algo iminente. A primeira preocupação de Agripa foi conseguir um porto seguro para as suas naves, o que conseguiu mediante a eliminação da separação do [[lago Lucrino]] do mar. Nesta época, Agripa contraiu matrimônio com [[Cecília Ática]], filha do amigo de [[Cícero]], [[Tito Pompônio Ático]].
Conta-se que [[Caio Cílnio Mecenas]] aconselhou Augusto a manter Agripa ainda mais perto fazendo dele seu genro<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/54*.html#6 54.6]</ref> e, para isso, forçou-o a se divorciar de Marcela para se casar com sua única filha, [[Júlia, a Velha]], em 21 a.C., a viúva de [[Marco Cláudio Marcelo (sobrinho de Augusto)|Marcelo]],<ref>[[Suetônio]], ''[[As Vidas dos Doze Césares]], ''Augusto'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Augustus*.html#63 63]; [[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/54*.html#6.5 6.5].</ref><ref>Reinhold, ''Marcus Agrippa. A biography'', pp. 67-68, 86-87.</ref> igualmente celebrada por sua beleza, habilidades e imoderada [[prodigalidade]]. En 19 a.C., Agripa foi enviado para sufocar uma revolta dos [[cântabros]] no norte da [[Hispânia]] ([[Guerras Cantábricas]]).<ref name="Britannica1911"/> Entre 16 e 15 a.C., foi encarregado de construir o [[Teatro romano de Mérida|Teatro romano de Augusta Emerita]], atual [[Mérida (Espanha)|Mérida]], por ordem de Augusto.


Otaviano tentou por si mesmo conquistar a ilha da [[Sicília]], que se encontrava controlada por Sexto Pompeu, mas foi derrotado na batalha naval de [[Messina]] em [[37 a.C.]], e novamente em agosto de [[36 a.C.]] Octávio enviou Agripa contra Sexto Pompeu. Este, após ser nomeado comandante-em-chefe, mandou treinar as suas tripulações até acreditar que estavam capacitadas para se enfrentarem à frota de Pompeu. No prazo de um mês, Agripa derrotou a frota de Pompeu nas batalhas de [[Batalha de Milas (36 a.C.)|Milas]] e [[batalha de Nauloco|Nauloco]]. Agripa recebeu como condecoração uma [[coroa naval]] pelos seus serviços na Sicília.
Em 18 a.C., os poderes de Agripa aumentaram ainda mais, chegando quase a igualar os de Augusto. Neste ano, seu ''imperium'' proconsular foi aumentado para cobrir também as províncias senatoriais e, além disso, ele finalmente recebeu o poder dos tribunos da plebe. Como no caso de Augusto, a concessão deste poder lhe foi dado sem que ele tenha de fato sido eleito para esta posição.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/54*.html#12.4 54.12.4].</ref> Estes poderes eram consideráveis, dando-lhe poder de veto sobre os atos do Senado e de outros [[magistrado romano|magistrados]], incluindo outros tribunos, e o poder de apresentar leis para serem aprovadas na [[Assembleia do povo]]. Tão importante quanto, a pessoa do tribuno era sacrossanta, o que significava que qualquer um que os agredisse ou impedisse seus atos, incluindo os políticos, poderiam ser legalmente mortos.<ref>Everett (2006), 217.</ref> Depois desta concessão, Agripa era, no papel, tão poderoso quanto Augusto. Mas não havia dúvidas de que este estava no comando.


==Vida ao serviço público==
Agripa foi nomeado governador das províncias orientais novamente em 17 a.C., onde sua administração, justa e prudente, conquistou o respeito e a boa vontade dos provincianos, especialmente da população [[judeus|judaica]].<ref name="Britannica1911"/> Agripa também recuperou o controle efetivo de Roma sobre o [[Quérson|Quersoneso Cimério]], na [[península Crimeia]], durante seu mandato.


[[Imagem:Battle of Actium-pt.svg|thumb|300px|Disposição das tropas durante a batalha de Áccio]]
O último serviço público de Agripa foi o início da campanha de conquista da região do alto [[rio Danúbio|Danúbio]], que tornar-se-ia a província romana da [[Panônia (província romana)|Panônia]] em 13 a.C..<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/54*.html#28 28]</ref> Agripa morreu na [[Campânia]], em 12 a.C., com 51 anos de idade. Seu filho póstumo, [[Marco Vipsânio Agripa Póstumo]], foi batizado em sua homenagem. Augusto honrou sua memória com um magnífico funeral e decretou um luto de mais de um mês. Augusto cuidou pessoalmente da educação de todos os filhos de Agripa e chegou mesmo a [[Adoção na Roma Antiga|adotar]] dois deles, [[Caio César]] e [[Lúcio César]]. Não adotou Agripa Póstumo para preservar a linhagem do amigo, pois, segundo a autobiografia de Augusto, tratava-se de um jovem desequilibrado e de mente fraca, sendo executado logo após a morte de Augusto.


Em [[33 a.C.]], Agripa foi eleito [[edil]], e usou os seus conhecimentos de arquitetura para realizar o seu trabalho. Sobressaiu no cargo graças à posta em funcionamento de importantes melhoras da cidade de Roma, restaurando e construindo [[aqueduto]]s, incrementando e limpando a [[Cloaca Máxima]], construindo [[terma]]s, como as denominadas [[Termas de Agripa]] e pórticos e plantando jardins. Também estimulou a exibição pública de obras de arte. Augusto mais adiante presumiria de "ter-se encontrado uma cidade de tijolo e deixado uma de mármore" graças aos grandes serviços que proporcionou Agripa sob a sua autoridade.
Apesar de Agripa ter construído um túmulo para si, Augusto depositou seus restos em [[Mausoléu de Augusto|seu próprio mausoléu]] (que ainda existe).<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/54*.html#28.5 54.28.5]</ref>


Em comemoração da [[Batalha de Áccio]], Agripa construiu o edifício que seria o [[Panteão de Roma]] até a sua destruição em [[80]]. O imperador [[Adriano]] construiria o seu próprio Panteão a partir dos desenhos de Agripa. Este último ainda permanece em pé. A inscrição do segundo edifício, porém, preserva o texto da inscrição do primeiro. Nos anos posteriores ao seu terceiro consulado, Agripa permaneceu na [[Gália]], reformando a administração provincial e o sistema tributário e efetuando a construção de um importante sistema de estradas e aquedutos.
== Legado ==
[[Ficheiro:-0020 Altes Museum Mädchenkopf anagoria.JPG|thumb|esquerda|upright=0.6|[[Júlia, a Velha]], a única filha biológica de [[Augusto]] e esposa de Agripa, com quem teve cinco filhos.]]
Agripa era conhecido também como escritor, especialmente sobre [[geografia]].<ref name="Britannica1911"/> Sob sua supervisão, o sonho de [[Júlio César]] de [[agrimensura]]r o Império Romano foi realizado. Ele construiu um esquema circular, que depois foi gravado em mármore por Augusto e, posteriormente, colocado numa [[colunata]] construída por sua irmã, [[Vipsânia Pola]].<ref name="Britannica1911"/> Entre suas obras está uma autobiografia, hoje perdida.<ref name="Britannica1911"/>


==A guerra contra Marco António==
O termo "[[Via Agripa]]" é utilizado para denominar a rede de estradas na [[Gália]] construída por Agripa.  
[[Imagem:Pantheon rome 2005may.jpg|thumb|[[Panteão de Agripa]]. Amostra a lenda M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT, que significa ''Marco Agripa, filho de Lúcio, construído durante o seu terceiro consulado'']]
{{Artigo principal|Batalha de Áccio}}
Agripa foi chamado novamente a comandar a frota quando se iniciou a guerra contra [[Marco Antônio]] e [[Cleópatra]]. Nessa guerra, [[Otaviano]] obteria a vitória definitiva na batalha de Áccio, que lhe daria o controle total do império. Grande parte da vitória deveu-se, novamente, aos dotes militares de Agripa.


As naves de António, grandes e lentas, dirigidas pelo [[cônsul]] [[Caio Sósio]], foram derrotadas pelas naves menores e manobráveis de Agripa e pelo seu superior armamento. As naves de Cleópatra, em vez de lutar, fugiram através das naves combatentes, seguidas por Antônio.
=== Descendência ===
Agripa teve diversos filhos em seus três casamentos. Com sua primeira esposa, [[Cecília Ática]], teve uma filha, [[Vipsânia Agripina]], que seria a primeira esposa do imperador [[Tibério]] e mãe de [[Druso, o Jovem]]. Com [[Cláudia Marcela Maior]],<ref name="SvetonioAugusto63"/> é possível que tenha tido uma filha, cuja existência é incerta, e é chamada de "[[Vipsânia Marcela]]". É possível que esta filha tenha sido uma segunda filha de Cecília Ática, mas não há informações suficientes para afirmar. A existência dela depende unicamente de [[Públio Quintílio Varo]], mencionado como genro de Agripa na oração funerária de Augusto para o amigo.<ref>''Kölner Papyrus'' I (1976), no. 10.</ref> Finalmente, com [[Júlia, a Velha]]<ref name="SvetonioAugusto63">[[Suetônio]], ''[[As Vidas dos Doze Césares]]'', ''Augusto'' 63.</ref>, a filha de Augusto, Agripa teve cinco filhos: [[Caio César]], [[Júlia, a Jovem (neta de Augusto)|Júlia, a Jovem]], [[Lúcio César]], [[Agripina, a Velha]], esposa de [[Germânico]] e mãe de [[Calígula]] e da imperatriz [[Agripina, a Jovem]], além de [[Agripa Póstumo]] (nascido depois de sua morte).


A luta concluiu o dia 2 com a aniquilação da frota de Antônio e a fuga de Antônio e Cleópatra para o [[Egito (província romana)|Egito]].
Já houve inúmeras tentativas de designar mais descendentes à linhagem de Agripa, incluindo duas linhagens dos [[Asínios]], descendentes de [[Caio Asínio Pólio (cônsul em 23)|Caio Asínio Pólio]] e [[Marco Asínio Agripa]] respectivamente. Uma filha (e outros descendentes) chamada Rubélia Bassa de [[Júlia (filha de Druso, o Jovem)|Júlia]], filha de Druso, o Jovem, que pode ter sido filha de [[Caio Rubélio Blando]] de um casamento anterior. E, finalmente, uma série de descendentes de [[Júnia Lépida]] e seu marido, Caio Cássio Longino. Porém, todas essas linhagens são hipotéticas e não há evidências que suportem qualquer ligação com os descendentes de Agripa.


Como amostra de agradecimento, Otaviano concedeu-lhe a mão da sua sobrinha, [[Cláudia Marcela Maior]], em [[28 a.C.]] Também obteve um segundo consulado conjuntamente com Otaviano esse mesmo ano. Em [[27 a.C.]], Agripa conseguiu o seu terceiro consulado, de novo com Otaviano, ano no qual o [[Senado romano|senado]] concedeu a Otaviano o título de [[Augusto (título)|augusto]].
Caio e Lúcio, herdeiros do império e filhos adotivos de Augusto, foram designados ''"principis iuventutis"''. Porém, faleceram de causas naturais e a herança do império recaiu sobre [[Nero Cláudio Druso]] (que faleceu em um acidente) e, depois, sobre [[Tibério]], que finalmente seria o sucessor de Augusto. [[Druso, o Jovem|Druso]] e Tibério eram filhos do matrimônio anterior de [[Lívia Drusa]], a esposa de Augusto, e também foram adotados por ele.


==Últimos anos==
== Árvore genealógica ==
Sua amizade com [[Augusto]] parece que se viu embaciada pela animosidade do seu meio-irmão Marcelo, que possivelmente se via incrementada como resultado das intrigas de [[Lívia Drusa]], a terceira esposa de Augusto, que temia a sua influência sobre o seu marido. Tradicionalmente disse-se que o resultado dos ciúmes foi que Agripa deixara Roma, oficialmente para tomar o governo da [[província romana]] da [[Síria (província romana)|Síria]] (uma espécie de exílio honorável). Contudo, Agripa somente enviou o seu [[legado]] a Síria, enquanto ele permaneceu na [[Lesbos|ilha de Lesbos]] e governava na distância. À morte de Marcelo, que ocorreu o ano do seu exílio, foi chamado novamente a Roma por Augusto.
{{Árvore genealógica da dinastia júlio-claudiana}}


Contudo, situando os acontecimentos no quadro da crise de [[23 a.C.]], não parece tão provável que enquanto se enfrentava uma oposição significativa o imperador Augusto fosse situar um homem no exílio com o controle do corpo mais importante das tropas romanas. Parece mais provável que o exílio de Agripa fosse um cuidadoso movimento político para situar o seu leal tenente no comando desse exército tão importante, com a finalidade de ajudar Augusto se finalmente este precisasse apoio militar.
== Ver também ==
 
{{Cônsules da República Romana
Diz-se que Mecenas aconselhou a Augusto vincular-se a Agripa ainda mais mediante um ligação matrimonial. Agripa divorciou-se de Marcela para se casar com a filha de Augusto, [[Júlia, a Velha]], em [[21 a.C.]] Júlia era a viúva de Marcelo, e possuía uma grande fama tanto pela sua beleza, como pela sua conduta indecente.
|ant1=[[Lúcio Cornélio Lêntulo Cruscélio]] (suf.)
 
|ant2=[[Lúcio Márcio Filipo (cônsul em 38 a.C.)|Lúcio Márcio Filipo]] (suf.)
Em [[19 a.C.]] Agripa foi enviado a pôr fim a uma revolta dos [[Cântabros]] na [[Hispânia]], as chamadas [[Guerras Cantábricas]]. Mais tarde voltou a ser nomeado governador da Síria em [[17 a.C.]], e conseguiu nessa província ganhar o respeito dos seus habitantes (e particularmente dos [[judeu]]s) graças à sua boa administração. Agripa também recuperou o controlo romano sobre a [[Crimeia]] durante o seu governo.
|con1=[[Lúcio Canínio Galo]]
 
|con2=[[Marco Vipsânio Agripa]] I
Entre [[16 a.C.]] e [[15 a.C.]], foi encarregado de construir o [[Teatro romano de Mérida|Teatro romano de Augusta Emerita]], atual [[Mérida (Espanha)|Mérida]], por ordem de Augusto.
|con3=[[Tito Estacílio Tauro]] (suf.)
 
|ano=37 a.C.
Seu último serviço foi o começo da conquista da região situada para além da fronteira natural criada pelo [[rio Danúbio]], que se tornaria na província romana da [[Panônia]] em [[13 a.C.]] No Inverno desse último ano enfermou, falecendo pouco depois do seu regresso a Roma em março de [[12 a.C.]], aos 51 anos. Seu filho póstumo, [[Marco Vipsânio Agripa Póstumo]], recebeu o nome na sua honra.
|seg1=[[Marco Coceio Nerva (cônsul em 36 a.C.)|Marco Coceio Nerva]]
 
|seg2=[[Lúcio Gélio Publícola (cônsul em 36 a.C.)|Lúcio Gélio Publícola]]
Augusto honrou a sua memória com um funeral majestoso no que leu o discurso fúnebre, e ele próprio passou um mês inteiro de luto. Ordenou que o enterrassem no [[mausoléu]] imperial. Também se encarregou pessoalmente da educação dos seus filhos, e até mesmo adotou dois deles: [[Caio César]] e [[Lúcio César]]. Não chegou a adotar o último deles, Agripa Póstumo, para preservar a linhagem do amigo. Segundo a autobiografia de Augusto, tratava-se de um jovem desequilibrado e de mente fraca, sendo executado logo após a morte de Augusto.
|emenda=s
 
}}
==Legado==
{{Cônsules da República Romana
Agripa também foi conhecido pela sua faceta de escritor, e especialmente de [[geografia]]. Entre os escritos que realizou existem referências a uma autobiografia, que se perdeu.
|cab=n
|ant1=[[Otaviano]] V
|ant2=[[Sexto Apuleio (cônsul em 29 a.C.)|Sexto Apuleio]]
|con1=[[Otaviano]] VI
|con2=[[Marco Vipsânio Agripa]] II
|ano=28 a.C.
|seg1=[[Otaviano]] VII
|seg2=[[Marco Vipsânio Agripa]] III
|emenda=s
}}
{{Cônsules da República Romana
|cab=n
|ant1=[[Otaviano]] VI
|ant2=[[Marco Vipsânio Agripa]] II
|con1=[[Otaviano]] VII
|con2=[[Marco Vipsânio Agripa]] III
|ano=27 a.C.
|seg1=[[Otaviano]] VIII
|seg2=[[Tito Estacílio Tauro]] II
}}


Marco Vipsânio Agripa foi, com [[Caio Mecenas]] e o próprio [[Augusto]], uma personagem central na criação do sistema imperial do [[Principado de Roma|Principado]], que governaria o [[Império Romano]] até a [[crise do século III]] e o surgimento do [[Dominato]]. Dentre os seus descendentes, o seu neto Caio seria conhecido na história como o imperador [[Calígula]], e o seu bisneto Lúcio Domício Ahenobarbo governaria como o imperador [[Nero]].
== Notas ==
{{refbegin}}
{{notelist}}
{{refend}}


===Matrimônios e descendência===
{{Referências|col=2}}
Agripa teve vários filhos com diferentes esposas:
*Primeira esposa, [[Cecília Ática]]
**[[Vipsânia Agripina]] (primeira esposa do Imperador [[Tibério]]).
*Segunda esposa, [[Cláudia Marcela]] a Maior
**[[Vipsânia Marcela]] 
*Terceira esposa, [[Júlia, a Velha]] (filha de Augusto)
**[[Caio César]]
**Júlia Vipsânia ou [[Júlia, a Jovem]]
**[[Lúcio César]]
**[[Agripina]] (esposa de [[Germânico]])
**[[Agripa Póstumo]] (filho póstumo)


Vários dos filhos de Júlia foram logo adotados pelo seu avô [[Augusto]] e nomeados seus herdeiros, pelo qual o seu nome trocou de Vipsânio Agripa para César.
== Bibliografia ==
 
Caio e Lúcio, herdeiros do império por parte de Augusto, foram designados ''Principis Iuventutis''. Porém, faleceram de causas naturais pelo qual a herança do império recaiu em [[Nero Cláudio Druso]] (quem faleceu de um acidente) e posteriormente em [[Tibério]], que finalmente sucederia a Augusto. Druso e Tibério eram filhos do matrimônio anterior de [[Lívia Drusa]], a esposa de Augusto, bem como foram adotados por este.
 
{{Árvore genealógica da Dinastia júlio-claudiana}}
 
==Bibliografia==
*REINHOLD, Meyer: ''Marcus Agrippa: a biography''. The W. F. Humphrey Press: Geneva, New York 1933.
 
==Ligações externas==
{{commons|Marcus Vipsanius Agrippa}}
{{commons|Marcus Vipsanius Agrippa}}
*[http://virtualreligion.net/iho/m_agrippa.html Marcus Agrippa], artigo de Mahlon H. Smith
{{refbegin|2}}
* {{citar livro| nome=T. Robert S.| sobrenome=Broughton| título=The Magistrates of the Roman Republic| subtítulo=Volume II, 99 B.C. - 31 B.C.| ano=1952| editora=The American Philological Association| número = | local=Nova Iorque |páginas=578| língua = inglês}}
*{{citar livro|nome = Ronald |sobrenome = Syme|título = L'aristocrazia augustea|ano = 1993|publicado = [[RCS MediaGroup|Rizzoli]]|local = Milão|autorlink=Ronald Syme|id = ISBN 88-17-11607-6| língua = italiano}}
* {{citar livro|url = http://archive.org/details/geographilatinim00ries|autor = Agripa| subtítulo = Corografia| título = Geographi Latini Minores"|editor = A. Riese| ano = 1878|língua = latim}}
* REINHOLD, Meyer: ''Marcus Agrippa: a biography''. The W. F. Humphrey Press: Geneva, New York 1933.
* {{citar web|url = http://virtualreligion.net/iho/m_agrippa.html |título = Marcus Agrippa| autor = Mahlon H. Smith| língua = inglês}}
* {{SmithDGRBM|url=http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0086.html|artigo = Marcus Vipsanius Agrippa}}
{{refend}}
{{Controle de autoridade}}


{{Biografias}}
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
 
[[Categoria:Romanos antigos do século I a.C.]]
{{DEFAULTSORT:Agripa, Marco Vipsanio}}
[[Categoria:Pretores da República Romana]]
[[Categoria:Facções das guerras civis republicanas de Roma]]
[[Categoria:Propretores da República Romana]]
[[Categoria:Guerra Civil de César]]
[[Categoria:Guerra Civil dos Libertadores]]
[[Categoria:Campanha de Perúsia]]
[[Categoria:Campanha de Mutina]]
[[Categoria:Guerra Civil de Antônio]]
[[Categoria:Guerras Cantábricas]]
[[Categoria:Vipsanii]]
[[Categoria:Governadores romanos da Síria]]
[[Categoria:Almirantes romanos]]
[[Categoria:Almirantes romanos]]
[[Categoria:Dinastia júlio-claudiana]]
[[Categoria:Dinastia júlio-claudiana]]
[[Categoria:Procônsules da Hispânia]]
[[Categoria:Arquitetos da Antiguidade]]
[[Categoria:Arquitetos da Antiguidade]]
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Cônsules do Império Romano]]
[[Categoria:Cônsules do Império Romano]]
[[Categoria:Augusto]]
[[Categoria:Escritores da Roma Antiga]]
[[Categoria:Cleópatra]]
[[Categoria:Geógrafos da Roma Antiga]]
 
[[Categoria:Revolta Siciliana]]
{{Link FA|he}}
[[Categoria:Epulões]]
{{Link FA|nl}}
[[Categoria:Sepultamentos no Mausoléu de Augusto]]

Edição atual tal como às 05h22min de 26 de outubro de 2021

Marco Agripa
Busto de Agripa.
Cônsul da República Romana
Período 37 a.C.
Servindo com Lúcio Galo
Antecessor(a) Ápio Cláudio Pulcro
Caio Norbano Flaco
Sucessor(a) Marco Coceio Nerva
Lúcio Gélio Publícola
Período 28 a.C.27 a.C.
Servindo com Augusto
Antecessor(a) Augusto
Sexto Apuleio
Sucessor(a) Augusto
Tito Estacílio Tauro
Dados pessoais
Nome completo Marco Vipsânio Agripa
Nascimento 64 a.C. ou 62 a.C.
Desconhecido
(Arpino, Ístria ou Assis)
Morte 12 a.C.
Campânia
Esposa Cecília Ática
Cláudia Marcela
Júlia, a Velha
Filhos Vipsânia Agripina
Vipsânio Marcela
Caio César
Júlia, a Jovem
Lúcio César
Agripina
Agripa Póstumo
Religião Politeísmo romano
Serviço militar
Lealdade República Romana
Império Romano
Serviço/ramo Exército Romano
Anos de serviço 45–12 a.C.
Graduação General
Conflitos Segunda Guerra Civil da República Romana
Batalha de Mutina
Guerra Civil dos Libertadores

Última Guerra Civil da República Romana

Marco Vipsânio Agripa (em latim: Marcus Vipsanius Agrippa) foi um político da gente Vipsânia da República Romana eleito cônsul por três vezes, em 37, 28 e 27 a.C., com Lúcio Canínio Galo e com Otávio nas duas vezes seguintes.[1] Era amigo próximo, genro e principal comandante de Otávio e, como arquiteto, foi responsável pela construção de alguns dos mais notáveis edifícios da história de Roma. Como general, conquistou muitas vitórias importantes, especialmente a Batalha de Ácio, em 31 a.C., contra as forças combinadas de Marco Antônio e Cleópatra, que deixou Otávio como único poder em Roma, o futuro imperador romano Augusto. Agripa auxiliou-o na transformação de Roma numa "cidade de mármore"[2] e na reforma dos aquedutos romanos com o objetivo de entregar a todos os romanos, de todas as classes sociais, serviços públicos de boa qualidade. Foi o responsável pela criação de muitas termas, pórticos e jardins por toda a cidade e já se acreditou no passado que ele teria encomendado a construção do Panteão. Agripa era também o sogro do segundo imperador, Tibério, avô pelo lado materno de Calígula e bisavó materno de Nero.

Primeiros anos

Agripa nasceu entre 64 e 62 a.C.Predefinição:Efn em um local incerto.[3] Seu cognome de família é derivado da forma latina do grego "Agrippas", que significa "cavalo selvagem".[3]

É possível que seu pai tenha sido Lúcio Vipsânio Agripa.[4] Ele tinha um irmão mais velho, também chamado Lúcio Vipsânio Agripa, e uma irmã, Vipsânia Pola. A família não tinha nenhuma proeminência na vida pública romana até sua ascensão.[5] Porém, Agripa tinha mais ou menos a mesma idade de Otaviano e os dois foram educados juntos, tornando-se grandes amigos. Apesar da associação de Agripa com a família de Júlio César, seu irmão mais velho escolheu o lado adversário na guerra civil da década de 40 a.C., lutando com Catão, o Jovem, contra César na Batalha de Tapso, na África Velha. Quando as forças de Catão foram derrotadas, o irmão de Agripa foi preso e libertado depois que Otaviano intercedeu por ele.[6]

Não se sabe se Agripa lutou contra o irmão na África, mas é provável que ele tenha servido na campanha de César de 46-45 a.C. contra Pompeu, que culminou na Batalha de Munda.[7] César o tinha em alta estima, suficiente para enviá-lo com Otaviano, em 45 a.C., para estudar em Apolônia (na costa da Ilíria) com as legiões macedônias enquanto consolidava seu poder em Roma;[8] um dos amigos de César, Caio Cílnio Mecenas, enviou seu filho para estudar com eles. No quarto mês de sua estadia em Apolônia chegaram as notícias do assassinato de Júlio César, ocorrido em março de 44 a.C.. Agripa e outro amigo deles, Quinto Salvidieno Rufo, recomendaram que Otaviano marchasse para Roma com as legiões da Macedônia, mas ele preferiu navegar para a Itália com uma pequena força para chegar mais rapidamente. Assim que chegou, soube que César o havia adotado como herdeiro legal.[9] Ele imediatamente assumiu o nome de César ("Caio Júlio César") e acrescentou "Otaviano" como agnome, mas os historiadores modernos geralmente se referem a ele como "Otaviano" neste período.

Ascensão ao poder

Mapa da Campanha de Perúsia contra as forças de Lúcio Antônio e Fúlvia, filho e esposa de Marco Antônio.
Maison Carrée, em Nîmes, na França, construído por ordem de Agripa.

Depois do retorno de Otaviano a Roma, ele e seus aliados, especialmente Agripa e Mecenas, perceberam que precisariam do apoio de legiões. Agripa ajudou Otaviano a alistar tropas na Campânia.[10]Predefinição:Efn Assim que conseguiu suas legiões, Otaviano fez um pacto com Marco Antônio e Lépido, estabelecido legalmente em 43 a.C. na forma do Segundo Triunvirato. Otaviano e seu colega consular, Quinto Pédio, conseguiram que os assassinos de César fossem processados in absentia e Agripa foi encarregado do caso contra Caio Cássio Longino.[11] É possível que tenha sido neste mesmo ano que Agripa iniciou sua carreira política, assumindo o posto de tribuno da plebe, o que lhe garantiu o acesso ao Senado Romano.Predefinição:Efn

Em 42 a.C., Agripa provavelmente lutou ao lado de Otaviano e Antônio na Batalha de Filipos.[12] Depois de seu retorno a Roma, Agripa teve um importante papel na guerra de Otaviano contra Lúcio Antônio e Fúlvia, respectivamente irmão e esposa de Marco Antônio, que começou em 41 a.C. e terminou com a captura de Perúsia em 40 a.C.. Porém, Quinto Salvidieno Rufo ainda era o principal general de Otaviano na época.[13] Depois da Campanha de Perúsia, Otaviano partiu para a Gália, deixando Agripa como pretor urbano em Roma com instruções de defender a Itália contra Sexto Pompeu, um adversário dos triúnviros que estava ocupando a Sicília. Em julho do 40 a.C., enquanto Agripa estava ocupado com os Jogos Apolinários ("Ludi Apollinares"), uma responsabilidade dos pretores, Sexto começou um raide no sul da Itália. Agripa avançou contra ele, forçando-o a se retirar.[14][15] Porém, o triunvirato se mostrou instável e, em agosto de 40 a.C., tanto Sexto quanto Antônio invadiram a Itália (mas não em aliança). O sucesso de Agripa na retomada de Siponto das forças de Antônio ajudaram a acabar com o conflito (conhecido como Guerra de Mutina).[16][17] Agripa estava entre os intermediários que firmaram a paz entre Otaviano e Antônio. Durante as discussões, Otaviano soube que Salvidieno havia se oferecido a Antônio para traí-lo, o que resultou em sua prisão. Ele foi executado ou cometeu o suicídio e Agripa tornou-se o principal general de Otaviano.[18]

Em 39 ou 38 a.C., Otaviano nomeou Agripa governador da Gália Transalpina, onde, em 38 a.C., ele sufocou uma revolta dos aquitanos. Agripa lutou também contra as tribos germânicas, tornando-se o segundo general romano a cruzar o Reno depois de Júlio César.[19] Foi convocado de volta a Roma por Otaviano para assumir o consulado em 37 a.C., quando serviu com Lúcio Canínio Galo. Ele estava bem abaixo da idade mínima requerida (43 anos), mas Otaviano havia sofrido uma humilhante derrota naval contra Sexto Pompeu na Batalha de Messina e precisava de um amigo para supervisionar os preparativos para as campanhas seguintes da Revolta Siciliana. Agripa recusou a oferta de realizar um triunfo por seus feitos na Gália — afirmando, segundo Dião Cássio, que seria impróprio celebrar um triunfo num período difícil para Otaviano.[20][21] Como Sexto Pompeu tinha o controle do mar na costa da Itália, a primeira providência de Agripa foi arranjar um porto seguro para sua frota. Ele conseguiu construindo um canal através das faixas de terra que separavam o Lacus Lucrinus do mar, formando um porto externo, e ligando o lago Averno ao Lucrinus para que servisse como porto interior.[22] O novo complexo portuário foi chamado de Porto Júlio, uma homenagem a Otaviano.[23] Agripa também foi responsável por alguns avanços tecnológicos, incluindo navios maiores e uma versão melhorada dos arpéus (ganchos para agarrar as naus inimigas).[24][25] Foi nesta época que Agripa se casou com Cecília Pompônia Ática, filha do amigo de Cícero, Tito Pompônio Ático.[26]

Otaviano e Agripa partiram com a frota para lutar contra Sexta em 36 a.C.. Porém, a armada dos dois foi duramente atingida por tempestades e obrigada a recuar, com Agripa assumindo o comando de uma nova investida. Graças à tecnologia superior e ao treinamento dos marinheiros romanos, Agripa e seus homens venceram batalhas navais decisivas em Milas e Nauloco, destruindo todos menos dezessete dos navios de Sexto e obrigando a maior parte de suas forças a se render. Otaviano, com seu poder aumentado, forçou o triúnviro Lépido a se aposentar e voltou para Roma em triunfo.[27] Agripa recebeu a homenagem sem precedentes de uma coroa naval, decorada com a ponta da proa dos navios vencidos; como lembra Dião Cássio, esta foi "uma decoração dada a ninguém mais, antes ou depois".[28]

Vida no serviço público

Agripa participou de campanhas militares menores entre 35 e 34 a.C., mas, no outono deste ano, já estava em Roma[29] para dar início imediato a uma campanha de melhorias e reformas públicas, incluindo a renovação do aqueduto conhecido como Água Márcia, incluindo a extensão de seus canais para que cobrissem uma parte maior da cidade. Por suas ações, foi selecionado como um dos edis de 33 a.C. e, durante seu mandato, as ruas foram restaurados e os esgotos (Cloaca Máxima) foram limpos enquanto se promoviam luxuosos espetáculos públicos.[30] Agripa construiu ainda termas (conhecidas como Termas de Agripa), jardins, pórticos e estimulou exibições de obras de arte.

Era bastante raro que um consular aceitasse posições inferiores,[31] mas o sucesso de Agripa acabou com esta tradição. Como imperador, Augusto se vangloriaria por "encontrar uma cidade de tijolos e entregar uma cidade de mármore", um feito conquistado em parte pelos grandes serviços de Agripa durante seu mandato.

Antônio e Cleópatra

Ver artigo principal: Guerra Civil de Antônio
Diagrama da Batalha de Ácio (31 a.C.), a grande vitória de Agripa e que encerrou a Guerra Civil de Antônio.

Agripa foi novamente convocado para assumir o comando da frota quando a guerra contra Antônio e Cleópatra irrompeu. Ele capturou a estratégica cidade de Metone, no sudoeste do Peloponeso, e seguiu para o norte, atacando a costa grega e capturando Corcira. Otaviano em seguida levou suas forças terrestres para lá, ocupando a ilha como uma base naval.[32][33] Antônio reuniu suas tropas e navios em Ácio e Otaviano seguiu para lá para encontrá-lo. Agripa, enquanto isso, derrotou o aliado de Antônio, Quinto Nasídio, em uma batalha naval em Patras.[34] Dião relata que, conforme Agripa seguia para se encontrar com Otaviano perto de Ácio, encontrou Caio Sósio, um dos generais de Antônio, que estava realizando um ataque surpresa contra o esquadrão de Lúcio Tário Rufo, um aliado de Otaviano. A chegada inesperada de Agripa reverteu o resultado da batalha.[35]

Conforme a batalha decisiva se aproximava, segundo Dião Cássio, Otaviano recebeu informações de que Antônio e Cleópatra planejavam atravessar seu bloqueio naval e fugir. A princípio, ele queria permitir que a nau capitânea deles passasse livre argumentando que ele conseguiria tomá-la com naus menores e que o resto da frota inimiga simplesmente se renderia ao perceber a covardia de seus líderes. Agripa foi contra, argumentando que os navios de Antônio, embora maiores, poderiam escapar se conseguissem lançar suas velas e que Otaviano deveria iniciar a batalha imediatamente pois a frota de Antônio havia acabado de ser atingida por uma tempestade. Otaviano seguiu o conselho do amigo.[36]

Em 2 de setembro de 31 a.C., a Batalha de Ácio foi travada. A vitória de Otaviano, que conferiu-lhe o poder completo sobre Roma e sobre a República, deveu-se principalmente a Agripa.[37] Como sinal de sua consideração, Otaviano concedeu-lhe a mão de sua sobrinha, Cláudia Marcela Maior em 28 a.C.. Ele também serviu um segundo consulado com Otaviano neste mesmo ano. Em 27 a.C., Agripa foi cônsul pela terceira vez com Otaviano e, naquele ano, o Senado conferiu a Otaviano o título imperial de Augusto, dando fim, efetivamente, à República Romana.

Em comemoração pelo resultado da batalha, Agripa construiu e dedicou o edifício que serviu como "Panteão" de Roma antes de sua destruição em 80 a.C.. O imperador Adriano utilizou o projeto de Agripa para construir seu próprio Panteão, que ainda hoje sobrevive em Roma. A inscrição neste edifício posterior, construído por volta de 125, preservou o texto da inscrição do edifício de Agripa, da época do seu terceiro consulado. Os anos seguintes, Agripa passou na Gália, reformando toda a administração provincial e o sistema tributário, juntamente com um efetivo sistema viário e aquedutos.

Últimos anos

Frontão do Panteão, uma obra posterior, do imperador Adriano (Predefinição:Ca. 125 a.C.), mas que preserva a dedicatória de Agripa, da época de seu terceiro consulado (27 a.C.).
Teatro romano de Mérida, construído por Agripa ordem de Augusto.

A amizade de Agripa com Augusto parece ter sido obscurecida pelo ciúme dos sobrinho do imperador, Marco Cláudio Marcelo, fomentada, provavelmente, pelas intrigas de Lívia, a terceira esposa de Augusto, que temia a influência dele sobre seu marido.[38] Tradicionalmente, acredita-se que foi por causa deste ciúme que Agripa saiu de Roma, nominalmente para assumir o governo das províncias orientais — uma espécie de "exílio de honra", mas ele enviou apenas um legado para a Síria permanecendo o tempo todo em Lesbos e governando por procuração,[38] apesar de ser possível que ele estivesse numa missão secreta negociando com os partas o retorno dos estandartes que eles ainda detinham.[39] Com a morte de Marcelo, ocorrida em menos de um ano depois de seus exílio, Agripa foi reconvocado a Roma por Augusto, que percebeu que não podia prescindir de seus serviços. Porém, se estes eventos forem colocados no contexto da crise em 23 a.C., parece improvável que, tendo que enfrentar uma importante oposição e próximo de realizar uma importante movimentação política, o imperador Augusto colocasse um homem no exílio no comando do grosso das tropas romanas. O que é muito mais provável que é o "exílio" de Agripa foi, na verdade, um cuidadoso movimento político para colocar um leal aliado no comando de uma importante exército para servir como plano secundário caso as negociações de 23 a.C. fracassassem e Augusto precisasse de apoio militar.[40] Além disso, depois de 23 a.C., como parte do que ficou conhecido como o "Segundo Acordo Constitucional" de Augusto, os poderes constitucionais de Agripa foram aumentados para prover ao Principado de Augusto maior estabilidade ao designar um herdeiro político ou substituto se ele sucumbisse aos frequentes problemas de saúde ou fosse assassinado. No espaço de um ano, o imperium proconsular, similar ao poder de Augusto, foi conferido a Augusto por cinco anos. A natureza exata desta concessão é incerta, mas provavelmente cobria as províncias imperiais de Augusto, no ocidente e no oriente, provavelmente sem autoridade sobre as províncias senatoriais. Estas viriam posteriormente assim como o cuidadosamente protegido poder dos tribunos ("tribunicia potestas").[41]

Conta-se que Caio Cílnio Mecenas aconselhou Augusto a manter Agripa ainda mais perto fazendo dele seu genro[42] e, para isso, forçou-o a se divorciar de Marcela para se casar com sua única filha, Júlia, a Velha, em 21 a.C., a viúva de Marcelo,[43][44] igualmente celebrada por sua beleza, habilidades e imoderada prodigalidade. En 19 a.C., Agripa foi enviado para sufocar uma revolta dos cântabros no norte da Hispânia (Guerras Cantábricas).[38] Entre 16 e 15 a.C., foi encarregado de construir o Teatro romano de Augusta Emerita, atual Mérida, por ordem de Augusto.

Em 18 a.C., os poderes de Agripa aumentaram ainda mais, chegando quase a igualar os de Augusto. Neste ano, seu imperium proconsular foi aumentado para cobrir também as províncias senatoriais e, além disso, ele finalmente recebeu o poder dos tribunos da plebe. Como no caso de Augusto, a concessão deste poder lhe foi dado sem que ele tenha de fato sido eleito para esta posição.[45] Estes poderes eram consideráveis, dando-lhe poder de veto sobre os atos do Senado e de outros magistrados, incluindo outros tribunos, e o poder de apresentar leis para serem aprovadas na Assembleia do povo. Tão importante quanto, a pessoa do tribuno era sacrossanta, o que significava que qualquer um que os agredisse ou impedisse seus atos, incluindo os políticos, poderiam ser legalmente mortos.[46] Depois desta concessão, Agripa era, no papel, tão poderoso quanto Augusto. Mas não havia dúvidas de que este estava no comando.

Agripa foi nomeado governador das províncias orientais novamente em 17 a.C., onde sua administração, justa e prudente, conquistou o respeito e a boa vontade dos provincianos, especialmente da população judaica.[38] Agripa também recuperou o controle efetivo de Roma sobre o Quersoneso Cimério, na península Crimeia, durante seu mandato.

O último serviço público de Agripa foi o início da campanha de conquista da região do alto Danúbio, que tornar-se-ia a província romana da Panônia em 13 a.C..[47] Agripa morreu na Campânia, em 12 a.C., com 51 anos de idade. Seu filho póstumo, Marco Vipsânio Agripa Póstumo, foi batizado em sua homenagem. Augusto honrou sua memória com um magnífico funeral e decretou um luto de mais de um mês. Augusto cuidou pessoalmente da educação de todos os filhos de Agripa e chegou mesmo a adotar dois deles, Caio César e Lúcio César. Não adotou Agripa Póstumo para preservar a linhagem do amigo, pois, segundo a autobiografia de Augusto, tratava-se de um jovem desequilibrado e de mente fraca, sendo executado logo após a morte de Augusto.

Apesar de Agripa ter construído um túmulo para si, Augusto depositou seus restos em seu próprio mausoléu (que ainda existe).[48]

Legado

Júlia, a Velha, a única filha biológica de Augusto e esposa de Agripa, com quem teve cinco filhos.

Agripa era conhecido também como escritor, especialmente sobre geografia.[38] Sob sua supervisão, o sonho de Júlio César de agrimensurar o Império Romano foi realizado. Ele construiu um esquema circular, que depois foi gravado em mármore por Augusto e, posteriormente, colocado numa colunata construída por sua irmã, Vipsânia Pola.[38] Entre suas obras está uma autobiografia, hoje perdida.[38]

O termo "Via Agripa" é utilizado para denominar a rede de estradas na Gália construída por Agripa.

Descendência

Agripa teve diversos filhos em seus três casamentos. Com sua primeira esposa, Cecília Ática, teve uma filha, Vipsânia Agripina, que seria a primeira esposa do imperador Tibério e mãe de Druso, o Jovem. Com Cláudia Marcela Maior,[49] é possível que tenha tido uma filha, cuja existência é incerta, e é chamada de "Vipsânia Marcela". É possível que esta filha tenha sido uma segunda filha de Cecília Ática, mas não há informações suficientes para afirmar. A existência dela depende unicamente de Públio Quintílio Varo, mencionado como genro de Agripa na oração funerária de Augusto para o amigo.[50] Finalmente, com Júlia, a Velha[49], a filha de Augusto, Agripa teve cinco filhos: Caio César, Júlia, a Jovem, Lúcio César, Agripina, a Velha, esposa de Germânico e mãe de Calígula e da imperatriz Agripina, a Jovem, além de Agripa Póstumo (nascido depois de sua morte).

Já houve inúmeras tentativas de designar mais descendentes à linhagem de Agripa, incluindo duas linhagens dos Asínios, descendentes de Caio Asínio Pólio e Marco Asínio Agripa respectivamente. Uma filha (e outros descendentes) chamada Rubélia Bassa de Júlia, filha de Druso, o Jovem, que pode ter sido filha de Caio Rubélio Blando de um casamento anterior. E, finalmente, uma série de descendentes de Júnia Lépida e seu marido, Caio Cássio Longino. Porém, todas essas linhagens são hipotéticas e não há evidências que suportem qualquer ligação com os descendentes de Agripa.

Caio e Lúcio, herdeiros do império e filhos adotivos de Augusto, foram designados "principis iuventutis". Porém, faleceram de causas naturais e a herança do império recaiu sobre Nero Cláudio Druso (que faleceu em um acidente) e, depois, sobre Tibério, que finalmente seria o sucessor de Augusto. Druso e Tibério eram filhos do matrimônio anterior de Lívia Drusa, a esposa de Augusto, e também foram adotados por ele.

Árvore genealógica

Predefinição:Árvore genealógica da dinastia júlio-claudiana

Ver também

Predefinição:Cônsules da República Romana Predefinição:Cônsules da República Romana Predefinição:Cônsules da República Romana

Notas

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Referências

  1. Smith, v. 1 p. 77-80
  2. «Marble» (em inglês). Ancient History 
  3. 3,0 3,1 Erro de citação: Marca <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadas R1
  4. Cf. inscrição no Panteão, "M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT".
  5. Veleio Patérculo, História Romana 2.96, 127.
  6. Nicolau de Damasco, Vida de Augusto 7.
  7. Reinhold, pp. 13–14.
  8. Suetônio, As Vidas dos Doze Césares, Augusto 94.12.
  9. Nicolau de Damasco, Vida de Augusto 16–17; Veleio Patérculo, História Romana 2.59.5.
  10. Nicolau de Damasco, Vida de Augusto 31.
  11. Veleio Patérculo, História Romana 2.69.5; Plutarco, Vidas Paralelas, Bruto 27.4.
  12. Plínio, História Natural 7.148 o cita como uma fonte autoritativa para a enfermidade de Otaviano na ocasião.
  13. Reinhold, pp. 17–20.
  14. Dião Cássio, História Romana 48.20.
  15. Reinhold, p. 22.
  16. Dião Cássio, História Romana 48.28
  17. Reinhold, p. 23.
  18. Reinhold, pp. 23–24.
  19. Dião Cássio, História Romana 48.49
  20. Dião Cássio, História Romana 48.49.
  21. Reinhold, pp. 25–29; Lendering, "De Filipos a Ácio".
  22. Reinhold, pp. 29–32.
  23. Suetônio, As Vidas dos Doze Césares, Augusto 16.1.
  24. Apiano, Guerras Civis 2.106, 118–119.
  25. Reinhold, pp. 33–35.
  26. Reinhold, pp. 35–37.
  27. Reinhold, pp. 37–42.
  28. Dião Cássio, História Romana 49.14.3.
  29. Reinhold, pp. 45–47.
  30. Dião Cássio, História Romana 49.42–43.
  31. Lendering, "De Filipos a Ácio".
  32. Orósio, Contra os Pagãos 6.19.6–7; Dião Cássio, História Romana [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/50*.html#11 50.11.1–12.3.
  33. Reinhold, pp. 53–54.
  34. Dião Cássio, História Romana 50.13.5.
  35. Dião Cássio, História Romana 50.14.1–2; Veleio Patérculo, História Romana 2.84.2. Dião está errado ao afirmar que Sósio foi morto, pois ele participou da Batalha de Ácio e sobreviveu (Reinhold, p. 54 n. 14; Roddaz, p. 163 n. 140).
  36. Dião Cássio, História Romana 50.31.1–3.
  37. Reinhold, pp. 57–58; Roddaz, pp. 178–181.
  38. 38,0 38,1 38,2 38,3 38,4 38,5 38,6 Wikisource-logo.svg 1911 Encyclopædia Britannica, Agrippa, Marcus Vipsanius
  39. David Magie, The Mission of Agrippa to the Orient in 23 BC, Classical Philology, Vol. 3, No. 2(Apr., 1908), pp. 145-152
  40. Syme (1939), 342.
  41. Syme (1939), 337-338.
  42. Dião Cássio, História Romana 54.6
  43. Suetônio, As Vidas dos Doze Césares, Augusto 63; Dião Cássio, História Romana 6.5.
  44. Reinhold, Marcus Agrippa. A biography, pp. 67-68, 86-87.
  45. Dião Cássio, História Romana 54.12.4.
  46. Everett (2006), 217.
  47. Dião Cássio, História Romana 28
  48. Dião Cássio, História Romana 54.28.5
  49. 49,0 49,1 Suetônio, As Vidas dos Doze Césares, Augusto 63.
  50. Kölner Papyrus I (1976), no. 10.

Bibliografia

Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Marco Vipsânio Agripa

Predefinição:Refbegin

  • Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas 
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  • Predefinição:SmithDGRBM

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