Thalisson ἡ Ἑλληνικὴ γλῶσσα | ||
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Falado(a) em: | Mediterrâneo oriental | |
Extinção: | evoluiu para o Grego Koiné | |
Família: | Indo-europeia Helênica Thalisson | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | grc
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ISO 639-2: | grc | |
ISO 639-3: | grc
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A língua grega antiga ou clássica (ἡ Ἑλληνικὴ γλῶσσα, hē Hellēnikḕ glō̃ssa, em grego antigo) é uma língua indo-europeia extinta, falada na Grécia durante a Antiguidade e que evoluiu para o grego moderno.
O grego antigo foi um importante idioma que contribuiu para a formação de vários outros, como o latim, por exemplo, consequentemente influenciado a formação das línguas derivadas do latim, como o português, o espanhol, o italiano, o romeno etc.
Idade do bronze, Grécia ática, o dialeto jônico e a invasão dos aqueus
Predefinição:História do grego No começo do segundo milênio a.C. registram-se as primeiras ondas de invasores de língua indo-europeia que chegaram à península grega, ao Peloponeso e às ilhas adjacentes, fixando-se nessa região. O poeta grego Homero os denomina aqueus (Ἀχαιοί), distinguindo-os dos autóctones pelasgos (Πελασγοί), sobre os quais afirma o seguinte: "Em tempos antigos havia duas raças vivendo na Grécia ática: os pelasgos, que nunca deixaram o lugar original, e os helenos (Ἕλληνες), que emigraram frequentemente. Que língua falam os pelasgos não posso dizer com certeza. O que se pode afirmar deles, que ainda sobrevivem, é que sua língua não é o grego. Se isso é verdade da raça pelásgia, a nação ática deve ter aprendido o grego ao mesmo tempo que foram helenizados".
Isto é, a língua falada pelos invasores aqueus (achaioi) se fundiu com a dos gregos e a dos pelasgos (que já habitavam a região), mas que a dos pelasgos foi absorvida em função deste processo de helenização da língua grega e da língua dos achaioi. Tal processo de fusão entre uma língua indo-europeia (achaioi) e a local dos gregos deu origem então ao dialeto jônico. Pesquisas indicam ainda que a língua dos pelasgos não era de origem indo-europeia, o que se observa nos grupos consonânticos -nth- e -ss-, que são abundante em topônimos e nomes de plantas, como Korinthos, Zakinthos, akantha, etc.
Da civilização micênica às invasões dóricas
A civilização da Idade do Bronze, conhecida como micênica, existiu de 1500 a.C. a 1100 a.C. e durante esse período a língua foi registrada com a escrita atualmente chamada de Linear B, que por sua vez estava baseada na escrita Linear A, de uma língua cretense mais antiga, não indo-europeia. No século XI a.C. a civilização micênica foi perturbada pelas invasões dóricas na Grécia ocidental, sucedendo-se em seguida à redistribuição da população e uma dispersão dos dialetos, deixando-se de usar a Linear B.
Dialeto jônico ou Grego clássico
Nos séculos IX e VIII a.C. os poemas homéricos foram escritos em dialeto jônico em uma nova escrita baseada no alfabeto fenício e com cinco sinais específicos para as vogais, que seria denominada alfabeto grego. Portanto, a criação de uma norma literária modelada em dois dos maiores poemas da história, Ilíada e Odisseia, esteve acompanhada por um dos sistemas de escrita mais eficazes que já existiram.
O dialeto da literatura, da filosofia e da história
O dialeto jônico se mesclou com o ático de Atenas dando lugar a um dos períodos culturais mais ricos da história grega. Aristóteles escreve no Organon além de uma crítica a sofística vários conceitos da língua grega como verbos, substantivos e adjetivos. O grego clássico do século V a.C. que Sófocles, Eurípedes e Aristófanes usaram se distancia muito do grego usado pelos primeiros filósofos, inclusive em beleza e desenvoltura.
Outros dialetos do período clássico e helenístico
Nos períodos clássico e helenístico surgiram muitos dialetos, além do jônico, atestados em milhares de inscrições faladas em todo o mundo grego, que além da Grécia incluía a Ásia Menor, as costas do Mar Adriático, a Itália meridional, a Sicília, o Egito e partes do Oriente Médio.
Os dialetos mais importantes eram os seguintes:
- a) Jônico – dialeto usado por Homero e Hesíodo (utilizam ainda elementos eólicos e micênicos);
- b) Ático – língua do período clássico;
- c) Dórico – língua de Esparta e caracterizado por certos arcaísmos, como a retenção da vogal a longa. Falado no Peloponeso, Corfu, Lesbos, costas de Epiro, Creta, nas ilhas meridionais e no litoral asiático meridionais desde Halicarnasso;
- d) Eólico – língua falada na Tessália e em algumas ilhas, como Lesbos e usada pela poeta Safo. Uma curiosidade neste dialeto é a presença de /p/ em lugar do /t/ ático, em palavras como pisyres "quatro" do ático tessares;
- e) Língua macedônia antiga - ou língua falada de Macedônios na Macedônia.
Quatro fases de evolução do grego arcaico
Em resumo, a forma do grego que atualmente se escreve e se fala é o resultado da evolução de uma língua em quatro fases:
- a) Grego micênico (séculos XIV-XIII a.C.) que se caracteriza pelo uso da escrita Linear B. Trata-se da forma do grego mais antiga descoberta, sendo a língua usada por burocratas e para registrar inventários de palácios reais e estabelecimentos comerciais. Foram encontradas tabuletas de argila em Cnossos e Pilos e inscrições em vasos e jarras em Tebas, Micenas, Elêusis e outros lugares;
- b) Grego arcaico e clássico (séculos VIII-IV a.C.), que começa com a adoção do alfabeto para a escrita;
- c) Koiné. Grego helenístico e bizantino;
- d) Grego moderno.
Gramática
A gramática grega tem permanecido através dos tempos razoavelmente intacta ainda que com algumas simplificações. Exceto o caso vocativo, havia no período micênico cinco casos: a) nominativo; b) acusativo; c) genitivo; d) dativo-locativo; e e) instrumental. Destes o instrumental desapareceu no período arcaico, sendo sua função adotada pelo dativo-locativo, que por sua vez também desapareceu no grego bizantino. Os casos restantes, nominativo, acusativo e genitivo, permaneceram inalterados ainda que nos dialetos o genitivo tenda a passar ao acusativo.
O sistema fonológico do grego antigo difere notavelmente de um período a outro e de um dialeto a outro. No ático antigo havia sete vogais: i aberta e fechada, e, a, o aberta e fechada e u, cada uma delas com uma forma longa e curta, exceto a e aberta e a o aberta que só possuíam a forma longa. Os ditongos originalmente eram ei, ai, oi e eu, au, ou, mas o ei começou a evoluir até um e longo e fechado e ou até o largo e fechado. Além disso havia um ditongo ui e normalmente no final das palavras os ditongos -ei, -ai, -oi com elementos longos primeiro que mais tarde foram reduzidos respectivamente a e longa, a longa e o longa aberta.
A estrutura consonântica em ático antigo se caracterizava pela riqueza em oclusivas surdas: p, t, k; aspiradas: ph, th, ch; e sonoras b, d, g. Havia dois sons líquidos l, r e dois nasais m, n. Não existiam nem y nem w como sons distintivos, podendo a maioria das consoantes ser dobradas entre vogais. As únicas consoantes permitidas ao final das palavras eram s, n e r.
Por volta de 200 a.C. e sob a influência dos gramáticos alexandrinos, começa-se a usar os acentos tonais: alto, baixo e decrescente. A sílaba tônica pode estar em uma das três últimas sílabas.
Exceto alguns termos monossilábicos ou bissílabos não acentuados de menor importância, cada palavra era marcada por um acento em uma das vogais. As vogais curtas se levavam acento, possuíam apenas tom elevado, podendo as largas e os ditongos levar tom elevado ou tom elevado seguido de decadente (indicado através de acento circunflexo(^)). Quando uma palavra levava acento na vogal ao final da sílaba era seguida por outra palavra dentro da mesma frase, o acento anotado era o sinal de grave (`) para indicar que seu tom era mais baixo que o da vogal da sílaba inicial da palavra seguinte. Algumas vezes duas palavras que de outra maneira seriam idênticas se diferenciavam pela natureza ou pela posição do acento: como oîkoi "casas" que é um nominativo plural e oíkoi "em casa" que é um advérbio de lugar; tómos "um corte" e tomós "cortando".
Acento
O acento não tem nenhum papel no ritmo da língua, que se baseia, tanto em prosa como em poesia, na distribuição das sílabas longas e curtas. Para que uma sílaba seja curta deve terminar numa vogal curta enquanto que as sílabas que terminam em uma vogal longa ou sílabas fechadas (que acabam em consoantes) são largas.
Gêneros
A língua grega clássica possui três gêneros, masculino, feminino e neutro, e três números: o dualista foi preservado no ático durante o período clássico. A sobrevivência do dualista é um arcaísmo, ainda que uma forma viva no período micênico tenda a ser substituída pelo plural no primeiro milênio a.C..
Como as relações sintáticas se expressam por meio das terminações dos casos, a ordem da frase é relativamente livre. A possibilidade de orações em infinitivo ou particípio, com ou sem artigo, como alternativas para toda classe de orações subordinadas permite a construção de frases grandes e complexas que são, não obstante, totalmente transparentes na sua estrutura sintática. Isto é um legado da prosa ática sem par para outras línguas.
A criação do artigo determinado (período pós-micênico e pós-homérico) foi uma inovação importantíssima. O artigo determinado no masculino é ho, no feminino he e no neutro to; há declinação nos três números e nos quatro casos; nominativo, acusativo, genitivo e dativo. A numeração de 1 a 10 em grego clássico é: eis, dyo, treis, tessares/tettares, pente, heks, hepta, okto, ennea, deka; 11 endeka, 12 dodeka, 13 treis kai deka, 20 eikosi(n), 21 eis kai ekosi, 30 triakonta, 40 tessarakonta, 100 hekaton.
Os pronomes pessoais são os seguintes:
- Singular 1 ego, 2 sy, 3 aitos/aute/auto;
- Dualista 1 no, 2 spho, 3 auto/auta/auto;
- Plural 1 hemeis, 2 hymeis, 3 spheis; autoi/autai/auta.
Os pronomes demonstrativos são:
- Singular autos/aute:/touto, plural ouoti/autai/tauta "este, estes";
- Singular hode/he:de/tode, plural hoide/haide/tade "esse, esses; ekenios/-e:/-o pode-se usar para "esse, esses";
- O interrogativo é tis, ti "quem? Que?";
- O pronome relativo é: singular hos, he:, ho; dualista ho: nos três gêneros; plural hoi, hai, ha. Os adjetivos concordam em gênero, número e caso com seus substantivos.
No grego clássico o verbo possui três vozes: ativa, média e passiva e quatro modos: indicativo, imperativo, subjuntivo e optativo; o indicativo possui sete tempos: presente, imperfeito, perfeito, mais-que-perfeito, passado, futuro e futuro perfeito.
Caso se considerem as raízes das palavras, pode se verificar que muitas delas são préstimos de outras línguas, ainda que a base essencial do vocabulário seja de origem indo-europeia. Muitos desse préstimos procedem das línguas que falavam os povos que viviam na Grécia antes da chegada dos protogregos. Muitas palavras já haviam penetrado no grego no segundo milênio a.C. por haver formas faladas no micênico que correspondem a nomes de plantas como elaia "oliva" e selinon "ápio", nomes de animais como lenx "leão" e onos "asno", nomes de objetos como asaminthos "banheira", depas "vaso" e xiphos "espada" e nomes de materiais como elephas "marfim" e chrusos "ouro".
Seja qual for a origem de suas raízes verbais e nominais, a língua grega desenvolveu um vocabulário cheio de significados e de grande alcance. Em todos os períodos a criatividade léxica do grego sempre foi muito produtiva, gerando um vocabulário riquíssimo.
Cada forma verbal ou nominal combina uma raiz que carrega o sentido léxico da palavra e um certo número de marcadores gramaticais que servem para especificar o significado da palavra completa ou para indicar sua função sintática na frase.
A categoria de gênero, que diferencia o masculino, feminino e neutro, vincula apenas o substantivo, adjetivo e pronome. A categoria de pessoa (primeira, segunda e terceira) se restringe ao pronome e ao verbo.
A língua
Origens
O dialeto ático, falado em Atenas entre 500 a.C. e 300 a.C. e também chamado de Grego Clássico, deriva do antigo dialeto jônico e foi utilizado por alguns dos mais importantes autores gregos, dentre eles Tucídides, Eurípides, Platão e Demóstenes. Do ático emergiu a "língua comum" (gr. η κοινή διάλεκτος, D.H.Isoc. 2), falada durante o Período helenístico, da qual evoluiu o grego moderno.
Gramática
Letras e sons
O alfabeto grego básico com suas consoantes, vogais e ditongos é o mesmo para todos os dialetos, uma vez que a tradição que transmitiu os textos gregos da Antiguidade até o presente unificou a escrita.
Mesmo assim, o dialeto ático tem algumas pequenas particularidades e as mais notáveis são a frequente troca do -η- jônico pelo -α-, as contrações vocálicas e o acento nas sílabas finais.
Exemplo: no dialeto jônico, temos σοφίη, "sabedoria", e no dialeto ático, temos σοφία.
Forma das palavras
O grego é uma língua indo-europeia do tipo flexional, i.e., as terminações das palavras variáveis mudam de acordo com a função sintática.
O significado básico das palavras indo-europeias está contido na raiz, geralmente modificada por afixos (prefixos, sufixos, etc.) que especificam o sentido da raiz. O conjunto da raiz e seus afixos é o radical, e o resto da palavra é formada pelas desinências, que variam conforme a flexão.
Exemplo: para a raiz grega do- (gr. δο-) temos as formas verbais dí-do-mi (gr. δίδωμι), "eu dou", dó-so (gr. δόσω), "eu darei", e o substantivo dó-ron (gr. δώρον), "dom" ou "presente".
As palavras variáveis são os substantivos, adjetivos, pronomes, artigos, numerais e verbos. A flexão verbal refere-se somente aos verbos, e a flexão nominal às demais classes de palavras. Aos verbos conjuga-se, e aos nomes declina-se.
Flexão verbal
Conjunto de formas flexionadas de uma palavra. A flexão verbal exprime noções referentes à ação:
- voz: ativa, passiva, média;
- modo: indicativo, subjuntivo, optativo, imperativo, infinitivo, particípio;
- aspecto: durativo, pontual, perfectivo;
- momento temporal: presente, passado, futuro;
- pessoa do discurso: 1ª, 2ª, 3ª;
- número: singular, plural, dual.
Flexão nominal
A flexão nominal exprime noções referentes à caracterização de seres e coisas:
- gênero: masculino, feminino e neutro;
- número: singular, plural, dual;
- caso: nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo.
As partículas são palavras invariáveis de múltiplas funções: advérbios, preposições, conjunções, interjeições, etc. Algumas partículas exprimem certas nuances da fala que são intraduzíveis.
Algumas características da língua
Destacam-se, dentre os conceitos estruturais do grego antigo estranhos às línguas modernas, a voz média, o modo optativo, o aspecto verbal, o dual e os casos.
Voz média
Exprime uma ação que o sujeito pratica particularmente interessado em seu efeito, ou em seu próprio interesse.
Exemplo: αἱρέω, "eu tomo" (voz ativa); αἱρέομαι, "eu escolho" (voz média), i.e., tomo de acordo com o meu interesse.
Modo optativo
Exprime, entre outras coisas, uma eventualidade, i.e., uma ação passível de ocorrer no futuro, ou um lamento.
Exemplo: εἴθε μὴ εἴης δυστυχής, "queira Deus que não sejas infeliz"; εἴθε ἔζη, "oxalá ele estivesse vivo".
Obs.: o modo optativo é semelhante ao nosso modo subjuntivo.
Aspecto
Os aspectos imperfectivo, aoristo e perfectivo refletem a duração e o grau de acabamento da ação expressa pelo verbo.
O imperfectivo apresenta a ação como um processo, durante seu desenvolvimento (aspecto durativo).
Exemplo: ὁρῶ τὴν οἰκίαν, "eu vejo a casa" (i.e., comecei a ver e ainda estou vendo).
O aoristo exprime uma ação pura e simples (aspecto zero, momentâneo ou pontual).
Exemplo: ἐδούλευσα, "tornei-me um escravo" (i.e., em um certo momento não especificado do passado fui reduzido à escravidão).
O perfectivo apresenta o resultado de um processo acabado (aspecto resultativo).
Exemplo: τέθαπται, "ele está enterrado" (i.e., agora já acabaram de enterrá-lo).
Dual
Refere-se a um par de coisas.
Exemplo: τὼ ὁδώ, "os dois caminhos".
Casos
As desinências apostas ao radical básico indicam, além do gênero e do número do substantivo, o caso, i.e., a função sintática da palavra nas frases.
Basicamente, o nominativo é o caso do sujeito - representado pelo o "ho"; o acusativo é o caso do objeto direto - representado pelo τον "o"; o dativo é o caso do objeto indireto - representado pelo τω "ao, para o, pelo" ; o genitivo, semelhante ao pronome possessivo - representado pelo του "do, da". Acusativo, dativo e genitivo podem ser complementos verbais ou complementos nominais. Além destes, encontra-se na língua clássica grega o caso vocativo - é semelhante a um chamamento. Ex.: Κύριε! "ó Senhor!".
Transliteração
A língua grega antiga se escreve com o alfabeto grego, mas contém sinais gráficos conhecidos como diacríticos, como ὕ ou ᾷ. Esses são caracteres mais complexos e não encontrados em todas as fontes tipográficas, principalmente por conta da acentuação e os espíritos (sinais que indicam a aspiração ou não da letra inicial), ocasionando assim problemas de exibição e gerando um dos motivos para se transliterar, ou romanizar, do grego para o português.Predefinição:Línguas antigas Predefinição:Grécia Antiga