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'''Duarte I''' ([[Viseu]], {{dtlink|31|10|1391}} – [[Tomar]], {{dtlink|9|9|1438}}), apelidado de ''o Eloquente'' e ''o Rei-Filósofo'' pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Potugal e Algarve]] de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei [[João I de Portugal|João I]] e da rainha [[Filipa de Lencastre]] | '''Duarte I''' ([[Viseu]], {{dtlink|31|10|1391}} – [[Tomar]], {{dtlink|9|9|1438}}), apelidado de ''o Eloquente'' e ''o Rei-Filósofo'' pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Potugal e Algarve]] de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei [[João I de Portugal|João I]] e da rainha [[Filipa de Lencastre]] e por morte de seu irmão mais velho, [[Afonso de Portugal (1390–1400)|Afonso]], torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa. | ||
== Vida == | == Vida == | ||
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Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política de [[Descobrimentos portugueses|exploração marítima]] e de conquistas em [[África]]. O seu irmão [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], de onde dirigiu as primeiras navegações e em [[1434]], [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]]. Numa campanha mal sucedida a [[Tânger]], o seu irmão [[Fernando, o Infante Santo|D. Fernando]] foi capturado e morreu em cativeiro.{{harvref|Marques|1980|p=190}} | Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política de [[Descobrimentos portugueses|exploração marítima]] e de conquistas em [[África]]. O seu irmão [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], de onde dirigiu as primeiras navegações e em [[1434]], [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]]. Numa campanha mal sucedida a [[Tânger]], o seu irmão [[Fernando, o Infante Santo|D. Fernando]] foi capturado e morreu em cativeiro.{{harvref|Marques|1980|p=190}} | ||
Este rei interessou-se pela cultura e escreveu duas obras, como o ''[[Leal Conselheiro]]'' e o ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela doença. | Este rei interessou-se pela cultura e escreveu duas obras, como o ''[[Leal Conselheiro]]'' e o ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela doença. | ||
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Jaz nas Capelas Imperfeitas do [[Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], na [[Batalha (Portugal)|Batalha]]. | Jaz nas Capelas Imperfeitas do [[Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], na [[Batalha (Portugal)|Batalha]]. | ||
==Reinado== | ==Reinado== | ||
[[Imagem:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|200px|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]].]] | [[Imagem:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|200px|left|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]].]] | ||
O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da [[Lei Mental]], uma forma de defender os bens da coroa,<ref name="portal" /> já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei [[João I de Portugal|João I]]. O espírito centralizador que vinha do reinado do pai, manteve-se. No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.{{harvref|Saraiva|1993|p=130}} | O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da [[Lei Mental]], uma forma de defender os bens da coroa,<ref name="portal" /> já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei [[João I de Portugal|João I]]. O espírito centralizador que vinha do reinado do pai, manteve-se. No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.{{harvref|Saraiva|1993|p=130}} | ||
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D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em [[África]] e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433, o rei mostra-se firme com a [[nobreza]] e reprime os abusos de poder do [[clero]].{{harvref|Mattoso|1993|p=501}} | D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em [[África]] e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433, o rei mostra-se firme com a [[nobreza]] e reprime os abusos de poder do [[clero]].{{harvref|Mattoso|1993|p=501}} | ||
Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em [[1435]] e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e Pedra da Galé em [[1436]]. O [[arquipélago da Madeira]] foi doado ao irmão Henrique, em 1433.{{harvref|Saraiva|1993|p=143}} | Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em [[1435]] e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e Pedra da Galé em [[1436]]. O [[arquipélago da Madeira]] foi doado ao irmão Henrique, em 1433.{{harvref|Saraiva|1993|p=143}} | ||
Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a [[Marrocos]],{{harvref|Marques|1980|p=190}} de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]] e [[João, Condestável de Portugal|D. João]] estavam contra a iniciativa<ref name="portal" /> de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de [[Desastre de Tânger (1437)|Tânger]] não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de [[Ceuta]] e morreu em cativeiro,<ref name="portal" /> anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "''Infante Santo''". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.<ref name="M2"/> | Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a [[Marrocos]],{{harvref|Marques|1980|p=190}} de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]] e [[João, Condestável de Portugal|D. João]] estavam contra a iniciativa<ref name="portal" /> de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de [[Desastre de Tânger (1437)|Tânger]] não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de [[Ceuta]] e morreu em cativeiro,<ref name="portal" /> anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "''Infante Santo''". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.<ref name="M2"/> | ||
[[Imagem:Leal Conselheiro (Enrique Casanova).png|thumb|180px|O rei a escrever a obra ''Leal Conselheiro''.]] | |||
==Obras== | |||
Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de [[poesia]] e [[prosa]]. Destes últimos destaca-se ''[[Leal Conselheiro]]'', um ensaio sobre variados temas onde a [[moral]] e [[religião]] têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor de Aragão]]. Nele, Duarte regista a [[depressão nervosa|depressão]] pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou.{{harvref|name=M2|Mattoso|1993|p=502}} | |||
Compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'', intitulado de ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]'',<ref>Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo III</ref> em forma de manual para cavaleiros. | |||
Ainda criou o livro "''[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4248785 Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte]".'' O livro apresenta a seguinte informação: "''Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação.''" | |||
== Títulos, estilos | == Títulos, estilos e honrarias == | ||
{{Artigo principal|Lista de títulos e honrarias da Coroa Portuguesa}} | {{Artigo principal|Lista de títulos e honrarias da Coroa Portuguesa}} | ||
Teve os seguinte títulos: | Teve os seguinte títulos: | ||
* 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "[[Sua Alteza]], o Infante Duarte de Portugal" | * 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "[[Sua Alteza]], o Infante Duarte de Portugal"; | ||
* 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "[[Sua Alteza Real]], o Rei" | * 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "[[Sua Alteza Real]], o Rei". | ||
O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta" | O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de [[reino de Portugal|Portugal]] e do [[Algarve]], e Senhor de Ceuta". | ||
==Descendência== | ==Descendência== | ||
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[[Imagem:Hans Burgkmair d. Ä. 006.jpg|thumb|150px|left|A imperatriz Leonor, filha de Duarte.]] | [[Imagem:Hans Burgkmair d. Ä. 006.jpg|thumb|150px|left|A imperatriz Leonor, filha de Duarte.]] | ||
*D. João de Portugal (1429-?), morreu jovem; | *D. João de Portugal (1429-?), morreu jovem; | ||
*D. Filipa de Portugal (1430-1441), ''«morreu em idade de onze annos de pestenença em Lisboa»'' | *D. Filipa de Portugal (1430-1441), ''«morreu em idade de onze annos de pestenença em Lisboa»''<ref>Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', cap. XLIV;</ref> | ||
*D. [[Afonso V de Portugal]] (1432-1481), sucessor do pai no [[Lista de reis de Portugal|trono português]]; | *D. [[Afonso V de Portugal]] (1432-1481), sucessor do pai no [[Lista de reis de Portugal|trono português]]; | ||
*D. Maria de Portugal (1432); | *D. Maria de Portugal (1432); | ||
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==Bibliografia== | ==Bibliografia== | ||
*Luís Miguel Duarte, ''D. Duarte. Requiem por um rei triste.'' Círculo de Leitores, 2005. | *Luís Miguel Duarte, ''D. Duarte. Requiem por um rei triste.'' Círculo de Leitores, 2005. | ||
*Humberto Baquero Moreno, ''A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico.'' 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979 | *Humberto Baquero Moreno, ''A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico.'' 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979, disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018). | ||
*{{citar livro|apelido=Marques|nome=António|título= História de Portugal|edição=8.ª|ano=1980|editora=Palas Editores|local=Lisboa|ref=harv}} | *{{citar livro|apelido=Marques|nome=António|título= História de Portugal|edição=8.ª|ano=1980|editora=Palas Editores|local=Lisboa|ref=harv}}. | ||
*{{citar livro|apelido=Saraiva|nome=José|título=História de Portugal|ano=1993|editora=Publicações Europa-América|local=Mem Martins|ref=harv}} | *{{citar livro|apelido=Saraiva|nome=José|título=História de Portugal|ano=1993|editora=Publicações Europa-América|local=Mem Martins|ref=harv}}. | ||
*{{citar livro|apelido= Mattoso|nome=José|título= História de Portugal — A Monarquia Feudal|editora=Círculo de Leitores|ano=1993|volume=2.º volume|isbn=972-42-0636-X|ref=harv}} | *{{citar livro|apelido= Mattoso|nome=José|título= História de Portugal — A Monarquia Feudal|editora=Círculo de Leitores|ano=1993|volume=2.º volume|isbn=972-42-0636-X|ref=harv}}. | ||
Edição das 17h01min de 17 de janeiro de 2020
Predefinição:Info/Nobre Duarte I (Viseu, 31 de outubro de 1391 – Tomar, 9 de setembro de 1438), apelidado de o Eloquente e o Rei-Filósofo pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o Rei de Potugal e Algarve de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei João I e da rainha Filipa de Lencastre e por morte de seu irmão mais velho, Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.
Vida
Foi o décimo primeiro rei de Portugal,[1] o segundo da Dinastia de Avis.
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em 1412 foi formalmente associado à governação pelo pai,Predefinição:Harvref tendo os assuntos da justiça e das finanças.Predefinição:Harvref
Juntamente com os irmãos, convenceu o pai a conquistar Ceuta;Predefinição:Harvref lá foi armado cavaleiro pelo pai, juntamente com os irmãos Pedro e Henrique.
Casou com Leonor de Aragão, neta paterna de João I de Castela. Duarte dedicou à rainha uma obra literária. Leonor após ficar viúva tornou-se regente por algum tempo.
Quando se tornou rei, tinha quase 42 anos e levava 21 de governo, pois ganhou experiência no reinado do pai.[2]
Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política de exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão Henrique estabeleceu-se em Lagos, de onde dirigiu as primeiras navegações e em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida a Tânger, o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro.Predefinição:Harvref
Este rei interessou-se pela cultura e escreveu duas obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela doença.
O seu filho Afonso tinha apenas 6 anos quando Duarte morreu, em 1438 de doença. O rei em testamento entregou a regência à rainha, Leonor, sua esposa. Esta medida não foi do agrado da população. Houve uma desavença na família para decidir quem seria regente.Predefinição:Harvref
Jaz nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Reinado
O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da Lei Mental, uma forma de defender os bens da coroa,[1] já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei João I. O espírito centralizador que vinha do reinado do pai, manteve-se. No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.Predefinição:Harvref
D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as Cortes cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado.[1] Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante D. Pedro, ela se converteria nas Ordenações Afonsinas.
D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em África e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433, o rei mostra-se firme com a nobreza e reprime os abusos de poder do clero.Predefinição:Harvref
Durante o seu reinado, o seu irmão Henrique estabeleceu-se em Lagos, a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em 1434 Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em 1435 e Afonso Gonçalves Baldaia atingiu o Rio do Ouro e Pedra da Galé em 1436. O arquipélago da Madeira foi doado ao irmão Henrique, em 1433.Predefinição:Harvref
Em 1437, os seus irmãos Henrique e Fernando convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos,Predefinição:Harvref de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do Oceano Atlântico. A ideia não foi consensual: D. Pedro e D. João estavam contra a iniciativa[1] de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de Tânger não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de Ceuta e morreu em cativeiro,[1] anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "Infante Santo". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.[3]
Obras
Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de poesia e prosa. Destes últimos destaca-se Leal Conselheiro, um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão. Nele, Duarte regista a depressão pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou.Predefinição:Harvref
Compôs um livro de Regimento pera os que custumarem andar a cavallo, intitulado de Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela,[4] em forma de manual para cavaleiros.
Ainda criou o livro "Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte". O livro apresenta a seguinte informação: "Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação."
Títulos, estilos e honrarias
Teve os seguinte títulos:
- 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "Sua Alteza, o Infante Duarte de Portugal";
- 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "Sua Alteza Real, o Rei".
O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta".
Descendência
Da sua esposa, a infanta Leonor de Aragão (1402-1455), teve nove filhos.
A rainha tornar-se-ia regente do reino até Afonso V atingir a maioridade, o que gerou controvérsia no reino,Predefinição:Harvref pois a opinião pública considerava os infantes D. Pedro, D. Henrique e D. João mais capazes para a regência. D. Leonor manteve-se regente até 1439, assinando os atos régios como «a triste rainha», e nesse ano foi substituída pelo infante D. Pedro e afastada da corte. Exilou-se em Espanha e morreu em Toledo. Deste casamento nasceram:
- D. João de Portugal (1429-?), morreu jovem;
- D. Filipa de Portugal (1430-1441), «morreu em idade de onze annos de pestenença em Lisboa»[5]
- D. Afonso V de Portugal (1432-1481), sucessor do pai no trono português;
- D. Maria de Portugal (1432);
- D. Fernando de Portugal, Duque de Viseu (1433-1470), pai do rei D. Manuel I de Portugal;
- D. Leonor de Portugal (1434-1467), casou com Frederico III, Sacro Imperador Romano-Germânico, mãe de Maximiliano I;
- D. Duarte de Portugal (1435);
- D. Catarina de Portugal (1436-1463);
- D. Joana de Portugal (1439-1475), casou com o rei Henrique IV de Castela e foi mãe de Joana a Beltraneja ou a Excelente Senhora.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 O Portal da História
- ↑ Erro de citação: Marca
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- ↑ Erro de citação: Marca
<ref>
inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadasM2
- ↑ Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, capitulo III
- ↑ Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, cap. XLIV;
Bibliografia
- Luís Miguel Duarte, D. Duarte. Requiem por um rei triste. Círculo de Leitores, 2005.
- Humberto Baquero Moreno, A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico. 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979, disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018).
- Marques, António (1980). História de Portugal 8.ª ed. Lisboa: Palas Editores.
- Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América.
- Mattoso, José (1993). História de Portugal — A Monarquia Feudal. 2.º volume. [S.l.]: Círculo de Leitores. ISBN 972-42-0636-X.
Ver também
Ligações externas
- «Chronica de El-Rei D. Duarte, Rui de Pina (1440-1522), Porto: Renascença Portuguesa, 1914, na Biblioteca Nacional Digital» (em português)
Duarte I de Portugal Casa de Avis Ramo da Casa de Borgonha 31 de outubro de 1391 – 9 de setembro de 1438 | ||
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Precedido por João I |
Rei de Portugal e Algarve 14 de agosto de 1433 – 9 de setembro de 1438 |
Sucedido por Afonso V |