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Duarte I de Portugal: mudanças entre as edições

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'''Duarte I''' ([[Viseu]], {{dtlink|31|10|1391}} – [[Tomar]], {{dtlink|9|9|1438}}), apelidado de "o Eloquente" e "o Rei-Filósofo" pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarve]] de 1433 até à sua morte. Era filho segundo do rei [[João I de Portugal|João I]] e da rainha [[Filipa de Lencastre]], e por morte de seu irmão mais velho, D. Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.
'''Duarte I''' ([[Viseu]], {{dtlink|31|10|1391}} – [[Tomar]], {{dtlink|9|9|1438}}), apelidado de "o Eloquente" e "o Rei-Filósofo" pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarve]] de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei [[João I de Portugal|João I]] e da rainha [[Filipa de Lencastre]], e por morte de seu irmão mais velho, D. Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.


Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]] estabeleceu-se em [[Sagres (Vila do Bispo)|Sagres]], de onde dirigiu as primeiras navegações, e, em [[1434]], [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]]. Numa campanha mal sucedida a [[Tânger]], o seu irmão [[Fernando, o Infante Santo|D. Fernando]] foi capturado e morreu em cativeiro. D. Duarte interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o ''[[Leal Conselheiro]]'' e o ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela [[Peste (doença)|peste]].
== Vida ==
Foi chamado de ''O Eloquente'' e é considerado filósofo. Escreveu dois livros.


==Reinado==
Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]] estabeleceu-se em [[Sagres (Vila do Bispo)|Sagres]], de onde dirigiu as primeiras navegações, e, em [[1434]], [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]]. Numa campanha mal sucedida a [[Tânger]], o seu irmão [[Fernando, o Infante Santo|D. Fernando]] foi capturado e morreu em cativeiro.
 
Este rei interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o ''[[Leal Conselheiro]]''  e o ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela [[Peste (doença)|peste]].
 
===Reinado===
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei [[Eduardo III da Inglaterra]]. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em [[1412]] foi formalmente associado à governação pelo pai, tornando-se seu braço direito.
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei [[Eduardo III da Inglaterra]]. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em [[1412]] foi formalmente associado à governação pelo pai, tornando-se seu braço direito.


[[Ficheiro:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|left|150px|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]]]]
[[Ficheiro:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|left|150px|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]]]]
Ao contrário de [[João I de Portugal|D. João I]], D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as [[Anexo:Lista de Cortes em Portugal|Cortes]] cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado. Várias vezes as [[Cortes (política)|Cortes]] tinham pedido a [[João I de Portugal|D. João I]] a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o [[direito]] (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor [[Rui Fernandes]], que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]], ela se converteria nas [[Ordenações Afonsinas]].
Ao contrário de [[João I de Portugal|D. João I]], D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as [[Anexo:Lista de Cortes em Portugal|Cortes]] cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado. Várias vezes as [[Cortes (política)|Cortes]] tinham pedido a [[João I de Portugal|D. João I]] a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o [[direito]] (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]], ela se converteria nas [[Ordenações Afonsinas]].


D. Duarte deu continuidade à política de incentivo à exploração marítima e de conquistas em África. Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Sagres (Vila do Bispo)|Sagres]] , a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para [[Angra dos Ruivos]] em [[1435]], e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e [[Pedra da Galé]] em [[1436]].
D. Duarte deu continuidade à política de incentivo à exploração marítima e de conquistas em África. Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Sagres (Vila do Bispo)|Sagres]], a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em [[1435]], e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e Pedra da Galé em [[1436]].


Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos, de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: D. [[Pedro, Duque de Coimbra]] e D. [[João, Infante de Portugal]] estavam contra a iniciativa de atacar directamente o rei de [[Marrocos]].
Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos, de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: D. [[Pedro, Duque de Coimbra]] e D. [[João, Infante de Portugal]] estavam contra a iniciativa de atacar directamente o rei de [[Marrocos]].
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==Obra==
==Obra==
-''O [[Leal Conselheiro]]'', obra moral, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão.
''O [[Leal Conselheiro]]'', obra moral, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão.


-Compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'' o [[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela|Bem Cavalgar]]. (Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo iii).
Compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'' o [[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela|Bem Cavalgar]]. (Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo iii).


-Ainda criou o livro "''[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4248785 Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte]".'' O livro apresenta a seguinte informação: "''Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação.''"
Ainda criou o livro "''[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4248785 Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte]".'' O livro apresenta a seguinte informação: "''Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação.''"


== Títulos, estilos, e honrarias ==
== Títulos, estilos, e honrarias ==

Edição das 23h04min de 24 de outubro de 2019

Predefinição:Info/Nobre Duarte I (Viseu, 31 de outubro de 1391Tomar, 9 de setembro de 1438), apelidado de "o Eloquente" e "o Rei-Filósofo" pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o Rei de Portugal e Algarve de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei João I e da rainha Filipa de Lencastre, e por morte de seu irmão mais velho, D. Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.

Vida

Foi chamado de O Eloquente e é considerado filósofo. Escreveu dois livros.

Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão Henrique estabeleceu-se em Sagres, de onde dirigiu as primeiras navegações, e, em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida a Tânger, o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro.

Este rei interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela peste.

Reinado

D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em 1412 foi formalmente associado à governação pelo pai, tornando-se seu braço direito.

Estátua de D. Duarte em Viseu

Ao contrário de D. João I, D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as Cortes cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado. Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante D. Pedro, ela se converteria nas Ordenações Afonsinas.

D. Duarte deu continuidade à política de incentivo à exploração marítima e de conquistas em África. Durante o seu reinado, o seu irmão Henrique estabeleceu-se em Sagres, a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em 1434 Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em 1435, e Afonso Gonçalves Baldaia atingiu o Rio do Ouro e Pedra da Galé em 1436.

Em 1437, os seus irmãos Henrique e Fernando convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos, de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do Oceano Atlântico. A ideia não foi consensual: D. Pedro, Duque de Coimbra e D. João, Infante de Portugal estavam contra a iniciativa de atacar directamente o rei de Marrocos.

A campanha foi mal sucedida e a cidade de Tânger não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio príncipe Fernando foi capturado e morreu em cativeiro, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "Infante Santo". O próprio D. Duarte morreu pouco tempo depois de peste.

Fora da esfera política, Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de poesia e prosa. Destes últimos destaca-se o Leal Conselheiro (um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque) e a Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela (em forma de manual para cavaleiros). Estava a preparar uma revisão do código civil português quando a doença o vitimou.

Jaz nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

Obra

O Leal Conselheiro, obra moral, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão.

Compôs um livro de Regimento pera os que custumarem andar a cavallo o Bem Cavalgar. (Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, capitulo iii).

Ainda criou o livro "Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte". O livro apresenta a seguinte informação: "Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação."

Títulos, estilos, e honrarias

  • 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "Sua Alteza, o Infante Duarte de Portugal"
  • 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "Sua Alteza Real, o Rei"

O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta"

Descendência

Da sua esposa, a infanta Leonor de Aragão (1402-1455), teve nove filhos. A rainha tornar-se-ia regente do reino até Afonso V atingir a maioridade, o que gerou controvérsia no reino, pois a opinião pública considerava os infantes D. Pedro, D. Henrique e D. João mais capazes para a regência.

D. Leonor manteve-se regente até 1440, assinando os atos régios como «a triste rainha», e nesse ano foi substituída pelo infante D. Pedro e afastada da corte. Exilou-se em Espanha e morreu em Toledo. Deste casamento nasceram:

Bibliografia

  • Luís Miguel Duarte, D. Duarte. Requiem por um rei triste. Círculo de Leitores, 2005.
  • Humberto Baquero Moreno, A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico. 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979. Disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018).

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Duarte I de Portugal


Duarte I de Portugal
Casa de Avis
Ramo da Casa de Borgonha
31 de outubro de 1391 – 9 de setembro de 1438
Precedido por
João I
Brasao de Aviz2.png
Rei de Portugal e Algarve
14 de agosto de 1433 – 9 de setembro de 1438
Sucedido por
Afonso V


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