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Filipe IV de Espanha: mudanças entre as edições

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| legenda = VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Rei Felipe IV da Espanha. 1644. Óleo sobre tela, 129,9 × 99,4 cm.</small>
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| descendência = [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias]]<br/>[[Maria Teresa de Áustria (1638-1683)|Maria Teresa]]<br/>[[Margarida Teresa de Habsburgo|Margarida Teresa de Áustria]]<br/>[[Filipe Próspero, Príncipe das Astúrias]]<br/>[[Carlos II de Espanha]]<br/>
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'''Filipe IV''' ([[Valladolid|Valladoid]], [[8 de abril|8 de Abril]] de [[1605]] – [[Madrid]], [[17 de setembro|17 de Setembro]] de [[1665]]), também chamado “O Grande”, foi rei da [[Espanha]], [[Portugal]] e [[Países Baixos|Holanda]] espanhola (esses dois últimos sob o título de Filipe III). Subiu ao trono em 1621 <ref name=":0" /> e reinou na Espanha até 1665, ano de sua morte. É lembrado pelo seu grande patrocínio às artes e pelo seu domínio sobre a Espanha durante a [[Guerra dos Trinta Anos]].  
'''Filipe IV''' (em [[Língua castelhana|castelhano]]: Felipe IV; [[Valladolid]], [[8 de abril]] de [[1605]] – [[Madrid]], [[17 de setembro]] de [[1665]]), também chamado “O Grande” e “O Rei Planeta” por seus apoiantes,<ref name=":2">{{citar livro|título=he Challenges of Uncertainty: An Introduction to Seventeenth Century Spanish Literature.|ultimo=ROBBINS|primeiro=Jeremy|editora=Rowan and Littlefied|ano=1998|local=Lanham|páginas=27-28|acessodata=}}</ref> e "O Opressor" por seus detractores<ref>{{Citar web|url=https://ensina.rtp.pt/artigo/os-reis-de-portugal/|titulo=Os reis de Portugal|acessodata=2022-05-09|website=RTP Ensina|lingua=pt-PT}}</ref> foi rei da [[Espanha]], [[Portugal]] e [[Países Baixos|Holanda]] espanhola (esses dois últimos sob o título de Filipe III). Subiu ao trono em 1621<ref name=":0" /> e reinou na Espanha até 1665, ano de sua morte. É lembrado pelo seu grande patrocínio às artes e pelo seu domínio sobre a Espanha durante a [[Guerra dos Trinta Anos]].


Apesar do Império Espanhol ter alcançado aproximadamente 12,2 milhões de quilômetros quadrados de área na época de seu falecimento, o reino estava em declínio em outros aspectos, reflexo das inúmeras reformas fracassadas das políticas Filipinas.
Apesar de o Império Espanhol ter alcançado aproximadamente 12,2 milhões de quilômetros quadrados de área na época de seu falecimento, o reino estava em declínio em outros aspetos, reflexo das inúmeras reformas fracassadas das políticas Filipinas.


== Vida ==
== Vida ==
[[Ficheiro:Diego Rodríguez Velázquez - Felipe IV, cazador (Prado, Madrid).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|<small>VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Felipe IV, cazador'''. 1632-1634. Óleo sobre tela, 189 x 124 cm.</small>|349x349px|alt=]]
[[Ficheiro:Diego Rodríguez Velázquez - Felipe IV, cazador (Prado, Madrid).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|<small>VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Felipe IV, cazador'''. 1632-1634. Óleo sobre tela, 189 x 124 cm.</small>|290x290px|alt=]]
FIlipe IV nasceu no Palácio Real de Valladolid em 8 de abril de 1605 como o filho mais velho de [[Filipe III de Espanha|Filipe III]] e sua esposa, [[Margarida da Áustria, Rainha da Espanha|Margarida da Áustria]]. Aos 10 anos, casou-se com Elisabeth da França, de 13 anos, e teve sete filhos com ela. Entretanto, o único homem, [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]], morreu aos 16 anos, em 1646.
Filipe IV nasceu no Palácio Real de Valladolid em 8 de abril de 1605 como o filho mais velho de [[Filipe III de Espanha|Filipe III]] e sua esposa, [[Margarida da Áustria, Rainha da Espanha|Margarida da Áustria]]. Aos 10 anos, casou-se com Elisabeth da França, de 13 anos, e teve sete filhos com ela. Entretanto, o único homem, [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]], morreu aos 16 anos, em 1646.


Após a morte de sua primeira esposa, casou-se novamente com [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Marianna da Áustria]], a fim de fortalecer as relações com os [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]], na [[Áustria]].<ref>{{citar livro|título=War and Society in Europe of the Old Regime, 1618–1789|ultimo=ANDERSON|primeiro=M.S.|editora=Fontana|ano=1988|local=London|páginas=|acessodata=}}</ref> Em seu segundo casamento, teve cinco filhos, porém apenas dois deles - [[Margarida Teresa de Áustria|Margarita Teresa]] e o futuro [[Carlos II de Espanha|Carlos II da Espanha]] - atingiram a idade adulta.
Após a morte de sua primeira esposa, casou-se novamente com [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Marianna da Áustria]], a fim de fortalecer as relações com os [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]], na [[Áustria]].<ref>{{citar livro|título=War and Society in Europe of the Old Regime, 1618–1789|ultimo=ANDERSON|primeiro=M.S.|editora=Fontana|ano=1988|local=London|acessodata=}}</ref> Em seu segundo casamento, teve cinco filhos, porém apenas dois deles - [[Margarida Teresa de Áustria|Margarita Teresa]] e o futuro [[Carlos II de Espanha|Carlos II da Espanha]] - atingiram a idade adulta.


Apesar de ter sido retratado durante muito tempo pela História como um monarca fraco, que dominava uma corte barroca debochada e delegava excessivas atribuições a seus ministros<ref>{{citar livro|título=Spain in the Seventeenth Century|ultimo=DARBY|primeiro=Graham|editora=Longman|ano=1994|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>, os historiadores, a partir do [[século XX]], passaram a considerá-lo mais enérgico - tanto física quanto mentalmente - do que seu pai.<ref>{{citar livro|título=Davenport, European Treaties Bearing on the History of the United States and Its Dependencies|ultimo=GARDINER|primeiro=France|editora=The Lawbook Exchange, Ltd|ano=2004|local=Unieted States|páginas=|acessodata=}}</ref> Felipe IV era um bom cavaleiro, um caçador afiado e um devoto das touradas.<ref>{{citar livro|título=Davenport, European Treaties Bearing on the History of the United States and Its Dependencies|ultimo=GARDINER|primeiro=France|editora=The Lawbook Exchange, Ltd|ano=2004|local=United States|páginas=|acessodata=}}</ref> Em particular, parecia ter uma personalidade mais leve. Quando era mais jovem, dizia-se que ele possuía um senso de humor agudo e um "grande senso de diversão".<ref>{{citar livro|título=Richelieu and Olivares|ultimo=ELLIOT|primeiro=J. H.|editora=Cambridge University Press|ano=1991|local=United Kingdom|páginas=|acessodata=}}</ref> Ele frequentou academias particulares em Madri durante todo o seu reinado - eram [[Salão literário|salões literários]] alegres que tinham por objetivo analisar literatura e poesia contemporâneas com um toque humorístico.<ref>{{citar livro|título=The Improbable Empire, in: Raymond Carr (ed.). Spain: A History|ultimo=ARMESTO|primeiro=Filippe Fernándo|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=United Kingdom|páginas=|acessodata=}}</ref> Apaixonado por [[teatro]], às vezes era criticado pelos contemporâneos por seu amor a esses entretenimentos "frívolos".<ref name=":1">{{citar livro|título=Spanish Naval Power, 1589–1665: Reconstruction and Defeat|ultimo=GOODMAN|primeiro=David|editora=Cambridge University Press|ano=2002|local=Cambrige|páginas=|acessodata=}}</ref>
Apesar de ter sido retratado durante muito tempo pela História como um monarca fraco, que dominava uma corte barroca debochada e delegava excessivas atribuições a seus ministros,<ref>{{citar livro|título=Spain in the Seventeenth Century|ultimo=DARBY|primeiro=Graham|editora=Longman|ano=1994|local=|acessodata=}}</ref> os historiadores, a partir do [[século XX]], passaram a considerá-lo mais enérgico - tanto física quanto mentalmente - do que seu pai.<ref>{{citar livro|título=Davenport, European Treaties Bearing on the History of the United States and Its Dependencies|ultimo=GARDINER|primeiro=France|editora=The Lawbook Exchange, Ltd|ano=2004|local=Unieted States|acessodata=}}</ref> Filipe IV era um bom cavaleiro, um caçador afiado e um devoto das touradas.<ref>{{citar livro|título=Davenport, European Treaties Bearing on the History of the United States and Its Dependencies|ultimo=GARDINER|primeiro=France|editora=The Lawbook Exchange, Ltd|ano=2004|local=United States|acessodata=}}</ref> Em particular, parecia ter uma personalidade mais leve. Quando era mais jovem, dizia-se que ele possuía um senso de humor agudo e um "grande senso de diversão".<ref>{{citar livro|título=Richelieu and Olivares|ultimo=ELLIOT|primeiro=J. H.|editora=Cambridge University Press|ano=1991|local=United Kingdom|acessodata=}}</ref> Ele frequentou academias particulares em Madri durante todo o seu reinado - eram [[Salão literário|salões literários]] alegres que tinham por objetivo analisar literatura e poesia contemporâneas com um toque humorístico.<ref>{{citar livro|título=The Improbable Empire, in: Raymond Carr (ed.). Spain: A History|ultimo=ARMESTO|primeiro=Filippe Fernándo|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=United Kingdom|acessodata=}}</ref> Apaixonado por [[teatro]], às vezes era criticado pelos contemporâneos por seu amor a esses entretenimentos "frívolos".<ref name=":1">{{citar livro|título=Spanish Naval Power, 1589–1665: Reconstruction and Defeat|ultimo=GOODMAN|primeiro=David|editora=Cambridge University Press|ano=2002|local=Cambrige|acessodata=}}</ref>


Outros contemporâneos capturaram sua personalidade privada como "naturalmente gentil e afável".<ref>{{citar livro|título=Conspicuous In Her Absence: Mariana of Austria, Juan José of Austria, and the Representation of Her Power, in: Theresa Earenfight (ed.), Queenship and Political Power in Medieval and Early Modern Spain|ultimo=GOODMAN|primeiro=Eleanor|editora=Ashgate|ano=2005|local=Aldershot|páginas=|acessodata=}}</ref> Aqueles próximos a ele alegaram que era academicamente competente, com uma boa noção de [[latim]] e [[geografia]], além de saber falar bem [[Língua francesa|francês]], [[Língua portuguesa|português]] e [[Língua italiana|italiano]].<ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press|ano=2002|local=Oxford|páginas=|acessodata=}}</ref> Como muitos na sua época, Felipe IV tinha um grande interesse em [[astrologia]].<ref>{{citar livro|título=Court of Philip IV: Spain in Decline|ultimo=HUME|primeiro=Martin|editora=G. P. Putnam's Sons|ano=1907|local=New York|páginas=|acessodata=}}</ref> Sua tradução manuscrita dos textos de [[Francesco Guicciardini]] sobre história política ainda existe.  
Outros contemporâneos capturaram sua personalidade privada como "naturalmente gentil e afável".<ref>{{citar livro|título=Conspicuous In Her Absence: Mariana of Austria, Juan José of Austria, and the Representation of Her Power, in: Theresa Earenfight (ed.), Queenship and Political Power in Medieval and Early Modern Spain|ultimo=GOODMAN|primeiro=Eleanor|editora=Ashgate|ano=2005|local=Aldershot|acessodata=}}</ref> Aqueles próximos a ele alegaram que era academicamente competente, com uma boa noção de [[latim]] e [[geografia]], além de saber falar bem [[Língua francesa|francês]], [[Língua portuguesa|português]] e [[Língua italiana|italiano]].<ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press|ano=2002|local=Oxford|acessodata=}}</ref> Como muitos na sua época, Felipe IV tinha um grande interesse em [[astrologia]].<ref>{{citar livro|título=Court of Philip IV: Spain in Decline|ultimo=HUME|primeiro=Martin|editora=G. P. Putnam's Sons|ano=1907|local=New York|acessodata=}}</ref> Sua tradução manuscrita dos textos de [[Francesco Guicciardini]] sobre história política ainda existe.


O monarca teve inúmeras amantes, principalmente atrizes.<ref>{{citar livro|título=The Improbable Empire, in: Raymond Carr (ed.). Spain: A History|ultimo=ARMESTO|primeiro=Filippe Fernándo|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=Oxford|páginas=|acessodata=}}</ref> A mais famosa delas foi María Inés Calderón (La Calderona),<ref>{{citar livro|título=Vicissitudes of a World Power, 1500–1700, in: Raymond Carr (ed.). Spain: A History|ultimo=KAMEN|primeiro=Henry|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=Oxford|páginas=|acessodata=}}</ref> com quem teve um filho em 1629, [[João José de Áustria|João José]], criado como príncipe real.<ref>{{citar livro|título=For the Common Good: Popular Politics in Barcelona, 1580–1640|ultimo=CORTEGUERA|primeiro=Luis R.|editora=Cornell University Press|ano=2002|local=Ithaca|páginas=|acessodata=}}</ref> No final do reinado e com a saúde de Carlos José em dúvida, havia uma possibilidade real de que seu filho bastardo visse a reivindicar o trono, o que contribuiu para a instabilidade dos anos da [[Regência (governo)|regência]].
O monarca teve inúmeras amantes, principalmente atrizes.<ref>{{citar livro|título=The Improbable Empire, in: Raymond Carr (ed.). Spain: A History|ultimo=ARMESTO|primeiro=Filippe Fernándo|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=Oxford|acessodata=}}</ref> A mais famosa delas foi María Inés Calderón (La Calderona),<ref>{{citar livro|título=Vicissitudes of a World Power, 1500–1700, in: Raymond Carr (ed.). Spain: A History|ultimo=KAMEN|primeiro=Henry|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=Oxford|acessodata=}}</ref> com quem teve um filho em 1629, [[João José de Áustria|João José]], criado como príncipe real.<ref>{{citar livro|título=For the Common Good: Popular Politics in Barcelona, 1580–1640|ultimo=CORTEGUERA|primeiro=Luis R.|editora=Cornell University Press|ano=2002|local=Ithaca|acessodata=}}</ref> No final do reinado e com a saúde de Carlos José em dúvida, havia uma possibilidade real de que seu filho bastardo visse a reivindicar o trono, o que contribuiu para a instabilidade dos anos da [[Regência (governo)|regência]].


== Política Interna ==
== Política Interna ==
[[Ficheiro:Retrato de Felipe III de España (Palacio Real de Madrid).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|CRUZ, Juan Pantoja da. '''Felipe III de Espanha'''. 1603. Óleo sobre tela, 65 x 47 cm|alt=]]
''Ver também: [[Crise espanhola de 1640]]''[[Ficheiro:Retrato ecuestre del conde-duque de Olivares, by Diego Velázquez.jpg|miniaturadaimagem|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Retrato equestre do conde-duque de Olivares'''. 1636. Óleo sobre tela, 313 x 239 cm.|259x259px|alt=]][[Ficheiro:Retrato de Felipe III de España (Palacio Real de Madrid).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|CRUZ, Juan Pantoja da. '''Felipe III de Espanha'''. 1603. Óleo sobre tela, 65 x 47 cm|alt=|276x276px]]Filipe IV assumiu o trono espanhol aos 16 anos, após o falecimento de seu pai, [[Filipe III de Espanha|Filipe III]], em 1621. Inicialmente, seu reinado foi celebrado<ref name=":0">{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=p. 83-84|acessodata=}}</ref> devido à troca de [[monarca]]s, uma vez que seu pai havia sido reconhecido por permitir que Francisco de Sandoval, o futuro [[Duque de Lerma|duque de Lerna]], exercesse grande influência sobre o reino por conta da amizade existente entre eles, sendo considerado um [[favorito]] do rei.<ref>{{citar livro|título=Historia de España: Esplendor y decadencia (Siglo XVII) 7|ultimo=ORTIZ, SOLANO, PESET|primeiro=Antonio Domínguez; Francisco; José Luís Mariano|editora=História 16|ano=1981|local=|página=p.7|acessodata=}}</ref> 
[[Ficheiro:Retrato ecuestre del conde-duque de Olivares, by Diego Velázquez.jpg|miniaturadaimagem|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Retrato equestre do conde-duque de Olivares'''. 1636. Óleo sobre tela, 313 x 239 cm.|326x326px|alt=]]


Filipe IV assumiu o trono espanhol aos 16 anos, após o falecimento de seu pai, [[Filipe III de Espanha|Filipe III]], em 1621. Inicialmente, seu reinado foi celebrado <ref name=":0">{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=p. 83-84|páginas=|acessodata=}}</ref> devido à troca de [[Monarca|monarcas]], uma vez que seu pai havia sido reconhecido por permitir que Francisco de Sandoval, o futuro [[Duque de Lerma|duque de Lerna]], exercesse grande influência sobre o reino por conta da amizade existente entre eles, sendo considerado um [[favorito]] do rei.<ref>{{citar livro|título=Historia de España: Esplendor y decadencia (Siglo XVII) 7|ultimo=ORTIZ, SOLANO, PESET|primeiro=Antonio Domínguez; Francisco; José Luís Mariano|editora=História 16|ano=1981|local=|página=p.7|páginas=|acessodata=}}</ref> 
Essa forma de governar utilizada por Filipe III tornou-o cada vez mais impopular, uma vez que ia contra a crença popular de que um rei não deveria governar através de outros<ref>{{citar livro|título=Kingship and Favouritism in the Spain of Philip III, 1598–1621|ultimo=FEROS|primeiro=Antionio|editora=Cambridge University Press|ano=2006|local=Cambrige|página=117-118|acessodata=}}</ref> e acarretou no governo espanhol beneficiando inúmeros [[nobres]], [[Servidão|servos]] e familiares de Lerna em detrimento das outras regiões o que indica um certo favoritismo por parte do monarca. Estes tinham enorme prestígio dentro da Corte como conselheiros, o que tornava o rei propenso a fazer política conforme os interesses daqueles que o influenciavam.<ref>{{citar livro|título=Kingship and Favouritism in the Spain of Philip III, 1598–1621|ultimo=FEROS|primeiro=Antionio|editora=Cambridge University Press|ano=2006|local=Cambrige|página=133|acessodata=}}</ref>


Essa forma de governar utilizada por Filipe III tornou-o cada vez mais impopular, uma vez que ia contra a crença popular de que um rei não deveria governar através de outros<ref>{{citar livro|título=Kingship and Favouritism in the Spain of Philip III, 1598–1621|ultimo=FEROS|primeiro=Antionio|editora=Cambridge University Press|ano=2006|local=Cambrige|página=117-118|páginas=|acessodata=}}</ref> e acarretou no governo espanhol beneficiando inúmeros [[nobres]], [[Servidão|servos]] e familiares de Lerna em detrimento das outras regiões o que indica um certo favoritismo por parte do monarca. Estes tinham enorme prestígio dentro da Corte como conselheiros, o que tornava o rei propenso a fazer política conforme os interesses daqueles que o influenciavam.<ref>{{citar livro|título=Kingship and Favouritism in the Spain of Philip III, 1598–1621|ultimo=FEROS|primeiro=Antionio|editora=Cambridge University Press|ano=2006|local=Cambrige|página=133|páginas=|acessodata=}}</ref>  
Além disso, o governo de Filipe III foi marcado pela [[corrupção]] e enriquecimento do [[Duque de Lerma|duque de Lerna]] e aqueles que lhe eram próximos e o reino enfrentava uma série de problemas econômicos, já que uma colheita ruim, a fome e a [[peste bubônica]] chegaram a matar 10% da população.<ref>{{citar livro|título=The Dutch Revolt|ultimo=PARKER|primeiro=Geoffrey|editora=Pelican Books|ano=1985|local=London|página=235|acessodata=}}</ref>


Além disso, o governo de Filipe III foi marcado pela [[corrupção]] e enriquecimento do [[Duque de Lerma|duque de Lerna]] e aqueles que lhe eram próximos e o reino enfrentava uma série de problemas econômicos, já que uma colheita ruim, a fome e a [[peste bubônica]] chegaram a matar 10% da população.<ref>{{citar livro|título=The Dutch Revolt|ultimo=PARKER|primeiro=Geoffrey|editora=Pelican Books|ano=1985|local=London|página=235|páginas=|acessodata=}}</ref>  
O governo de Filipe IV, por sua vez, iniciou uma reforma administrativa ao remover os últimos membros da família Lerna Sandoval, reestruturar o [[Conselho da Fazenda]] e reduzir o conselho do rei em apenas quatro conselheiros.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=85|acessodata=}}</ref>


O governo de Filipe IV, por sua vez, iniciou uma reforma administrativa ao remover os últimos membros da família Lerna Sandoval, reestruturar o [[Conselho da Fazenda]] e reduzir o conselho do rei em apenas quatro conselheiros.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=85|páginas=|acessodata=}}</ref>
Segundo o conde Olivares, primeiro ministro de Filipe IV, embora fosse interessante que o monarca fosse amado por seus [[Vassalagem|vassalos]], ele não devia conceder benefícios a eles de modo a desfalcar o Tesouro Real, já que o reino se encontrava em situação financeira delicada por conta de governos anteriores. Além disso, o rei deveria ater-se a conquistar reinos estrangeiros.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=92-93|acessodata=}}</ref> De acordo com suas palavras, o monarca era o principal apoiador e defensor da Igreja Católica em toda a Europa.<ref>{{citar livro|título=Estudos da rainha de Filipe IV|ultimo=CASTILLO|primeiro=Cánovas del|editora=|ano=1622|local=Madrid|página=499-503|acessodata=}}</ref>


Segundo o conde Olivares, primeiro ministro de Filipe IV, embora fosse interessante que o monarca fosse amado por seus [[Vassalagem|vassalos]], ele não devia conceder benefícios a eles de modo a desfalcar o Tesouro Real, já que o reino se encontrava em situação financeira delicada por conta de governos anteriores. Além disso, o rei deveria ater-se a conquistar reinos estrangeiros.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=92-93|páginas=|acessodata=}}</ref> De acordo com suas palavras, o monarca era o principal apoiador e defensor da Igreja Católica em toda a Europa.<ref>{{citar livro|título=Estudos da rainha de Filipe IV|ultimo=CASTILLO|primeiro=Cánovas del|editora=|ano=1622|local=Madrid|página=499-503|páginas=|acessodata=}}</ref>
Pouco tempo depois de assumir o trono, as primeiras reformas socioeconômicas de Filipe IV foram postas em prática. Leis contra o luxo foram criadas e a justiça passou a ser regulada.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=93-94|acessodata=}}</ref> Como o Tesouro espanhol encontrava-se bastante reduzido, em razão da expulsão dos [[mouros]], o conde Olivares passou a buscar novas formas de diminuir custos de modo a promover uma economia de gastos no reino. Sendo assim, Olivares propôs a realização de um [[inventário]] dos bens pertencentes à Coroa para que fosse possível conseguir recursos com a disposição deles.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=99-102|acessodata=}}</ref>


Pouco tempo depois de assumir o trono, as primeiras reformas socioeconômicas de Filipe IV foram postas em prática. Leis contra o luxo foram criadas e a justiça passou a ser regulada.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=93-94|páginas=|acessodata=}}</ref> Como o Tesouro espanhol encontrava-se bastante reduzido, em razão da expulsão dos [[mouros]], o conde Olivares passou a buscar novas formas de diminuir custos de modo a promover uma economia de gastos no reino. Sendo assim, Olivares propôs a realização de um [[inventário]] dos bens pertencentes à Coroa para que fosse possível conseguir recursos com a disposição deles.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=99-102|páginas=|acessodata=}}</ref>
Em 1625, o conde Olivares propôs ao rei a unificação total da Espanha, de modo a aumentar de forma exponencial seu poder econômico e político. Tal manobra tinha a intenção de, nas palavras do autor, “ressuscitar a Monarquia”.<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=111-112|acessodata=}}</ref>


Em 1625, o conde Olivares propôs ao rei a unificação total da Espanha, de modo a aumentar de forma exponencial seu poder econômico e político. Tal manobra tinha a intenção de, nas palavras do autor, “ressuscitar a Monarquia.”<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=111-112|páginas=|acessodata=}}</ref>
O estado decadente da monarquia espanhola despertava as palavras dos intelectuais que, em prosa e verso, criticavam a forma de governo de Filipe IV. Um exemplo são os versos de [[Francisco de Quevedo|Quevedo]], que foram mantidos em San Marcos de León:<ref name=":6" />[[Ficheiro:Equestrian statue of King Philip IV, Madrid, 2008.jpg|miniaturadaimagem|300px|Estátua do Rei Filipe IV, em Madrid.  TACCA, Pietro. '''Estátua de Felipe IV da Espanha'''. 1634-1640. Metálico (bronze) e pedra, 4 x 3,5 m.|alt=]][[Ficheiro:Museo Arqueológico Nacional - 108085 - Centén segoviano de 1633 01.jpg|miniaturadaimagem|300px|Moeda de ouro cunhada em 1633 sob seu reinado, grande símbolo de reconhecimento na esfera pública. Oficinas de Real de Segovia. '''Centro Segoviano'''. 1633. Ouro, 7,15 cm|alt=]]<blockquote>''"[...] Para cem reis, a Espanha nunca''


O estado decadente da monarquia espanhola despertava as palavras dos intelectuais que, em prosa e verso, criticavam a forma de governo de Filipe IV. Um exemplo são os versos de [[Francisco de Quevedo|Quevedo]], que foram mantidos em San Marcos de León: <ref name=":6" />[[Ficheiro:Equestrian statue of King Philip IV, Madrid, 2008.jpg|miniaturadaimagem|300px|Estátua do Rei Filipe IV, em Madri.  TACCA, Pietro. '''Estátua de Felipe IV da Espanha'''. 1634-1640. Metálico (bronze) e pedra, 4 x 3,5 m.|alt=]][[Ficheiro:Museo Arqueológico Nacional - 108085 - Centén segoviano de 1633 01.jpg|miniaturadaimagem|300px|Moeda de ouro cunhada em 1633 sob seu reinado, grande símbolo de reconhecimento na esfera pública. Oficinas de Real de Segovia. '''Centro Segoviano'''. 1633. Ouro, 7,15 cm|alt=]]
''pagou as quantias que o seu reinado. ''


"<small>''[...] Para cem reis, a Espanha nunca''</small>
''E o povo de luto desconfia que lança gabela na respiração. ''


<small>''pagou as quantias que o seu reinado. ''</small>
''Embora os imensos frutos do céu o enviem,''


<small>''E o povo de luto desconfia que lança gabela na respiração. ''</small>
''ele enfurece nossa fome como estéril. ''


<small>''Embora os imensos frutos do céu o enviem,''</small>
''[...] Veja que os pobres, sozinhos e ocultos,''


<small>''ele enfurece nossa fome como estéril. ''</small>
''silenciosamente o invocam com mil gritos. ''


<small>''[...] Veja que os pobres, sozinhos e ocultos,''</small>
''Um ministro da paz come gajes''


<small>''silenciosamente o invocam com mil gritos. ''</small>
''mais do que na guerra, pode gastar dez linhagens.''


<small>''Um ministro da paz come gajes''</small>
''Mas, como existem despesas na Itália e na Flandres,''


<small>''mais do que na guerra, pode gastar dez linhagens.''</small>
''cessam os supérfluos e os grandes agregados familiares,''


<small>''Mas, como existem despesas na Itália e na Flandres,''</small>
''e não com o sangue de mim e de meus filhos,''


<small>''cessam os supérfluos e os grandes agregados familiares,''</small>
''os lagos abundam de alegria. ''


<small>''e não com o sangue de mim e de meus filhos,''</small>
''Quadrados de madeira custam milhões,''


<small>''os lagos abundam de alegria. ''</small>
''removendo vigas e tábuas dos templos. ''


<small>''Quadrados de madeira custam milhões,''</small>
''Os palácios crescem, cem em cada um''


<small>''removendo vigas e tábuas dos templos. ''</small>
''e o grande San Isidro, nem eremitério nem enterro. ''


<small>''Os palácios crescem, cem em cada um''</small>
''Quem o escreve com sangue inimigo na lança.''


<small>''e o grande San Isidro, nem eremitério nem enterro. ''</small>
''Por mérito próprio, vem o esplendor colina,''


<small>''Quem o escreve com sangue inimigo na lança.''</small>
''para a guerra finge elogios,''


<small>''Por mérito próprio, vem o esplendor colina,''</small>  
''e não a tinta do bajulador."<ref name=":6">{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=174-175|acessodata=}}</ref>''</blockquote>


<small>''para a guerra finge elogios,''</small>
<small>''e não a tinta do bajulador."''</small><ref name=":6">{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|página=174-175|páginas=|acessodata=}}</ref>
== Política Externa ==
== Política Externa ==
[[Ficheiro:Philip IV of Spain SM Maggiore.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|287x287px|'''Estátua de [[Filipe IV de Espanha|Filipe IV da Espanha]]''' [[Filipe IV de Espanha|(1692)]], segundo modelo de [[Gian Lorenzo Bernini|Bernini]]. Pórtico da [[Basílica de Santa Maria Maior|Basílica de Santa Maria Maggiore]] em [[Roma]].]]Filipe IV foi muito comprometido em relação às políticas externas, de modo a transparecer por meio de sua decisões seu caráter como monarca respeitado e honrado. Sua política externa era como um espelho das percepções, imagens mentais e ideias que prevalecem na  sua época. <ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|pagina=p.123|acessodata=29 out. 2019}}</ref>
[[Ficheiro:Philip IV of Spain SM Maggiore.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|287x287px|'''Estátua de Filipe IV da Espanha''' (1692), segundo modelo de [[Gian Lorenzo Bernini|Bernini]]. Pórtico da [[Basílica de Santa Maria Maior|Basílica de Santa Maria Maggiore]] em [[Roma]].]]Filipe IV foi muito comprometido em relação às políticas externas, de modo a transparecer por meio de sua decisões seu caráter como monarca respeitado e honrado. Sua política externa era como um espelho das percepções, imagens mentais e ideias que prevalecem na  sua época.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|pagina=p.123|acessodata=29 de outubro de 2019}}</ref>


Tratando de sua reputação, pode-se dizer que foi muito estimado e respeitado por diversos outros monarcas da Europa, visto como uma autoridade digna de prestígio. Como garantia de seu poderio, possuía os elementos principais da honra: boa posição social, linhagem aristocrática de valor e a fé católica.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|paginas=p. 126|acessodata=29 out. 2019}}</ref>
Tratando de sua reputação, pode-se dizer que foi muito estimado e respeitado por diversos outros monarcas da Europa, visto como uma autoridade digna de prestígio. Como garantia de seu poderio, possuía os elementos principais da honra: boa posição social, linhagem aristocrática de valor e a fé católica.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|paginas=p. 126|acessodata=29 de outubro de 2019}}</ref>


A própria história ilustra o peso da figura de Filipe IV como um imponente católico e descendente de uma linhagem de importantes reis.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|pagina=p.128|acessodata=29 out. 2019}}</ref> Filipe IV sabia a importância de sua imagem mais que seus próprios ministros, por isso, em 1661, encomendou ao jurista Francisco Ramos Del Manzano uma história de seu reinado para defender "''a reputação das nações e vassalos das minhas coroas[...]"''<ref name=":5">{{citar web|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|data=2015|acessodata=29 out. 2019|publicado=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|pagina=128}}</ref>. Desta forma, vale refletir sobre os feitos da Coroa hispânica, que em sua maioria eram intencionados para manter a reputação do reinado.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|pagina=p. 134|acessodata=29 out. 2019}}</ref>
A própria história ilustra o peso da figura de Filipe IV como um imponente católico e descendente de uma linhagem de importantes reis.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|pagina=p.128|acessodata=29 de outubro de 2019}}</ref> Filipe IV sabia a importância de sua imagem mais que seus próprios ministros, por isso, em 1661, encomendou ao jurista Francisco Ramos Del Manzano uma história de seu reinado para defender "''a reputação das nações e vassalos das minhas coroas[...]".''<ref name=":5">{{citar web|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|data=2015|acessodata=29 de outubro de 2019|publicado=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|pagina=128}}</ref> Desta forma, vale refletir sobre os feitos da Coroa hispânica, que em sua maioria eram intencionados para manter a reputação do reinado.<ref>{{citar periódico|ultimo=SCHUMACHER|primeiro=Ib Mark|data=2015|titulo=Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica|url=https://www.raco.cat/index.php/Pedralbes/article/view/326444|jornal=Revista d-històrie moderna, Barcelona, v. 35|pagina=p. 134|acessodata=29 de outubro de 2019}}</ref>


=== Guerra dos 30 anos ===
=== Guerra dos 30 anos ===
[[Ficheiro:Traite-Pyrenees.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Traite-Pyrenees.jpg|alt=|miniaturadaimagem|312x312px|LAUMOSNIER, Jacques. '''A entrevista de Luis XIV e Felipe IV na ilha dos Faisões.''' 1660. Óleo sobre tela, 89,1x130 cm.                                              ]]
[[Ficheiro:Traite-Pyrenees.jpg|alt=|miniaturadaimagem|312x312px|LAUMOSNIER, Jacques. '''A entrevista de Luís XIV e Filipe IV na ilha dos Faisões.''' 1660. Óleo sobre tela, 89,1x130 cm]]
Filipe IV reinou durante a maior parte da [[Guerra dos Trinta Anos|Guerra dos Trinta Ano]]<nowiki/>s. O monarca foi convencido por [[Baltasar de Zúñiga y Guzmán, Marquês de Valero|Baltazar de Zúñiga]] a intervir militarmente na [[Boémia|Boêmia]] junto ao [[Fernando II de Portugal|imperador Fernando II]]. Feito isso, foi convencido, também, a promover uma política externa mais agressiva na Espanha e aliar-se ao [[Sacro Império Romano-Germânico|Sacro Império Romano]] de forma a renovar as hostilidades com os holandeses em 1621 e forçá-los à negociação de um acordo de paz que beneficiasse os espanhóis.<ref>{{citar livro|título=Exército de Flandres e Estrada Espanhola, 1567-1659|ultimo=PARKER|primeiro=Geoffrey|editora=Cambridge University Press|ano=2004|local=Cambrige|página=219|páginas=|acessodata=}}</ref>
Filipe IV reinou durante a maior parte da [[Guerra dos Trinta Anos|Guerra dos Trinta Ano]]<nowiki/>s. O monarca foi convencido por [[Baltasar de Zúñiga y Guzmán, Marquês de Valero|Baltazar de Zúñiga]] a intervir militarmente na [[Boémia|Boêmia]] junto ao [[Fernando II de Portugal|imperador Fernando II]]. Feito isso, foi convencido, também, a promover uma política externa mais agressiva na Espanha e aliar-se ao [[Sacro Império Romano-Germânico|Sacro Império Romano]] de forma a renovar as hostilidades com os holandeses em 1621 e forçá-los à negociação de um acordo de paz que beneficiasse os espanhóis.<ref>{{citar livro|título=Exército de Flandres e Estrada Espanhola, 1567-1659|ultimo=PARKER|primeiro=Geoffrey|editora=Cambridge University Press|ano=2004|local=Cambrige|página=219|acessodata=}}</ref>


Apesar dessa mudança na política de Filipe IV, suas atitudes não eram ao todo belicosas. O rei parecia genuinamente entristecido pelo fato de que seu povo teve que pagar em sangue seu apoio às guerras durante os reinados anteriores.<ref>{{citar livro|título=O Império Improvável , in: Raymond Carr (ed.). Espanha: uma história|ultimo=ARMESTO|primeiro=Filippe Fernándo|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=Oxford|página=144|páginas=|acessodata=}}</ref>  
Apesar dessa mudança na política de Filipe IV, suas atitudes não eram ao todo belicosas. O rei parecia genuinamente entristecido pelo fato de que seu povo teve que pagar em sangue seu apoio às guerras durante os reinados anteriores.<ref>{{citar livro|título=O Império Improvável , in: Raymond Carr (ed.). Espanha: uma história|ultimo=ARMESTO|primeiro=Filippe Fernándo|editora=Oxford University Press|ano=2000|local=Oxford|página=144|acessodata=}}</ref>


Embora custosa aos bolsos espanhóis, a guerra travada contra os holandeses havia rendido bons frutos, dentre eles a retomada da cidade-chave de [[Breda]] em 1624. Entretanto, no fim da década de 1620, Filipe se viu obrigado a priorizar a guerra nos [[Flandres|Flandre]]<nowiki/>s em detrimento da Guerra de Sucessão de Mantuan (1628-1631) em apoio à França.<ref name=":7" />
Embora custosa aos bolsos espanhóis, a guerra travada contra os holandeses havia rendido bons frutos, dentre eles a retomada da cidade-chave de [[Breda]] em 1624. Entretanto, no fim da década de 1620, Filipe se viu obrigado a priorizar a guerra nos [[Flandres|Flandre]]<nowiki/>s em detrimento da Guerra de Sucessão de Mantuan (1628-1631) em apoio à França.<ref name=":7" />


O aumento das tensões com a França tornou a guerra contra este aliado cada vez mais inevitável. Apesar de ter se mostrado forte durante os primeiros anos da guerra hispano francesa (1635), a partir de 1640, a Espanha sofreu com conflitos internos relacionados aos custos da guerra contra os franceses. <ref name=":7">{{citar livro|título=Os limites da autoridade real: resistência e autoridade em Castela do século XVII|ultimo=MACKAY|primeiro=Ruth|editora=Cambridge University Press|ano=1999|local=Cambrige|página=5|páginas=|acessodata=}}</ref>
O aumento das tensões com a França tornou a guerra contra este aliado cada vez mais inevitável. Apesar de ter se mostrado forte durante os primeiros anos da guerra hispano francesa (1635), a partir de 1640, a Espanha sofreu com conflitos internos relacionados aos custos da guerra contra os franceses.<ref name=":7">{{citar livro|título=Os limites da autoridade real: resistência e autoridade em Castela do século XVII|ultimo=MACKAY|primeiro=Ruth|editora=Cambridge University Press|ano=1999|local=Cambrige|página=5|acessodata=}}</ref>


Para que pudesse haver uma contenção de gastos, Filipe IV cortou os recursos destinados à guerra dos Flandres para que a guerra hispano-francesa tivesse prioridade em seu reinado, e pouco depois, acabou por dar ordens aos seus embaixadores para buscarem um tratado de paz entre as Coroas.<ref>{{citar livro|título=Exército de Flandres e Estrada Espanhola, 1567-1659|ultimo=PARKER|primeiro=Geoffrey|editora=Cambridge University Press|ano=2004|local=Cambrige|página=221|páginas=|acessodata=}}</ref>
Para que pudesse haver uma contenção de gastos, Filipe IV cortou os recursos destinados à guerra dos Flandres para que a guerra hispano-francesa tivesse prioridade em seu reinado, e pouco depois, acabou por dar ordens aos seus embaixadores para buscarem um tratado de paz entre as Coroas.<ref>{{citar livro|título=Exército de Flandres e Estrada Espanhola, 1567-1659|ultimo=PARKER|primeiro=Geoffrey|editora=Cambridge University Press|ano=2004|local=Cambrige|página=221|acessodata=}}</ref>


Apesar de ter conseguido um tratado de paz - a [[Paz de Vestfália|Paz de Vestfáslia]] - para resolver os conflitos com Holanda e Alemanha, a guerra contra a França se arrastou. Filipe manteve-se firme em sua luta ao notar sinais de fraqueza por parte da Coroa francesa por conta das rebeliões de [[Fronda]] de 1648, e responsabilizou-se por promover uma ofensiva que lhe garantisse a vitória sobre os franceses.<ref>{{citar livro|título=The revolt of the Catalans: a study in the Decline of the Spain, 1598-1640|ultimo=ELLIOT|primeiro=J.H.|editora=Cambridge University Press|ano=1984|local=Cambrige|página=539|páginas=|acessodata=}}</ref>
Apesar de ter conseguido um tratado de paz - a [[Paz de Vestfália|Paz de Vestfáslia]] - para resolver os conflitos com Holanda e Alemanha, a guerra contra a França se arrastou. Filipe manteve-se firme em sua luta ao notar sinais de fraqueza por parte da Coroa francesa por conta das rebeliões de [[Fronda]] de 1648, e responsabilizou-se por promover uma ofensiva que lhe garantisse a vitória sobre os franceses.<ref>{{citar livro|título=The revolt of the Catalans: a study in the Decline of the Spain, 1598-1640|ultimo=ELLIOT|primeiro=J.H.|editora=Cambridge University Press|ano=1984|local=Cambrige|página=539|acessodata=}}</ref>


Todavia, esta vitória nunca surgiu, e em 1658, o monarca espanhol estava pronto para assinar um acordo de paz. Em 1659, foi assinado o [[Tratado dos Pirenéus]], que estabelecia, dentre outras coisas, o casamento da filha de FIlipe IV, [[Maria Teresa]], com o jovem [[Luís XIV de França|Luís XIV]]<ref>{{citar livro|título=Espanha na Era da Exploração, 1492-1819|ultimo=ISHIKAWA|primeiro=Chiyo|editora=University of Nebraska Press|ano=2004|local=Nebraska|página=77|páginas=|acessodata=}}</ref>, finalmente encerrando este episódio da História.<br />
Todavia, esta vitória nunca surgiu, e em 1658, o monarca espanhol estava pronto para assinar um acordo de paz. Em 1659, foi assinado o [[Tratado dos Pirenéus]], que estabelecia, dentre outras coisas, o casamento da filha de Filipe IV, [[Maria Teresa da Espanha|Maria Teresa]], com o jovem [[Luís XIV de França|Luís XIV]],<ref>{{citar livro|título=Espanha na Era da Exploração, 1492-1819|ultimo=ISHIKAWA|primeiro=Chiyo|editora=University of Nebraska Press|ano=2004|local=Nebraska|página=77|acessodata=}}</ref> finalmente encerrando este episódio da História.<br />
[[Ficheiro:Joao IV proclaimed king-modificated.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|SALGADO, Veloso. '''Coroação de D. João IV.''' 1908. Óleo sobre tela, 325 x 285 cm.|302x302px|alt=]]
[[Ficheiro:Joao IV proclaimed king-modificated.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|SALGADO, Veloso. '''Coroação de D. João IV.''' 1908. Óleo sobre tela, 325 x 285 cm.|302x302px|alt=]]


=== Guerra da Restauração ===
=== Guerra da Restauração ===
Em 1640, uma conspiração liderada pela nobreza proclamou o [[Duque de Bragança]] como rei [[João IV de Portugal]], derrubando o governo de Filipe IV em Lisboa e dando início à [[Guerra da Restauração|Guerra de Restauração]]. O início da guerra foi complicado para D. Filipe, tendo que lidar não só com Portugal, como também com as revoltas na [[Catalunha]].<ref>{{citar livro|título=As janelas da realidade: a função política das relações de sucessos na Guerra da Restauração de Portugal (1640-1668)|ultimo=SARAIVAL|primeiro=Daniel M. P.|editora=Université Paris IV|ano=|local=Sorbonne|página=88|páginas=|acessodata=}}</ref>
Em 1640, uma conspiração liderada pela nobreza proclamou o [[Duque de Bragança]] como rei [[João IV de Portugal]], derrubando o governo de Filipe IV em Lisboa e dando início à [[Guerra da Restauração|Guerra de Restauração]]. O início da guerra foi complicado para D. Filipe, tendo que lidar não só com Portugal, como também com as revoltas na [[Catalunha]].<ref>{{citar livro|título=As janelas da realidade: a função política das relações de sucessos na Guerra da Restauração de Portugal (1640-1668)|ultimo=SARAIVAL|primeiro=Daniel M. P.|editora=Université Paris IV|local=Sorbonne|página=88|acessodata=}}</ref>


Em 1659, Filipe IV assinou o [[Tratado dos Pirenéus|Tratado dos Pirinéus]], concentrando os recursos da monarquia hispânica em reconquistar o território rebelde. Nesse momento a Espanha estava em paz com a França, Inglaterra e os Países Baixos, restando apenas o conflito com Portugal. Dessa forma, muitas medidas foram tomadas, como o aumento de impostos, a desvalorização da moeda e as transferências de tropas de Flandres e Itália para a fronteira com Portugal. Ainda assim, Portugal conseguiu vencer a Guerra, com cinco grandes vitórias contra os espanhóis: [[Batalha de Montijo]] (1644), [[Batalha das Linhas de Elvas]] (1659), [[Batalha do Ameixial|Batalha de Ameixial]] (1663), [[Batalha de Castelo Rodrigo]] (1664) e [[Batalha de Montes Claros]] (1665).<ref>{{citar livro|título=As janelas da realidade: a função política das relações de sucessos na Guerra da Restauração de Portugal (1640-1668)|ultimo=SARAIVAL|primeiro=Daniel M. P. Saraiva|editora=Université Paris IV|ano=|local=Sorbonne|página=325|páginas=|acessodata=}}</ref><br />
Em 1659, Filipe IV assinou o [[Tratado dos Pirenéus]], concentrando os recursos da monarquia hispânica em reconquistar o território rebelde. Nesse momento a Espanha estava em paz com a França, Inglaterra e os Países Baixos, restando apenas o conflito com Portugal. Dessa forma, muitas medidas foram tomadas, como o aumento de impostos, a desvalorização da moeda e as transferências de tropas de Flandres e Itália para a fronteira com Portugal. Ainda assim, Portugal conseguiu vencer a Guerra, com cinco grandes vitórias contra os espanhóis: [[Batalha de Montijo]] (1644), [[Batalha das Linhas de Elvas]] (1659), [[Batalha do Ameixial|Batalha de Ameixial]] (1663), [[Batalha de Castelo Rodrigo]] (1664) e [[Batalha de Montes Claros]] (1665).<ref>{{citar livro|título=As janelas da realidade: a função política das relações de sucessos na Guerra da Restauração de Portugal (1640-1668)|ultimo=SARAIVAL|primeiro=Daniel M. P. Saraiva|editora=Université Paris IV|local=Sorbonne|página=325|acessodata=}}</ref><br />
=== Filipe IV e o Brasil ===
=== Filipe IV e o Brasil ===
[[Ficheiro:Victor_Meirelles_-_'Battle_of_Guararapes',_1879,_oil_on_canvas,_Museu_Nacional_de_Belas_Artes,_Rio_de_Janeiro_2.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Victor_Meirelles_-_'Battle_of_Guararapes',_1879,_oil_on_canvas,_Museu_Nacional_de_Belas_Artes,_Rio_de_Janeiro_2.jpg|miniaturadaimagem|378x378px|Episódio decisivos na [[Insurreição Pernambucana]], são consideradas a origem do [[Exército Brasileiro]]. MEIRELLES, Victor. '''Batalha dos Guararapes.''' 1875-1879. Óleo sobre tela, 500 x 925 cm.|alt=]]
[[Ficheiro:Victor_Meirelles_-_'Battle_of_Guararapes',_1879,_oil_on_canvas,_Museu_Nacional_de_Belas_Artes,_Rio_de_Janeiro_2.jpg|miniaturadaimagem|378x378px|Episódio decisivos na [[Insurreição Pernambucana]], são consideradas a origem do [[Exército Brasileiro]]. MEIRELLES, Victor. '''Batalha dos Guararapes.''' 1875-1879. Óleo sobre tela, 500 x 925 cm.|alt=]]
A ligação entre o Brasil e a Coroa Espanhola, assim como a monarquia de Filipe IV, estabeleceu-se de forma sutil e secundária. A “marginalidade” atribuída à área se expressou nos escritos dos próprios moradores do território entre os séculos XVI e XVII quando mencionaram a falta de ajuda da coroa da Espanha, assim como a ausência de registros das atividades que foram desenvolvidas ali na América e a curta menção do território nos documentos que relacionavam o peso da monarquia de Filipe no resto do mundo.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres et al (Org.). O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|página=146|páginas=|acessodata=}}</ref>  
A ligação entre o Brasil e a Coroa Espanhola, assim como a monarquia de Filipe IV, estabeleceu-se de forma sutil e secundária. A “marginalidade” atribuída à área se expressou nos escritos dos próprios moradores do território entre os séculos XVI e XVII quando mencionaram a falta de ajuda da coroa da Espanha, assim como a ausência de registros das atividades que foram desenvolvidas ali na América e a curta menção do território nos documentos que relacionavam o peso da monarquia de Filipe no resto do mundo.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres et al (Org.). O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|página=146|acessodata=}}</ref>


Para além disso, o testamento de seu pai, Filipe III, apesar de numerar suas diversas possessões territoriais, não incluía as terras brasileiras. Inclusive, era compreendido pela Coroa portuguesa e por aqueles que realizavam a ocupação das terras que, antes e durante o domínio [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]], o Brasil era pouco importante. <ref>{{citar livro|título=O Brasil e Filipe IV: Uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres. (Org) O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1638): Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|páginas=p.145-146|acessodata=}}</ref>
Para além disso, o testamento de seu pai, Filipe III, apesar de numerar suas diversas possessões territoriais, não incluía as terras brasileiras. Inclusive, era compreendido pela Coroa portuguesa e por aqueles que realizavam a ocupação das terras que, antes e durante o domínio [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]], o Brasil era pouco importante.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Filipe IV: Uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres. (Org) O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1638): Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|páginas=p.145-146|acessodata=}}</ref>


O processo de expansão espanhol, iniciado a partir de 1560 se estendeu até a segunda década do século XVII, consolidou-se com a expulsão de franceses e holandeses, em decorrência de inúmeros conflitos como a famosa [[Batalha dos Guararapes|Batalha de Guararapes]] e com a derrota dos grupos indígenas que resistiram.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org.). O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|página=150|páginas=|acessodata=}}</ref>  
O processo de expansão espanhol, iniciado a partir de 1560 se estendeu até a segunda década do século XVII, consolidou-se com a expulsão de franceses e holandeses, em decorrência de inúmeros conflitos como a famosa [[Batalha dos Guararapes|Batalha de Guararapes]] e com a derrota dos grupos indígenas que resistiram.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org.). O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|página=150|acessodata=}}</ref>


Como herança do governo de Filipe IV, em comparação aos anteriores, obteve-se o domínio de boa parte da faixa litorânea brasileira, ou seja, as terras desde a capitania de São Vicente no Sul até a capitania do Pará no Norte; dobrou-se o número de centros urbanos; houve significativo crescimento dos [[Engenho de açúcar|engenhos de cana-de-açúcar]] e por fim, a facilidade inicial em obter terras e escravos indígenas, coisa que, posteriormente, se complicara devido a necessidade de substituir a [[mão de obra]] [[Indígenas|indígena]] pela negra, que era mais lucrativa. <ref>{{citar livro|título=O Brasil e Filipe IV: Uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org). O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|páginas=p.150-151|acessodata=}}</ref>  
Como herança do governo de Filipe IV, em comparação aos anteriores, obteve-se o domínio de boa parte da faixa litorânea brasileira, ou seja, as terras desde a capitania de São Vicente no Sul até a capitania do Pará no Norte; dobrou-se o número de centros urbanos; houve significativo crescimento dos [[Engenho de açúcar|engenhos de cana-de-açúcar]] e por fim, a facilidade inicial em obter terras e escravos indígenas, coisa que, posteriormente, se complicara devido a necessidade de substituir a [[mão de obra]] [[Indígenas|indígena]] pela negra, que era mais lucrativa.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Filipe IV: Uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org). O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|páginas=p.150-151|acessodata=}}</ref>


Foi um período de grande desenvolvimento para a colônia e prosperidade para os senhores de engenho. A demanda europeia pelo açúcar, um dos grandes produtos comerciais da época, garantia mercados e preços crescentes para a produção.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Filipe IV: Uma aproximação. IN: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org): O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=|páginas=p.151|acessodata=}}</ref>
Foi um período de grande desenvolvimento para a colônia e prosperidade para os senhores de engenho. A demanda europeia pelo açúcar, um dos grandes produtos comerciais da época, garantia mercados e preços crescentes para a produção.<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Filipe IV: Uma aproximação. IN: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org): O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=|páginas=p.151|acessodata=}}</ref>


A fase de combate contra os holandeses, a intensificação do tráfico de escravos da África e o acirramento da carga fiscal são exemplos de situações que contribuíram para o fim da prosperidade espanhola vivenciada pouco antes da Guerra dos Trinta Anos, que viria a propiciar o desvio das riqueza de Portugal pela [[Dinastia Filipina|monarquia dos Habsburgo]] para sustentar o lado católico no conflito, criando tensões dentro da [[União Ibérica]]. <ref>{{citar livro|título=O Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668):Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|páginas=145-156|acessodata=}}</ref>
A fase de combate contra os holandeses, a intensificação do tráfico de escravos da África e o acirramento da carga fiscal são exemplos de situações que contribuíram para o fim da prosperidade espanhola vivenciada pouco antes da Guerra dos Trinta Anos, que viria a propiciar o desvio das riqueza de Portugal pela [[Dinastia Filipina|monarquia dos Habsburgo]] para sustentar o lado católico no conflito, criando tensões dentro da [[União Ibérica]].<ref>{{citar livro|título=O Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: O BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668):Novas interpretações.|ultimo=RICUPERO|primeiro=Rodrigo|editora=Humanitas|ano=2016|local=São Paulo|páginas=145-156|acessodata=}}</ref>


== Filipe IV e a Religião Católica ==
== Filipe IV e a Religião Católica ==
[[Ficheiro:María de Jesús de Agreda.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|253x253px|[[Maria de Jesus de Ágreda]], conselheira política e espiritual, trocou cartas com Filipe IV entre os anos de 1643 a 1665.]]
[[Ficheiro:María de Jesús de Agreda.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|253x253px|[[Maria de Jesus de Ágreda]], conselheira política e espiritual, trocou cartas com Filipe IV entre os anos de 1643 a 1665.]]
A religião católica e seus rituais tiveram um papel importante na vida de Filipe, especialmente no final de seu reinado. O monarca fez devoções especiais à uma pintura da [[Nossa Senhora dos Milagres]], também tinha um grande padrão feito com a imagem da pintura de um lado e o brasão real do outro, trazido em procissões todos os anos em 12 de julho. Além de marcar uma forte crença religiosa pessoal, esse vínculo cada vez mais visível entre a Coroa, a Igreja e símbolos nacionais, como a [[Nossa Senhora dos Milagres|Virgem dos Milagres]], representava um pilar fundamental de apoio a Filipe como rei. <ref>{{citar livro|título=Philip IV and the Government of Spain, 1621–1665.|ultimo=STRADLING|primeiro=R.A|editora=Cambridge University Press|ano=1988|local=Cambridge|páginas=20|acessodata=}}</ref>  
A religião católica e seus rituais tiveram um papel importante na vida de Filipe, especialmente no final de seu reinado. O monarca fez devoções especiais a uma pintura da [[Nossa Senhora dos Milagres]], também tinha um grande padrão feito com a imagem da pintura de um lado e o brasão real do outro, trazido em procissões todos os anos em 12 de julho. Além de marcar uma forte crença religiosa pessoal, esse vínculo cada vez mais visível entre a Coroa, a Igreja e símbolos nacionais, como a [[Nossa Senhora dos Milagres|Virgem dos Milagres]], representava um pilar fundamental de apoio a Filipe como rei.<ref>{{citar livro|título=Philip IV and the Government of Spain, 1621–1665.|ultimo=STRADLING|primeiro=R.A|editora=Cambridge University Press|ano=1988|local=Cambridge|páginas=20|acessodata=}}</ref>


Os monarcas católicos, durante a Idade Moderna, também tiveram um papel fundamental no processo de [[canonização]] e puderam utilizá-lo para efeito político. Internacionalmente, era importante que o prestígio espanhol recebesse pelo menos uma parte proporcional e idealmente maior de novos santos do que outros reinos católicos, então Filipe IV patrocinou diversos textos e livros para apoiar os candidatos da Espanha, particularmente em concorrência com a França católica. <ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain.|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press|ano=2002|local=Oxford|páginas=34-36|acessodata=}}</ref>  
Os monarcas católicos, durante a Idade Moderna, também tiveram um papel fundamental no processo de [[canonização]] e puderam utilizá-lo para efeito político. Internacionalmente, era importante que o prestígio espanhol recebesse pelo menos uma parte proporcional e idealmente maior de novos santos do que outros reinos católicos, então Filipe IV patrocinou diversos textos e livros para apoiar os candidatos da Espanha, particularmente em concorrência com a França católica.<ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain.|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press|ano=2002|local=Oxford|páginas=34-36|acessodata=}}</ref>


Especialmente entre os anos de 1643 e 1665, Filipe voltou-se para uma figura feminina bem estabelecida, a irmã [[Maria de Jesus de Ágreda|Maria de Ágreda,]] uma superiora de convento conhecida por seus escritos religiosos. <ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain.|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press.|ano=2002|local=Oxford|páginas=|acessodata=}}</ref>, Tornou-se, segundo relatos, uma conselheira real nos assuntos políticos <ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=ACÍN, Ana Morte.|primeiro=Ana Morte|data=jan-jun 2011|titulo=Sor María de Ágreda y la ordem franciscana em América.|url=|jornal=Antíteses|volume=4|numero=7|pagina=295|acessodata=14/11/2019}}</ref>Ela também manteve correspondência com outros membros da nobreza, elite e família real, como [[Isabel de Bourbon, Rainha da Espanha|Isabel de Borbón]], [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]], [[Maria Ana da Áustria|Mariana de Áustria]], [[João José de Áustria|João José.]] <ref name=":3" />  
Especialmente entre os anos de 1643 e 1665, Filipe voltou-se para uma figura feminina bem estabelecida, a irmã [[Maria de Jesus de Ágreda|Maria de Ágreda,]] uma superiora de convento conhecida por seus escritos religiosos.<ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain.|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press.|ano=2002|local=Oxford|acessodata=}}</ref> Tornou-se, segundo relatos, uma conselheira real nos assuntos políticos.<ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=ACÍN, Ana Morte.|primeiro=Ana Morte|data=janeiro–junho de 2011|titulo=Sor María de Ágreda y la ordem franciscana em América.|url=|jornal=Antíteses|volume=4|numero=7|pagina=295|acessodata=}}</ref> Ela também manteve correspondência com outros membros da nobreza, elite e família real, como [[Isabel de Bourbon, Rainha da Espanha|Isabel de Borbón]], [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]], [[Maria Ana da Áustria|Mariana de Áustria]], [[João José de Áustria|João José.]]<ref name=":3" />


A relação entre o rei e sua conselheira deu origem a mais de seiscentas cartas trocadas entre eles sendo um corpus documental de grande importância para a compreensão da política espanhola durante o século XVII <ref name=":4">{{citar livro|título=La Correspondencia entre Felipe IV y sor María de Ágreda: lectura e Interpretación a la luz de Empresas Políticas de Saavedra Fajardo.|ultimo=AZANZA|primeiro=José Javier|editora=Potesta|ano=2015|local=|páginas=196|acessodata=}}</ref>. As cartas contemplavam conteúdos importantes, como a exposição dos pensamentos do monarca sobre a política interna e externa do reino, e expunham uma reflexão das virtudes de um príncipe, e a concepção de governo de Estado, assim, como  as relações com seus ministros, conselheiros e mesmo com seus súditos. <ref name=":4" /> O monarca relatava o comportamento do reino frente às potências europeias nos tempos de paz e de guerra, bem como sua confiança na vontade divina, que sustentava a monarquia hispânica, conforme o providencialismo. Acredita-se que o monarca esteve envolvido em proteger Maria de Ágreda da investigação da [[Inquisição]] de 1650. <ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=n9lEAAAAcAAJ&pg=PA149&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Histoire généalogique et chronologique de la maison royale de France [Genealogical and chronological history of the royal house of France]|ultimo=DE GIBOURS|primeiro=Anselm|editora=La compagnie des libraires|ano=1726|local=Paris|páginas=149|acessodata=}}</ref>
A relação entre o rei e sua conselheira deu origem a mais de seiscentas cartas trocadas entre eles sendo um corpus documental de grande importância para a compreensão da política espanhola durante o século XVII.<ref name=":4">{{citar livro|título=La Correspondencia entre Felipe IV y sor María de Ágreda: lectura e Interpretación a la luz de Empresas Políticas de Saavedra Fajardo.|ultimo=AZANZA|primeiro=José Javier|editora=Potesta|ano=2015|local=|páginas=196|acessodata=}}</ref> As cartas contemplavam conteúdos importantes, como a exposição dos pensamentos do monarca sobre a política interna e externa do reino, e expunham uma reflexão das virtudes de um príncipe, e a concepção de governo de Estado, assim, como  as relações com seus ministros, conselheiros e mesmo com seus súditos.<ref name=":4" /> O monarca relatava o comportamento do reino frente às potências europeias nos tempos de paz e de guerra, bem como sua confiança na vontade divina, que sustentava a monarquia hispânica, conforme o providencialismo. Acredita-se que o monarca esteve envolvido em proteger Maria de Ágreda da investigação da [[Inquisição]] de 1650.<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=n9lEAAAAcAAJ&pg=PA149&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Histoire généalogique et chronologique de la maison royale de France [Genealogical and chronological history of the royal house of France]|ultimo=DE GIBOURS|primeiro=Anselm|editora=La compagnie des libraires|ano=1726|local=Paris|páginas=149|acessodata=}}</ref>
== Patrono das Artes ==
== Patrono das Artes ==
[[Ficheiro:Las Meninas 01.jpg|miniaturadaimagem|434x434px|"[[As Meninas (Velázquez)|As meninas]]" retrata figuras da corte espanhola no [[Real Alcázar de Madrid]] e, hoje, é considerada a peça mais importante do [[Museu do Prado]]. VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Las meninas'''. 1656-1657. Óleo sobre tela, 318 x 276 cm.                                          |alt=]]
[[Ficheiro:Las Meninas 01.jpg|miniaturadaimagem|315x315px|"[[As Meninas (Velázquez)|As meninas]]" retrata figuras da corte espanhola no [[Real Alcázar de Madrid]] e, hoje, é considerada a peça mais importante do [[Museu do Prado]]. VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Las meninas'''. 1656-1657. Óleo sobre tela, 318 x 276 cm.                                          |alt=]]
Filipe IV é lembrado pelo entusiasmo com o qual colecionou obras de arte <ref>Andrew Graham-Dixon. "The Mystical North". ''The Art of Spain''. Season 1. Episode 3. 14/02/2008</ref> e pelo seu amor ao teatro. <ref name=":1" /> No meio dramático, o monarca favoreceu dramaturgos ilustres, tendo sido creditado na composição de várias comédias. <ref name=":2">{{citar livro|título=he Challenges of Uncertainty: An Introduction to Seventeenth Century Spanish Literature.|ultimo=ROBBINS|primeiro=Jeremy|editora=Rowan and Littlefied|ano=1998|local=Lanham|páginas=27-28|acessodata=}}</ref>
Filipe IV é lembrado pelo entusiasmo com o qual colecionou obras de arte<ref>Andrew Graham-Dixon. "The Mystical North". ''The Art of Spain''. Season 1. Episode 3. 14/02/2008</ref> e pelo seu amor ao teatro.<ref name=":1" /> No meio dramático, o monarca favoreceu dramaturgos ilustres, tendo sido creditado na composição de várias comédias.<ref name=":2" />


Também tornou-se reconhecido pelo seu patrocínio a vários outros pintores de destaque, incluindo [[Diego Velázquez]], Eugenio Cajés, Vicente Carducho, Gonzales e Nardi. O monarca obteve pinturas de toda a Europa, especialmente da Itália, acumulando mais de 4.000 itens na época de sua morte, formando um conjunto incomparável que ficou conhecido como "mega-coleção'. <ref>{{citar livro|título=Spain in the Age of Exploration, 1492–1819.|ultimo=ISHIKAWA|primeiro=Chiyo|editora=University of Nebraska Press|ano=2004|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
Também tornou-se reconhecido pelo seu patrocínio a vários outros pintores de destaque, incluindo [[Diego Velázquez]], Eugenio Cajés, Vicente Carducho, Gonzales e Nardi. O monarca obteve pinturas de toda a Europa, especialmente da Itália, acumulando mais de 4 mil itens na época de sua morte, formando um conjunto incomparável que ficou conhecido como "mega-coleção'.<ref>{{citar livro|título=Spain in the Age of Exploration, 1492–1819.|ultimo=ISHIKAWA|primeiro=Chiyo|editora=University of Nebraska Press|ano=2004|local=|acessodata=}}</ref>


Filipe IV foi apelidado de "el Rey Planeta" <ref name=":2" /> por seus contemporâneos, e grande parte da arte e exibição em sua corte foram interpretadas como uma necessidade do rei de projetar seu poder e autoridade, tanto sobre os espanhóis quanto sobre os estrangeiros.<ref>{{citar livro|título=The Gods of Play: Baroque Festival Performances as Rhetorical Discourse|ultimo=AERCKE|primeiro=Kristiaan P|editora=State University of New York Press|ano=1994|local=Albany|páginas=140|acessodata=}}</ref> Algumas interpretações historiográficas antigas consideravam a corte de Filipe IV completamente decadente, mas a arte e o simbolismo do período certamente não refletiam a ameaça deste declínio do poder espanhol. <ref>{{citar livro|título=The Gods of Play: Baroque Festival Performances as Rhetorical Discourse|ultimo=AERCKE|primeiro=Kristiaan P.|editora=State University of New York Press|ano=1994|local=Albany|páginas=140|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Palacio_Buen_Retiro_Leonardo.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Palacio_Buen_Retiro_Leonardo.jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|421x421px|O [[Palácio do Bom Retiro]] numa pintura do século XVII.                                                       <small>LEONARDO, Jusepe. El Palacio del Buen Retiro. 1637. Óleo sobre tela.</small>                            ]]
Filipe IV foi apelidado de "O Rei Planeta"<ref name=":2" /> por seus contemporâneos, e grande parte da arte e exibição em sua corte foram interpretadas como uma necessidade do rei de projetar seu poder e autoridade, tanto sobre os espanhóis quanto sobre os estrangeiros.<ref>{{citar livro|título=The Gods of Play: Baroque Festival Performances as Rhetorical Discourse|ultimo=AERCKE|primeiro=Kristiaan P|editora=State University of New York Press|ano=1994|local=Albany|páginas=140|acessodata=}}</ref> Algumas interpretações historiográficas antigas consideravam a corte de Filipe IV completamente decadente, mas a arte e o simbolismo do período certamente não refletiam a ameaça deste declínio do poder espanhol.<ref>{{citar livro|título=The Gods of Play: Baroque Festival Performances as Rhetorical Discourse|ultimo=AERCKE|primeiro=Kristiaan P.|editora=State University of New York Press|ano=1994|local=Albany|páginas=140|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Palacio_Buen_Retiro_Leonardo.jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|265x265px|O [[Palácio do Bom Retiro]] numa pintura do século XVII.<small>LEONARDO, Jusepe. El Palacio del Buen Retiro. 1637. Óleo sobre tela.</small>                            ]]
O monarca também investiu em um novo palácio como segunda residência e local de lazer, que foi nomeado como [[Palácio do Bom Retiro|Bom Retiro]]. Por intermédio de Olivares, as construções foram iniciadas em 1630 em Madri, segundo o projeto do arquiteto Alonso Carbonell. O espaço, concluído em 1640, incluía seu próprio teatro, salão de baile, galerias, praça de touros, jardins e lagos artificiais <ref name=":2" /> e tornou-se o centro de artistas e dramaturgos de toda a Europa. Foi construído durante um período difícil do reinado de Filipe IV, pois dado o custo da construção, em um período de severas economias em tempo de guerra, houveram diversos protestos que representavam a população descontente. Apesar disso, um palácio de tão grande magnitude e beleza é considerado uma parte importante da tentativa de comunicar grandeza e autoridade reais. <ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain.|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press.|ano=2002|local=Oxford|páginas=26|acessodata=}}</ref>
O monarca também investiu em um novo palácio como segunda residência e local de lazer, que foi nomeado como [[Palácio do Bom Retiro|Bom Retiro]]. Por intermédio de Olivares, as construções foram iniciadas em 1630 em Madri, segundo o projeto do arquiteto Alonso Carbonell. O espaço, concluído em 1640, incluía seu próprio teatro, salão de baile, galerias, praça de touros, jardins e lagos artificiais<ref name=":2" /> e tornou-se o centro de artistas e dramaturgos de toda a Europa. Foi construído durante um período difícil do reinado de Filipe IV, pois dado o custo da construção, em um período de severas economias em tempo de guerra, houve diversos protestos que representavam a população descontente. Apesar disso, um palácio de tão grande magnitude e beleza é considerado uma parte importante da tentativa de comunicar grandeza e autoridade reais.<ref>{{citar livro|título=Between Exaltation and Infamy: Female Mystics in the Golden Age of Spain.|ultimo=HALICZER|primeiro=Stephen|editora=Oxford University Press.|ano=2002|local=Oxford|páginas=26|acessodata=}}</ref>


=== Velázquez e os retratos do Rei ===
=== Velázquez e os retratos do Rei ===
[[Ficheiro:Felipe IV de negro.jpg|miniaturadaimagem|423x423px|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Filipe IV de terno preto'''. 1656. Óleo sobre tela, 196 c 101,5 cm.                                      |alt=]]
[[Ficheiro:Felipe IV de negro.jpg|miniaturadaimagem|423x423px|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Filipe IV de terno preto'''. 1656. Óleo sobre tela, 196 c 101,5 cm.                                      |alt=]]
O [[Século de Ouro Espanhol|século de Ouro]] espanhol foi assim chamado em função do destaque que as Artes tiveram neste período, em contrapartida com os embates políticos que o reino espanhol enfrentava.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|páginas=p.80|acessodata=}}</ref> Um dos motivos pelo qual Filipe foi retratado foi para ser eternizado na memória e localizado no tempo.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=p.27|páginas=p.27|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Felipe IV con armadura (Velázquez).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|252x252px|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Retrato de Filipe IV de armadura.''' 1626-1628. Óleo sobre tela, 57 x 44 cm.  |alt=]]
O [[Século de Ouro Espanhol]] foi assim chamado em função do destaque que as Artes tiveram neste período, em contrapartida com os embates políticos que o reino espanhol enfrentava.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|páginas=p.80|acessodata=}}</ref> Um dos motivos pelo qual Filipe foi retratado foi para ser eternizado na memória e localizado no tempo.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=p.27|total-páginas=p.27|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Felipe IV con armadura (Velázquez).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|252x252px|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Retrato de Filipe IV de armadura.''' 1626-1628. Óleo sobre tela, 57 x 44 cm.  |alt=]]
 
Um importante artista do período foi [[Diego Velázquez]], admitido como pintor oficial da corte através de um concurso realizado em [[1624]]. Destacou-se na elaboração de retratos de Filipe IV ao longo de seu reinado, além de pinturas da família real, bobos da corte, oficiais, etc..<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=50|acessodata=}}</ref>


Um importante artista do período foi [[Diego Velázquez]], admitido como pintor oficial da corte através de um concurso realizado em [[1624]]. Destacou-se na elaboração de retratos de Filipe IV ao longo de seu reinado, além de pinturas da família real, bobos da corte, oficiais, etc.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=50|páginas=|acessodata=}}</ref>
Muitos dos retratos de Filipe IV foram pintados por [[Diego Velázquez]] durante o período da [[Guerra dos Trinta Anos]] e tinham como objetivo exaltar o poder do rei. Essas pinturas eram expostas em locais onde muitas pessoas pudessem vê-las, pois a imagem do rei era importante para os súditos.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=60-61|acessodata=}}</ref>


Muitos dos retratos de Filipe IV foram pintados por [[Diego Velázquez|Velázquez]] durante o período da [[Guerra dos Trinta Anos|Guerra dos 30 Anos]] e tinham como objetivo exaltar o poder do rei. Essas pinturas eram expostas em locais onde muitas pessoas pudessem vê-las, pois a imagem do rei era importante para os súditos.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=60-61|páginas=|acessodata=}}</ref>
A etiqueta e as roupas utilizadas pelo Rei eram de grande importância para a [[Sociedade de Ordens|sociedade de corte]] do [[século XVII]], pois sua imagem possuía um caráter divino e influenciava na forma como o povo o via. A imagem passada pelos retratos de [[Diego Velázquez|Velázquez]] podem ser consideradas uma estratégia de manutenção do poder.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=65|acessodata=}}</ref>


A etiqueta e as roupas utilizadas pelo Rei eram de grande importância para a [[Sociedade de Ordens|sociedade de corte]] do [[século XVII]], pois sua imagem possuía um caráter divino e influenciava na forma como o povo o via. A imagem passada pelos retratos de [[Diego Velázquez|Velázquez]] podem ser consideradas uma estratégia de manutenção do poder.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=65|páginas=|acessodata=}}</ref>
Analisar a seqüência cronológica de alguns retratos permite refletir sobre a noção de tempo na sociedade espanhola do [[século XVII]].<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=27|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Felipe IV de España por Velázquez (National Gallery).jpg|miniaturadaimagem|229x229px|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Filipe IV de Espanha.''' 1656. Óleo sobre tela, 64,1 x 53,7 cm.|alt=|esquerda]]Um dos primeiros retratos feitos por [[Diego Velázquez|Velázquez]] mostram Filipe de forma imponente, mas não relaciona a imagem do rei à guerra. Apesar de ainda ser jovem e aparentemente discreto, colocá-lo em um ambiente que remete ao conhecimento gerava a ideia de experiência do monarca, pois antes de tudo o rei devia saber governar.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=85|acessodata=}}</ref>


Analisar a seqüência cronológica de alguns retratos permite refletir sobre a noção de tempo na sociedade espanhola do [[século XVII]].<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=27|páginas=|acessodata=}}</ref>[[Ficheiro:Felipe IV de España por Velázquez (National Gallery).jpg|miniaturadaimagem|229x229px|VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. '''Filipe IV de Espanha.''' 1656. Óleo sobre tela, 64,1 x 53,7 cm.|alt=|esquerda]]Um dos primeiros retratos feitos por [[Diego Velázquez|Velázquez]] mostram Filipe de forma imponente, mas não relaciona a imagem do rei à guerra. Apesar de ainda ser jovem e aparentemente discreto, colocá-lo em um ambiente que remete ao conhecimento gerava a ideia de experiência do monarca, pois antes de tudo o rei devia saber governar.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=85|páginas=|acessodata=}}</ref>
Posteriormente, nota-se a presença de retratos do rei em roupas de guerra, que demonstram um caráter mais ativo de Filipe IV. Em plena [[Guerra dos Trinta Anos]], retratar o monarca de forma imponente servia para disseminar a ideia de que seu reinado ainda era forte, incentivando os demais “espanhóis” e mascarando a crise pela qual a monarquia passava.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=66|acessodata=}}</ref>


Posteriormente, nota-se a presença de retratos do rei em roupas de guerra, que demonstram um caráter mais ativo de Filipe IV. Em meio a [[Guerra dos Trinta Anos|Guerra dos 30 Anos]], retratar o monarca de forma imponente servia para disseminar a ideia de que seu reinado ainda era forte, incentivando os demais “espanhóis” e mascarando a crise pela qual a monarquia passava<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=66|páginas=|acessodata=}}</ref>
Nos retratos posteriores, onde o rei já demonstra uma idade mais avançada é possível perceber uma mudança nas feições do rosto, parecendo mais melancólicas, calvo e cansado, até mesmo as cores se tornam mais apagadas e menos vivazes.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=93-94|acessodata=}}</ref>


Nos retratos posteriores, onde o rei já demonstra uma idade mais avançada é possível perceber uma mudança nas feições do rosto, parecendo mais melancólicas, calvo e cansado, até mesmo as cores se tornam mais apagadas e menos vivazes.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=93-94|páginas=|acessodata=}}</ref>
Há hipóteses que relacionam sua face cansada as derrotas militares para a França e o fato de que ofereceria sua filha em casamento a um francês, que apesar de seu sobrinho ainda era um rival. Maria Teresa, uma vez casada, dificilmente voltaria a ver o pai. O semblante melancólico do rei pode refletir tanto derrotas políticas e a crise econômica, quanto a apreensão a respeito deste problema “familiar” da perda da filha.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=102|acessodata=}}</ref>
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Há hipóteses que relacionam sua face cansada as derrotas militares para a França e o fato de que ofereceria sua filha em casamento a um francês, que apesar de seu sobrinho ainda era um rival. Maria Teresa, uma vez casada, dificilmente voltaria a ver o pai. O semblante melancólico do rei pode refletir tanto derrotas políticas e a crise econômica, quanto a apreensão a respeito deste problema “familiar” da perda da filha.<ref>{{citar livro|título=Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII|ultimo=SILVA|primeiro=Susana Aparecida da|editora=Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina|ano=2011|local=Londrina|página=102|páginas=|acessodata=}}</ref>
== Ancestrais ==
== Ancestrais ==
Os [[Casamento real|casamentos reais]] são considerados importantes estratégias políticas por propiciar, por exemplo, a união de coroas, tréguas de paz e alianças comerciais. Por essa razão, é importante conhecermos a ancestralidade de um monarca, assim como seus casamentos e sua descendência devido a possíveis dinâmicas estabelecidas pelos acordos matrimoniais.  
Os [[Casamento real|casamentos reais]] são considerados importantes estratégias políticas por propiciar, por exemplo, a união de coroas, tréguas de paz e alianças comerciais. Por essa razão, é importante conhecermos a ancestralidade de um monarca, assim como seus casamentos e sua descendência devido a possíveis dinâmicas estabelecidas pelos acordos matrimoniais.
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{{ahnentafel top|width=100%|Ancestrais de Filipe IV da Espanha & III de Portugal<ref>{{citar web|url=http://www.antoniourdiales.es/urdiales/reyes/2.htm|título=Antepasados de Felipe IV de España (El grande o El planeta)|acessodata=2 de fevereiro de 2020 }}</ref> }}
|+
<center>{{ahnentafel-compact5
| rowspan="8" |'''Filipe IV da Espanha'''
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| rowspan="4" |'''Pai:'''
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[[Filipe III de Espanha|Filipe III da Espanha]]
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| rowspan="2" |'''Avô paterno:'''
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[[Filipe II de Espanha|Filipe II da Espanha]]
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|'''Bisavô paterno:'''
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[[Carlos V do Sacro Império Romano Germânico|Carlos V de Habsburgo]]
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|-
|boxstyle_5=background-color: #9fe;
|'''Bisavó paterna:'''
|1= '''{{nowrap|Filipe IV da Espanha & III de Portugal}}'''
Isabella de Portugal
|2= [[Filipe III de Espanha|Filipe III da Espanha & II de Portugal]]
|-
|3= [[Margarida de Áustria, Rainha de Portugal e Espanha|Margarida da Áustria]]
| rowspan="2" |'''Avó paterna:'''
|4= [[Filipe II de Espanha|Filipe II da Espanha & I de Portugal]]
Ana da Áustria
|5= [[Ana de Áustria, Rainha de Espanha e Portugal|Ana da Áustria]]
|'''Bisavô paterno:'''
|6= [[Carlos II de Áustria|Carlos II, Arquiduque da Áustria]]
[[Maximiliano II do Sacro Império Romano-Germânico|Maximiliano II de Habsburgo]]
|7= [[Maria Ana de Baviera (1551-1608)|Maria Ana da Baviera]]
|-
|8= [[Carlos I de Espanha|Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico & I da Espanha]]
|'''Bisavó paterna:'''
|9= [[Isabel de Portugal, imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico|Isabel de Portugal]]
[[Maria da Espanha]]
|10= [[Maximiliano II do Sacro Império Romano-Germânico]]
|-
|11= [[Maria de Espanha, imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico|Maria da Áustria]]
| rowspan="4" |'''Mãe:'''
|12= [[Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico]]
[[Margarida da Áustria, Rainha da Espanha|Margarida da Áustria-Estíria]]
|13= [[Ana Jagelão]]
| rowspan="2" |'''Avô materno:'''
|14= Alberto V, Duque da Baviera
[[Carlos II de Áustria|Carlos II da Áustria]]
|15= [[Ana de Habsburgo-Jagelão|Ana da Áustria]]
|'''Avô materno:'''
|16= [[Filipe I de Castela]]
[[Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico|Fernando I de Habsburgo]]
|17= [[Joana de Castela]]
|-
|18= [[Manuel I de Portugal]]
|'''Bisavó materna:'''
|19= [[Maria de Aragão e Castela, Rainha de Portugal|Maria de Aragão e Castela]]
Anna Jagellone
|20= [[Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico]]
|-
|21= [[Ana Jagelão]]
| rowspan="2" |'''Avó materna:'''
|22= [[Carlos I de Espanha|Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico & I da Espanha]]
[[Maria Ana da Baviera (1551–1608)|Maria Anna da Baviera]]
|23= [[Isabel de Portugal, imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico|Isabel de Portugal]]
|'''Avô materno:'''
|24= [[Filipe I de Castela]]
[[Alberto V da Baviera|Albert V da Baviera]]
|25= [[Joana de Castela]]
|-
|26= [[Ladislau II da Hungria]]
|'''Bisavó materna:'''
|27= [[Ana de Foix-Candale]]
[[Ana da Áustria, Rainha da França|Ana da Áustria]]
|28= [[Guilherme IV da Baviera|Guilherme IV, Duque da Baviera]]
|}
|29= Maria de Baden-Sponheim
|30= [[Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico]]
|31= [[Ana Jagelão]]
}}</center>
{{ahnentafel bottom}}


== Casamentos e descendência ==
== Casamentos e Descendência ==
Casou em [[Burgos]], em [[18 de outubro]] de [[1615]], com [[Isabel de Bourbon, Rainha de Portugal e Espanha|Isabel de Bourbon, filha da França]], irmã de [[Luís XIII de França|Luís XIII]] e filha de [[Henrique de Navarra]] e [[Maria de Médicis]]. Tiveram seis filhas e dois filhos:
Casou pela primeira vez em [[Burgos]], em [[18 de outubro]] de [[1615]], com [[Isabel de Bourbon, Rainha da Espanha|Isabel da França]], irmã de [[Luís XIII de França|Luís XIII]] e filha de [[Henrique de Navarra]] e [[Maria de Médici]]. Tiveram seis filhas e dois filhos:


# Maria Margarida de Áustria (14 de Agosto de 1621 - 15 de Agosto de 1621)
# Maria Margarida de Áustria ([[14 de agosto]] de [[1621]] - [[15 de agosto]] de [[1621]])
# Margarida Maria Catarina de Áustria (25 de Novembro de 1623 - 22 de Dezembro de 1623)
# Margarida Maria Catarina de Áustria ([[25 de novembro]] de [[1623]] - [[22 de dezembro]] de [[1623]])
# Maria Eugênia de Áustria (21 de Novembro de 1625 - 21 de Julho de 1627)
# Maria Eugênia de Áustria ([[21 de novembro]] de [[1625]] - [[21 de julho]] de [[1627]])
# Isabel Maria Teresa de Áustria (31 de Outubro de 1627 - 1 de Novembro de 1627)
# Isabel Maria Teresa de Áustria ([[31 de outubro]] de [[1627]] - [[1 de novembro]] de [[1627]])
#[[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos de Áustria, Príncipe das Astúrias]] (17 de Outubro de 1629 - 9 de Março de 1646)
#[[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos de Áustria, Príncipe das Astúrias]] ([[17 de outubro]] de [[1629]] - [[9 de março]] de [[1646]]), morreu solteiro e sem descendência;
# Francisco Fernando de Áustria (12 de Março de 1634 - 12 de Março de 1634)
# Francisco Fernando de Áustria ([[12 de março]] de [[1634]])
# Maria Ana Antônia de Áustria (17 de Janeiro de 1636 - 5 de Dezembro de 1636)
# Maria Ana Antônia de Áustria ([[17 de janeiro]] de [[1636]] - [[5 de dezembro]] de [[1636]])
#[[Maria Teresa de Áustria (1638–1683)|Maria Teresa de Áustria]] (20 de Setembro de 1638 - 30 de Julho de 1683), casada com [[Luís XIV de França|Luís XIV]], rei de [[França]]
#[[Maria Teresa da Espanha|Maria Teresa de Áustria]] ([[20 de setembro]] de [[1638]] - [[30 de julho]] de [[1683]]), casou com [[Luís XIV de França]], com descendência.


<br />Casou-se pela segunda vez, em [[Navalcarnero]] no outono de [[1649]], com sua sobrinha [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Maria Ana da Áustria]], filha do Imperador do Sacro Império [[Fernando III do Sacro Império Romano-Germânico|Fernando III]] e da Infanta [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Maria Ana de Áustria]], sua irmã. Tinha sido noiva de seu filho o infante [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]]. Tiveram cinco filhos dos quais três homens:
Casou-se pela segunda vez, em [[Navalcarnero]] no outono de [[1649]], com sua sobrinha [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Maria Ana da Áustria]], filha do Imperador do Sacro Império [[Fernando III do Sacro Império Romano-Germânico|Fernando III]] e da Infanta [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Maria Ana de Áustria]], sua irmã. Tinha sido noiva de seu filho o infante [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]]. Tiveram cinco filhos dos quais três homens:


#[[Margarida Teresa de Habsburgo|Margarida Teresa de Áustria]] (12 de julho de 1651 - 12 de março de 1673)
#[[Margarida Teresa de Áustria]] ([[12 de julho]] de [[1651]] - [[12 de março]] de [[1673]]), casou-se com seu tio [[Leopoldo I do Sacro Império Romano-Germânico]], com descendência;
# Maria Ambrósia da Conceição de Áustria (7 de dezembro de 1655 - 21 de dezembro de 1655)
# Maria Ambrósia da Conceição de Áustria ([[7 de dezembro]] de [[1655]] - [[21 de dezembro]] de [[1655]])
#[[Filipe Próspero, Príncipe das Astúrias|Filipe Próspero de Áustria, Príncipe das Astúrias]] (28 de novembro de 1657 - 1 de novembro de 1661)
#[[Filipe Próspero, Príncipe das Astúrias|Filipe Próspero de Áustria, Príncipe das Astúrias]] ([[28 de novembro]] de [[1657]] - [[1 de novembro]] de [[1661]])
# Tomás de Áustria (23 de dezembro de 1658 - 22 de outubro de 1659)
# Fernando Tomás Carlos de Áustria ([[23 de dezembro]] de [[1658]] - [[22 de outubro]] de [[1659]])
#[[Carlos II de Espanha]] (6 de novembro de 1661 - 1 de novembro de 1700)
#[[Carlos II de Espanha]] ([[6 de novembro]] de [[1661]] - [[1 de novembro]] de [[1700]]), sucedeu seu pai como [[Espanha|rei da Espanha]]. Casou-se pela primeira vez com [[Maria Luísa de Orleães, rainha de Espanha|Maria Luísa de Orleães]], sem descendência. Casou-se pela segunda vez com [[Maria Ana de Neuburgo]], sem descendência.


 
=== Filhos Ilegítimos ===
Filhos bastardos:
# Fernando Francisco Isidro de Áustria ([[15 de maio]] de [[1626]] - [[1634]]), com a jovem filha do Conde de Chirel, que o rei enviara à Itália.
 
# Ana Margarida de São José, encerrada em convento agostiniano, [[Convento da Encarnação (Lisboa)|o mosteiro da Encarnação]], do qual foi superiora e onde morreu aos 22 anos.
# Fernando Francisco Isidro de Áustria (1621-1629) com a jovem filha do Conde de Chirel, que o rei enviara à Itália.
# [[João José de Áustria]] ([[7 de abril]] de [[1629]] - [[17 de setembro]] de [[1679]]), morreu solteiro e sem descendência legítima;
# D. Ana Margarida de São José, encerrada em convento agostiniano, [[Convento da Encarnação (Lisboa)|o mosteiro da Encarnação]], do qual foi superiora e onde morreu aos 22 anos.
# Alonso Henríquez de Santo Tomás ([[9 de junho]] de [[1631]] - [[30 de julho]] de [[1692]]), dominicano que chegou a Bispo de Malaga e [[Inquisidor-geral|Inquisidor Geral]] da Espanha;
# D. [[João José de Áustria]].
# Carlos Fernando de Áustria e Manrique ([[1639]] - [[31 de março]] de [[1696]]), governador da [[Navarra]];
# Alonso Antonio de San Martin, Bispo de Oviedo, filho de uma dama da rainha, Tomasa Aldama.
# João Cosío ([[1640]] - [[1701]]), religioso agostiniano;
# Juan Cosío, religioso agostiniano;
# Alonso Antônio de São Martin ([[1642]] - [[5 de julho]] de [[1705]]), Bispo de Oviedo, filho de uma dama da rainha, Tomasa Aldama.
# Margarida de São José, (morta em 1682), descalça carmelita, superiora do Real Mosteiro da Encarnação .
# Margarida de São José, (morta em [[1682]]), descalça carmelita, superiora do Real Mosteiro da Encarnação.
# D. Alfonso Henriques de Santo Tomás (1633-30 de julho de 1692) dominicano que chegou a Bispo de Malaga e [[Inquisidor-geral|Inquisidor Geral]] da Espanha;
# Fernando Gonzalez Baldez (morto em [[6 de fevereiro]] de [[1702]]), Governador de Novara, General de Artilharia do Estado de Milão.
# D. Hernando Gonzalez Baldez (morto em 6 de fevereiro de 1702) Governador de Novara, General de Artilharia do Estado de Milão.
# João do Sacramento, [[pregador]] da [[Ordem de Santo Agostinho]].
# Juan del Sacramento, [[pregador]] da [[Ordem de Santo Agostinho]].
# Ana Maria, também filha da atriz Maria Calderón.
# D. Carlos Fernando Valdés ou de Áustria, governador da [[Navarra]].
# D. Ana Maria, também filha da atriz Maria Calderón.


== Cronologia ==
== Cronologia ==
Eventos importantes durante o reinado de Filipe IV <ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: Siglo XVII.|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|páginas=397-398|acessodata=}}</ref>
Eventos importantes durante o reinado de Filipe IVː<ref>{{citar livro|título=Historia de España en sus documentos: Siglo XVII.|ultimo=PLAJA|primeiro=Fernando Diaz|editora=Cátedra|ano=1987|local=Madrid|páginas=397-398|acessodata=}}</ref>


'''1621'''. Morte de [[Filipe III de Espanha|Filipe III]]  e iniciou das reformas administrativas em Março. 
* '''1621''' - Morte de [[Filipe III de Espanha|Filipe III]]  e iniciou das reformas administrativas em Março. Fim da trégua com a Holanda em Agosto;  
 
* '''1622''' - As reformas continuaram. Vitória de Wimpfen em Maio e Fleurs em Agosto;
Fim da trégua com a Holanda em Agosto.    
* '''1624''' - Olivares propõe a unificação política da Espanha;
 
* '''1625''' - [[Invasões holandesas no Brasil|Os holandeses tomam a Bahia]];
'''1622.''' As reformas continuaram. 
* '''1635''' - Declaração de guerra do rei da França em Junho;
 
* '''1639''' - Os franceses invadem a Catalunha em Junho;
Vitória de Wimpfen em Maio e Fleurs em Agosto.
* '''1640''' - Rebelião da Catalunha em Junho. Rebelião de Portugal em Dezembro. Aliança do rei da França com os catalães em Dezembro;
 
* '''1641''' - Conjuração separatista na [[Andaluzia]];
'''1624.''' Olivares propõe a unificação política da Espanha.
* '''1643.''' - Queda do Conde Olivares em Janeiro;
 
* '''1647''' - Rebelião em [[Nápoles]] em Julho. Nápoles pede ajuda ao rei da França em Outubro;
'''1625.''' [[Invasões holandesas no Brasil|Os holandeses tomam a Bahia.]]  
* '''1648''' - [[Paz de Münster|Paz com a Holanda/Munster]] em Janeiro;
 
* '''1657''' - Grã-Bretanha e França se unem contra a Espanha em Maio;
'''1635.''' Declaração de guerra do rei da França em Junho.   
* '''1659''' - [[Tratado dos Pirenéus|Paz dos Pirenéus]] em Novembro;
 
* '''1660''' - Casamento de [[Luís XIV de França|Luís XIV]] e [[Maria Teresa da Espanha]];
'''1639.''' Os franceses invadem a Catalunha em Junho
* '''1665''' - Morte de Filipe IV em Setembro.
 
'''1640.''' Rebelião da Catalunha em Junho.  
 
Rebelião de Portugal em Dezembro.  
 
Aliança do rei da França com os catalães em Dezembro.
 
'''1641'''. Conjuração separatista na [[Andaluzia]].
 
'''1643.''' Queda do Conde Olivares em Janeiro.
 
'''1647'''. Rebelião em [[Nápoles]] em Julho.
 
Nápoles pede ajuda ao rei da França em Outubro.  
 
'''1648'''. [[Paz de Münster|Paz com a Holanda/Munster]] em Janeiro.
 
'''1657.''' Grã-Bretanha e França se unem contra a Espanha em Maio.
 
'''1659'''. [[Tratado dos Pirenéus|Paz dos Pirinéus]] em Novembro
 
'''1660.''' Casamento de [[Luís XIV de França|Luís XIV]] e [[Maria Teresa da Áustria]].
 
'''1665.''' Morte de Filipe IV em Setembro.


== Filmografia ==
== Filmografia ==
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!Ano
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!'''Serie'''
!'''Série'''
!'''Canal'''
!'''Canal'''
!Ator
!Ator
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|Espanha
|Espanha
|}
|}
== Ver também ==
* [[Dinastia filipina]]
* [[Guerra da Restauração]]
* [[Guerra dos Trinta Anos|Guerra dos 30 anos]]
* [[Gaspar de Guzmán, Conde-Duque de Olivares|Conde Olivares]]
* [[Árvore genealógica dos reis de Portugal]]


{{Referências}}
{{Referências}}
<references />


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
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|HUME, Martin  (1907). ''Court of Philip IV: Spain in Decline''. New York: G. P. Putnam's  Sons
|HUME, Martin  (1907). ''Court of Philip IV: Spain in Decline''. New York: G. P. Putnam's  Sons
|-
|-
|ISHIKAWA, Chiyo (2004). ''Espanha  na Era da Exploração, 1492-1819''. Nebraska: University of Nebraska Press.  
|ISHIKAWA, Chiyo (2004). ''Espanha  na Era da Exploração, 1492-1819''. Nebraska: University of Nebraska Press.
|-
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|KAMEN, Henry  (2000). ''Vicissitudes of a World Power, 1500–1700, in: Raymond Carr  (ed.). Spain: A History''. Oxford: Oxford  University Press
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|MACKAY, Ruth (1999). ''Os limites  da autoridade real: resistência e autoridade em Castela do século XVII''.  Cambrige: Cambridge University Press.  
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|ORTIZ, SOLANO, PESET, Antonio Domínguez;  Francisco; José Luís Mariano (1981). ''Historia de España: Esplendor y  decadencia (Siglo XVII) 7''. [S.l.]: História
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|PLAJA, Fernando Diaz  (1987). ''Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII''. Madrid:  Cátedra.
|PLAJA, Fernando Diaz  (1987). ''Historia de España en sus documentos: SIGLO XVII''. Madrid:  Cátedra.
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|RICUPERO, Rodrigo (2016). ''O  Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org.). O  BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações''. São Paulo:  Humanitas.  
|RICUPERO, Rodrigo (2016). ''O  Brasil e Felipe IV: uma aproximação. In: MEGIANI, Ana Paula Torres (Org.). O  BRASIL NA MONARQUIA HISPÂNICA (1580-1668): Novas interpretações''. São Paulo:  Humanitas.
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|SARAIVAL, Daniel M. P. ''As  janelas da realidade: a função política das relações de sucessos na Guerra da  Restauração de Portugal (1640-1668)''. Sorbonne: Université Paris IV.  
|SARAIVAL, Daniel M. P. ''As  janelas da realidade: a função política das relações de sucessos na Guerra da  Restauração de Portugal (1640-1668)''. Sorbonne: Université Paris IV.
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|SCHUMACHER, Ib  Mark (2015)''. «Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica». Revista d-històrie moderna,  Barcelona, v. 35. Consultado em 29 out. 2019''
|SCHUMACHER, Ib  Mark (2015)''. «Felipe IV, su reputación y la política de la Monarquía Hispánica». Revista d-històrie moderna,  Barcelona, v. 35. Consultado em 29 out. 2019''
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|SILVA, Susana Aparecida da  (2011). ''Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a idéia de tempo na sociedade espanhola do século XVII''. Londrina: Dissertação  (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina.
|SILVA, Susana Aparecida da  (2011). ''Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII''. Londrina: Dissertação  (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina.
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== Ver também ==
== Ligações externas ==
 
* [https://ensina.rtp.pt/artigo/filipe-iii-de-portugal-o-ultimo-dos-filipes/ Filipe III de Portugal, o último dos filipes, Portugal e os portugueses, entrevista com António Ferronha (Excerto de Entrevista), RDP Internacional, 1998]
* [[Guerra da Restauração]]
* [[Guerra dos Trinta Anos|Guerra dos 30 anos]]
* [[Diego Velázquez]]
* [[Gaspar de Guzmán, Conde-Duque de Olivares|Conde Olivares]]
* [[Árvore genealógica dos reis de Portugal]]


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Edição atual tal como às 07h53min de 9 de maio de 2022

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Filipe IV (em castelhano: Felipe IV; Valladolid, 8 de abril de 1605Madrid, 17 de setembro de 1665), também chamado “O Grande” e “O Rei Planeta” por seus apoiantes,[1] e "O Opressor" por seus detractores[2] foi rei da Espanha, Portugal e Holanda espanhola (esses dois últimos sob o título de Filipe III). Subiu ao trono em 1621[3] e reinou na Espanha até 1665, ano de sua morte. É lembrado pelo seu grande patrocínio às artes e pelo seu domínio sobre a Espanha durante a Guerra dos Trinta Anos.

Apesar de o Império Espanhol ter alcançado aproximadamente 12,2 milhões de quilômetros quadrados de área na época de seu falecimento, o reino estava em declínio em outros aspetos, reflexo das inúmeras reformas fracassadas das políticas Filipinas.

Vida

VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Felipe IV, cazador. 1632-1634. Óleo sobre tela, 189 x 124 cm.

Filipe IV nasceu no Palácio Real de Valladolid em 8 de abril de 1605 como o filho mais velho de Filipe III e sua esposa, Margarida da Áustria. Aos 10 anos, casou-se com Elisabeth da França, de 13 anos, e teve sete filhos com ela. Entretanto, o único homem, Baltasar Carlos, morreu aos 16 anos, em 1646.

Após a morte de sua primeira esposa, casou-se novamente com Marianna da Áustria, a fim de fortalecer as relações com os Habsburgo, na Áustria.[4] Em seu segundo casamento, teve cinco filhos, porém apenas dois deles - Margarita Teresa e o futuro Carlos II da Espanha - atingiram a idade adulta.

Apesar de ter sido retratado durante muito tempo pela História como um monarca fraco, que dominava uma corte barroca debochada e delegava excessivas atribuições a seus ministros,[5] os historiadores, a partir do século XX, passaram a considerá-lo mais enérgico - tanto física quanto mentalmente - do que seu pai.[6] Filipe IV era um bom cavaleiro, um caçador afiado e um devoto das touradas.[7] Em particular, parecia ter uma personalidade mais leve. Quando era mais jovem, dizia-se que ele possuía um senso de humor agudo e um "grande senso de diversão".[8] Ele frequentou academias particulares em Madri durante todo o seu reinado - eram salões literários alegres que tinham por objetivo analisar literatura e poesia contemporâneas com um toque humorístico.[9] Apaixonado por teatro, às vezes era criticado pelos contemporâneos por seu amor a esses entretenimentos "frívolos".[10]

Outros contemporâneos capturaram sua personalidade privada como "naturalmente gentil e afável".[11] Aqueles próximos a ele alegaram que era academicamente competente, com uma boa noção de latim e geografia, além de saber falar bem francês, português e italiano.[12] Como muitos na sua época, Felipe IV tinha um grande interesse em astrologia.[13] Sua tradução manuscrita dos textos de Francesco Guicciardini sobre história política ainda existe.

O monarca teve inúmeras amantes, principalmente atrizes.[14] A mais famosa delas foi María Inés Calderón (La Calderona),[15] com quem teve um filho em 1629, João José, criado como príncipe real.[16] No final do reinado e com a saúde de Carlos José em dúvida, havia uma possibilidade real de que seu filho bastardo visse a reivindicar o trono, o que contribuiu para a instabilidade dos anos da regência.

Política Interna

Ver também: Crise espanhola de 1640

VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Retrato equestre do conde-duque de Olivares. 1636. Óleo sobre tela, 313 x 239 cm.
CRUZ, Juan Pantoja da. Felipe III de Espanha. 1603. Óleo sobre tela, 65 x 47 cm

Filipe IV assumiu o trono espanhol aos 16 anos, após o falecimento de seu pai, Filipe III, em 1621. Inicialmente, seu reinado foi celebrado[3] devido à troca de monarcas, uma vez que seu pai havia sido reconhecido por permitir que Francisco de Sandoval, o futuro duque de Lerna, exercesse grande influência sobre o reino por conta da amizade existente entre eles, sendo considerado um favorito do rei.[17] 

Essa forma de governar utilizada por Filipe III tornou-o cada vez mais impopular, uma vez que ia contra a crença popular de que um rei não deveria governar através de outros[18] e acarretou no governo espanhol beneficiando inúmeros nobres, servos e familiares de Lerna em detrimento das outras regiões o que indica um certo favoritismo por parte do monarca. Estes tinham enorme prestígio dentro da Corte como conselheiros, o que tornava o rei propenso a fazer política conforme os interesses daqueles que o influenciavam.[19]

Além disso, o governo de Filipe III foi marcado pela corrupção e enriquecimento do duque de Lerna e aqueles que lhe eram próximos e o reino enfrentava uma série de problemas econômicos, já que uma colheita ruim, a fome e a peste bubônica chegaram a matar 10% da população.[20]

O governo de Filipe IV, por sua vez, iniciou uma reforma administrativa ao remover os últimos membros da família Lerna Sandoval, reestruturar o Conselho da Fazenda e reduzir o conselho do rei em apenas quatro conselheiros.[21]

Segundo o conde Olivares, primeiro ministro de Filipe IV, embora fosse interessante que o monarca fosse amado por seus vassalos, ele não devia conceder benefícios a eles de modo a desfalcar o Tesouro Real, já que o reino se encontrava em situação financeira delicada por conta de governos anteriores. Além disso, o rei deveria ater-se a conquistar reinos estrangeiros.[22] De acordo com suas palavras, o monarca era o principal apoiador e defensor da Igreja Católica em toda a Europa.[23]

Pouco tempo depois de assumir o trono, as primeiras reformas socioeconômicas de Filipe IV foram postas em prática. Leis contra o luxo foram criadas e a justiça passou a ser regulada.[24] Como o Tesouro espanhol encontrava-se bastante reduzido, em razão da expulsão dos mouros, o conde Olivares passou a buscar novas formas de diminuir custos de modo a promover uma economia de gastos no reino. Sendo assim, Olivares propôs a realização de um inventário dos bens pertencentes à Coroa para que fosse possível conseguir recursos com a disposição deles.[25]

Em 1625, o conde Olivares propôs ao rei a unificação total da Espanha, de modo a aumentar de forma exponencial seu poder econômico e político. Tal manobra tinha a intenção de, nas palavras do autor, “ressuscitar a Monarquia”.[26]

O estado decadente da monarquia espanhola despertava as palavras dos intelectuais que, em prosa e verso, criticavam a forma de governo de Filipe IV. Um exemplo são os versos de Quevedo, que foram mantidos em San Marcos de León:[27]

Estátua do Rei Filipe IV, em Madrid. TACCA, Pietro. Estátua de Felipe IV da Espanha. 1634-1640. Metálico (bronze) e pedra, 4 x 3,5 m.
Moeda de ouro cunhada em 1633 sob seu reinado, grande símbolo de reconhecimento na esfera pública. Oficinas de Real de Segovia. Centro Segoviano. 1633. Ouro, 7,15 cm

"[...] Para cem reis, a Espanha nunca

pagou as quantias que o seu reinado. 

E o povo de luto desconfia que lança gabela na respiração. 

Embora os imensos frutos do céu o enviem,

ele enfurece nossa fome como estéril. 

[...] Veja que os pobres, sozinhos e ocultos,

silenciosamente o invocam com mil gritos. 

Um ministro da paz come gajes

mais do que na guerra, pode gastar dez linhagens.

Mas, como existem despesas na Itália e na Flandres,

cessam os supérfluos e os grandes agregados familiares,

e não com o sangue de mim e de meus filhos,

os lagos abundam de alegria. 

Quadrados de madeira custam milhões,

removendo vigas e tábuas dos templos. 

Os palácios crescem, cem em cada um

e o grande San Isidro, nem eremitério nem enterro. 

Quem o escreve com sangue inimigo na lança.

Por mérito próprio, vem o esplendor colina,

para a guerra finge elogios,

e não a tinta do bajulador."[27]

Política Externa

Estátua de Filipe IV da Espanha (1692), segundo modelo de Bernini. Pórtico da Basílica de Santa Maria Maggiore em Roma.

Filipe IV foi muito comprometido em relação às políticas externas, de modo a transparecer por meio de sua decisões seu caráter como monarca respeitado e honrado. Sua política externa era como um espelho das percepções, imagens mentais e ideias que prevalecem na sua época.[28]

Tratando de sua reputação, pode-se dizer que foi muito estimado e respeitado por diversos outros monarcas da Europa, visto como uma autoridade digna de prestígio. Como garantia de seu poderio, possuía os elementos principais da honra: boa posição social, linhagem aristocrática de valor e a fé católica.[29]

A própria história ilustra o peso da figura de Filipe IV como um imponente católico e descendente de uma linhagem de importantes reis.[30] Filipe IV sabia a importância de sua imagem mais que seus próprios ministros, por isso, em 1661, encomendou ao jurista Francisco Ramos Del Manzano uma história de seu reinado para defender "a reputação das nações e vassalos das minhas coroas[...]".[31] Desta forma, vale refletir sobre os feitos da Coroa hispânica, que em sua maioria eram intencionados para manter a reputação do reinado.[32]

Guerra dos 30 anos

LAUMOSNIER, Jacques. A entrevista de Luís XIV e Filipe IV na ilha dos Faisões. 1660. Óleo sobre tela, 89,1x130 cm

Filipe IV reinou durante a maior parte da Guerra dos Trinta Anos. O monarca foi convencido por Baltazar de Zúñiga a intervir militarmente na Boêmia junto ao imperador Fernando II. Feito isso, foi convencido, também, a promover uma política externa mais agressiva na Espanha e aliar-se ao Sacro Império Romano de forma a renovar as hostilidades com os holandeses em 1621 e forçá-los à negociação de um acordo de paz que beneficiasse os espanhóis.[33]

Apesar dessa mudança na política de Filipe IV, suas atitudes não eram ao todo belicosas. O rei parecia genuinamente entristecido pelo fato de que seu povo teve que pagar em sangue seu apoio às guerras durante os reinados anteriores.[34]

Embora custosa aos bolsos espanhóis, a guerra travada contra os holandeses havia rendido bons frutos, dentre eles a retomada da cidade-chave de Breda em 1624. Entretanto, no fim da década de 1620, Filipe se viu obrigado a priorizar a guerra nos Flandres em detrimento da Guerra de Sucessão de Mantuan (1628-1631) em apoio à França.[35]

O aumento das tensões com a França tornou a guerra contra este aliado cada vez mais inevitável. Apesar de ter se mostrado forte durante os primeiros anos da guerra hispano francesa (1635), a partir de 1640, a Espanha sofreu com conflitos internos relacionados aos custos da guerra contra os franceses.[35]

Para que pudesse haver uma contenção de gastos, Filipe IV cortou os recursos destinados à guerra dos Flandres para que a guerra hispano-francesa tivesse prioridade em seu reinado, e pouco depois, acabou por dar ordens aos seus embaixadores para buscarem um tratado de paz entre as Coroas.[36]

Apesar de ter conseguido um tratado de paz - a Paz de Vestfáslia - para resolver os conflitos com Holanda e Alemanha, a guerra contra a França se arrastou. Filipe manteve-se firme em sua luta ao notar sinais de fraqueza por parte da Coroa francesa por conta das rebeliões de Fronda de 1648, e responsabilizou-se por promover uma ofensiva que lhe garantisse a vitória sobre os franceses.[37]

Todavia, esta vitória nunca surgiu, e em 1658, o monarca espanhol estava pronto para assinar um acordo de paz. Em 1659, foi assinado o Tratado dos Pirenéus, que estabelecia, dentre outras coisas, o casamento da filha de Filipe IV, Maria Teresa, com o jovem Luís XIV,[38] finalmente encerrando este episódio da História.

SALGADO, Veloso. Coroação de D. João IV. 1908. Óleo sobre tela, 325 x 285 cm.

Guerra da Restauração

Em 1640, uma conspiração liderada pela nobreza proclamou o Duque de Bragança como rei João IV de Portugal, derrubando o governo de Filipe IV em Lisboa e dando início à Guerra de Restauração. O início da guerra foi complicado para D. Filipe, tendo que lidar não só com Portugal, como também com as revoltas na Catalunha.[39]

Em 1659, Filipe IV assinou o Tratado dos Pirenéus, concentrando os recursos da monarquia hispânica em reconquistar o território rebelde. Nesse momento a Espanha estava em paz com a França, Inglaterra e os Países Baixos, restando apenas o conflito com Portugal. Dessa forma, muitas medidas foram tomadas, como o aumento de impostos, a desvalorização da moeda e as transferências de tropas de Flandres e Itália para a fronteira com Portugal. Ainda assim, Portugal conseguiu vencer a Guerra, com cinco grandes vitórias contra os espanhóis: Batalha de Montijo (1644), Batalha das Linhas de Elvas (1659), Batalha de Ameixial (1663), Batalha de Castelo Rodrigo (1664) e Batalha de Montes Claros (1665).[40]

Filipe IV e o Brasil

Episódio decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem do Exército Brasileiro. MEIRELLES, Victor. Batalha dos Guararapes. 1875-1879. Óleo sobre tela, 500 x 925 cm.

A ligação entre o Brasil e a Coroa Espanhola, assim como a monarquia de Filipe IV, estabeleceu-se de forma sutil e secundária. A “marginalidade” atribuída à área se expressou nos escritos dos próprios moradores do território entre os séculos XVI e XVII quando mencionaram a falta de ajuda da coroa da Espanha, assim como a ausência de registros das atividades que foram desenvolvidas ali na América e a curta menção do território nos documentos que relacionavam o peso da monarquia de Filipe no resto do mundo.[41]

Para além disso, o testamento de seu pai, Filipe III, apesar de numerar suas diversas possessões territoriais, não incluía as terras brasileiras. Inclusive, era compreendido pela Coroa portuguesa e por aqueles que realizavam a ocupação das terras que, antes e durante o domínio Habsburgo, o Brasil era pouco importante.[42]

O processo de expansão espanhol, iniciado a partir de 1560 se estendeu até a segunda década do século XVII, consolidou-se com a expulsão de franceses e holandeses, em decorrência de inúmeros conflitos como a famosa Batalha de Guararapes e com a derrota dos grupos indígenas que resistiram.[43]

Como herança do governo de Filipe IV, em comparação aos anteriores, obteve-se o domínio de boa parte da faixa litorânea brasileira, ou seja, as terras desde a capitania de São Vicente no Sul até a capitania do Pará no Norte; dobrou-se o número de centros urbanos; houve significativo crescimento dos engenhos de cana-de-açúcar e por fim, a facilidade inicial em obter terras e escravos indígenas, coisa que, posteriormente, se complicara devido a necessidade de substituir a mão de obra indígena pela negra, que era mais lucrativa.[44]

Foi um período de grande desenvolvimento para a colônia e prosperidade para os senhores de engenho. A demanda europeia pelo açúcar, um dos grandes produtos comerciais da época, garantia mercados e preços crescentes para a produção.[45]

A fase de combate contra os holandeses, a intensificação do tráfico de escravos da África e o acirramento da carga fiscal são exemplos de situações que contribuíram para o fim da prosperidade espanhola vivenciada pouco antes da Guerra dos Trinta Anos, que viria a propiciar o desvio das riqueza de Portugal pela monarquia dos Habsburgo para sustentar o lado católico no conflito, criando tensões dentro da União Ibérica.[46]

Filipe IV e a Religião Católica

Maria de Jesus de Ágreda, conselheira política e espiritual, trocou cartas com Filipe IV entre os anos de 1643 a 1665.

A religião católica e seus rituais tiveram um papel importante na vida de Filipe, especialmente no final de seu reinado. O monarca fez devoções especiais a uma pintura da Nossa Senhora dos Milagres, também tinha um grande padrão feito com a imagem da pintura de um lado e o brasão real do outro, trazido em procissões todos os anos em 12 de julho. Além de marcar uma forte crença religiosa pessoal, esse vínculo cada vez mais visível entre a Coroa, a Igreja e símbolos nacionais, como a Virgem dos Milagres, representava um pilar fundamental de apoio a Filipe como rei.[47]

Os monarcas católicos, durante a Idade Moderna, também tiveram um papel fundamental no processo de canonização e puderam utilizá-lo para efeito político. Internacionalmente, era importante que o prestígio espanhol recebesse pelo menos uma parte proporcional e idealmente maior de novos santos do que outros reinos católicos, então Filipe IV patrocinou diversos textos e livros para apoiar os candidatos da Espanha, particularmente em concorrência com a França católica.[48]

Especialmente entre os anos de 1643 e 1665, Filipe voltou-se para uma figura feminina bem estabelecida, a irmã Maria de Ágreda, uma superiora de convento conhecida por seus escritos religiosos.[49] Tornou-se, segundo relatos, uma conselheira real nos assuntos políticos.[50] Ela também manteve correspondência com outros membros da nobreza, elite e família real, como Isabel de Borbón, Baltasar Carlos, Mariana de Áustria, João José.[50]

A relação entre o rei e sua conselheira deu origem a mais de seiscentas cartas trocadas entre eles sendo um corpus documental de grande importância para a compreensão da política espanhola durante o século XVII.[51] As cartas contemplavam conteúdos importantes, como a exposição dos pensamentos do monarca sobre a política interna e externa do reino, e expunham uma reflexão das virtudes de um príncipe, e a concepção de governo de Estado, assim, como  as relações com seus ministros, conselheiros e mesmo com seus súditos.[51] O monarca relatava o comportamento do reino frente às potências europeias nos tempos de paz e de guerra, bem como sua confiança na vontade divina, que sustentava a monarquia hispânica, conforme o providencialismo. Acredita-se que o monarca esteve envolvido em proteger Maria de Ágreda da investigação da Inquisição de 1650.[52]

Patrono das Artes

"As meninas" retrata figuras da corte espanhola no Real Alcázar de Madrid e, hoje, é considerada a peça mais importante do Museu do Prado. VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Las meninas. 1656-1657. Óleo sobre tela, 318 x 276 cm.

Filipe IV é lembrado pelo entusiasmo com o qual colecionou obras de arte[53] e pelo seu amor ao teatro.[10] No meio dramático, o monarca favoreceu dramaturgos ilustres, tendo sido creditado na composição de várias comédias.[1]

Também tornou-se reconhecido pelo seu patrocínio a vários outros pintores de destaque, incluindo Diego Velázquez, Eugenio Cajés, Vicente Carducho, Gonzales e Nardi. O monarca obteve pinturas de toda a Europa, especialmente da Itália, acumulando mais de 4 mil itens na época de sua morte, formando um conjunto incomparável que ficou conhecido como "mega-coleção'.[54]

Filipe IV foi apelidado de "O Rei Planeta"[1] por seus contemporâneos, e grande parte da arte e exibição em sua corte foram interpretadas como uma necessidade do rei de projetar seu poder e autoridade, tanto sobre os espanhóis quanto sobre os estrangeiros.[55] Algumas interpretações historiográficas antigas consideravam a corte de Filipe IV completamente decadente, mas a arte e o simbolismo do período certamente não refletiam a ameaça deste declínio do poder espanhol.[56]

O Palácio do Bom Retiro numa pintura do século XVII.LEONARDO, Jusepe. El Palacio del Buen Retiro. 1637. Óleo sobre tela.

O monarca também investiu em um novo palácio como segunda residência e local de lazer, que foi nomeado como Bom Retiro. Por intermédio de Olivares, as construções foram iniciadas em 1630 em Madri, segundo o projeto do arquiteto Alonso Carbonell. O espaço, concluído em 1640, incluía seu próprio teatro, salão de baile, galerias, praça de touros, jardins e lagos artificiais[1] e tornou-se o centro de artistas e dramaturgos de toda a Europa. Foi construído durante um período difícil do reinado de Filipe IV, pois dado o custo da construção, em um período de severas economias em tempo de guerra, houve diversos protestos que representavam a população descontente. Apesar disso, um palácio de tão grande magnitude e beleza é considerado uma parte importante da tentativa de comunicar grandeza e autoridade reais.[57]

Velázquez e os retratos do Rei

VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Filipe IV de terno preto. 1656. Óleo sobre tela, 196 c 101,5 cm.

O Século de Ouro Espanhol foi assim chamado em função do destaque que as Artes tiveram neste período, em contrapartida com os embates políticos que o reino espanhol enfrentava.[58] Um dos motivos pelo qual Filipe foi retratado foi para ser eternizado na memória e localizado no tempo.[59]

VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Retrato de Filipe IV de armadura. 1626-1628. Óleo sobre tela, 57 x 44 cm.

Um importante artista do período foi Diego Velázquez, admitido como pintor oficial da corte através de um concurso realizado em 1624. Destacou-se na elaboração de retratos de Filipe IV ao longo de seu reinado, além de pinturas da família real, bobos da corte, oficiais, etc..[60]

Muitos dos retratos de Filipe IV foram pintados por Diego Velázquez durante o período da Guerra dos Trinta Anos e tinham como objetivo exaltar o poder do rei. Essas pinturas eram expostas em locais onde muitas pessoas pudessem vê-las, pois a imagem do rei era importante para os súditos.[61]

A etiqueta e as roupas utilizadas pelo Rei eram de grande importância para a sociedade de corte do século XVII, pois sua imagem possuía um caráter divino e influenciava na forma como o povo o via. A imagem passada pelos retratos de Velázquez podem ser consideradas uma estratégia de manutenção do poder.[62]

Analisar a seqüência cronológica de alguns retratos permite refletir sobre a noção de tempo na sociedade espanhola do século XVII.[63]

VELÁZQUEZ, Diego Rodríguez de Silva. Filipe IV de Espanha. 1656. Óleo sobre tela, 64,1 x 53,7 cm.

Um dos primeiros retratos feitos por Velázquez mostram Filipe de forma imponente, mas não relaciona a imagem do rei à guerra. Apesar de ainda ser jovem e aparentemente discreto, colocá-lo em um ambiente que remete ao conhecimento gerava a ideia de experiência do monarca, pois antes de tudo o rei devia saber governar.[64]

Posteriormente, nota-se a presença de retratos do rei em roupas de guerra, que demonstram um caráter mais ativo de Filipe IV. Em plena Guerra dos Trinta Anos, retratar o monarca de forma imponente servia para disseminar a ideia de que seu reinado ainda era forte, incentivando os demais “espanhóis” e mascarando a crise pela qual a monarquia passava.[65]

Nos retratos posteriores, onde o rei já demonstra uma idade mais avançada é possível perceber uma mudança nas feições do rosto, parecendo mais melancólicas, calvo e cansado, até mesmo as cores se tornam mais apagadas e menos vivazes.[66]

Há hipóteses que relacionam sua face cansada as derrotas militares para a França e o fato de que ofereceria sua filha em casamento a um francês, que apesar de seu sobrinho ainda era um rival. Maria Teresa, uma vez casada, dificilmente voltaria a ver o pai. O semblante melancólico do rei pode refletir tanto derrotas políticas e a crise econômica, quanto a apreensão a respeito deste problema “familiar” da perda da filha.[67]

Ancestrais

Os casamentos reais são considerados importantes estratégias políticas por propiciar, por exemplo, a união de coroas, tréguas de paz e alianças comerciais. Por essa razão, é importante conhecermos a ancestralidade de um monarca, assim como seus casamentos e sua descendência devido a possíveis dinâmicas estabelecidas pelos acordos matrimoniais. Predefinição:Ahnentafel top

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filipe I de Castela
 
 
 
 
 
 
 
Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico & I da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Joana de Castela
 
 
 
 
 
 
 
Filipe II da Espanha & I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manuel I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
Isabel de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria de Aragão e Castela
 
 
 
 
 
 
 
Filipe III da Espanha & II de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
Maximiliano II do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Jagelão
 
 
 
 
 
 
 
Ana da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico & I da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
Maria da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isabel de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
Filipe IV da Espanha & III de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filipe I de Castela
 
 
 
 
 
 
 
Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Joana de Castela
 
 
 
 
 
 
 
Carlos II, Arquiduque da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ladislau II da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
Ana Jagelão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana de Foix-Candale
 
 
 
 
 
 
 
Margarida da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guilherme IV, Duque da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
Alberto V, Duque da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria de Baden-Sponheim
 
 
 
 
 
 
 
Maria Ana da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando I do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
Ana da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Jagelão
 
 
 
 
 
 

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Casamentos e Descendência

Casou pela primeira vez em Burgos, em 18 de outubro de 1615, com Isabel da França, irmã de Luís XIII e filha de Henrique de Navarra e Maria de Médici. Tiveram seis filhas e dois filhos:

  1. Maria Margarida de Áustria (14 de agosto de 1621 - 15 de agosto de 1621)
  2. Margarida Maria Catarina de Áustria (25 de novembro de 1623 - 22 de dezembro de 1623)
  3. Maria Eugênia de Áustria (21 de novembro de 1625 - 21 de julho de 1627)
  4. Isabel Maria Teresa de Áustria (31 de outubro de 1627 - 1 de novembro de 1627)
  5. Baltasar Carlos de Áustria, Príncipe das Astúrias (17 de outubro de 1629 - 9 de março de 1646), morreu solteiro e sem descendência;
  6. Francisco Fernando de Áustria (12 de março de 1634)
  7. Maria Ana Antônia de Áustria (17 de janeiro de 1636 - 5 de dezembro de 1636)
  8. Maria Teresa de Áustria (20 de setembro de 1638 - 30 de julho de 1683), casou com Luís XIV de França, com descendência.

Casou-se pela segunda vez, em Navalcarnero no outono de 1649, com sua sobrinha Maria Ana da Áustria, filha do Imperador do Sacro Império Fernando III e da Infanta Maria Ana de Áustria, sua irmã. Tinha sido noiva de seu filho o infante Baltasar Carlos. Tiveram cinco filhos dos quais três homens:

  1. Margarida Teresa de Áustria (12 de julho de 1651 - 12 de março de 1673), casou-se com seu tio Leopoldo I do Sacro Império Romano-Germânico, com descendência;
  2. Maria Ambrósia da Conceição de Áustria (7 de dezembro de 1655 - 21 de dezembro de 1655)
  3. Filipe Próspero de Áustria, Príncipe das Astúrias (28 de novembro de 1657 - 1 de novembro de 1661)
  4. Fernando Tomás Carlos de Áustria (23 de dezembro de 1658 - 22 de outubro de 1659)
  5. Carlos II de Espanha (6 de novembro de 1661 - 1 de novembro de 1700), sucedeu seu pai como rei da Espanha. Casou-se pela primeira vez com Maria Luísa de Orleães, sem descendência. Casou-se pela segunda vez com Maria Ana de Neuburgo, sem descendência.

Filhos Ilegítimos

  1. Fernando Francisco Isidro de Áustria (15 de maio de 1626 - 1634), com a jovem filha do Conde de Chirel, que o rei enviara à Itália.
  2. Ana Margarida de São José, encerrada em convento agostiniano, o mosteiro da Encarnação, do qual foi superiora e onde morreu aos 22 anos.
  3. João José de Áustria (7 de abril de 1629 - 17 de setembro de 1679), morreu solteiro e sem descendência legítima;
  4. Alonso Henríquez de Santo Tomás (9 de junho de 1631 - 30 de julho de 1692), dominicano que chegou a Bispo de Malaga e Inquisidor Geral da Espanha;
  5. Carlos Fernando de Áustria e Manrique (1639 - 31 de março de 1696), governador da Navarra;
  6. João Cosío (1640 - 1701), religioso agostiniano;
  7. Alonso Antônio de São Martin (1642 - 5 de julho de 1705), Bispo de Oviedo, filho de uma dama da rainha, Tomasa Aldama.
  8. Margarida de São José, (morta em 1682), descalça carmelita, superiora do Real Mosteiro da Encarnação.
  9. Fernando Gonzalez Baldez (morto em 6 de fevereiro de 1702), Governador de Novara, General de Artilharia do Estado de Milão.
  10. João do Sacramento, pregador da Ordem de Santo Agostinho.
  11. Ana Maria, também filha da atriz Maria Calderón.

Cronologia

Eventos importantes durante o reinado de Filipe IVː[68]

  • 1621 - Morte de Filipe III e iniciou das reformas administrativas em Março. Fim da trégua com a Holanda em Agosto;  
  • 1622 - As reformas continuaram. Vitória de Wimpfen em Maio e Fleurs em Agosto;
  • 1624 - Olivares propõe a unificação política da Espanha;
  • 1625 - Os holandeses tomam a Bahia;
  • 1635 - Declaração de guerra do rei da França em Junho;
  • 1639 - Os franceses invadem a Catalunha em Junho;
  • 1640 - Rebelião da Catalunha em Junho. Rebelião de Portugal em Dezembro. Aliança do rei da França com os catalães em Dezembro;
  • 1641 - Conjuração separatista na Andaluzia;
  • 1643. - Queda do Conde Olivares em Janeiro;
  • 1647 - Rebelião em Nápoles em Julho. Nápoles pede ajuda ao rei da França em Outubro;
  • 1648 - Paz com a Holanda/Munster em Janeiro;
  • 1657 - Grã-Bretanha e França se unem contra a Espanha em Maio;
  • 1659 - Paz dos Pirenéus em Novembro;
  • 1660 - Casamento de Luís XIV e Maria Teresa da Espanha;
  • 1665 - Morte de Filipe IV em Setembro.

Filmografia

Assim como os retratos durante a Idade Moderna, as produções audiovisuais como novelas, séries e filmes são essenciais para reproduzir e projetar a imagem que temos sobre importantes eventos, como Guerras, e figuras públicas, como os reis. A televisão e o cinema espanhóis aproveitam-se da popularidade de Filipe IV para retomar narrativas consagradas ou elaborar novas.

Televisão

Ano Série Canal Ator Pais de origem
2004 Memoria de España TVE Espanha
2009-2016 Águila Roja TVE Xabier Elorriaga Espanha
2015- Las aventuras del capitán Alatriste TeleCinco Daniel Alonso Espanha

Cinema

Ano Filme Ator Pais de origem
1954 La moza del cántaro Ismael Merlo Espanha
1991 El rey pasmado Gabino Diego Espanha
2006 Alatriste Simón Cohen Espanha
2011 Águila Roja: la película Xabier Elorriaga
Espanha

Ver também

Referências

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  61. SILVA, Susana Aparecida da (2011). Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII. Londrina: Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina. p. 60-61 
  62. SILVA, Susana Aparecida da (2011). Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII. Londrina: Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina. p. 65 
  63. SILVA, Susana Aparecida da (2011). Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII. Londrina: Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina. p. 27 
  64. SILVA, Susana Aparecida da (2011). Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII. Londrina: Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina. p. 85 
  65. SILVA, Susana Aparecida da (2011). Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII. Londrina: Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina. p. 66 
  66. SILVA, Susana Aparecida da (2011). Diego Velázquez e os retratos de Felipe IV: A pintura Barroca e a ideia de tempo na sociedade espanhola do século XVII. Londrina: Dissertação (Mestrado em História Social) -Universidade Estadual de Londrina. p. 93-94 
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Ligações externas


Filipe IV de Espanha & III de Portugal
Casa de Habsburgo
8 de abril de 1605 – 17 de setembro de 1665
Precedido por
Filipe III & II
Full Ornamented Royal Coat of Arms of Spain (1621-1668).svg
Rei da Espanha, Nápoles, Sardenha e Sicília
31 de março de 1621 – 17 de setembro de 1665
Sucedido por
Carlos II
Full Ornamented Royal Coat of Arms of Spain (1621-1668).svg
Rei de Portugal e Algarves
31 de março de 1621 – 1 de dezembro de 1640
Sucedido por
João IV

Predefinição:NF

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