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Duarte I de Portugal: mudanças entre as edições

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{{Mais notas|data=março de 2020}}
{{Info/Nobre
{{Info/Nobre
|nome                       = Duarte I
| nome = Duarte I
|imagem                     = Illuminated Portrayel of King Duarte I of Portugal, Rui de Pina.PNG
| título = O Eloquente
|imgw                       = 245px
| imagem = D. Duarte (Quinta da Regaleira).png|
|sucessão                   = [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarve]]
| imgw = 220px
|reinado                   = {{dtlink|14|8|1433}}<br/>a {{dtlink|9|9|1438}}
| sucessão = [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarve]]
|predecessor               = [[João I de Portugal|João I]]
| reinado = {{dtlink|14|8|1433}}<br/>a {{dtlink|9|9|1438}}
|sucessor                   = [[Afonso V de Portugal|Afonso V]]
| predecessor = [[João I de Portugal|João I]]
|cônjuge                   = [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor de Aragão]]
| sucessor = [[Afonso V de Portugal|Afonso V]]
|tipo-cônjuge               = Esposa
| cônjuge = [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor de Aragão]]
|descendência               = [[Afonso V de Portugal]]<br/>[[Fernando de Portugal, Duque de Viseu|Fernando, Duque de Viseu]]<br/>[[Leonor de Portugal, Imperatriz Romano-Germânica|Leonor, Sacro-Imperatriz Romano-Germânica]]<br/>[[Catarina de Portugal (1436–1463)|Catarina de Portugal]]<br/>[[Joana de Portugal, Rainha de Castela|Joana, Rainha de Castela]]
| tipo-cônjuge = Esposa
|casa                       = [[Dinastia de Avis|Avis]]
| descendência = [[Afonso V de Portugal]]<br/>[[Fernando de Portugal, Duque de Viseu|Fernando, Duque de Viseu]]<br/>[[Leonor de Portugal, Imperatriz Romano-Germânica|Leonor, Sacro-Imperatriz Romano-Germânica]]<br/>[[Catarina de Portugal (1436–1463)|Catarina de Portugal]]<br/>[[Joana de Portugal, Rainha de Castela|Joana, Rainha de Castela]]
|pai                       = [[João I de Portugal]]
| casa = [[Dinastia de Avis|Avis]]
|mãe                       = [[Filipa de Lencastre]]
| pai = [[João I de Portugal]]
|data de nascimento         = {{dni|31|10|1391|si}}
| mãe = [[Filipa de Lencastre]]
|local de nascimento       = [[Viseu]], [[Reino de Portugal|Portugal]]
| data de nascimento = {{dni|31|10|1391|si}}
|data da morte             = {{nowrap|{{morte|9|9|1438|31|10|1391}}}}
| local de nascimento = [[Viseu]], [[Reino de Portugal|Portugal]]
|local da morte             = [[Tomar]], [[Reino de Portugal|Portugal]]
| data da morte = {{nowrap|{{morte|9|9|1438|31|10|1391}}}}
|local de enterro           = [[Mosteiro da Batalha]], [[Batalha (Portugal)|Batalha]], [[Distrito de Leiria|Leiria]], [[Portugal]]
| local da morte = [[Tomar]], [[Reino de Portugal|Portugal]]
|assinatura                 = Assinatura D. Duarte.svg
| local de enterro = [[Mosteiro da Batalha]], [[Batalha (Portugal)|Batalha]], [[Distrito de Leiria|Leiria]], [[Portugal]]
|religião                   = [[Igreja Católica|Catolicismo]]
| assinatura = Assinatura D. Duarte.svg
| brasão = Brasão de armas do reino de Portugal (1385).svg
| religião = [[Igreja Católica|Catolicismo]]
}}
}}
'''Duarte I''' ([[Viseu]], {{dtlink|31|10|1391}} – [[Tomar]], {{dtlink|9|9|1438}}), apelidado de "o Eloquente" e "o Rei-Filósofo", foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarve]] de 1433 até à sua morte. Era filho segundo do rei [[João I de Portugal|João I]] e da rainha [[Filipa de Lencastre]], e por morte de seu irmão mais velho, D. Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.
'''Duarte I''' ([[Viseu]], {{dtlink|31|10|1391}} – [[Tomar]], {{dtlink|9|9|1438}}), apelidado de ''o Eloquente'' e ''o Rei-Filósofo'' pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarve]] de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei [[João I de Portugal|João I]] e da rainha [[Filipa de Lencastre]] e por morte de seu irmão mais velho, [[Afonso de Portugal (1390–1400)|Afonso]], torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.


Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]] estabeleceu-se em [[Sagres (Vila do Bispo)|Sagres]], de onde dirigiu as primeiras navegações, e, em [[1434]], [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]]. Numa campanha mal sucedida a [[Tânger]], o seu irmão [[Fernando, o Infante Santo|D. Fernando]] foi capturado e morreu em cativeiro. D. Duarte interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o ''[[Leal Conselheiro]]''  e o ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. Ele reparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela [[Peste (doença)|peste]].
Há quem pense que o enigmático retrato, geralmente conhecido por [[Leal Souvenir]], executado por [[Jan van Eyck]] em 1432, seja o seu<ref>[https://www.academia.edu/39055248/JAN_VAN_EYCK_s_LEAL_SOVVENIR_ O Leal Souvenir de Jan van Eyck, por Clemente Baeta, 2016]</ref>.


==Reinado==
== Vida ==
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei [[Eduardo III da Inglaterra]]. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em [[1412]] foi formalmente associado à governação pelo pai, tornando-se seu braço direito.
Foi o décimo primeiro rei de [[Portugal]],<ref name="portal">[http://www.arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/duarte.html O Portal da História]</ref> o segundo da [[Dinastia de Avis]].
 
D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei [[Eduardo III da Inglaterra]]. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em [[1412]] foi formalmente associado à governação pelo pai,{{harvref|Marques|1980|p=189}} tendo os assuntos da justiça e das finanças.{{harvref|name=M1|Mattoso|1993|p=500}}
 
Juntamente com os irmãos, convenceu o pai a conquistar [[conquista de Ceuta|Ceuta]];{{harvref|Saraiva|1993|p=131}} lá foi armado cavaleiro pelo pai, juntamente com os irmãos [[Pedro, Duque de Coimbra|Pedro]] e [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]].
 
Casou com [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor de Aragão]], neta paterna de [[João I de Castela]]. Duarte dedicou à rainha uma obra literária. Leonor após ficar viúva tornou-se regente por algum tempo.
 
Quando se tornou rei, tinha quase 42 anos e levava 21 de governo, pois ganhou experiência no reinado do pai.<ref name="M1" />
 
Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política de [[Descobrimentos portugueses|exploração marítima]] e de conquistas em [[África]]. O seu irmão [[Henrique, Duque de Viseu|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], de onde dirigiu as primeiras navegações e em [[1434]], [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]]. Numa campanha mal sucedida a [[Tânger]], o seu irmão [[Fernando, o Infante Santo|D. Fernando]] foi capturado e morreu em cativeiro.{{harvref|Marques|1980|p=190}}


[[Ficheiro:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|left|150px|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]]]]
Descreve-o assim um autor anónimo medieval: «El-Rei D. Duarte está na sacristia de S. Domingos em uma tábua pequena, de altura um côvado, e está o corpo todo, posto que a tábua é pequena, acima dos armários onde se revestem os frades para dizer missa. '''''Não tinha mais barba que os bigodes''''', há dias que o não vi, não sei se está ainda aí, ou o mudaram os frades para outra parte...» [''Manuscrito do Rio de Janeiro (Retratos de Reis que estão em Lisboa)''].<ref>[https://run.unl.pt/bitstream/10362/33289/1/LivroDD_reduzido.pdf ''D. Duarte e a sua época: Arte, Cultura, poder e espiritualidade'', coordenação de Catarina Fernandes Barreira e Miguel Metelo de Seixas. IEM - Instituto de Estudos Medievais
Ao contrário de [[João I de Portugal|D. João I]], D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as [[Anexo:Lista de Cortes em Portugal|Cortes]] cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado. Várias vezes as [[Cortes (política)|Cortes]] tinham pedido a [[João I de Portugal|D. João I]] a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o [[direito]] (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor [[Rui Fernandes]], que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]], ela se converteria nas [[Ordenações Afonsinas]].
Universidade Nova de Lisboa, CLEGH - Centro Lusíada de Estudos Genealógicos, Heráldicos e Históricos, Universidade Lusíada de Lisboa, Lisboa, 2014.]</ref> Nos [[Painéis de São Vicente de Fora]], no chamado "painel do Infante", o seu retrato é o do "homem do chapeirão e bigode sem barba", que tem sido frequente e erradamente identificado como sendo o [[Infante D. Henrique]], seu irmão.


D. Duarte deu continuidade à política de incentivo à exploração marítima e de conquistas em África. Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Sagres (Vila do Bispo)|Sagres]] , a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em [[1434]] [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para [[Angra dos Ruivos]] em [[1435]], e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e [[Pedra da Galé]] em [[1436]].
Este rei interessou-se pela cultura e escreveu duas obras, como o ''[[Leal Conselheiro]]''  e o ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela peste.


Em [[1437]], os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos, de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: D. [[Pedro, Duque de Coimbra]] e D. [[João, Infante de Portugal]] estavam contra a iniciativa de atacar directamente o rei de [[Marrocos]].
O seu filho [[Afonso V de Portugal|Afonso]] tinha apenas 6 anos quando D. Duarte morreu, em 1438. O rei em testamento entregou a regência à rainha, [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor]], sua mulher. Esta medida não foi do agrado da população. Houve uma desavença na família para decidir quem seria regente.{{harvref|Marques|1980|p=190-191}}


A campanha foi mal sucedida e a cidade de [[Tânger]] não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio príncipe Fernando foi capturado e morreu em cativeiro, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de [[Ceuta]], o que lhe valeu o cognome de "''Infante Santo''". O próprio D. Duarte morreu pouco tempo depois de [[peste negra|peste]].
Jaz nas Capelas Imperfeitas do [[Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], na [[Batalha (Portugal)|Batalha]], ao lado da rainha [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor]].


Fora da esfera política, Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de poesia e prosa. Destes últimos destaca-se o ''[[Leal Conselheiro]]'' (um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque) e a ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]'' (em forma de manual para cavaleiros). Estava a preparar uma revisão do código civil português quando a doença o vitimou.
==Reinado==
[[Imagem:DuarteI-Viseu.jpg|thumb|200px|left|[[Estátua]] de D. Duarte em [[Viseu]].]]
O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da [[Lei Mental]], uma forma de defender os bens da coroa,<ref name="portal" /> já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei [[João I de Portugal|João I]]. Manteve a política que vinha do reinado do pai.{{harvref|name=Mat|Mattoso|1993|p=501}} No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.{{harvref|Saraiva|1993|p=130}}
D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as Cortes cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado.<ref name="portal" /> Várias vezes as [[Cortes (política)|Cortes]] tinham pedido a [[João I de Portugal|D. João I]] a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o [[direito]] (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]], ela se converteria nas [[Ordenações Afonsinas]].


Jaz nas Capelas Imperfeitas do [[Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], na [[Batalha (Portugal)|Batalha]].
D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em [[África]] e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433 ([[Leiria]]-[[Santarém (Portugal)|Santarém]]), o rei mostra-se firme com a [[nobreza]] e reprime os abusos de poder do [[clero]].<ref name="Mat"/>


==Obra==
Durante o seu reinado, o seu irmão [[Infante D. Henrique|Henrique]] estabeleceu-se em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em 1434 [[Gil Eanes]] dobrou o [[Cabo Bojador]], um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em 1435 e [[Afonso Gonçalves Baldaia]] atingiu o [[Río de Oro|Rio do Ouro]] e Pedra da Galé em 1436. O [[arquipélago da Madeira]] foi doado ao irmão Henrique, em 1433.{{harvref|Saraiva|1993|p=143}}
-''O [[Leal Conselheiro]]'', obra moral, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão.


-Ainda compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'' o [[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela|Bem Cavalgar]]. (Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo iii).
Em 1437, os seus irmãos Henrique e [[Infante Santo|Fernando]] convenceram-no a lançar um ataque a [[Marrocos]],{{harvref|Marques|1980|p=190}} de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do [[Oceano Atlântico]]. A ideia não foi consensual: [[Pedro, Infante de Portugal|D. Pedro]] e [[João, Condestável de Portugal|D. João]] estavam contra a iniciativa<ref name="portal" /> de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de [[Desastre de Tânger (1437)|Tânger]] não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de [[Ceuta]] e morreu em cativeiro,<ref name="portal" /> anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "''Infante Santo''". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes (Leiria), em 1438; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.{{harvref|name=M2|Mattoso|1993|p=502}}


== Títulos, estilos, e honrarias ==
Morre em 1438, de peste que assolava Lisboa.
[[Imagem:Leal Conselheiro (Enrique Casanova).png|thumb|180px|O rei a escrever a obra ''Leal Conselheiro''.]]
==Obras==
Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de [[poesia]] e [[prosa]]. Destes últimos destaca-se ''[[Leal Conselheiro]]'', um ensaio sobre variados temas onde a [[moral]] e [[religião]] têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, [[Leonor de Aragão, rainha de Portugal|Leonor de Aragão]]. Nele, Duarte regista a [[depressão nervosa|depressão]] pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou.<ref name="M2"/>
 
Compôs um livro de Regimento ''pera os que custumarem andar a cavallo'', intitulado de ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]'',<ref>Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', capitulo III</ref> em forma de manual para cavaleiros.
 
Ainda criou o livro "''[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4248785 Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte]".'' O livro apresenta a seguinte informação: "''Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação.''"
== Títulos, estilos e honrarias ==
{{Artigo principal|Lista de títulos e honrarias da Coroa Portuguesa}}
{{Artigo principal|Lista de títulos e honrarias da Coroa Portuguesa}}
* 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "[[Sua Alteza]], o Infante Duarte de Portugal"
Teve os seguinte títulos:
* 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "[[Sua Alteza Real]], o Rei"
* 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "[[Sua Alteza]], o Infante Duarte de Portugal";
* 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "[[Sua Alteza Real]], o Rei".
 
O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de [[reino de Portugal|Portugal]] e do [[Algarve]], e Senhor de Ceuta".


O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta"
== Ascendência ==
{{Ahnentafel início}}
{{Ahnentafel-compact5
|style=font-size: 100%; line-height: 110%;
|border=1
|boxstyle=padding-top: 0; padding-bottom: 0;
|boxstyle_1=background-color: #fcc;
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|boxstyle_3=background-color: #ffc;
|boxstyle_4=background-color: #bfc;
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|1= 1. Duarte I de Portugal
|2= 2. [[João I de Portugal]]
|3= 3. [[Filipa de Lencastre]]
|4= 4. [[Pedro I de Portugal]]
|5= 5. [[Teresa Lourenço]]
|6= 6. [[João de Gante]]
|7= 7. [[Branca de Lencastre]]
|8= 8. [[Afonso IV de Portugal]]
|9= 9. [[Beatriz de Castela]]
|10= 10. [[Lourenço Martins da Praça]]
|12= 12. [[Eduardo III de Inglaterra]]
|13= 13. [[Filipa de Hainault]]
|14= 14. [[Henrique de Grosmont, 1.º Duque de Lancaster]]
|15= 15. [[Isabel de Beaumont]]
|16= 16. [[Dinis I de Portugal]]
|17= 17. [[Isabel de Aragão]]
|18= 18. [[Sancho IV de Castela]]
|19= 19. [[Maria de Molina]]
|20= 20. [[Martim Lourenço]]
|21= 21. [[Sancha Martins]]
|24= 24. [[Eduardo II de Inglaterra]]
|25= 25. [[Isabel da França, Rainha da Inglaterra|Isabel da França]]
|26= 26. [[Guilherme I, Conde de Hainaut]]
|27= 27. [[Joana de Valois, condessa de Hainaut|Joana de Valois]]
|28= 28. [[Henrique, 3.º Conde de Lencastre]]
|29= 29. [[Matilde Chaworth]]
|30= 30. [[Henrique de Beaumont, 4.° Conde de Buchan]]
|31= 31. [[Alice Comyn, condessa de Buchan|Alice Comyn]]
}}
{{ahnentafel fim}}


==Descendência==
==Descendência==
Da sua esposa, a infanta [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor de Aragão]] (1402-1455), teve nove filhos. A rainha tornar-se-ia regente do reino até Afonso V atingir a maioridade, o que gerou controvérsia no reino, pois a opinião pública considerava os infantes [[Pedro, Duque de Coimbra|D. Pedro]], [[Infante D. Henrique|D. Henrique]] e [[João, Infante de Portugal|D. João]] mais capazes para a regência.
[[Imagem:Afonso V.jpg|thumb|150px|O rei Afonso V.]]
Da sua esposa, a infanta [[Leonor de Aragão, Rainha de Portugal|Leonor de Aragão]] (1402-1455), teve nove filhos.
 
A rainha tornar-se-ia regente do reino até Afonso V atingir a maioridade, o que gerou controvérsia no reino,{{harvref|Marques|1980|p=190-191}} pois a opinião pública considerava os infantes [[Pedro, duque de Coimbra|D. Pedro]], [[Infante D. Henrique|D. Henrique]] e [[João, Condestável de Portugal|D. João]] mais capazes para a regência.
D. Leonor manteve-se regente até 1439, assinando os atos régios como «a triste rainha», e nesse ano foi substituída pelo infante D. Pedro e afastada da corte. Exilou-se em [[Espanha]] e morreu em [[Toledo]]. Deste casamento nasceram:
[[Imagem:Hans Burgkmair d. Ä. 006.jpg|thumb|150px|left|A imperatriz Leonor, filha de Duarte.]]
*D. João de Portugal (1429-?), morreu jovem;
*D. Filipa de Portugal (1430-1441), ''«morreu em idade de onze annos de pestenença em Lisboa»''<ref>Ruy de Pina, ''Cronica d'el-rei dom Duarte'', cap. XLIV;</ref>
*D. [[Afonso V de Portugal]] (1432-1481), sucessor do pai no [[Lista de reis de Portugal|trono português]];
*D. Maria de Portugal (1432);
*D. [[Fernando de Portugal, Duque de Viseu|Fernando de Portugal]], [[Duque de Viseu]] (1433-1470), pai do rei D. [[Manuel I de Portugal]];
*D. [[Leonor de Portugal, Sacra Imperatriz Romana|Leonor de Portugal]] (1434-1467), casou com [[Frederico III, Sacro Imperador Romano-Germânico]], mãe do imperador [[Maximiliano I do Sacro Império Romano-Germânico|Maximiliano I]];
*D. Duarte de Portugal (1435);
*D. [[Catarina de Portugal (1436)|Catarina de Portugal]] (1436-1463);
*D. [[Joana de Portugal, rainha de Castela|Joana de Portugal]] (1439-1475), casou com o rei [[Henrique IV de Castela]] e foi mãe de [[Joana, a Beltraneja|Joana ''a Beltraneja'' ou ''a Excelente Senhora'']].
 
 
==Legado==
Foi no seu reinado que [[Gil Eanes]] dobrou o cabo [[Bojador]], um importante marco na exploração marítima.
 
Antes de ser rei, teve funções governativas e encarregou [[Fernão Lopes]] de escrever as crónicas dos rei de [[reino de Portugal|Portugal]].
 
Deixou duas importantes obras literárias: ''[[Leal Conselheiro]]'' e ''[[Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela]]''.


D. Leonor manteve-se regente até 1440, assinando os atos régios como «a triste rainha», e nesse ano foi substituída pelo infante D. Pedro e afastada da corte. Exilou-se em Espanha e morreu em Toledo. Deste casamento nasceram:
Deixou em testamento a regência à rainha que estava grávida de Joana. A rainha governou por alguns meses sozinha, depois em conjunto com o infante Pedro e em 1439, exilou-se em Toledo.{{harvref|Mattoso|1993|pp=502-503}}
*D. João de Portugal (1429-?), morreu jovem
 
*D. Filipa de Portugal (1430-1439), ''«morreu em idade de onze annos de pestenença em Lisboa»'' (Ruy de Pina, cap. XLIV).
Os seus filhos acabaram por crescer sem os pais. Afonso foi o sucessor de Duarte, Fernando foi o pai da rainha [[Leonor de Viseu|Leonor]] e do rei [[Manuel I de Portugal|Manuel]]. Uma das filhas de Duarte, Leonor foi a primeira imperatriz portuguesa do Sacro Império, como tal Duarte é o avô do imperador Maximiliano I e este é o avô paterno do imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]].
*D. [[Afonso V de Portugal]] (1432-1481), sucessor do pai no [[Lista de reis de Portugal|trono português]]
 
*D. Maria de Portugal (1432)
{{referências|col=2}}
*D. [[Fernando de Portugal, Duque de Viseu|Fernando de Portugal]], [[Duque de Viseu]] (1433-1470), pai do rei D. [[Manuel I de Portugal]]
*D. [[Leonor de Portugal, Sacra Imperatriz Romana|Leonor de Portugal]] (1434-1467), casou com [[Frederico III, Sacro Imperador Romano-Germânico]]
*D. Duarte de Portugal (1435)
*D. [[Catarina de Portugal (1436)|Catarina de Portugal]] (1436-1463)
*D. [[Joana de Portugal, rainha de Castela|Joana de Portugal]] (1439-1475), casou com o rei [[Henrique IV de Castela]] e foi mãe de [[Joana, a Beltraneja|Joana ''a Beltraneja'' ou ''a Excelente Senhora'']]


==Bibliografia==
==Bibliografia==
*Luís Miguel Duarte, ''D. Duarte. Requiem por um rei triste.'' Círculo de Leitores, 2005.
*Luís Miguel Duarte, ''D. Duarte. Requiem por um rei triste.'' Círculo de Leitores, 2005.
*Humberto Baquero Moreno, ''A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico.'' 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979. Disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018).
*Humberto Baquero Moreno, ''A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico.'' 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979, disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018).
*{{citar livro|apelido=Marques|nome=António|título= História de Portugal|edição=8.ª|ano=1980|editora=Palas Editores|local=Lisboa|ref=harv}}.
*{{citar livro|apelido=Saraiva|nome=José|título=História de Portugal|ano=1993|editora=Publicações Europa-América|local=Mem Martins|ref=harv}}.
*{{citar livro|apelido= Mattoso|nome=José|título= História de Portugal — A Monarquia Feudal|editora=Círculo de Leitores|ano=1993|volume=2.º volume|isbn=972-42-0636-X|ref=harv}}.
 
==Ver também==
*[[Dinastia de Avis]]
*[[Descobrimentos portugueses]]
*[[Lei Mental]]
*[[Desastre de Tânger (1437)]]


==Ligações externas==
==Ligações externas==
{{commonscat|Duarte of Portugal}}
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*{{link|pt|http://purl.pt/417|''Chronica de El-Rei D. Duarte'', Rui de Pina (1440-1522), Porto: Renascença Portuguesa, 1914, na Biblioteca Nacional Digital}}
*{{link|pt|http://purl.pt/417|''Chronica de El-Rei D. Duarte'', Rui de Pina (1440-1522), Porto: Renascença Portuguesa, 1914, na Biblioteca Nacional Digital}}
 
* [https://ensina.rtp.pt/artigo/d-duarte-1391-1438/ O curto reinado de D. Duarte, Aconteceu - Biografia de D. Duarte (Extrato de programa), por António Silva, Rtp, 2006]
* [https://www.academia.edu/31135472/D_Duarte_e_a_sua_%C3%A9poca_Arte_cultura_poder_e_espiritualidade_Lisboa_Instituto_de_Estudos_Medievais_Centro_Lus%C3%ADada_de_Estudos_Geneal%C3%B3gicos_e_Her%C3%A1ldicos_Lisboa_2014 D. Duarte e a sua época. Arte, cultura, poder e espiritualidade, Lisboa, por Miguel Metelo de Seixas e Catarina Fernandes Barreira, Instituto de Estudos Medievais / Centro Lusíada de Estudos Genealógicos e Heráldicos, Lisboa, 2014]


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Edição atual tal como às 04h19min de 27 de julho de 2022

Predefinição:Info/Nobre Duarte I (Viseu, 31 de outubro de 1391Tomar, 9 de setembro de 1438), apelidado de o Eloquente e o Rei-Filósofo pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o Rei de Portugal e Algarve de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei João I e da rainha Filipa de Lencastre e por morte de seu irmão mais velho, Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.

Há quem pense que o enigmático retrato, geralmente conhecido por Leal Souvenir, executado por Jan van Eyck em 1432, seja o seu[1].

Vida

Foi o décimo primeiro rei de Portugal,[2] o segundo da Dinastia de Avis.

D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe, o rei Eduardo III da Inglaterra. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em 1412 foi formalmente associado à governação pelo pai,Predefinição:Harvref tendo os assuntos da justiça e das finanças.Predefinição:Harvref

Juntamente com os irmãos, convenceu o pai a conquistar Ceuta;Predefinição:Harvref lá foi armado cavaleiro pelo pai, juntamente com os irmãos Pedro e Henrique.

Casou com Leonor de Aragão, neta paterna de João I de Castela. Duarte dedicou à rainha uma obra literária. Leonor após ficar viúva tornou-se regente por algum tempo.

Quando se tornou rei, tinha quase 42 anos e levava 21 de governo, pois ganhou experiência no reinado do pai.[3]

Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política de exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão Henrique estabeleceu-se em Lagos, de onde dirigiu as primeiras navegações e em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida a Tânger, o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro.Predefinição:Harvref

Descreve-o assim um autor anónimo medieval: «El-Rei D. Duarte está na sacristia de S. Domingos em uma tábua pequena, de altura um côvado, e está o corpo todo, posto que a tábua é pequena, acima dos armários onde se revestem os frades para dizer missa. Não tinha mais barba que os bigodes, há dias que o não vi, não sei se está ainda aí, ou o mudaram os frades para outra parte...» [Manuscrito do Rio de Janeiro (Retratos de Reis que estão em Lisboa)].[4] Nos Painéis de São Vicente de Fora, no chamado "painel do Infante", o seu retrato é o do "homem do chapeirão e bigode sem barba", que tem sido frequente e erradamente identificado como sendo o Infante D. Henrique, seu irmão.

Este rei interessou-se pela cultura e escreveu duas obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela peste.

O seu filho Afonso tinha apenas 6 anos quando D. Duarte morreu, em 1438. O rei em testamento entregou a regência à rainha, Leonor, sua mulher. Esta medida não foi do agrado da população. Houve uma desavença na família para decidir quem seria regente.Predefinição:Harvref

Jaz nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, ao lado da rainha Leonor.

Reinado

Estátua de D. Duarte em Viseu.

O seu curto reinado durou cinco anos, mas já tinha vasta experiência na governação. Deve-se ao rei a publicação da Lei Mental, uma forma de defender os bens da coroa,[2] já aplicada no reinado do pai, mas oficialmente aplicada por Duarte; o nome da lei vem de já existir na mente do rei João I. Manteve a política que vinha do reinado do pai.Predefinição:Harvref No começo do reinado, as cortes pediram que não se fizesse a guerra sem o consentimento das mesmas, Duarte responde que a guerra é um assunto da vontade exclusiva do rei.Predefinição:Harvref D. Duarte foi um monarca preocupado em gerar consenso e ao longo do curto reinado de cinco anos convocou as Cortes cerca de cinco vezes, para discutir assuntos de estado.[2] Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito (lei) vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, D. Duarte designou o doutor Rui Fernandes, que a concluiu em 1446. Posteriormente revista por ordem do infante D. Pedro, ela se converteria nas Ordenações Afonsinas.

D. Duarte deu continuidade à política de incentivo de exploração marítima e de conquistas em África e da centralização do poder que vinha do reinado anterior. A imagem que é dada das cortes de 1433 (Leiria-Santarém), o rei mostra-se firme com a nobreza e reprime os abusos de poder do clero.[5]

Durante o seu reinado, o seu irmão Henrique estabeleceu-se em Lagos, a partir de onde dirigiu as navegações: assim, em 1434 Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, um ponto lendário da época, cuja travessia causava terror aos marinheiros; daí avançou-se para Angra dos Ruivos em 1435 e Afonso Gonçalves Baldaia atingiu o Rio do Ouro e Pedra da Galé em 1436. O arquipélago da Madeira foi doado ao irmão Henrique, em 1433.Predefinição:Harvref

Em 1437, os seus irmãos Henrique e Fernando convenceram-no a lançar um ataque a Marrocos,Predefinição:Harvref de forma a consolidar a presença portuguesa no norte de África, que se pretendia uma base para a exploração do Oceano Atlântico. A ideia não foi consensual: D. Pedro e D. João estavam contra a iniciativa[2] de atacar directamente o rei de Marrocos. A campanha foi mal sucedida e a cidade de Tânger não foi conquistada, custando a derrota grandes perdas em batalha. O próprio infante Fernando foi entregue como garantia de devolução de Ceuta e morreu em cativeiro,[2] anos depois, por recusar-se a ser libertado em troca da devolução de Ceuta, o que lhe valeu o cognome de "Infante Santo". No sentido de decidir o que fazer quanto a Ceuta, foram reunidas cortes (Leiria), em 1438; o rei mostra-se perfeitamente capaz e escuta as opiniões. Este desaire de Tânger é a única nota negativa do seu reinado, mas não por sua culpa.Predefinição:Harvref

Morre em 1438, de peste que assolava Lisboa.

O rei a escrever a obra Leal Conselheiro.

Obras

Duarte foi um homem interessado em cultura e conhecimento. Escreveu vários livros de poesia e prosa. Destes últimos destaca-se Leal Conselheiro, um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão. Nele, Duarte regista a depressão pela qual passou quando foi associado ao governo do pai e como a superou.[6]

Compôs um livro de Regimento pera os que custumarem andar a cavallo, intitulado de Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela,[7] em forma de manual para cavaleiros.

Ainda criou o livro "Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte". O livro apresenta a seguinte informação: "Livro da Cartuxa de Scala Coeli que D. Teotónio de Bragança. arcebispo de Évora, fundador da mesma casa lhe fez doação."

Títulos, estilos e honrarias

Teve os seguinte títulos:

  • 31 de Outubro de 1391 – 14 de Agosto de 1433: "Sua Alteza, o Infante Duarte de Portugal";
  • 14 de Agosto de 1433 – 9 de Setembro de 1438: "Sua Alteza Real, o Rei".

O estilo oficial de D. Duarte enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta".

Ascendência

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16. Dinis I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
8. Afonso IV de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Isabel de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
4. Pedro I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. Sancho IV de Castela
 
 
 
 
 
 
 
9. Beatriz de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Maria de Molina
 
 
 
 
 
 
 
2. João I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Martim Lourenço
 
 
 
 
 
 
 
10. Lourenço Martins da Praça
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Sancha Martins
 
 
 
 
 
 
 
5. Teresa Lourenço
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Duarte I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. Eduardo II de Inglaterra
 
 
 
 
 
 
 
12. Eduardo III de Inglaterra
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. Isabel da França
 
 
 
 
 
 
 
6. João de Gante
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Guilherme I, Conde de Hainaut
 
 
 
 
 
 
 
13. Filipa de Hainault
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27. Joana de Valois
 
 
 
 
 
 
 
3. Filipa de Lencastre
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. Henrique, 3.º Conde de Lencastre
 
 
 
 
 
 
 
14. Henrique de Grosmont, 1.º Duque de Lancaster
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. Matilde Chaworth
 
 
 
 
 
 
 
7. Branca de Lencastre
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. Henrique de Beaumont, 4.° Conde de Buchan
 
 
 
 
 
 
 
15. Isabel de Beaumont
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. Alice Comyn
 
 
 
 
 
 
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Fim

Descendência

O rei Afonso V.

Da sua esposa, a infanta Leonor de Aragão (1402-1455), teve nove filhos.

A rainha tornar-se-ia regente do reino até Afonso V atingir a maioridade, o que gerou controvérsia no reino,Predefinição:Harvref pois a opinião pública considerava os infantes D. Pedro, D. Henrique e D. João mais capazes para a regência. D. Leonor manteve-se regente até 1439, assinando os atos régios como «a triste rainha», e nesse ano foi substituída pelo infante D. Pedro e afastada da corte. Exilou-se em Espanha e morreu em Toledo. Deste casamento nasceram:

A imperatriz Leonor, filha de Duarte.


Legado

Foi no seu reinado que Gil Eanes dobrou o cabo Bojador, um importante marco na exploração marítima.

Antes de ser rei, teve funções governativas e encarregou Fernão Lopes de escrever as crónicas dos rei de Portugal.

Deixou duas importantes obras literárias: Leal Conselheiro e Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela.

Deixou em testamento a regência à rainha que estava grávida de Joana. A rainha governou por alguns meses sozinha, depois em conjunto com o infante Pedro e em 1439, exilou-se em Toledo.Predefinição:Harvref

Os seus filhos acabaram por crescer sem os pais. Afonso foi o sucessor de Duarte, Fernando foi o pai da rainha Leonor e do rei Manuel. Uma das filhas de Duarte, Leonor foi a primeira imperatriz portuguesa do Sacro Império, como tal Duarte é o avô do imperador Maximiliano I e este é o avô paterno do imperador Carlos V.

Referências

  1. O Leal Souvenir de Jan van Eyck, por Clemente Baeta, 2016
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 O Portal da História
  3. Erro de citação: Marca <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadas M1
  4. [https://run.unl.pt/bitstream/10362/33289/1/LivroDD_reduzido.pdf D. Duarte e a sua época: Arte, Cultura, poder e espiritualidade, coordenação de Catarina Fernandes Barreira e Miguel Metelo de Seixas. IEM - Instituto de Estudos Medievais Universidade Nova de Lisboa, CLEGH - Centro Lusíada de Estudos Genealógicos, Heráldicos e Históricos, Universidade Lusíada de Lisboa, Lisboa, 2014.]
  5. Erro de citação: Marca <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadas Mat
  6. Erro de citação: Marca <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadas M2
  7. Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, capitulo III
  8. Ruy de Pina, Cronica d'el-rei dom Duarte, cap. XLIV;

Bibliografia

  • Luís Miguel Duarte, D. Duarte. Requiem por um rei triste. Círculo de Leitores, 2005.
  • Humberto Baquero Moreno, A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico. 2 Vols. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1979, disponível em https://archive.org/details/bub_gb_Ad6SHXBOlbAC (consultado em 21 de Fevereiro de 2018).
  • Marques, António (1980). História de Portugal 8.ª ed. Lisboa: Palas Editores .
  • Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América .
  • Mattoso, José (1993). História de Portugal — A Monarquia Feudal. 2.º volume. [S.l.]: Círculo de Leitores. ISBN 972-42-0636-X .

Ver também

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Duarte I de Portugal
Duarte I de Portugal
Casa de Avis
Ramo da Casa de Borgonha
31 de outubro de 1391 – 9 de setembro de 1438
Precedido por
João I
Brasão de armas do reino de Portugal (1385).svg
Rei de Portugal e Algarve
14 de agosto de 1433 – 9 de setembro de 1438
Sucedido por
Afonso V


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