𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Júlio César: mudanças entre as edições

imported>Mschlindwein
imported>Zoldyick
mSem resumo de edição
 
Linha 1: Linha 1:
[[Imagem:Julius_caesar.jpg|right]]
{{Ver desambig|redir=Caio Júlio César|o personagem nascido em {{AC|20|nl}}|Caio César|ou=!}}
{{Info/Político
|nome            =Júlio César
|nome_comp      =Caio Júlio César
|imagem          =Retrato de Julio César (26724093101).jpg
|imagem-tamanho  =240px
|legenda        =Um busto de Júlio César, possivelmente a única escultura remanescente retratando César que fora esculpida durante sua vida.<br />Museu arqueológico de [[Turim]], Itália.
|título          =[[Ditador romano|Ditador]] da [[República Romana]]
|mandato        ={{AC|49}} a {{AC|44}}
|título2        =[[Cônsul (Roma Antiga)|Cônsul]] da [[República Romana]]
|mandato2        =1 de janeiro de {{AC|44}}<br/>a 15 de março de {{AC|44}}
|antes2          =[[Caio Canínio Rébilo|Caio Rébilo]]<br/>[[Caio Trebônio]]
|depois2        =[[Públio Cornélio Dolabela]]<br/>[[Marco Antônio]]
|mandato3        =1 de janeiro de {{AC|46}}<br/>a setembro de {{AC|45}}
|antes3          =[[Quinto Fúfio Caleno|Quinto Caleno]]<br/>[[Públio Vatínio]]
|depois3        =[[Quinto Fábio Máximo (cônsul 45 a.C.)|Quinto Fábio Máximo]]<br/>[[Caio Trebônio]]
|mandato4        =1 de janeiro de {{AC|48}}<br/>a 1 de janeiro de {{AC|47}}
|antes4          =[[Caio Cláudio Marcelo]]<br/>[[Lúcio Cornélio Lêntulo Crus]]
|depois4        =[[Quinto Fúfio Caleno|Quinto Caleno]]<br/>[[Públio Vatínio]]
|mandato5        =1 de janeiro de {{AC|59}}<br/>a 1 de janeiro de {{AC|58}}
|antes5          =[[Quinto Cecílio Metelo Céler|Quinto Metelo Céler]]<br/>[[Lúcio Afrânio]]
|depois5        =[[Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino (cônsul em 58 a.C.)|Lúcio Calpúrnio Cesonino]]<br/>[[Aulo Gabínio]]
|nascimento_data ={{dni|13|7|100 a.C.|si}}
|nascimento_local=[[Roma]], [[República Romana]]
|morte_data      ={{nowrap|{{morte|15|3|-44|13|7|-100}}}}
|morte_local    =[[Roma]], [[República Romana]]
|nacionalidade  =[[Cidadania romana|Romano]]
|nome_mãe        =[[Aurélia Cota]]
|nome_pai        =[[Caio Júlio César (pretor 92 a.c.)|Caio Júlio César]]
|cônjuge        =1ª [[Cornélia Cinila]]<br /> 2ª [[Pompeia (esposa de Júlio César)|Pompeia Sula]]<br />3ª [[Calpúrnia Pisônia]]
|partido        =[[Populares]]
|religião        =[[Religião na Roma Antiga|Politeísmo romano]]
|profissão      =
|filhos          =[[Júlia (filha de Júlio César)|Júlia]]<br />[[Ptolemeu XV Cesarião]]<br />[[Augusto]] ([[Adoção (Roma Antiga)|adotivo]])
|ramo            =[[Exército romano]]
|graduação      =[[General]]
|batalhas        =[[Guerras da Gália]]<br />[[Segunda Guerra Civil da República Romana]]
}}
'''Caio Júlio César'''{{ref label2|a}} ({{langx|la|''Caius'' ou ''Gaius Iulius Caesar''}} ou <small>IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS;</small>{{Ref|1}} [[13 de julho]] de {{AC|100}}{{ref label2|b}} – [[15 de março]] de {{AC|44}}{{ref label2|c}}) foi um [[patrício]], líder [[militar]] e [[político]] [[Roma Antiga|romano]]. Desempenhou um papel crítico na transformação da [[República Romana]] no [[Império Romano]]. Muito da historiografia das campanhas militares de César foi escrita por ele próprio ou por fontes contemporâneas dele, a maioria, cartas e discursos de [[Cícero]] e manuscritos de [[Salústio]]. Sua biografia foi posteriormente melhor escrita pelos historiadores [[Suetônio]] e [[Plutarco]]. César é considerado por muitos acadêmicos como um dos maiores comandantes militares da história.{{sfn|Tucker|2010|p=68}}


'''Caio Júlio César''' (em Latim: '''Gaius Julius Caesar''') ([[13 de Julho]], [[100 a.C.]] [[15 de Março]], [[44 a.C.]]) foi um líder militar e político da [[República de Roma]]. As suas conquistas na [[Gália]] estenderam o domínio romano até ao [[Oceano Atlântico]]: um feito de consequências dramáticas na História da Europa. César fez uma carreira política sem mácula e, no fim da vida, lutou numa guerra civil com a facção conservadora do [[senado romano]], cujo líder era [[Pompeu]]. Depois da derrota dos ''optimates'', tornou-se [[ditador romano|ditador]] (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas admnistrativas e económicas em Roma. O seu assassinato nos Idos de Março por um grupo de senadores travou o seu trabalho e abriu caminho a uma instabilidade política que viria a culminar no fim da República e início do [[Império romano]]. Os feitos militares de César são conhecidos através do seu próprio punho e de relatos de autores como [[Suetónio]] e [[Plutarco]].
Nascido em uma família patrícia de pequena influência, César foi galgando seu lugar na vida pública romana. Em {{AC|60|x}}, ele e os políticos [[Crasso]] e [[Pompeu]] formaram uma aliança (o [[Primeiro Triunvirato]]) que acabou dominando a [[Instituições políticas da Roma Antiga|política romana]] por anos. Suas tentativas de manter-se no poder através de táticas [[Populares|populistas]] enfrentavam resistência das [[Optimates|classes aristocráticas conservadoras]] do [[senado romano]], liderados por homens como [[Catão, o Jovem|Catão]] e [[Cícero]]. César conquistou boa reputação militar e dinheiro durante as [[Guerras Gálicas]] {{nwrap||58|{{AC|50|x}}}}, expandindo os domínios romanos para o norte até o [[Canal da Mancha]], anexando a Gália (atual [[França]]), e no leste até o [[Reno]] (dentro da atual [[Alemanha]]). Ele também se tornou o primeiro general romano a lançar [[Invasões da Britânia por Júlio César|uma incursão militar]] na [[Grã-Bretanha|Britânia]].


==Primeiros anos==
Suas conquistas lhe deram enorme poderio militar e respeito, que acabou ameaçando a posição do seu companheiro político, e agora rival, Pompeu Magno. Este último havia mudado de lado, após a [[Batalha de Carras#A batalha|morte de Crasso]] em {{AC|53|x}}, e agora apoiava a ala conservadora do senado. Com a guerra na [[Gália]] encerrada, os senadores em Roma exigiram que César dispensasse seu exército e retornasse à capital. Recusou-se a obedecer e em {{AC|49|x}} [[Travessia do Rubicão|cruzou o rio Rubicão]] com suas [[Legião romana|legiões]], entrando armado na [[Itália (província romana)|Itália]] (em violação da lei romana que impedia um general de marchar em Roma). Isso precipitou uma violenta [[Segunda Guerra Civil da República Romana|guerra civil]], que terminou com uma vitória de César, com ele assumindo poder total na República.{{sfn|Keppie|1998|p=102}}


César nasceu em [[Roma]] no seio de uma antiga família de [[patrício]]s, chamada ''Julia'', de acordo com a [[convenção romana de nomes]]. A sua ascendência, de acordo com a lenda, chegava a Julus, filho do principe troiano Eneias e neto da deusa [[Vénus (deusa)|Vénus]]. No auge do seu poder, César iniciou a construção de um templo a ''Venus Genetrix'' em Roma, em reconhecimento da sua divina antepassada. O seu pai era o homónimo Caio Júlio César e a sua mãe uma Aurelia da família Cottae. Enquanto jovem, César viveu no Subura, o bairro dos emigrantes pobres de Roma, onde aprendeu a falar várias línguas, incluíndo [[hebraico]] e dialectos gálicos.  
Em {{AC|49|x}}, César assumiu o comando em Roma como um [[Ditador romano|ditador]] absoluto. Ele iniciou então uma série de reformas sociais e políticas, incluindo a criação do [[calendário juliano]]. Continuou a centralizar o poder e a burocracia da República pelos anos seguintes, dando a si mesmo grande autoridade. Porém a ferida da guerra civil ainda estava aberta e a oposição política em Roma começou a conspirar para derrubá-lo do poder. As conspirações culminaram nos [[Idos de Março]] em {{AC|44|x}} com o [[Liberatores|assassinato de César]] por um grupo de senadores aristocratas liderados por [[Marco Júnio Bruto]]. Sua morte precipitaria uma [[Última Guerra Civil da República Romana|nova guerra civil]] pelos espólios do poder e assim o [[Constituição da República Romana|governo constitucional republicano]] nunca foi totalmente restaurado. O seu sobrinho-neto, Caio Otaviano, foi feito seu herdeiro em testamento. Em {{AC|27|x}}, o jovem passaria para a história como [[Augusto]], o primeiro [[imperador romano]], adotando o título de ''César'' e reivindicando para si o seu legado político.


Os ''Julii Caesarii'', embora aristocratas, não eram ricos para os padrões da aristocracia romana da época e por este motivo, nem o seu pai nem o seu avô atingiram cargos proeminentes na República. A sua tia paterna [[Júlia Cesaris|Júlia]] casou com o talentoso general e reformador [[Caio Mário]], líder da facção populista do senado, os ''Populares'', por oposição aos ''Optimates'' (conservadores). Para o fim da vida de Mário, as disputas internas entre as duas facções haviam chegado ao ponto de ruptura. Em [[86 a.C.]] rebentou uma guerra civil interna, cujo resultado a longo prazo foi a [[ditadura]] (conceito romano do termo) de [[Lúcio Cornélio Sulla]]. César estava afecto ao lado derrotado de Mário por laços familiares: não só era seu sobrinho, como era também casado com Cornélia Cinnila, filha de Lúcio Cornélio Cinna, aliado de Mário e inimigo pessoal de Sulla. A sua situação não era portanto das mais brilhantes. Sulla ordenou o seu divórcio de Cornélia, mas César recusou abandonar a jovem mulher e fugiu de Roma para evitar as perseguições. O ditador ficou desagradado com o desafio mostrado pelo jovem de vinte anos e mandou caçadores de prémios atrás dele. Foi a intervenção da sua família e amigos influentes que o salvou da proscrição e execução certas. Mas apesar do perdão de Sulla, César decide não ficar em Roma, partindo para a Ásia para realizar o seu serviço militar. Durante a campanha ao serviço de [[Lúcio Licínio Lúculo]] na [[Cilícia]], César distinguiu-se pela sua bravura em combate e capacidades de liderança.  
==Infância e carreira inicial ==
[[Imagem:CaesarElephant.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|[[Denário]] de Júlio César com imagem de elefante.]]
Júlio César nasceu em uma família [[Patrício|patrícia]], a [[Gente (Roma Antiga)|gente]] [[Júlia (gente)|Júlia]], que afirmava ser descendente de [[Ascânio]], filho do legendário [[troia]]no [[Eneias]], que por sua vez era, segundo a mitologia romana, filho da deusa [[Vênus (mitologia)|Vênus]].{{sfn|Froude|1879|p=67}} O seu [[cognome]] "César" se originou, de acordo com [[Plínio, o Velho]], com um ancestral seu nascido de [[cesariana]] (palavra do latim que quer dizer "cortar", ''caedere'', ''caes'').{{sfn|Plínio, o Velho|século I|loc=7.7}}{{ref label2|d}} A ''[[História Augusta]]'' sugere três razões para o seu nome: a primeira é que César nasceu com muito cabelo (em latim ''caesaries''); que tinha olhos cinza bem claro ({{langx|la|''oculis caesiis''}}); ou que matou um elefante (''caesai'') em batalha.{{sfn|Anônimo|século IV|loc=2}} O próprio César mandou fabricar moedas com retrato de elefantes, sugerindo que favorecia esta interpretação do seu nome.<ref name=Symbolism />


Depois da morte de Sulla em [[78 a.C.]], César regressa a Roma e inicia a carreira como advogado no [[fórum romano]] e torna-se conhecido pela sua brilhante oratória. As suas principais vítimas serão os políticos corruptos e culpados de extorsão. Com o perfeccionismo que sempre o caracterizou, César não estava contente consigo e viajou para [[Rodes]] para estudar filosofia e retórica com o gramático [[Apollonius Molo]]. Mas durante a sua viagem, o seu barco foi abordado por [[pirata]]s que o raptaram. Quando exigiram um resgate de vinte [[talentos de ouro]], César desafiou-os a pedir cinquenta, uma fortuna mesmo em moeda actual. Trinta e oito dias depois, o resgate chegou e César foi libertado depois de um cativeiro confortável onde fez amizade com alguns dos captores. De regresso à liberdade, organizou uma força naval, capturou o refúgio dos piratas e ordenou a sua [[crucificação]].  
Apesar de pertencer a uma família tradicional da aristocracia romana, os Júlios Césares (''Julii Caesares'') não eram muito influentes politicamente em Roma, apesar de que, no século anterior, membros desta família conseguiram altos cargos na [[República Romana|República]].{{sfn|Goldsworthy|2006|p=32}} O pai de César, também chamado [[Caio Júlio César (pretor em 92 a.C.)|Caio Júlio César]], governou a província da [[Ásia (província romana)|Ásia]],{{sfn|name=Sue1|Suetônio|século IIa|loc=1}}{{sfn|name=Plu1|Plutarco|século Ia|loc=1}}{{sfn|name=Pli7.54|Plínio, o Velho|século I|loc=7.54}}<ref>''Inscrições da Itália'' [''Inscriptiones Italiae''], 13.3.51–52</ref> e sua tia [[Júlia César (esposa de Caio Mário)|Júlia]] era casada com o general [[Caio Mário]], uma das figuras políticas mais importantes em Roma naquela época.{{sfn|Plutarco|século Ib|loc=6}} Sua mãe, [[Aurélia Cota]], era membro influente na família. Pouco é sabido sobre a infância de César.<ref name=Sue1 /><ref name=Plu1 />


Em [[69 a.C.]], Cornélia morre ao dar à luz um rapaz nato-morto e pouco depois César perde a tia Júlia, viúva de Mário, de quem era muito próximo. Ao contrário do que era costume, César insistiu em organizar funerais públicos para ambas, com direito a eulogias proferidas da ''[[rostra]]''. O funeral de Júlia foi repleto de conotações políticas, visto que César fez questão em incluir a máscara funerária de Caio Mário na procissão, a primeira contestação pública das leis de proscrição de Sulla da década anterior. E apesar de ser público o afecto de César pelas duas mulheres (cf. Suetonius), houve quem interpretasse a atitude como propaganda para as eleições que se avizinhavam para o cargo de [[questor]].
[[Imagem:Marius Glyptothek Munich 319.jpg|miniaturadaimagem|upright=0.7|[[Caio Mário]], tio de César <br><small>Busto na [[Gliptoteca de Munique]]</small>]]
Em {{AC|85|x}}, o pai de César morreu subitamente.<ref name=Sue1 /><ref name=Pli7.54 /> Assim, aos 16 anos, tornou-se o chefe da família. Ao mesmo tempo, eclodiu uma [[Primeira Guerra Civil de Sula|guerra civil]] entre o seu tio, [[Caio Mário]], e o seu rival, o general [[Sula]]. Ambos os lados realizaram [[expurgo]]s, quando puderam, dos partidários do seu adversário, incluindo nas famílias deles. Enquanto Mário e seu aliado, [[Lúcio Cornélio Cina]], estavam no controle da cidade, César foi nomeado como o novo [[Flâmine dial|alto-sacerdote]] de [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]],{{sfn|Veleio Patérculo|século I|loc=2.22}}{{sfn|Floro|século I/II|loc=2.9}} e então casou-se com a filha de Cina, [[Cornélia Cinila|Cornélia]].<ref name=Sue1 /><ref name=Plu1 />{{sfn|name=Ve2.41|Veleio Patérculo|século I|loc=2.41}}<ref name=Julius /> Após a vitória final de Sula, as conexões de César com o regime de Mário fizeram dele um alvo do novo governo: foi despojado de sua herança, do dote de sua esposa e do seu sacerdócio, mas se recusou a se divorciar de Cornélia e foi forçado a fugir e se esconder.{{sfn|Canfora|2006|p=3}} A ameaça contra ele minguou depois que uma investigação na família de sua mãe mostrou que alguns deles apoiaram Sula e eram [[Vestal|vestais]]. Sula desistiu de perseguir César, mas afirmou que viu muito de Mário nele.<ref name=Sue1 /><ref name=Plu1 />


==''Cursus honorum''==
Apesar do perdão, César não se sentia seguro com Sula ainda no poder. Preferiu ficar afastado de Roma e se juntou ao [[Exército romano|exército]], servindo sob comando de [[Marco Minúcio Termo]] na [[Ásia (província romana)|Ásia]] e [[Servílio Isáurico]] na [[Cilícia]]. César serviu com distinção, ganhando a [[coroa cívica]] por sua participação no [[cerco de Mitilene]]. Numa missão na [[Bitínia]], para assegurar o apoio da frota de [[Nicomedes IV da Bitínia|Nicomedes IV]], teve que ficar tanto tempo na sua corte que rumores surgiram de que estava tendo um caso amoroso com o rei, algo que sempre negou.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=2–3}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=2-3}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=43.20}} Ao ouvir da morte de Sula em {{AC|78|x}}, retornou para Roma. Devido à falta de dinheiro como resultado do confisco de sua herança, alugou uma casa modesta em [[Subura]], um bairro de classe baixa de Roma. Tornou-se então advogado e ficou conhecido por sua boa oratória, sempre fazendo firmes gestos com os braços e por ter uma voz alta. Também ficou notório por processar ex-governadores acusados de extorsão ou corrupção, logo ficando conhecido pelo povo por causa disso.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=46}}


César foi eleito questor pela Assembleia do Povo em [[69 a.C.]], com trinta anos de idade, como estipulava o ''[[cursus honorum]]'' romano. No sorteio subsequente, calhou-lhe um cargo na [[província romana]] da [[Hispania Ulterior]], situada mais ou menos nos modernos Portugal e sul de Espanha.  
Durante uma viagem, no meio do [[mar Egeu]],{{ref label2|e}} César foi sequestrado por [[pirata]]s e feito prisioneiro.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=1-2}} Manteve uma atitude de superioridade durante o seu cativeiro: quando os piratas exigiram 20 [[Talento (moeda)|talentos]] de prata como resgate, insistiu que exigissem 50.{{sfn|Thorne|2003|p=15}}{{sfn|Freeman|2008|p=39}} Com o valor pago, foi libertado; em retaliação pelo episódio, César recrutou uma frota, perseguiu, capturou os piratas e os crucificou, como havia prometido durante o cativeiro - uma promessa que seus sequestradores haviam considerado uma piada. Como um sinal de "clemência", aliviou-lhes a dor da crucificação facilitando a sua morte, ao cortar-lhes as gargantas. Pouco tempo depois, foi reconvocado pelo exército, servindo no leste. Naquele momento a reputação de César como um competente comandante militar começou a se formar.{{sfn|Goldsworthy|2006|p=77-78}}


No regresso a Roma, César prosseguiu a carreira como advogado até ser eleito [[edil]] em [[65 a.C.]], o primeiro cargo do ''cursus honorum'' a deter ''[[imperium]]''. As funções de um edil podem ser equiparadas às de um moderno [[presidente da câmara municipal]] e incluíam a regulação das construções, do trânsito, do comércio e outros aspectos da vida diária. Mas o cargo poderia ser um presente envenenado, pois incluía a organização dos jogos no ''[[Circus maximus]]'' o que, dado o limitado orçamento público, exigia a aplicação dos fundos privados do edil. Isto era especialmente verdade no caso de César, que pretendia realizar jogos memoráveis para impulsionar a carreira política. E de facto aplicou todo o seu engenho para o conseguir, chegando até a desviar o curso do [[Tibre]] para uma representação no circo, mas acabou o ano com dívidas na ordem das várias centenas de talentos de ouro (o equivalente a vários milhões de [[euro]]s).
Quando retornou para Roma, foi eleito um [[tribuno militar]], sinalizando o início de uma carreira política. Foi então eleito [[questor]] por {{AC|69|x}},{{sfn|Freeman|2008|p=51}} e durante este mesmo ano fez um [[Laudatio Iuliae amitae|discurso durante o funeral de sua tia Júlia]] e incluiu palavras de apoio ao marido dela, o general Mário (como Sula estava morto, agora era seguro). Ainda naquele ano, sua esposa, Cornélia, morreu.{{sfn|Freeman|2008|p=52}} Após seu enterro, na primavera ou começo do verão de {{AC|69|x}}, César foi servir como questor na [[Hispânia]].{{sfn|Goldsworthy|2006|p=100}} Por lá teria encontrado uma estátua do [[rei macedônio]] [[Alexandre, o Grande]], e percebeu, com desgosto, que havia chegado na mesma idade de Alexandre (que fora um grande conquistador) sem ter conseguido muita coisa na vida. Ao retornar para casa, em {{AC|67|x}},{{sfn|name=Go101|Goldsworthy|2006|p=101}} casou-se com [[Pompeia (esposa de Júlio César)|Pompeia]], que era neta de Sula (os dois se divorciaram mais tarde).{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=5–8}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=5}}{{sfn|name=Vel2.43|Veleio Patérculo|século I|loc=2.43}}


No entanto, o sucesso como edil foi uma ajuda importante na sua eleição para ''[[pontifex maximus]]'' em [[63 a.C.]], depois da morte de Quintus Caecilius Metellus Pius. O cargo significava uma nova casa no Forum, a ''Domus Publica'', a responsabilidade por toda a vida religiosa de Roma e a custódia das [[Virgem vestal|virgens vestais]]. Para a vida pessoal de César, também significava o alívio do fim das dívidas. A sua estreia como ''pontifex maximus'' foi marcada por um escândalo. Depois da morte de Cornélia, César casara com Pompeia, uma das netas de Sulla. Como mulher do ''pontifex maximus'' e uma das mais importantes ''matronas'' de Roma, Pompeia era responsável pela organização dos ritos da [[Bona Dea]] em Dezembro, exclusivos às mulheres e considerados sagrados. Mas durante as celebrações, [[Publius Clodius Pulcher]] (Públio Clódio Pulcro) (um jovem líder demagogo, considerado perigoso) conseguiu entrar na casa disfarçado de mulher. Em resposta a este sacrilégio, do qual não foi provavelmente culpada, Pompeia recebeu uma ordem de divórcio. César admitiu publicamente que não a considerava responsável, mas justificou a sua acção com a célebre máxima: ''A mulher de César, tal como César, tem que estar acima de qualquer suspeita.''
[[Imagem:Sulla Glyptothek Munich 309.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|upright=0.7|O ditador [[Sula|Lúcio Cornélio Sula]] que despojou César do seu sacerdócio.<br><small>Busto na [[Gliptoteca de Munique]]</small>]]


Em [[63 AEC|63 a.C.]] César foi eleito [[pretor]] e [[Cícero|Marco Túlio Cicero]] cônsul sénior na Assembleia das Centúrias. Foi um ano particularmente difícil não só para César, mas também para a [[República de Roma]]. Durante o seu consulado, Cícero revelou uma conspiração para destronar os magistrados eleitos liderada por [[Catilina|Lúcio Sérgio Catilina]], um aristocrata patrício frustrado pela sua falta de sucesso político. O resultado foi a execução sem julgamento de cinco proeminentes romanos aliados de Catilina. Isto era um anátema para a sociedade romana, que raramente executava os seus cidadãos e quando o fazia era apenas depois de complicados procedimentos judiciais. César opôs-se a esta medida com toda a sua oratória, mas acabou suplantado pela insistência de [[Catão de Útica|Marcus  Porcius Cato, o jovem]] (Marco Pórcio Catão) e os cinco homens acabaram executados no próprio dia. Foi também nesta dramática reunião do [[senado romano|senado]] que o caso amoroso de César com Servília Cepionis foi trazido a público. Os opositores políticos de César acusaram-no na altura de fazer parte da conspiração de Catilina, o que nunca foi provado nem prejudicou grandemente a sua carreira. Depois do seu complicado ano como pretor, César foi nomeado governador da Hispânia Ulterior.
Em {{AC|65|x}}, aliou-se a [[Crasso]], um dos homens mais ricos de Roma, e conseguiu apoio financeiro deste para se eleger [[edil]] no mesmo ano.<ref>{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=bK4rAAAAYAAJ&pg=PA198&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj19cup_7jLAhWGC5AKHXnBB2UQ6AEIZzAJ#|título=The American Cyclopaedia: A Popular Dictionary of General Knowledge|autor=George Ripley,Charles Anderson Dana|acessodata=11 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=lNV6-HsUppsC&pg=RA3-PA150&lpg=RA3-PA150&dq=aedile+caesar+65&source=bl&ots=QoFOqPgDxN&sig=kMrbVkpph0H_dAib81B5R0zt1VE&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjmm4HT97jLAhXKkpAKHdNcBqAQ6AEISjAH#v=onepage&q=aedile%20caesar%2065&f=false|título=The Oxford Encyclopedia of Ancient Greece and Rome|publicado=Oxford University Press|acessodata=11 de março de 2016}}</ref> Em {{AC|63|x}}, concorreu ao posto de [[pontífice máximo]], o alto sacerdote da [[Religião na Roma Antiga|religião romana]], concorrendo contra dois senadores. Todos os lados se acusaram de subornos e outros crimes. Ainda assim, César venceu, derrotando oponentes mais experientes.<ref name=Vel2.43 />{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=13}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=7}} Quando [[Cícero]], servindo na época como [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]], expôs [[Conspiração de Catilina|um esquema]] por parte de [[Lúcio Sérgio Catilina]] para tomar o controle da República, vários senadores acusaram César de participar do complô, algo que ele negou.{{sfn|Salústio|século I a.C.|loc=49}}


==O primeiro triunvirato e as guerras na Gália==
Depois de servir também no cargo de [[pretor]] em {{AC|62|x}}, César foi nomeado para governador da [[Hispânia Ulterior]] (sudeste da [[Espanha]]) como [[promagistrado]],{{sfn|Kennedy|1958|p=10}}{{sfn|Hammond|1966|p=114}}{{sfn|Suetônio|2004|p=258}} embora alguns acreditem que também detinha poderes proconsulares (de [[governador]]).{{sfn|Broughton|1952|p=173; 180}}{{sfn|Colegrove|2007|p=9}} Ainda estava profundamente endividado e precisava satisfazer os seus credores antes de partir, o que levou-o a procurar [[Crasso]]. Em troca do seu apoio político em oposição a algumas políticas do general [[Pompeu]], Crasso pagou uma parte da dívida de César e agiu como fiador do resto. Ainda assim, para evitar que se tornasse um cidadão privado normal e assim ficasse aberto a um processo legal devido a suas dívidas, César partiu para governar suas províncias antes que seu pretorado terminasse. Enquanto na Hispânia, subjugou duas tribos locais e foi saudado como ''[[imperator]]'' (comandante) por suas tropas, terminando seu mandato como governador local com uma boa reputação.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=18.1}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=11-12}}


Em [[59 a.C.]] César foi eleito [[cônsul romano|cônsul sénior]] da [[República de Roma]] pela Assembleia das Centúrias. Para seu colega, foi eleito o seu inimigo político, [[Marcus Calpurnius Bibulus]], membro da facção conservadora e amigo de Marcus Porcius Cato. O primeiro acto de Bibulus como cônsul foi retirar-se de toda a vida política com o pretexto de se dedicar à observação dos céus em busca de presságios. Esta decisão, aparentemente de espírito religioso, era destinada a fazer difícil a vida política de César, mas este encontrou aliados onde menos se esperava.
César teve o título de ''imperator'' em {{AC|60|x}} e {{AC|45|x}}. Na [[República Romana]], este título honorífico só era conferido a certos líderes militares. Tropas do exército costumavam proclamar seu general como ''imperator'' depois que conquistavam grandes vitórias e homens com esse título poderiam solicitar uma [[Triunfo romano|marcha triunfal]] ao [[Senado romano|senado]]. Contudo, também queria a posição de cônsul, a mais alta magistratura da República. Se fosse celebrar um triunfo, deveria permanecer como um soldado e ficar fora da cidade até a cerimônia, mas para concorrer às eleições teria que abrir mão do seu comando e entrar na Itália desarmado como um cidadão privado comum; pediu então ao senado para que pudesse concorrer ''[[in absentia]]'', mas o senador {{lknb|Catão,|o Jovem}}, que não gostava de César, bloqueou a proposta. Como não podia mesmo pedir um triunfo como comandante militar e ser cônsul ao mesmo tempo, César preferiu perseguir o consulado.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=18.2}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=13}}


Nesse mesmo ano, [[Pompeu|Gnaeus Pompeius Magnus]] (Pompeu o Grande) encontrava-se em disputa aberta com o senado por causa do direito dos seus veteranos a terras de cultivo. Ao mesmo tempo, o antigo cônsul [[Marcus Licinius Crassus]], alegadamente o homem mais rico de Roma, encontrava-se também em dificuldades para obter o tão desejado comando na guerra contra o [[Império Persa]]. César precisava do dinheiro de Crassus e da influência e popularidade de Pompeu e assim se formou uma aliança informal. Os historiadores designam esta união como o [[primeiro triunvirato]], ou o ''governo dos três homens''. Para confirmar a aliança, Pompeu casou com [[Júlia Caesaris]], a única filha de César, e apesar da diferença de idades e ambiente social o casamento provou ser um sucesso.
==Cônsul e campanhas militares==
{{AP|Primeiro Triunvirato}}
[[Imagem:RSC 0022 - transparent background.png|miniaturadaimagem|[[Denário]] com busto de Júlio César, datado de {{AC|44|x}}; a deusa [[Vênus (mitologia)|Vênus]] é mostrada no outro verso, segurando [[Vitória (mitologia)|Vitória]] e um cetro.]]


Depois de um ano difícil como cônsul, César recebeu poderes proconsulares para governar as províncias da Gália e Illyricum por cinco anos. Uma governação pacífica não se adequava no entanto à sua personalidade e César iniciou as [[Guerras gálicas]] ([[58 a.C.]]- [[49 a.C.]]), onde conquistou a Gália, partes da Germania e fez uma breve visita às ilhas britânicas. Entre os seus legados contavam-se entre outros os primos Lucius Julius César e [[Marco António]], [[Titus Labienus]] (Tito Labieno) e [[Quintus Tullius Cicero]] (Quinto Túlio Cícero)  (irmão mais novo de Cícero), todos homens que haveriam de se mostrar personagens importantes nos anos seguintes. César derrotou povos como os helvéticos em [[58 a.C.]], a confederação belga e os nérvios em [[57 a.C.]] e os venécios em [[56 a.C.]]. Finalmente em [[52 a.C.]], César venceu uma confederação de tribos gálicas lideradas por [[Vercingétorix]] na [[batalha de Alésia]]. As suas crónicas pessoais da campanha ficam registadas nos seus ''Comentários'' (''De bello galico''). De acordo com [[Plutarco]], a campanha resultou em 800 cidades capituladas, 300 tribos submetidas, um milhão de gauleses reduzidos à escravatura e outros três milhões mortos nos campos de batalha.  
Em {{AC|60|x}}, César tentou se candidatar para as eleições para cônsul no ano seguinte, junto com outros dois candidatos. A eleição foi sórdida – até [[Catão, o Jovem|Catão]], com sua reputação de incorruptibilidade, teria partido para subornos para tentar favorecer os oponentes de César. Ainda assim venceu, junto com o conservador [[Marco Calpúrnio Bíbulo]].{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=19}} César já estava em dívida política com [[Crasso]], mas também se aproximou de [[Pompeu]]. Pompeu e Crasso já não se entendiam bem como antes, então César tentou reconciliá-los. Os três tinham dinheiro e influência política suficiente para controlar a vida pública da nação. Esta aliança informal, que ficou conhecida como [[Primeiro Triunvirato]] ("governo de três"), foi consolidada pelo casamento entre Pompeu e a filha de César, [[Júlia (filha de Júlio César)|Júlia]].{{sfn|name=Ve2.44|Veleio Patérculo|século I|loc=2.44}}{{sfn|Cícero|século I a.C.e|loc=II.17; VIII.3}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=13–14}}{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=47}}{{sfn|Plutarco|século Id|loc=14}}{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=19.2}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=37.54–58}} César também se casou novamente, com [[Calpúrnia Pisão]], filha do poderoso senador [[Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino (cônsul em 58 a.C.)|Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino]].{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=21}}


Mas apesar dos seus sucessos e dos benefícios que a conquista da Gália trouxe a Roma, César continuava impopular entre os seus pares, em particular junto dos conservadores que receavam a sua ambição. Em [[55 a.C.]], os seus aliados Pompeu e Crassus foram eleitos cônsules e honraram o acordo estabelecido com César ao prolongarem o proconsulado por mais cinco anos. No ano seguinte, Júlia Caesaris morreu em trabalho de parto, deixando pai e marido cobertos de desgosto. Crassus foi morto em [[53 a.C.]] durante a desastrosa campanha da Pérsia, condenada desde o início por péssima planificação. Sem Crassus e Júlia, Pompeu aproximou-se da facção conservadora. Ainda na Gália, César procurou assegurar a aliança com Pompeu propondo-lhe casamento om uma das sobrinhas, mas este preferiu casar-se de novo com Cornélia Metella, filha de Metellus Scipio (Cipião Metelo), um dos maiores inimigos de César.
César então propôs uma redistribuição de terras públicas, pela força se necessário, para beneficiar os mais pobres. Pompeu e Crasso apoiaram a proposta, tornando público o triunvirato. Pompeu encheu as ruas de tropas, com o objetivo de intimidar os inimigos dos triúnviros. Bíbulo declarou que os presságios eram desfavoráveis e tentou anular a nova lei, mas foi afastado do senado por homens armados a mando de César e forçado a aposentar-se. Bíbulo não foi o único que sofreu com a repressão. Qualquer um que mostrasse oposição às ideias do Triunvirato (especialmente as de César) era preso.<ref name=Ve2.44 />{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=14}}{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=47–48}}{{sfn|Plutarco|século Ie|loc=32–33}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=38.1–8}}


==Guerra civil==
Quando César foi eleito para cônsul, a aristocracia tentou limitar seu poder futuro, especialmente para evitar que tivesse comando militar.{{sfn|name=Su19.2|Suetônio|século IIa|loc=19.2}} Porém, com a ajuda de aliados, César foi nomeado governador da [[Gália Cisalpina]] (norte da Itália) e [[Ilírico (província romana)|Ilírico]] (sudeste da Europa), com a [[Gália Narbonense|Gália Transalpina]] (sul da [[França]]) sendo adicionada mais tarde, dando-lhe comando de quatro [[Legião romana|legiões]] completas. Seu mandato de governador seria de cinco anos e, com o cargo, teria imunidade processual.{{sfn|name=Vel44.4|Veleio Patérculo|século I|loc=44.4}}{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=22}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=14.10}}{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=14.3}}{{sfn|Plutarco|século Id|loc=48}}{{sfn|Plutarco|século Ie|loc=33.3}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=38:8.5}} Quando seu consulado terminou, César fugiu para suas províncias para evitar ser processado por irregularidades cometidas em seu mandato.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=23}}


Em [[50 a.C.]], o senado liderado por Pompeu ordenou o regresso de César e a desmobilização de todas as suas [[legiões romanas]], ao mesmo tempo que o proibia de se candidatar ao segundo cargo de cônsul ''in absentia''. César sabia que, sem o seu ''imperium'' de procônsul e o poder das suas legiões seria processado e eliminado da vida política assim que regressasse a Roma. Por este motivo, César recusou obedecer e atravessou o rio Rubicão, no Norte de Itália, a [[10 de Janeiro]] de [[49 a.C.]], dizendo, segundo a lenda, ''iacta alea est'' (os dados estão lançados). Era o primeiro acto da guerra civil que haveria de pôr fim ao normal funcionamento das instituições políticas da República. Os ''Optimates'', incluíndo Metellus Scipio e Cato o jovem, fugiram para Sul, sem saberem que César era acompanhado apenas pela sua décima legião.
===Conquista da Gália===
{{AP|Guerras da Gália}}


César perseguiu Pompeu até ao porto de Brundisium no Sul de Itália, na esperança de poder reactar a sua aliança, mas este fugiu para a Grécia com os seus apoiantes. Então, César dirige-se para a Hispânia numa marcha forçada de apenas 27 dias, para derrotar os tenentes de Pompeu nessa poderosa província. Só quando considera a retaguarda segura, e depois de organizar as instituições políticas em Roma, que caíra na anarquia, é que César se dirige para a Grécia. A [[10 de Julho]] de [[48 a.C.]], Pompeu é derrotado na [[batalha de Dyrrhachium]] mas por uma escassa margem, conseguindo fugir para lutar outro dia com quase todo o seu exército. O encontro final dá-se pouco tempo depois, a [[9 de Agosto]], na [[batalha de Farsalo]]. César conquista uma vitória estrondosa, mas mais uma vez os inimigos políticos conseguem fugir: Pompeu para o Egipto, Metellus Scipio e Cato para o Norte de África. De regresso a Roma, é nomeado [[ditador romano]] (um conceito diferente do actual), com [[Marco António]] como ''Magister equestris'', e é eleito cônsul pela segunda vez.
[[Imagem:Caesar campaigns gaul-pt.svg|miniaturadaimagem|esquerda|Movimentos de César na Gália]]
[[Imagem:Il ponte di Cesare sul Reno.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|''[[Pontes do Reno de Júlio César|Ponte de César sobre o rio Reno]]'' <br><small>Por [[John Soane]], 1814</small>]]


Em [[47 a.C.]], César dirigiu-se ao Egipto em busca de Pompeu, apenas para descobrir que o velho aliado e inimigo havia sido assassinado no ano anterior. Ao saber da sua sorte, César ficou destroçado pela perda e por ter perdido a oportunidade de oferecer-lhe o seu perdão. Talvez devido a isto, César decidiu intervir na política egípcia e substituiu o rei [[Ptolomeu XIII do Egipto|Ptolomeu XIII]] pela sua irmã [[Cleópatra VII do Egipto|Cleópatra]], que já tinha a dignidade de [[faraó]]. Durante a sua estadia, César envolveu-se com a rainha do Egipto e da relação nasceu o seu único filho, o futuro [[Cesarion|Ptolomeu XIV do Egipto]] (Cesarion). Foi ainda durante este período que César sofreu o seu primeiro ataque de [[epilepsia]].
César estava atolado em dívidas, mas como governador podia ganhar muito dinheiro, especialmente através de extorsão e aventuras militares. Seu objetivo não era só ganhar dinheiro, mas conseguir glória nos campos de batalha; anexar novos territórios a Roma também lhe traria ganhos políticos e o respeito do povo.{{sfn|name=Fu1965|Fuller|1965}} Possuía quatro legiões sob seu comando e duas províncias que tinham fronteira com territórios não conquistados. A região mais vulnerável era a [[Gália]], profundamente dividida e instável e habitada por tribos com vocação guerreira, que no passado haviam derrotado Roma em combate. O pretexto para a invasão romana veio quando tribos gálicas aliadas a Roma foram derrotadas por rivais, estes apoiado por guerreiros [[Germanos|germânicos]], na [[batalha de Magetóbriga]]. César usou o receio de que estas tribos tentassem migrar para regiões próximas à [[península Itálica]] e que tivessem intenções belicosas para justificar uma incursão militar na Gália. César então recrutou mais legiões e derrotou estas tribos em batalha na fronteira do império.{{sfn|Apiano|século IIa|loc=3}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=38.31–50}}<ref>{{citar web|url=http://www.unrv.com/fall-republic/invasion-of-britain.php|título=Invasion of Britain|publicado=unrv.com|acessodata=18 de outubro de 2015}}</ref>


Depois das campanhas do Egipto, César rumou ao Médio Oriente, onde derrotou o rei [[Farnaces]] do [[Bósforo]] na [[batalha de Zela]] e depois para o Norte de África para atacar os líderes da facção conservadora aí entrincheirados. Na [[batalha de Tapso]] em [[46 a.C.]], César somou mais uma vitória e viu desaparecerem dois dos seus piores inimigos, Metellus Scipio e Cato, o jovem. Mas os filhos de Pompeu [[Pompeu o jovem|Gnaeus]] and [[Sextus Pompeius]], bem como o seu antigo comandante de cavalaria [[Titus Labienus]], conseguiram fugir para a Hispânia. César não hesitou em perseguí-los e em Março de [[45 a.C.]] derrota o último foco de oposição na [[batalha de Munda]].
Em resposta às atividades de César, as tribos do norte da Gália começaram a se armar. Júlio César viu isso como um movimento agressivo e, depois de uma batalha inconclusiva, partiu para derrotar cada uma das tribos gaulesas de forma separada. Enquanto isso, uma das suas legiões conseguiu avançar até o extremo norte da Gália, chegando à margem oposta à [[Britânia (província romana)|Britânia]].{{sfn|name=Ap4|Apiano|século IIa|loc=4}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=39.1–5}}<ref name=GallicWars /> Na primavera de {{AC|56|x}}, os triúnviros fizeram uma reunião de emergência. A situação em Roma era tensa e a aliança política de que César dependia estava se desfazendo. A [[Conferência de Luca]] renovou o [[Primeiro Triunvirato]] e deu mais cinco anos de mandato para César como governador de suas províncias.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=24}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=21}}{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=14-15}}{{sfn|Plutarco|século Id|loc=21}}{{sfn|Cícero|século I a.C.c|loc=2.3}} Enquanto isso, a conquista do norte da Gália havia sido completada, embora alguns bolsões de resistência permanecessem.{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=39.40–46}}<ref name=GallicWars />


Com todo o mundo romano sob o seu controlo, César regressa a Roma onde é nomeado ditador vitalício e cognominado ''Pater Patriae'', pai da pátria. Então começa uma maratona de reformas administrativas que incluem a mudança para o [[calendário juliano]]. O mês Quintilis é rebaptizado como Julius em sua honra e continua, nos dias de hoje, a ser conhecido como Julho. Em Fevereiro, Marco António oferece um diadema, símbolo de um rei, a César, que o rejeita com veemência. No entanto, o episódio valeu-lhe a desconfiança dos seus pares que começaram a recear a sua ambição.  
Em {{AC|55|x}}, César repeliu uma invasão de tribos germânicas na Gália. Então [[Pontes do Reno de Júlio César|construiu pontes sobre o rio Reno]] e avançou no território germânico para demonstrar força, mas depois recuou. Mais tarde naquele verão, teve que sufocar uma rebelião na [[Bélgica romana|Bélgica]]. Acusando os [[Grã-Bretanha|britões]] de interferir em sua guerra, [[Invasões da Britânia por Júlio César|lançou uma invasão da Britânia]].{{sfn|Black|2003|p=6}} Suas informações da região eram ruins, e apesar de ele ter conquistado uma consistente base costeira, não conseguiu avançar dentro do território britânico e decidiu retornar para a Gália para o inverno.<ref name=Ap4 />{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=47–53}}{{sfn|Júlio César|século I a.C.|loc=IV}} Regressou à Britânia no ano seguinte, melhor preparado e com mais tropas, e conseguiu avançar mais: conquistou territórios e fez alianças, porém retornou quando uma revolta, decorrente da má colheita, eclodiu no coração da Gália.{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=40.1–11}}{{sfn|Júlio César|século I a.C.|loc=5–6}}{{sfn|Cícero|século I a.C.c|loc=2.13; 2.15; 3.1}}{{sfn|Cícero|século I a.C.d|loc=7.6-8; 7.10; 7.17}}{{sfn|Cícero|século I a.C.e|loc=4.15; 4.17-18}}


Pouco depois, César é assassinado numa reunião do senado, nos [[15 de Março|Idos de Março]] (15 de Março) de [[44 a.C.]], por um grupo de senadores que acreditavam agir em defesa da República. Entre eles contavam-se os seus antigos protegidos [[Marcus Junius Brutus]] e [[Gaius Longinus Cassius]]. César caíu aos pés de uma estátua de Pompeu e as suas últimas palavras são descritas em várias versões:
[[Imagem:Siege-alesia-vercingetorix-jules-cesar.jpg|miniaturadaimagem|[[Vercingetórix]] joga sua espada aos pés de César, simbolizando sua rendição. <br><small>Por [[Lionel Royer]], no [[Museu Crozatier]]</small>]]
Enquanto César estava na Britânia, sua filha Júlia, esposa de [[Pompeu]], morreu no parto do seu primeiro filho. César tentou revitalizar sua aliança com Pompeu ao oferecer sua sobrinha-neta em casamento, mas a proposta foi recusada. Pompeu preferiu se casar com [[Cornélia Metela]], filha de [[Metelo Cipião]], um dos maiores adversários de César no senado. Em {{AC|53|x}}, Crasso foi morto na [[Batalha de Carras]] durante a malsucedida [[Guerras romano-partas|invasão romana]] do [[Império Parta]]. Sua morte marcou o fim do triunvirato e o falecimento de Júlia foi o ponto final de ruptura entre César e Pompeu. A República agora estava em pé de uma nova guerra civil. Pompeu, agora com apoio completo da [[Optimates|aristocracia conservadora]], foi nomeado pelo senado como o único cônsul em Roma.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=26}}{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=23.5}}{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=53-55}}{{sfn|Plutarco|século Id|loc=16-33}}{{sfn|Veleio Patérculo|século I|loc=46-47}}


*Kai su, teknon? (Grego, ''tu também, meu filho?'')
Em {{AC|53|x}} quase toda a Gália, Bélgica e partes da fronteira com a Germânia estavam sob controle militar romano depois de apenas cinco anos de guerra. Embora, na verdade, os gauleses fossem tão bons guerreiros quanto os romanos, suas divisões internas garantiram a vitória de Júlio César, que soube explorar bem a desunião gaulesa e as habilidades de suas próprias tropas. Ainda assim, os gauleses tentariam uma última vez se livrar do jugo romano. [[Vercingetórix]], chefe da tribo dos [[Arvernos]], liderou os gauleses em revolta. A {{AC|52|x}} boa parte das tribos da Gália já estavam unidas em apoio à revolta contra Roma.<ref name=Conquest /><ref name=Triumvirate /> Vercingetórix provou ser um comandante astuto, derrotando os romanos em alguns confrontos. Porém César trouxe reforços e forçou o recuo do principal exército gaulês. Os romanos empurraram Vercingetórix à cidade de [[Alésia]], onde habilmente o [[Batalha de Alésia|cercaram e derrotaram]] e também repeliram reforços que tentaram furar o cerco.{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=40.33–42}} Apesar de o conflito ter prosseguido, na forma de [[guerrilha]], pelos dois anos seguintes,<ref name=GallicWars /> a conquista da Gália foi assegurada com a rendição de Vercingetórix e suas forças em Alésia. O historiador [[Plutarco]] estima que o número de gauleses mortos passou de um milhão, além de outro milhão de pessoas terem sido feitas [[Escravidão|escravas]]. Os romanos subjugaram mais de 300 tribos e destruíram pelo menos 800 cidades.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=48}}
*Tu quoque, Brute, fili mi! (Latim, ''Tu também, Brutus meu filho!'')
*Et tu, Brute? (Latim, ''Tu também, Brutus?'', versão imortalizada na peça de [[Shakespeare]])


A lenda reporta um aviso feito por Calpurnia Pisonis, a mulher de César, depois de ter sonhado com um presságio terrível, mas César ignorou-a dizendo ''Só se deve temer o próprio medo''.  
Apesar de César provavelmente ter exagerado os números para fazer sua vitória parecer maior do que realmente foi, a Gália realmente sofreu com a guerra e milhares de pessoas foram mortas. Em {{AC|50|x}}, após oito anos de guerras, a resistência gaulesa contra a ocupação romana estava completamente morta. A região permaneceria como parte do Império Romano pelos próximos quinhentos anos. César faria fortuna vendendo milhares de pessoas à escravidão, além de também vender bens e produtos saqueados das cidades da Gália. Mais importante que o dinheiro, sua conquista deu-lhe boa reputação militar, além de respeito e amor por parte da [[plebe|população em geral]]. O exército que comandou também passou a idolatrá-lo e ter orgulho de servi-lo (algo que contribuiu para isso, além dos sucessos no campo de batalha, era sua campanha para dar terras e outros benefícios para os seus veteranos).<ref name=Ushistory /><ref name=Learning />


Depois da morte de César, rebentou uma luta pelo poder entre o seu sobrinho-neto [[César Augusto]], adoptado no testamento, e Marco António, que haveria de resultar na queda da República e na fundação do [[Império romano]].
===Guerra Civil===
{{AP|Segunda Guerra Civil da República Romana}}
[[Imagem:Cæsar's Soldiers.gif|miniaturadaimagem|esquerda|[[Legionário]]s do [[Legião romana|exército cesarino]].]]


==César como historiador e escritor==
Em {{AC|50|x}}, o mandato de Júlio César como governador acabou, terminando assim sua imunidade processual. O senado, liderado por [[Pompeu]], ordenou que César dispensasse suas legiões e retornasse para [[Roma]].{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=28}} Sem essa imunidade que desfrutava como magistrado, temia que fosse processado pelos senadores. Pompeu e a [[Optimates|aristocracia]] romana acusavam-no de insubordinação e traição. Júlio César então afirmou que não tinha opção a não ser lutar pelos seus direitos. A lei romana proibia que qualquer general entrasse na Itália com seu exército. Ainda assim, em janeiro de {{AC|49|x}}, César [[Travessia do Rubicão|cruzou o rio Rubicão]] (a fronteira oficial da [[Itália (província romana)|Itália]]) com apenas [[Legio XIII Gemina|uma legião]] (a XIII), dando início à [[Segunda Guerra Civil da República Romana|guerra civil]]. Ao atravessar o [[Rubicão]], segundo [[Plutarco]] e [[Suetônio]], César teria citado a famosa frase do dramaturgo ateniense [[Menandro]], "[[Alea jacta est]]" ("o dado está lançado").{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=32.8}} [[Erasmo de Roterdã]], contudo, afirma que a tradução do grego mais precisa no [[modo imperativo]] seria "''alea iacta esto''" ("''deixe'' o dado ser lançado").{{sfn|Thomson|Weiland|1988|p=161}}


A obra escrita que chega aos nossos dias coloca César entre os grandes mestres da língua latina. Os seus trabalhos incluem:
Pompeu não tinha como montar uma defesa coesa e decidiu, acompanhado pela maioria dos senadores, fugir para o sul para tentar recrutar mais tropas. Apesar de ter mais soldados que César, que tinha apenas uma legião sob seu comando, Pompeu não queria lutar. César o perseguiu, pretendendo capturá-lo.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=35.2}} Pompeu conseguiu fugir, tomando refúgio na Grécia junto com o senado. César não tinha uma frota e, enquanto seus navios eram construídos, partiu até a província da [[Hispânia]], deixando a Itália sob controle do general [[Marco Antônio]], seu segundo em comando. Após marchar de Roma até a Hispânia com seu exército em apenas 27 dias, derrotou os partidários de Pompeu por lá. Depois partiu, de navio, até a Ilíria, onde enfrentou Pompeu e quase foi derrotado na [[Batalha de Dirráquio (48 a.C.)|Batalha de Dirráquio]], mas conseguiu evitar ser capturado e saiu com boa parte das tropas intactas. César, contudo, não podia ficar rodeando a Grécia por muito tempo, pois ficaria sem suprimentos. Finalmente, a 9 de agosto de {{AC|49|x}}, Pompeu e César travaram a importante [[Batalha de Farsalos]]. Mesmo em desvantagem numérica de quase três para um, César derrotou o rival e colocou seu exército em fuga. Esta batalha se provaria decisiva na guerra civil.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=42-45}}
* ''De bello Gallico'' – Comentários sobre as campanhas da Gália
* ''De bello Civili'' – Comentários sobre a recusa de obedecer ao senado e a guerra civil  


Estas narrativas, aparentemente simples e directas, são na realidade sofisticadas manobras de propaganda política dirigidas à classe média de Roma.
[[Imagem:Cleopatra and Caesar by Jean-Leon-Gerome.jpg|miniaturadaimagem|''Cleópatra e César''<br><small>Por [[Jean-Léon Gérôme]], 1866</small>]]


==César como general==
Em Roma, César foi nomeado [[Ditador romano|ditador]], com Marco Antônio como seu [[mestre da cavalaria]] (vice-comandante); César presidiu sobre sua própria eleição que lhe deu seu segundo consulado.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=37.2}}{{sfn|name=Je38|Jehne|1987|p=15-38}} Derrotados, Pompeu e o senado decidiram se separar. Pompeu fugiu para o [[Reino Ptolemaico|Egito]], com César em seu encalço. Chegando lá, foi presenteado pelas autoridades locais com a cabeça de Pompeu.{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=80.5}} César ficou furioso e ordenou a prisão (e depois execução) dos responsáveis.{{sfn|Plutarco|século Ic|loc=77–79}} Decidiu permanecer no Egito por um tempo, presenciou a guerra civil entre o jovem [[Ptolemeu XIII]] e sua irmã e co-regente [[Cleópatra|Cleópatra VII]]. César decidiu apoiar esta última e resistiu ao [[cerco de Alexandria (47 a.C.)|cerco de Alexandria]] antes de derrotar Ptolemeu XIII na [[Batalha do Nilo (47 a.C.)|Batalha do Nilo]] de {{AC|47|x}}, instalando Cleópatra como a única governante. César e Cleópatra saíram para comemorar sua vitória com uma procissão triunfal pelo [[rio Nilo]], acompanhados de 400 navios. Na festa, ele foi introduzido às extravagâncias dos [[Faraó|faraós egípcios]].{{sfn|name=Sa52|Salisbury|2001|p=52}}


Como comandante militar, os historiadores colocam César ao mesmo nível de brilhantismo de [[Alexandre o Grande]] (a quem é comparado por Plutarco) ou [[Napoleão]]. César foi bem sucedido em todas as suas campanhas, fosse qual fosse o terreno ou altura do ano. A sua versatilidade permitiu-lhe vitórias em batalhas, cercos e guerras de guerrilha, baseadas numa disciplina rigorosa e no amor que os soldados lhe tinham, bem como no uso inovador que dava à cavalaria romana.  
César e Cleópatra se tornaram amantes, ficando juntos em Alexandria por mais um ano. Os dois não podiam se casar, pois a lei romana não reconhecia o casamento de um cidadão com uma não romana. Porém, relacionamento com um bárbaro não era considerado adultério. Os dois teriam gerado um filho juntos, [[Ptolemeu XV Cesarião|Cesarião]], e Cleópatra visitou Roma pelo menos uma vez, residindo na vila de César nas margens do [[rio Tibre]].<ref name=Sa52 /> Ao fim de {{AC|48|x}}, César foi novamente nomeado ditador, com o mandato de um ano.<ref name=Je38 /> Após resolver os problemas no Egito, partiu para o [[Oriente Médio]], onde conquistou uma [[Batalha de Zela (47 a.C.)|vitória fácil]] contra o rei [[Fárnaces II do Ponto|Fárnaces II]] de [[Reino do Ponto|Ponto]]; sua vitória foi tão rápida e tão fácil que teria zombado da vitória difícil anterior de Pompeu sobre estes. Ao vencer mais um inimigo, César teria dito sua famosa frase "[[Veni, vidi, vici]]" ("Vim, vi, venci").{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=35.2}}


==Descendência e casamentos==
Depois partiu para o [[norte da África]] para derrotar as forças do senado por lá. Conquistou uma vitória decisiva, em {{AC|46|x}}, sobre as tropas de {{lknb|Catão,|o Jovem}}, que acabou cometendo suicídio logo depois.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=52–54}} No mesmo ano derrotou outra tropa senatorial, na [[batalha de Tapso]], em que foi morto Metelo Cipião, um dos líderes da facção anticesarina no senado.{{sfn|Syme|1989|loc=Capítulo XVIII}} César foi então nomeado ditador pelos dez anos seguintes.<ref name=Je38 /> Os filhos de Pompeu fugiram para a Hispânia e lá prepararam a última resistência contra César. Finalmente, na [[batalha de Munda]] (março de {{AC|45|x}}), derrotou o último bastião da resistência armada contra ele.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=56}} Nesse meio tempo, com um senado reduzido, formado basicamente por seus partidários, César foi eleito para um terceiro e quarto mandatos como cônsul (em 46 e {{AC|45|x}} respectivamente).<ref name=Je38 />
* Primeiro casamento com [[Cornélia Cinnila]]
** [[Julia Caesaris]], casada com [[Pompeu]]
** nado-morto
* Segundo casamento com Pompeia Sulla
* Terceiro casamento com Calpurnia Pisonis
* Relação com [[Cleópatra VII do Egipto|Cleópatra]]
** [[Caesarion|Ptolomeu César]] (Caesarion), [[faraó]] do Egipto


==Cronologia==
==Governo==


*[[13 de Julho]] [[100 a.C.]] – Nasce em Roma
[[Imagem:César Ambrogio Parisi.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|''Júlio César''<br><small>Estátua no [[Jardins das Tulherias]], [[Paris]]</small>]]
*[[82 a.C.]] – Escapa às perseguições de Sulla
*[[81 a.C.|81]]/[[79 a.C.]] – Serviço militar na Ásia e Cilicia
*[[Década de 70 a.C.]] – Carreira como advogado
*[[69 a.C.]] – Questor na Hispania Ulterior
*[[65 a.C.]] – Edil
*[[63 a.C.]] – Eleito ''pontifex maximus'' e pretor urbano; conspiração de Catilina
*[[59 a.C.]] – Cônsul pela primeira vez; início do primeiro triunvirato
*[[58 a.C.]] – Começa a campanha na Gália
*[[54 a.C.]] – Morte de Júlia
*[[53 a.C.]] – Morte de Crassus: fim do triunvirato
*[[52 a.C.]] – [[Batalha de Alésia]]
*[[50 a.C.]] – Atravessa o Rubicão, começa a guerra civil
*[[48 a.C.]] – Derrota Pompeu na Grécia; torna-se ditador romano e cônsul pela segunda vez
*[[47 a.C.]] – Campanha no Egipto, conhece Cleópatra
*[[46 a.C.]] – Derrota Cato e Metellus Scipio no norte de África; cônsul pela terceira vez
*[[45 a.C.]]
**Derrota a última oposição na Hispania
**Regressa a Roma, cônsul pela terceira vez
*[[44 a.C.]]
**Fevereiro, recusa o diadema oferecido por Marco António
**[[15 de Março]], assassinado


==Referências==
Enquanto ainda estava em uma campanha na Hispânia, o senado concedera diversas honras a César. Ele preferiu não se vingar dos inimigos, preferindo perdoar a maioria deles. Por parte da [[Plebe|população]] comum não havia uma forte oposição. Grandes jogos e celebrações aconteceram em abril para celebrar sua vitória em Munda. Plutarco escreveu que muitos romanos acreditavam que aquela celebração foi de mau gosto, pois foi uma vitória contra outros romanos, no meio de uma guerra civil.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=56.7–56.8}} Quando César retornou à Itália, em {{AC|45|x}}, protocolou oficialmente seu testamento, nomeando seu sobrinho-neto [[Augusto|Caio Otávio]] (ou Otaviano, mas que viria a ser conhecido como Augusto César) como seu principal herdeiro, deixando-lhe diversas propriedades e vastas quantidades de dinheiro. César escreveu também que caso Otávio morresse antes dele, [[Décimo Júnio Bruto Albino]] seria o seu próximo herdeiro. No testamento também deixou presentes e dinheiro para os cidadãos de [[Roma]].{{sfn|Apiano|século IIb|loc=2:143.1}}
:''Vida de César'', por [[Plutarco]]; Oxford Classics
:''Os Doze Césares – Júlio César'', por [[Suetónio]]; Penguin Classics


{{biografias_Tabela}}
Durante o começo da sua carreira, César testemunhou o quão disfuncional e caótica a República Romana se tornara. A máquina republicana havia quebrado sob o peso do [[imperialismo]], perda de poder das autoridades centrais na capital, com as províncias se tornando praticamente principados independentes sob controle total dos governadores e ainda com o exército profundamente polarizado e sendo usado para fins políticos. Com o governo central enfraquecido, a corrupção política havia saído do controle e o ''[[status quo]]'' era mantido por uma aristocracia corrupta que não via necessidade de mudar um sistema que perpetuava suas riquezas.<ref name=nytimes />


[[bs:Julije Cezar]]
Entre a [[Travessia do Rubicão|travessia do rio Rubicão]] em {{AC|49|x}} e o seu [[Liberatores|assassinato]] em {{AC|44|x}}, César estabeleceu uma nova constituição, que deveria alcançar três objetivos. Primeiro, queria suprimir toda a resistência armada fora nas províncias e assim trazer a ordem de volta ao país. Segundo, queria construir um governo forte em Roma. Terceiro e finalmente, queria unir o império em uma única unidade coesa. Este primeiro objetivo foi conquistado quando César derrotou Pompeu e seus partidários no senado.{{sfn|name=Ab133|Abbott|1901|p=133}} As outra duas metas, para consegui-las, assumiu que precisaria de poder absoluto e que este fosse incontestável,{{sfn|name=Ab134|Abbott|1901|p=134}} então aumentou sua própria autoridade em detrimento de outras instituições políticas. Por fim, anunciou dezenas de medidas reformistas para reerguer o país, que foram desde a alteração do [[Calendário romano|calendário]] até a redistribuição de terras.<ref name=Ab133 />
[[da:Julius Cæsar]]
[[de:Gaius Julius Cäsar]]
[[en:Julius Caesar]]
[[eo:Julio Cezaro]]
[[es:Julio César]]
[[et:Julius Caesar]]
[[fi:Julius Caesar]]
[[fr:Jules C&#233;sar]]
[[he:&#1497;&#1493;&#1500;&#1497;&#1493;&#1505; &#1511;&#1497;&#1505;&#1512;]]
[[hr:Gaj Julije Cezar]]
[[it:Caio Giulio Cesare]]
[[ja:&#12460;&#12452;&#12454;&#12473;&#12539;&#12518;&#12522;&#12454;&#12473;&#12539;&#12459;&#12456;&#12469;&#12523;]]
[[la:C. Iulius Caesar]]
[[nds:Gaius Julius Caesar]]
[[nl:Gaius Julius Caesar]]
[[pl:Gajusz Juliusz Cezar]]
[[ro:Iulius Cezar]]
[[sv:Julius Caesar]]
[[zh-cn:&#24698;&#25746;]]


[[categoria:Roma Antiga]] [[categoria:século I a.C.]]
===Ditadura===
 
[[Imagem:RomaForoCesareDaNord.JPG|thumb|[[Fórum de César]] e [[Templo de Vénus Genetrix]].]]
 
Após derrotar seus inimigos e retornar para Roma, o senado concedeu a César o [[Triunfo romano|triunfo]] (uma homenagem pública para prestigiar um comandante militar) por suas vitórias sobre a Gália, Egito, [[Fárnaces II do Ponto|Fárnaces II]] e [[Juba I]], [[Numídia|rei númida]] que apoiara seus opositores em Tapso. Ele decidiu não realizar festividades para celebrar vitórias sobre outros romanos durante a guerra civil. Nem tudo foi como César planejou. Quando [[Arsínoe IV]], ex rainha do Egito, foi exibida em correntes nas ruas de Roma, o público admirou sua coragem e teve pena dela.{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=43.19.2–3}}{{sfn|Apiano|século IIb|loc=2.101.420}} Os [[Jogos (Roma Antiga)|jogos triunfais]] aconteceram, com [[Veação|caçadas]] envolvendo 400 leões e lutas de [[gladiador]]es. Uma [[Naumaquia|batalha naval]] também foi recriada no [[Campo de Marte (Roma)|Campo de Marte]], que fora inundado para a ocasião. No [[Circo Máximo]], dois exércitos de cativos, incluindo duas mil pessoas, duzentos cavalos e vinte elefantes, lutaram até a morte. Muitos criticaram César afirmando que suas festividades eram extravagantes. Uma pequena revolta começou. Dois membros desta revolta foram mortos por sacerdotes no Campo de Marte, a mando de César.{{sfn|name=FuCap13|Fuller|1965|loc=Capítulo 13}}
 
Após as festividades do triunfo, César começou a tentar aprovar sua ambiciosa [[agenda política]]. Ordenou que um [[Censo (Roma Antiga)|censo]] fosse feito, que resultou em uma redução da [[Suprimentos de cereais da cidade de Roma|distribuição de cereais]] e do desperdício. Aprovou uma [[lei suntuária]] para restringir a compra de certos bens de luxo. Depois, uma nova lei foi aprovada para premiar famílias que tinham muitos filhos, para acelerar o repovoamento da Itália. Baniu as [[Colégio (Roma Antiga)|corporações de ofício]] profissionais, exceto as mais antigas, e também aprovou uma lei que dava limites de mandatos para governadores de províncias e outra de reestruturação de dívidas, que acabou por eliminar {{fração|1|4}} de todas as dívidas do povo da cidade.<ref name=FuCap13 /> O [[Fórum de César]], com o [[Templo de Vénus Genetrix]], foi construído, junto com várias outras obras públicas, que empregaram milhares de cidadãos.<ref name=Forum /> César também aumentou a regulação de compra de cereais subsidiada pelo Estado e reduziu o número de beneficiários, que entraram em um registro especial.{{sfn|Mackay|2004|p=254}} De 47 a {{AC|44}}, fez planos para distribuir terras para aproximadamente {{formatnum|15000}} dos seus veteranos.{{sfn|Campbell|1994|p=10}}
 
Uma das mudanças mais importantes do seu governo, contudo, foi sua reforma no [[calendário romano]]. O calendário era regulado pelas fases da lua, o que era confuso. César adaptou o calendário da maneira como os egípcios faziam, sendo regulado pelo [[sol]]. A extensão do ano passou a ser de 365,25 dias, com a adição de um dia extra em fevereiro a cada quatro anos.{{sfn|name=Su40|Suetônio|século IIa|loc=40}} Para sincronizar o calendário novo com as [[Estação do ano|estações do ano]], criou três meses extras, implementando isso em {{AC|46|x}}. Assim, o [[calendário juliano]] começou oficialmente em 1 de janeiro de {{AC|45|x}}.<ref name=FuCap13 /> O calendário sofreria poucas mudanças ao decorrer do tempo, tornando-se o [[Calendário gregoriano|padrão no mundo ocidental]].<ref name=Su40 />
 
Pouco antes de seu assassinato, aprovou uma série de novas reformas. Estabeleceu uma força policial permanente, nomeou funcionários públicos para supervisionar a implementação da [[reforma agrária]] e ordenou a reconstrução das cidades de [[Cartago]] e [[Corinto]]. Também estendeu o direito dos povos latinos por todo o mundo romano, e então aboliu o sistema de taxação e o reverteu para o sistema antigo onde eram as cidades que coletavam os impostos para si próprias, evitando a necessidade de intermediários (reduzindo a corrupção). Seu assassinato impediu a implementação de mais reformas, incluindo a construção de um grande templo de [[Marte (mitologia)|Marte]], um pomposo novo teatro e uma biblioteca maior que a [[Biblioteca de Alexandria|de Alexandria]].<ref name=FuCap13 /> Também queria converter a cidade de [[Óstia]] num grande porto e criar um canal cortando [[Istmo de Corinto]]. Militarmente, pretendia conquistar a [[Dácia]] e também a [[Império Parta|Pártia]], para vingar a derrota romana em [[Batalha de Carras|Carras]]. Assim iniciou uma mobilização de tropas no leste. O senado o nomeou [[Censor romano|censor]] em caráter vitalício e ainda o nomeou "Pai da Nação", e o mês [[Quintil (mês)|quintil]] foi renomeado ''julho'' em sua honra.<ref name=FuCap13 />
[[Imagem:Julius Caesar Coustou Louvre MR1798.jpg|miniaturadaimagem|''Júlio César''<br><small>Estátua no [[Museu do Louvre]]</small>]]
Ele recebeu outras honras e nomeações oficiais em caráter vitalício. Essa acumulação de cargos foi mais tarde usada como um dos pretextos para o seu assassinato. Seus opositores afirmavam que César estava acumulando poderes de um rei. De fato, coisas comuns na era dos reis em Roma voltaram, como moedas sendo feitas com seu rosto e grandes e ostentosas estátuas. Ele mandou colocar no senado uma grande cadeira banhada em ouro, enquanto usava um pomposo vestido e iniciou uma forma não oficial de [[Culto imperial|culto]] a sua pessoa.<ref name=FuCap13 />
 
====Reformas políticas====
 
A reforma política que implementou em Roma é complicada. César tinha poderes [[Ditador romano|ditatoriais]] e de [[tribuno]], mas alternava nas funções de [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]] e [[procônsul]]. Seus poderes no Estado vinham destes magistérios.<ref name=Ab134 /> Foi nomeado ditador oficialmente pela primeira vez em {{AC|49|x}}, possivelmente para presidir as eleições, mas renunciou a este cargo onze dias depois. Em {{AC|48|x}}, foi renomeado ditador, só que desta vez por tempo indeterminado e, em {{AC|46|x}}, foi acertado um mandato de 10 anos.{{sfn|name=Ab136|Abbott|1901|p=136}} Em {{AC|48|x}}, ganhou poderes de tribuno em caráter vitalício, o que o tornou uma pessoa sacrossanta e lhe deu poder de [[veto]] sobre o senado. César sofreu com a oposição do Colégio de Tribunos, mas após algumas prisões ninguém se opôs mais.{{sfn|name=Ab135|Abbott|1901|p=135}}
 
Quando César retornou em definitivo para Roma em {{AC|47|x}}, as cadeiras do senado estavam muito vazias, então usou seus poderes de censor para nomear novos senadores. Continuou a expandir o senado, que chegou a ter 900 membros.{{sfn|name=Ab137|Abbott|1901|p=137}} Todos os novos membros eram na verdade partidários de César, o que roubava o prestígio da aristocracia senatorial e tornou o senado subserviente.{{sfn|Abbott|1901|p=138}} Para minimizar a chance de que algum outro [[general]] pudesse desafiá-lo, César instituiu limites de tempo de mandatos para os governadores das províncias e territórios.<ref name=Ab136 />
 
Em {{AC|46|x}}, César deu a si mesmo o título de "Prefeito da Moral", um cargo que existia apenas no nome, já que seus poderes eram os mesmos dos [[Censor romano|censores]].<ref name=Ab135 /> Assim, poderia exercer seus poderes censoriais sem ter que se submeter às mesmas leis que os outros censores e usou esta autoridade para encher o senado com simpatizantes seus. Também abriu um precedente, que seria seguido por seus sucessores imperiais, de ter o senado lhe dando vários títulos, honras e cargos. Tinha, por exemplo, o título de "Pai da Nação" e "''[[imperator]]''" (comandante-em-chefe das forças armadas).<ref name=Ab136 /> Moedas foram cunhadas com a sua imagem e possuía o direito de ser o primeiro a falar nas sessões do senado, um privilégio reservado à autoridade maior.<ref name=Ab136 /> César também aumentou o número de magistérios eleitos por ano, aumentando o setor público com magistrados experientes e criando mais cargos para dar aos seus partidários.<ref name=Ab137 />
 
César também deu os primeiros passos para tornar a [[Itália (província romana)|Itália]] em província e também tomou medidas para tornar as províncias unidades mais coesas. Isso resolvia alguns dos problemas causados pelas [[Guerra Social (91–88 a.C.)|Guerras Sociais]] de décadas antes, onde indivíduos fora de [[Roma]] e longe de Itália não eram considerados "romanos", portanto não tinham os direitos que ter essa [[Cidadania romana|cidadania]] dava. Assim, unificar o império e prezar pela sua unidade, em vez de dividi-lo em grupos com participações desiguais na vida pública, foi um sucesso, mas só seria completado de fato no reinado do seu sucessor, [[Augusto]].<ref name=Ab136 />
 
Em fevereiro de {{AC|44|x}}, um mês antes do seu assassinato, César foi nomeado, em definitivo, como [[ditador]] vitalício. Concentrando vasta autoridade, deu poderes aos seus tenentes e partidários, principalmente devido ao fato de ele se afastar regularmente da Itália a negócios.<ref name=Ab136 /> Em outubro de {{AC|45|x}}, renunciou ao posto de único [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]] e trabalhou para que os dois eleitos que o sucederiam fossem seus partidários.<ref name=Ab137 /> Perto do fim da sua vida, César se preparou para uma guerra contra o [[Império Parta]]. Devido a isso, tinha que se ausentar de Roma com frequência. Para garantir que os eleitos nos cargos, especialmente os cônsules, fossem seus simpatizantes, determinou que ele mesmo nomearia diretamente todos os magistrados para o ano de {{AC|43|x}}. No ano seguinte, estendeu isso para as eleições consulares e de tribunos. Assim, os magistrados não mais davam a ideia de que eram representantes do povo, mas sim do ditador.<ref name=Ab137 />
 
===Assassinato===
{{AP|Assassinato de Júlio César}}
[[Imagem:Karl Theodor von Piloty Murder of Caesar 1865.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|''Assassinato de César''<br><small>Por [[Karl von Piloty]], 1865.</small>]]
O crescente acúmulo de poder por parte de César, em detrimento da aristocracia, irritou muitos senadores conservadores. Eles temiam que Júlio César estivesse tentando reerguer a monarquia, com ele mesmo na figura de rei. Um grupo de senadores (os ''[[Liberatores]]'') começou então a conspirar contra César e planejar seu assassinato, afirmando que ele havia se tornado um tirano e que somente sua morte restauraria a velha República Romana.<ref name=murdered /> Nos [[Idos|idos de março]] (15 de março no [[Calendário romano]]) de {{AC|44|x}}, César compareceu a uma sessão do [[Senado romano|senado]] na [[Cúria de Pompeu]]. Marco Antônio, tendo ouvido falar sobre o complô de um libertador assustado chamado [[Servílio Casca]], e temendo o pior, foi avisar César. Os conspiradores, contudo, anteciparam isso e enviaram Trebônio para interceptá-lo enquanto ele se aproximava do [[Teatro de Pompeu]], onde a sessão aconteceria, para pará-lo. Ao ver a agitação no senado (no momento do assassinato), Antônio fugiu.{{sfn|Huzar|1978|p=79-80}}
 
Segundo [[Plutarco]], quando César chegou, o senador [[Tílio Cimbro]] lhe apresentou uma petição para revogar o exílio imposto ao seu irmão.<ref name=Plutarch /> Os outros conspiradores se aproximaram sob o pretexto de oferecer apoio e cercaram César. Segundo Plutarco e [[Suetônio]], César dispensou o pedido mas Cimbro o agarrou pelo ombro e o puxou pela túnica. César então berrou para Cimbro: "Como assim, isso é violência!" ("''Ista quidem vis est!''").<ref name =Suetonius /> Ao mesmo tempo, Casca pegou sua [[adaga]] e partiu para o pescoço de César. Este, contudo, se virou rapidamente e pegou Casca pelo braço. De acordo com Plutarco, César teria dito, em latim, "Casca, seu vilão, o que você está fazendo?" ({{langx|grc|ὁ μεν πληγείς, Ῥωμαιστί· 'Μιαρώτατε Κάσκα, τί ποιεῖς}}){{sfn|Plutarco|século Ia|loc=66}} Casca, assustado, gritou em [[Língua grega|grego]] "Ajuda, irmão!" ("{{lang|grc|ἀδελφέ, βοήθει}}", "''adelphe, boethei''"). Poucos momentos depois, todos do grupo, incluindo Bruto, atacaram o ditador. César tentou se afastar mas, cego pelo sangue que escorria da cabeça, tropeçou e caiu. Mesmo no chão, no [[pórtico]], ele continuou a ser esfaqueado. De acordo com [[Eutrópio (historiador)|Eutrópio]], cerca de 60 homens participaram do assassinato. César teria sido esfaqueado 23 vezes.{{sfn|Eutrópio|século IV|loc=VI.25}}
 
[[Imagem:Julius Caesar (Museo del Prado E-378) 01.jpg|miniaturadaimagem|''Júlio César''<br><small>Busto no [[Museu do Prado]]</small>]]
 
O historiador Suetônio afirmou que um médico que examinou o corpo teria dito que apenas um ferimento, o infligido no peito, teria sido letal.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=82}} Não se sabe quais foram as últimas palavras de César e isso ainda é assunto de debate entre historiadores e acadêmicos até os dias atuais. Suetônio disse que pessoas da época afirmaram que as últimas palavras de César, proferidas em grego, foram "Até você, criança?" ("{{lang|grc|καὶ σύ, τέκνον}}").{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=82.2}} Contudo, até Suetônio tinha dúvidas e acreditava que César não disse nada.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=30}} Plutarco também afirmou que César não pronunciou nada antes de morrer, mas puxou sua toga sobre a cabeça quando viu Bruto entre os conspiradores.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=66.9}} A versão mais famosa sobre o que Júlio César teria dito antes da morte é a célebre frase em [[latim]] "''[[Et tu, Brute?]]''" ("E você, Bruto?", comumente referida como "Até tu, Bruto?");{{sfn|Stone|2005|p=250}} esta fala na verdade vem da peça ''[[Júlio César (obra)|Júlio César]]'', do dramaturgo [[Inglaterra|inglês]] [[William Shakespeare]]. Ela não tem qualquer base histórica e o uso do [[latim]] por Shakespeare aqui vai de encontro à maioria das versões, que afirmam que César teria pronunciado palavras em [[Língua grega|grego]]. Mas, de fato, a frase ''Et tu, Brute?'' já era popular antes mesmo da peça.{{sfn|Dyce|Malone|1866|p=648}}
 
De acordo com Plutarco, após o assassinato, Bruto deu um passo adiante como se fosse falar algo para os colegas senadores. Eles, contudo, fugiram às pressas do prédio. Bruto e seus companheiros próximos foram então pelas ruas gritando pela cidade: "Povo de Roma, nós somos novamente livres!" Contudo, com a história do que havia ocorrido se espalhando rapidamente, a maioria da população resolveu se trancar dentro de casa. O corpo de César permaneceu no chão do senado por mais três horas antes que fosse removido.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=67}} O cadáver de César foi posteriormente cremado. No local onde a pira funerária estava ergueu-se o [[Templo de César]] alguns anos mais tarde, a leste da praça principal do [[Fórum Romano]]. Apenas o altar do templo está preservado até os dias atuais.<ref name=Temple /><ref name=Caesar /> Uma estátua de cera foi mais tarde erguida no Fórum, exibindo as 23 feridas.<ref name=Fu1965 />
 
===Eventos após sua morte===
 
[[Imagem:M Antonius.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|[[Marco Antônio]], o segundo em comando de César por muito tempo. Após sua morte, foi um dos que tentaram se aproveitar do legado político de César e tentou usá-lo, sem sucesso, para conseguir o poder máximo em Roma.]]
 
A série de eventos que aconteceram após sua morte pegou os seus assassinos de surpresa. Ao contrário do que os conspiradores acreditavam, a morte de César não ressuscitou a [[República Romana]] e o [[estado]] tomou a forma [[Império Romano|imperial]] menos de duas décadas depois. As [[Plebe|classes média e baixa]] da sociedade romana, com as quais César era muito popular, ficaram enfurecidas pelo fato de um pequeno grupo de aristocratas ter assassinado o seu amado líder. Marco Antônio, que na verdade vinha se afastando de César, capitalizou a dor da plebe e ameaçou soltá-la sobre os ''[[Optimates]]'', talvez com o intuito de tentar tomar o poder total em Roma para si. Porém, para seu espanto, César havia nomeado um sucessor em testamento, seu sobrinho-neto [[Otaviano]], dando-lhe o posto de chefe da família (herdeiro do nome de César), e além disso lhe deu acesso a sua gigantesca fortuna.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=83.2}}
 
Durante o funeral de César, as coisas esquentaram. Na enorme pira funerária feita, o povo compareceu em massa, jogando madeira no fogo, móveis e até roupas para alimentar as chamas. O fogo acabou ficando muito alto, danificando o [[Fórum Romano|Fórum]] e causando outros danos. A multidão então atacou as casas de Bruto e Cássio, que foram obrigados a fugir para a [[Macedônia romana|Macedônia]]. Os aristocratas acusaram Antônio de jogar o povo contra eles, levando a uma nova ruptura na liderança política romana, o que precipitaria em [[Terceira Guerra Civil da República de Roma|nova guerra civil]]. Contudo, os rumos deste conflito não terminariam bem para nenhum desses dois, com a figura do sobrinho-neto e herdeiro vindo à proeminência. Otaviano, que tinha apenas 18 anos quando César morreu, mostrou-se um político habilidoso, e enquanto Antônio se preparava para enfrentar [[Décimo Júnio Bruto Albino|Décimo Bruto]] na primeira fase da guerra civil, ele igualmente se preparava para sua ascensão na vida pública.<ref name=Chapters />
 
Bruto e Cássio, líderes da facção aristocrática contra César, estavam reunindo um exército na Grécia para recuperar o poder em Roma. Para combatê-los, Antônio precisava de sua própria tropa, além de dinheiro e de legitimidade, algo que pretendia conquistar no legado de César. Com inimigos em comum, Antônio e Otaviano, junto com o comandante [[Lépido]], se aliaram, confrontaram os assassinos de César e seus simpatizantes no senado e se saíram vitoriosos em batalha. Em 27 de novembro de {{AC|43|x}}, foi formalizada a ''lex Titia''{{sfn|Osgood|2006|p=60}} que criou o [[Segundo Triunvirato]].{{sfn|Suetônio|século IIb|loc=13.1}}{{sfn|Floro|século I/II|loc=2.6}} Então, oficialmente [[Apoteose|deificaram]] César como "Divino Júlio" (''Divus Iulius''), em {{AC|42|x}}.{{sfn|Warrior|2006|p=110}}
 
[[Imagem:Augustus Statue.JPG|miniaturadaimagem|[[Augusto|Caio Otaviano César]], sobrinho-neto de Júlio César e posteriormente seu [[Adoção (Roma Antiga)|filho adotivo]]. Dezessete anos depois da morte do seu pai adotivo ele se tornaria o primeiro monarca do [[Império Romano]], com o título de [[Augusto (título)|Augusto]].]]
 
Já que a clemência de César para perdoar ex-inimigos acabou custando sua vida, o Segundo Triunvirato trouxe de volta a [[proscrição]], abandonada no governo de [[Sula]].{{sfn|Floro|século I/II|loc=2.6.3}} Isso levou a uma série de assassinatos políticos para assim poderem pagar por suas legiões e vencer a guerra contra Bruto e Cássio.{{sfn|Zoch|2000|p=217-218}} Em seguida, Otaviano, Antônio e Lépido se tornaram os governantes de Roma, sem qualquer rival.{{sfn|Apiano|século IIb|loc=5.3}}{{sfn|Floro|século I/II|loc=2.7.11–14}} Contudo, o Segundo Triunvirato não ficaria em paz muito tempo. Marco Antônio formou uma aliança com a ex-amante de César, a rainha [[Cleópatra]], pretendendo usar as fortunas do Egito para dominar Roma. Uma [[Última Guerra Civil da República Romana|nova guerra civil]] eclodiu entre Otaviano e Marco Antônio. Durante este conflito, Otaviano se apoiou no fato de César tê-lo nomeado como seu sucessor e [[Adoção (Roma Antiga)|adotado]] como filho e usou isso como uma fonte de legitimidade. Otaviano então conquistou o [[Egito (província romana)|Egito]], forçando Antônio e sua rainha a cometerem suicídio. Então retornou para [[Roma]] e, em {{AC|27|x}}, se tornou [[Augusto|César Augusto]], o primeiro [[imperador romano]], dando a si mesmo estatuto de divindade.{{sfn|Floro|século I/II|loc=2.34.66}}
 
Antes de sua morte, Júlio César havia planejado lançar uma invasão militar contra a [[Império Parta|Pártia]], o [[Cáucaso]] e a [[Cítia]]. Também pretendia marchar novamente contra a [[Germânia]] e a [[Europa Oriental]].{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=58.6}} Vários generais lançariam campanhas contra a Germânia em nome de Augusto, porém com a derrota romana na [[Batalha da Floresta de Teutoburgo]] em {{DC|9|x}}, não mais se tentaria dominar aquela região.{{sfn|Bunson|2009|p=417}} Na Pártia, por sua vez, Augusto preferiu resolver o conflito romano-persa via diplomacia e conseguiu com isso o retorno dos [[Águia romana|estandartes de guerra]] perdidos por Crasso na [[batalha de Carras]], uma vitória simbólica de grande impulso à moral romana.{{sfn|Bunson|2009|p=416}}{{sfn|Eck|2003|p=96}}{{sfn|Brosius|2006|p=96–97, 136–138}}
 
===Deificação===
{{AP|Culto imperial#Antecedentes{{!}}Divino Júlio}}
Júlio César se tornou o primeiro político romano importante a ser [[Culto imperial|deificado]]. Foi posteriormente agraciado com o título de "Divino Júlio" ou "Deificado Júlio" (''Divus Iulius'' ou ''Divus Julius'') por decreto do [[senado romano]] em 1 de janeiro de {{AC|42|x}} e a aparição de um [[Cometa de César|cometa]] durante os [[Jogos (Roma Antiga)|jogos em sua honra]] foi usada para confirmar sua divindade. Apesar do seu [[Templo de César|templo]] lhe ter sido dedicado apenas após sua morte, pode ter recebido estatuto divino já durante sua vida{{sfn|Cícero|século I a.C.a|loc=II.110}} e logo depois de seu assassinado, Marco Antônio foi nomeado como o seu [[flâmine]] (sacerdote). Tanto Otaviano quando Antônio promoveram o culto ao Divino Júlio. Após a morte de Antônio, Otaviano, como filho adotivo de César, assumiu o título de "Filho do Divino" (''Divi Filius'').{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=47.18.3}}
 
==Vida pessoal==
===Aparência e saúde===
[[Imagem:César (13667960455).jpg|thumb|[[Busto de Túsculo]], um dos únicos bustos sobreviventes feitos ainda durante a vida de César]]
O historiador Suetônio descreve Júlio César como "alto em estatura com uma pele clara, membros bem torneados, um rosto cheio e olhos negros penetrantes." ({{langx|la|''excelsa statura, colore candido, teretibus membris, ore paulo pleniore, nigris vegetisque oculis.''}}){{sfn|Suetônio|século IIa|loc=45}} Uma fala de uma peça de [[William Shakespeare]] teria dito que César era surdo de um ouvido.{{sfn|Shakespeare|1599|loc=I.ii.209}} Nenhuma fonte antiga relata isso. Shakespeare pode ter se baseado na passagem metafórica de Plutarco que não se refere a surdez, tendo mais a ver com um hábito de Alexandre da Macedônia. Ao cobrir sua orelha, Alexandre indicava que havia desviado sua atenção da acusação para poder ouvir a defesa.{{sfn|Plutarco|século Ig|loc=42}}{{sfn|Paterson|2009|p=130}}
 
Com base em Plutarco,{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=17, 45, 60}} acredita-se que César sofria de [[epilepsia]]. Historiadores modernos se dividem neste assunto, com alguns afirmando que sofria de [[malária]].{{sfn|Ridley|2000|p=225-226}}{{sfn|Kanngiesser|1912|p=428-432}}{{sfn|Cawthorne|1957|p=27-30}}{{sfn|Temkin|1971|p=162}} Muitos especialistas em medicina acreditam que em vez de epilepsia provavelmente teria apenas [[enxaqueca]]s muito fortes.{{sfn|Diamond|Franklin|2001|p=19}} Outros afirmavam que os surtos de epilepsia eram causados por uma [[neurocisticercose|infecção parasitária no cérebro]] por [[cestoda]].{{sfn|Bruschi|2011|p=373-374}}{{sfn|McLachlan|2010|p=557-561}}
 
César teve quatro episódios documentados de ataques epiléticos. Pode ter tido uma '[[crise de ausência]]' na sua juventude. Os primeiros casos de epilepsia foram relatados pelo historiador Suetônio, que nasceu depois da morte de César. Alguns historiadores afirmam que César poderia ter na verdade [[hipoglicemia]], que também pode causar ataques epiléticos.{{sfn|Hughes|Atanassova|Boev|2004|p=756-764}}{{sfn|Gomez|Kotler|Long|1995|p=199–201}}<ref name=epilepsy /> Em 2003, o psiquiatra Harbour F. Hodder publicou o que denominou como a teoria do "Complexo de César", argumentando que o general romano sofria de [[epilepsia do lobo temporal]] e os sintomas debilitantes da condição eram um dos fatores de César ignorar sua segurança pessoal nos dias que antecederam sua morte.{{sfn|Hodder|2003|p=19}}
 
===Nome e família===
 
Usando o [[alfabeto latino]] do período, que não tinha as letras ''J'' e ''U'', o nome de César teria sido escrito como ''GAIVS IVLIVS CAESAR''; a forma ''CAIVS'' também é atestada, usando a antiga forma de representação romana ''G'' por ''C''. A abreviação padrão é ''C.&nbsp;IVLIVS CÆSAR'', refletindo a abreviação antiga (a forma da letra ''Æ'' é uma [[Ligadura tipográfica|ligadura]] das letras ''A'' e ''E'', e é normalmente usada em [[epigrafia]]s em latim para salvar espaço).<ref name=behind />{{sfn|Allen|1891|p=71-87}} O [[cognome]] César se tornou [[César (título)|um título]]; foi promulgado pela [[Bíblia]], que contém a famosa passagem "[[A César o que é de César...]]". O título em alemão é chamado [[Cáiser]] e nas [[línguas eslavas]] é [[Czar]]. A última pessoa a ter o título de Czar oficialmente foi [[Simeão II da Bulgária]], cujo reinado terminou em 1946.<ref name=interview />
 
Em [[latim vulgar]], a [[consoante oclusiva]] /k/ antes da [[vogal anterior]] começou, devido a palatalização, a ser pronunciada como uma [[consoante africada]], donde as renderizações {{AFI|[ˈtʃeːsar]}} em [[Língua italiana|italiano]] e {{AFI|[ˈtseːsar]}} na pronúncia regional do latim em [[Língua alemã|alemão]]. Com a evolução das [[línguas românicas]], a africada [ts] se tornou [[Consoante fricativa|fricativa]] [s] (portanto, {{IPA|[ˈseːsar]}}) em muitas pronúncias regionais, incluindo na francesa, de onde a pronúncia em inglês é derivada. O /k/ original é preservado na [[mitologia nórdica]], onde é manifestado como o rei legendário [[Kjárr]].{{sfn|Anderson|1999|p=44}} Em [[Língua portuguesa|português]] o nome é pronunciado ''Sé-zár''.<ref name=behind />
 
<!-- No [[latim clássico]], se pronuncia ''{{AFI|ˈɡaːjus ˈjuːljus ˈkajsar|}}''. Nos dias da República Romana, muitas escrituras históricas eram feitas em grego, uma língua que os romanos educados dominavam. Jovens romanos ricos aprendiam grego com escravos nativos da Grécia e as vezes iam para cidades como [[Atenas]] para aprofundar os estudos. Na [[língua grega antiga]], na época de César, seu nome era escrito como ''Καίσαρ'', refletindo sua pronúncia contemporânea. Assim, é pronunciado de forma similar ao termo alemão [[Cáiser]].{{carece de fontes}} -->
 
{{clear}}
==== Árvore genealógica ====
{{Árvore genealógica da Dinastia júlio-claudiana}}
 
==== Parentes ====
;Pais
* [[Caio Júlio César (pretor em 92 a.C.)|Caio Júlio César]]
* [[Aurélia Cota]]
 
;Irmãs
* {{lknb|Júlia|César, a Velha}} (a mais velha){{sfn|name=Sm670|Smith|1870|p=670}}
* {{lknb|Júlia|César, a Jovem}} (a mais jovem)<ref name=Sm670 />
 
;Esposas
* Primeiro casamento: [[Cornélia Cinila]], de {{AC|84|x}}<ref name=Sue1 /><ref name=Plu1 /><ref name=Julius /><ref name=Ve2.41 />{{sfn|Goldsworthy|2006|p=58}} até sua morte em {{AC|69|x}};{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=1.5}}{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=1.5.6}}{{sfn|Veleio Patérculo|século I|loc=II.41}}
* Segundo casamento: [[Pompeia (esposa de Júlio César)|Pompeia Sula]], de {{AC|67|x}}<ref name=Go101 /> até o divórcio em {{AC|61|x}};{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=9-10}}{{sfn|Dião Cássio|século III|loc=37.45}}{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=6.2}}
* Terceiro casamento: [[Calpúrnia Pisão]], de {{AC|59|x}} até a morte de César.{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=14.8}}
 
;Filhos
 
[[Imagem:Denderah3 Cleopatra Cesarion.jpg|miniaturadaimagem|[[Baixo-relevo]] de Cleópatra e [[Ptolemeu XV Cesarião|Cesarião]] no [[Templo de Dendera]].]]
 
* [[Júlia (filha de Júlio César)|Júlia]], nascida de Cornélia Cinila, entre 83 e {{AC|76|x}}<ref name=Julia2 />{{sfn|Tácito|século I|loc=III.6}}
* [[Ptolemeu XV Cesarião|Cesarião]], filho de [[Cleópatra|Cleópatra VII]], nascido em 47 e morto em {{AC|30|x}}{{sfn|name=Gr697|Green|1990|p=697}}{{sfn|name=Scu171|Scullard|1982|p=171}}
* [[Augusto|Caio Otaviano César]], seu sobrinho neto de sangue, adotado por César
* [[Marco Júnio Bruto]]: Plutarco afirmou que Bruto poderia ser filho ilegítimo de César, já que ele era amante de sua mãe, [[Servília Cepião]].{{sfn|Plutarco|século If|loc=5}}
 
;Netos
* Filho (sem nome) de Júlia e [[Pompeu]], morto dias após seu nascimento (único neto de César).{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=26}}{{sfn|Veleio Patérculo|século I|loc=2.47}}
 
;Amantes
* [[Cleópatra|Cleópatra VII]], mãe de Cesarião;<ref name=Gr697 /><ref name=Scu171 />
* [[Servília Cepião|Servília]], mãe de [[Marco Júnio Bruto|Bruto]];{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=50.2}}{{sfn|Plutarco|século If|loc=5.2}}
* [[Eunoé (esposa de Bogudes)|Eunoé]], esposa do rei [[Bogudes]] da [[Reino da Mauritânia|Mauritânia]].{{sfn|Kleiner|2005|p=96}}{{sfn|Goldsworthy|2006|p=468}}
 
;Parantes notórios
* [[Caio Mário]] (casado com a sua tia, Júlia);
* [[Marco Antônio]], general do seu exército;
* [[Lúcio Júlio César (cônsul em 64 a.C.)|Lúcio Júlio César]], tio de César;{{sfn|Broughton|1952|p=171}}
* [[Júlio Sabino]], [[Gália|gaulês]] dos [[língones]] ativo durante a [[Revolta dos Batavos]] em {{DC|69|x}}, que dizem ser bisneto de César, pois sua mãe era amante dele durante as [[Guerras Gálicas]].{{sfn|Tácito|século II|loc=4.55}}
 
===Rumores de práticas homossexuais===
 
A sociedade romana via o papel de passivo na [[Sexualidade na Roma Antiga|relação sexual]] como um sinal de submissão e inferioridade. De fato, Suetônio disse que, supostamente, após o seu triunfo na Gália, seus soldados cantavam: "César conquistou os gauleses, mas Nicomedes conquistou César". De acordo com Cícero, [[Marco Calpúrnio Bíbulo|Bíbulo]], [[Caio Mêmio]] e outros inimigos de César afirmavam que ele mantinha relações sexuais com [[Nicomedes IV da Bitínia]] no começo da sua carreira. Essas histórias se repetiam, referindo-se a César como a 'rainha de Bitínia', com o fim de humilhá-lo. César sempre negou essas acusações e, de acordo com [[Dião Cássio]], uma vez as negou sob juramento.{{sfn|name=Su49|Suetônio|século IIa|loc=49}}{{sfn|name=Di43.20|Dião Cássio|século III|loc=43.20}}
 
Esse tipo de campanha de difamação era comum entre políticos romanos na era republicana e quase sempre os difamados negavam as acusações. Uma tática de oposição a estas ações era acusar os rivais políticos de viverem um estilo de vida helênico baseado na cultura grega e oriental, onde a [[homossexualidade]] e um estilo de vida exagerado eram mais aceitos do que na tradição romana.<ref name=Su49 /><ref name=Di43.20 /> [[Cátulo]] escreveu dois poemas que diziam que César e seu engenheiro [[Mamurra]] eram amantes,{{sfn|Cátulo|século I a.C.|loc=29; 57}} mas depois se desculpou por insinuar isso.{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=73}} [[Marco Antônio]], por sua vez, afirmou que Otaviano ganhou a adoção por César através de favores sexuais. Suetônio descreveu as acusações de Antônio como pura [[difamação]] política.{{sfn|Suetônio|século IIb|loc=68; 71}}
 
==Trabalhos literários==
[[Imagem:Commentarii de Bello Gallico.jpg|miniaturadaimagem|Uma edição de 1783 de ''As Guerras Gálicas''.]]
 
Durante a sua vida, César foi considerado um dos melhores oradores e autores de prosa em [[latim]] — até mesmo Cícero falava bem sobre a retórica e estilo dele.{{sfn|Cícero|século I a.C.b|loc=252}} Apenas os comentários de César sobre as guerras foram conservados. Algumas frases de outros trabalhos são citadas por outros atores. Entre um dos seus trabalhos que se perderam com o tempo, sua oração fúnebre (''[[Laudatio Iuliae amitae]]'') para a sua tia paterna, [[Júlia César (esposa de Caio Mário)|Júlia]], e seu ''[[Anticato]]'', um documento escrito para difamar {{lknb|Catão,|o Jovem}} em resposta aos elogios de Cícero a ele. Os "[[Poemas de Júlio César]]" também são usados como fontes por trabalhos de historiadores antigos.{{sfn|Courtney|1993|p=153–155 & 187–188}}
 
===Memórias===
* O ''Commentarii [[De Bello Gallico]]'', conhecido em português como "Comentários da Guerra Gálica", são sete livros cada um cobrindo um ano da campanha na [[Gália]] e no sul da [[Grã-Bretanha]] em {{AC|50|x}}, com o oitavo sendo escrito por [[Aulo Hírcio]] nos últimos dois anos.
* O ''[[De Bello Civili]]'', conhecido em português como "Sobre a Guerra Civil", relata os eventos da [[Segunda Guerra Civil da República de Roma|guerra civil]], na perspectiva de César, até a morte de Pompeu no Egito.
 
Outros trabalhos históricos são atribuídos a César, mas a autoria não é certa:
* ''[[De Bello Alexandrino]]'' (''Sobre a Guerra Alexandrina''), sobre a [[Campanha africana de Júlio César|campanha em Alexandria]];
* ''[[De Bello Africo]]'' (''Sobre a Guerra Africana''), sobre as campanhas no [[Norte da África]];
* ''[[De Bello Hispaniensi]]'' (''Sobre a Guerra Hispânica''), sobre as campanhas na [[Península Ibérica]].
 
Essas narrativas foram escritas e publicadas anualmente durante ou depois de tais campanhas acontecerem, como uma espécie de "despachos do fronte". Elas foram importantes para moldar a imagem pública de César e aumentar sua reputação enquanto estava afastado de [[Roma]] por longos períodos. Elas foram apresentadas ao povo em leituras públicas.<ref name=Contextual /> Como um modelo de latim direto e claro, ''As Guerras Gálicas'' tem sido estudada pelo primeiro ou segundo ano de estudantes de latim.{{sfn|Albrecht|1994|p=332–334}}
 
==Legado==
[[Ficheiro:Julii Caesaris quae exstant.tif|thumb|C. Iulii Caesaris quae extant, 1678]]
===Historiografia===
Os textos escritos de César, uma [[autobiografia]] dos eventos mais importantes de sua vida, são as mais completas [[Fonte primária|fontes primárias]] para a reconstrução da sua biografia. Contudo, César escreveu sua história pensando em sua carreira política, então os historiadores tiveram muito trabalho para filtrar os exageros e parcialidades contidas nela.{{sfn|Canfora|2006|p=10-11}} O imperador [[Augusto]] começou o [[culto à personalidade]] a César, descrevendo-se como seu herdeiro. A [[Historiografia romana|historiografia]] moderna é influenciada pelas tradições de Augusto, como por exemplo a ascensão de César sendo considerada o ponto determinante para o nascimento do [[Império Romano]]. Ainda assim, os historiadores também têm que filtrar muitos dos contos de Augusto.{{sfn|Canfora|2006|p=10}}
 
Muitos governantes ao longo da história se tornaram interessados na historiografia de César. {{lknb|Napoleão|III|de França}} escreveu um inacabado trabalho acadêmico chamado "História de Júlio César" ({{langx|fr|''Histoire de Jules César''}}). {{lknb|Carlos|VIII|de França}} ordenou que um monge preparasse uma tradução dos ''Comentários da Guerra Gálica'' em 1480. {{lknb|Carlos|I||de Espanha}} ordenou um estudo topográfico na França, para dar contexto ao livro escrito por César sobre a conquista do país. O [[sultão otomano]] {{lknb|Solimão,|o Magnífico}} catalogou as edições sobreviventes dos ''Comentários'', e então os traduziu para o [[língua turca|turco]]. {{lknb|Henrique|IV|de França}} e {{lknb|Luís|XIII|de França}} traduziram os primeiros ''Comentários'', enquanto {{lknb|Luís|XIV|de França}} os retraduziu mais tarde.{{sfn|Canfora|2006|p=11-12}}
 
===Política===
{{AP|Cesarismo}}
 
Júlio César é visto como o principal exemplo do [[Cesarismo]], uma forma política de governo com um líder carismático e forte que governa baseado no culto à personalidade, cuja racionalidade é governar pela força, estabelecendo uma violenta [[ordem social]], sendo envolvido no regime de proeminência [[militar]] no governo. Outra pessoas na história, como o imperador francês [[Napoleão Bonaparte]] e o ditador italiano [[Benito Mussolini]], foram definidos como 'cesaristas'. Bonaparte não se focou apenas na carreira militar de César, mas também na sua relação com as massas, que se tornou um precedente do [[populismo]].{{sfn|Canfora|2006|p=11-13}} A palavra "cesarismo" é usada também em um sentido pejorativo contra líderes autocráticos.{{sfn|Weber|2008|p=34}}
 
== Ver também ==
{{Cônsules da República Romana
|ant1=[[Lúcio Afrânio (cônsul em 60 a.C.)|Lúcio Afrânio]]
|ant2=[[Quinto Cecílio Metelo Céler]]
|con1=[[Júlio César]] I
|con2=[[Marco Calpúrnio Bíbulo]]
|ano=59 a.C.
|seg1=[[Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino (cônsul em 58 a.C.)|Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino]]
|seg2=[[Aulo Gabínio]]
|emenda=s
}}
{{Cônsules da República Romana
|cab=n
|ant1=[[Lúcio Cornélio Lêntulo Crus]]
|ant2=[[Caio Cláudio Marcelo Maior]]
|con1=[[Júlio César]] II
|con2=[[Públio Servílio Vácia Isáurico (cônsul em 48 a.C.)|Públio Servílio Vácia Isáurico]]
|ano=48 a.C.
|seg1=[[Quinto Fúfio Caleno]]
|seg2=[[Públio Vatínio]]
|emenda=s
}}
{{Cônsules da República Romana
|cab=n
|ant1=[[Quinto Fúfio Caleno]]
|ant2=[[Públio Vatínio]]
|con1=[[Júlio César]] III
|con2=[[Marco Emílio Lépido (triúnviro)|Marco Emílio Lépido]]
|ano=46 a.C.
|seg1=[[Júlio César]] IV
|seg2=Vacante
|emenda=s
}}
{{Cônsules da República Romana
|cab=n
|ant1=[[Júlio César]] III
|ant2=[[Marco Emílio Lépido (triúnviro)|Marco Emílio Lépido]]
|con1=[[Júlio César]] IV
|con2=''Vacante''
|ano=45 a.C.
|seg1=[[Quinto Fábio Máximo (cônsul em 45 a.C.)|Quinto Fábio Máximo]] (suf.)
|seg2=[[Caio Trebônio]] (suf.)
|emenda=s
}}
{{Cônsules da República Romana
|cab=n
|ant1=[[Caio Canínio Rébilo]] (suf.)
|ant2=[[Caio Trebônio]] (suf.)
|con1=[[Júlio César]] V
|con2=[[Marco Antônio]]
|con3=[[Públio Cornélio Dolabela]] (suf.)
|ano=44 a.C.
|seg1=[[Aulo Írcio]]
|seg2=[[Caio Víbio Pansa]]
}}
 
== Notas ==
 
{{refbegin|2}}
 
{{note label2|a|Nome completo: ''Caius Iulius Caii filius Caii nepos Cæsar Imperator'' ("Caio Júlio César, filho de Caio, neto de Caio, ''[[imperator]]''"). Nome oficial depois da apoteose em {{AC|42|x}}, ''Gaius Iulius Caesar Divus'', em [[língua portuguesa|português]], "Divino Caio Júlio César". Nascido como ''Gaius Iulius Gaii Filius Gaii Nepos Caesar'', em português, "Caio Júlio César, filho de Caio, neto de Caio".}}
 
{{note label2|b|Existe alguma controvérsia a respeito da data do nascimento de César. O dia é por vezes mencionado como 12 de julho, quando seu feriado era comemorado (após a deificação), porém isto se deu porque seu aniversário real coincidia com os [[Jogos Apolinários]] (''Ludi Apollinares''). Alguns estudiosos, com base nas datas em que ocupou certos cargos, propuseram os anos de 101 ou {{AC|102|x}} como  seu ano de nascimento, porém o consenso acadêmico favorece {{AC|100|x}}.{{sfn|Goldsworthy|2006|p=30}}}}
 
{{note label2|c|Após a morte de César os [[Ano bissexto|anos bissextos]] não foram inseridos de acordo com o seu intento, e existe alguma incerteza acerca de exatamente quando os anos bissextos foram observados entre {{AC|45|x}} e {{DC|4|x}}; as datas deste artigo situadas entre este período de tempo são as mesmas que são observadas em [[Roma]], e existe uma dúvida de aproximadamente um dia a respeito de onde as datas se situariam no [[calendário juliano proléptico]].{{sfn|Blackburn|Holford-Strevens|1999|p=671}}}}
 
{{note label2|d|2=Segundo fontes, César pessoalmente não nasceu de cesariana (''[[Suda]]'' [http://www.stoa.org/sol-bin/search.pl?db=REAL&search_method=QUERY&login=guest&enlogin=guest&user_list=LIST&page_num=1&field=adlerhw_gr&searchstr=kappa%2C1199 kappa 1199])}}
 
{{note label2|e|Segundo a cronologia de [[Suetônio]].{{sfn|Suetônio|século IIa|loc=4}} [[Plutarco]]{{sfn|Plutarco|século Ia|loc=1.8–2}} diz que isso aconteceu antes na sua vida. [[Veleio Patérculo]]{{sfn|Veleio Patérculo|século I|loc=2:41.3–42}} diz apenas que o sequestro aconteceu quando ele era jovem.}}
 
{{refend}}
 
{{referências|refs=
 
<ref name=Symbolism>{{citar web|url=http://ancienthistory.about.com/od/ancientarchitecture/ss/120612-Caesar-Elephant-Denarius-C-49-B-C.htm|título=Symbolism of the Caesar Elephant Denarius|publicado=Ancienthistory.About.com|acessodata=16 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=Julius>{{Citar web|url=http://www.hsc.csu.edu.au/ancient_history/personalities/rome/caesar/caesar.html|título=Julius Caesar|acessodata=22 de agosto de 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120322013940/http://hsc.csu.edu.au/ancient_history/personalities/rome/caesar/caesar.html#|arquivodata=22 de março de 2012|urlmorta=yes}}</ref>
 
<ref name=GallicWars>{{citar web|url=http://classics.mit.edu/Caesar/gallic.1.1.html|título=The Gallic Wars - By Julius Caesar|acessodata=17 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=Conquest>{{Citar web|url=http://global.britannica.com/EBchecked/topic/215768/France/41196/The-press|título=France: The Roman conquest|website=Encyclopædia Britannica Online|acessodata=22 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=Triumvirate>{{Citar web|url=http://global.britannica.com/EBchecked/topic/88114/Julius-Caesar/9735/The-first-triumvirate-and-the-conquest-of-Gaul|título=Julius Caesar: The first triumvirate and the conquest of Gaul|website=Encyclopædia Britannica Online|acessodata=21 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=Ushistory>{{citar web|url=http://www.ushistory.org/civ/6b.asp|título=6b. Julius Caesar|publicado=ushistory.org|acessodata=18 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=Learning>{{citar web|url=http://www.historylearningsite.co.uk/ancient-rome/julius-caesar/|título=Julius Caesar - History Learning|acessodata=18 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=nytimes>{{citar web|url=http://www.nytimes.com/2009/04/07/arts/07iht-caesar.html?_r=0|título=Tracing a Roman Ruler's Life and Legacy|publicado=[[The New York Times]]|acessodata=16 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=Forum>{{Citar web|url=https://class.coursera.org/romanarchitecture-001/lecture/97|título=Julius Caesar, Venus Genetrix, and the Forum Iulium|publicado=Yale University|autor=Diana E. E. Kleiner}}</ref>
 
<ref name=murdered>{{Citar web|url=http://www.history.com/this-day-in-history/the-ides-of-march-julius-caesar-is-murdered|título=The ides of March: Julius Caesar is murdered|acessodata=21 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=Plutarch>{{Citar web|url=http://classics.mit.edu/Plutarch/m_brutus.html|título=Plutarch – Life of Brutus|publicado=Classics.mit.edu|acessodata=21 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name =Suetonius>{{Citar web|url=http://www.fordham.edu/halsall/ancient/suetonius-julius.html|título=Suetonius, ',Life of the Caesars, Julius', trans. J C Rolfe|publicado=Fordham.edu|acessodata=20 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=Temple>{{Citar web|url=http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=7181|título=Temple of Caesar|publicado=Findagrave.com|acessodata=21 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=Caesar>{{Citar web|url=http://anamericaninrome.com/wp/2011/07/caesars-grave/|título=Temple of Caesar|publicado=Anamericaninrome.com|acessodata=21 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=Chapters>{{Citar web|url=http://ancienthistory.about.com/library/bl/bl_text_suetcaesar.htm|título=Suetonius, Life of Caesar, Chapters LXXXIII, LXXXIV, LXXXV|publicado=Ancienthistory.about.com|data=29 de outubro de 2009|acessodata=20 de agosto de 2015}}</ref>
 
<ref name=epilepsy>{{Citar web|url=http://www.epilepsiemuseum.de/alt/caesaren.html|título=Gaius Julius Caesar|acessodata=20 de agosto de 2015|autor=H. Schneble|data=1 de janeiro de 2003|publicado=German Epilepsy Museum}}</ref>
 
<ref name=behind>{{citar web|url=http://www.behindthename.com/name/caesar|título=Given Name CAESAR|publicado=Behind the Name|acessodata=5 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=interview>{{citar web|url=http://affairstoday.co.uk/interview-king-simeon-ii-bulgaria/|título=An interview with King Simeon II of Bulgaria|publicado=Affairs Today|acessodata=18 de outubro de 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20151023135455/http://affairstoday.co.uk/interview-king-simeon-ii-bulgaria/#|arquivodata=23 de outubro de 2015|urlmorta=yes}}</ref>
 
<ref name=Julia2>{{citar web|url=http://www.livius.org/articles/person/julia-2/|título=Julia (2)|acessodata=24 de outubro de 2015}}</ref>
 
<ref name=Contextual>{{citar web|url=http://trace.tennessee.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2752&context=utk_chanhonoproj|título=The Contextual Audiences of Caesar's De Bello Gallico|páginas=13|acessodata=18 de outubro de 2015}}</ref>
 
}}<!-- Fim referências -->
 
== Bibliografia ==
 
=== Fontes primárias ===
 
{{Refbegin|2}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Anônimo|título=[[História Augusta]]|capítulo=Vida de Élio|capítulourl=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Historia_Augusta/Aelius*.html|ano=século IV|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Apiano|autorlink=Apiano|título=[[História Romana (Apiano)|História Romana]]|capítulo=Guerras Gálicas|capítulourl=http://www.livius.org/ap-ark/appian/appian_gallic_1.html|ano=século IIa|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Apiano|autorlink=Apiano|título=[[História Romana (Apiano)|História Romana]]|capítulo=Guerras Civis|capítulourl=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Appian/Civil_Wars/2*.html|ano=século IIb|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Bunson|nome=Matthew|título=Encyclopedia of the Roman Empire|ano=2009|local=Nova Iorque|editora=Facts on File Inc|isbn=978-0-8160-3182-5|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Cátulo|autorlink=Cátulo|título=Poemas|titulolink=Poemas (Cátulo)||ano=século I a.C.|ref=harv}} [http://www.vroma.org/~hwalker/VRomaCatullus/list.html]
* {{Citar web|autor=Cícero|título=Filípicas (Cícero)|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0021|ano=século I a.C.a|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Cícero|título=Bruto|titulolink=Bruto (Cícero)|ano=século I a.C.b|ref=harv}}[https://la.wikisource.org/wiki/Brutus]
* {{Citar livro|autor=Cícero|título=Cartas para Quinto|ano=século I a.C.c|url=https://en.wikisource.org/wiki/Letters_to_his_brother_Quintus|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Cícero|título=Cartas para amigos|url=https://en.wikisource.org/wiki/Letters_to_friends|ano=século I a.C.d|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Cícero|título=Cartas para Ático|url=https://en.wikisource.org/wiki/Letters_to_Atticus|ano=século I a.C.e|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Dião Cássio|autorlink=Dião Cássio|título=História romana|titulolink=História romana (Dião Cássio)|ano=século III|ref=harv}} [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/37*.html]
* {{Citar livro|autor=Eutrópio|autorlink=Eutrópio (historiador)||título=Breviário da História Romana|titulolink=Breviário da História Romana|ano=século IV|ref=harv}}[http://www.forumromanum.org/literature/eutropius/]
* {{Citar livro|autor=Floro|autorlink=Floro|título=Compêndio da História Romana|ano=século I/II|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Júlio César|título=Comentários sobre a Guerra Gálica|titulolink=Comentários sobre a Guerra Gálica|ano=século I a.C.|ref=harv|url=http://www.forumromanum.org/literature/caesar/gallic.html}}
* {{Citar livro|sobrenome=Paterson|nome=Jeremy|título=A Companion to Julius Caesar|subtítulo=Caesar the Man|ano=2009|editora=Wiley-Blackwell|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plínio, o Velho|autorlink=Plínio, o Velho|título=História Natural|ano=século I|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus:text:1999.02.0137|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|titulolink=Vidas Paralelas|capítulo=Vida de César|capítulourl=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Caesar*.html|ano=século Ia|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|titulolink=Vidas Paralelas|capítulo=Vida de Mário|capítulourl=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Marius*.html|ano=século Ib|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|titulolink=Vidas Paralelas|capítulourl=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Pompey*.html|capítulo=Vida de Pompeu|ano=século Ic|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Crassus*.html|subtítulo=Vida de Crasso|ano=século Id|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|subtítulo=Vida de Catão, o Jovem|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Cato_Minor*.html|ano=século Ie|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|subtítulo=Vida de Bruto|ano=século If|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Brutus*.html|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Plutarco|autorlink=Plutarco|título=Vidas Paralelas|subtítulo=Vida de Alexandre|ano=século Ig|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Alexander*/home.html|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Salústio|autorlink=Salústio|título=Guerra de Catilina|ano=século I a.C.|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Sallust/Bellum_Catilinae*.html|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Shakespeare|nome=William|título=Júlio César|ano=1599|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Smith|nome=William|autorlink=William Smith (lexicógrafo)|título=Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology|volume=II|ano=1870|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Suetônio|autorlink=Suetônio|título=Vida dos 12 Césares|subtítulo=Vida do Divino Júlio|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Julius*.html|ano=século IIa|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Suetônio|autorlink=Suetônio|título=Vida dos 12 Césares|subtítulo=Vida do Divino Augusto|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Augustus*.html|ano=século IIb|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Suetônio|autorlink=Suetônio|título=Lives of the Caesars|ano=2004|editora=Barnes & Noble|editor=J. C. Rolfe (trad.)|isbn=9780760757581|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Tácito|autorlink=Tácito|título=Anais (Tácito)|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Tacitus/Annals/Introduction*.html|ano=século I|ref=harv}}
* {{Citar livro|autor=Tácito|autorlink=Tácito|título=Histórias (Tácito)|url=https://en.wikisource.org/wiki/The_Histories_(Tacitus)|ano=século II|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Veleio Patérculo|nome=Marco|autorlink=Marco Veleio Patérculo|título=Compêndio da História Romana|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2A*.html|ano=século I|ref=harv}}
 
{{Refend}}
 
===Fontes secundárias===
{{Refbegin|2}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Abbott|nome=Frank Frost|título=A History and Description of Roman Political Institutions|ano=1901|editora=Elibron Classics|isbn=0-543-92749-0|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Albrecht|nome=Michael|título=Geschichte der römischen Literatur Band 1|jornal=Literatura da História Romana|volume=1|local=Munique|ano=1994|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Allen|nome=Frederic D.|título=Gajus or Gaius?|ano=1891|volume=2|jornal=Harvard Studies in Classical Philology|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Anderson|nome=Carl Edlund|título=Formation and Resolution of Ideological Contrast in the Early History of Scandinavia|local=University of Cambridge, Department of Anglo-Saxon, Norse & Celtic|editora=Cambridge University Press|ano=1999|url=http://www.carlaz.com/phd/cea_phd_chap2.pdf|ref=harv|acessodata=22 de agosto de 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070307030753/http://www.carlaz.com/phd/cea_phd_chap2.pdf#|arquivodata=7 de março de 2007|urlmorta=yes}}
* {{Citar livro|sobrenome=Black|nome=Jeremy|título=A History of the British Isles|ano=2003|editora=Palgrave MacMillan|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Blackburn|nome1=B.|sobrenome2=Holford-Strevens|nome2= L.|título=The Oxford Companion to the Year|ano=1999|editora=Oxford University Press|isbn=978-0-19-214231-3|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Broughton|nome=Thomas Robert Shannon|autorlink=Thomas Robert Shannon Broughton|título=The Magistrates of the Roman Republic|ano=1952|editora=American Philological Association|volume=2|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Brosius|nome=Maria|título=The Persians: An Introduction|ano=2006|local=Londres & Nova Iorque|editora=Routledge|isbn=978-0-415-32089-4|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Bruschi|nome=Fabrizio|título=Was Julius Caesar's epilepsy due to neurocysticercosis?|ano=2011|jornal=Trends in Parasitology|volume=27|número=9|editora=Cell Press|doi=10.1016/j.pt.2011.06.001|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Cawthorne|nome=T.|título=Julius Caesar and the Falling Sickness|jornal=Proceedings of Royal Society of Medicine|volume=51|ano=1957|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Campbell|nome=J. B.|título=The Roman Army, 31 BC–AD 337|ano=1994|editora=Routledge|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Canfora|nome=Luciano|título=Julius Caesar: The People's Dictator|editora=[[Edinburgh University Press]]|ano=2006|isbn=0-7486-1936-4|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Colegrove|nome=Michael|título=Distant Voices: Listening to the Leadership Lessons of the Past|ano=2007|editora=[[iUniverse]]|isbn=9780595472062|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Courtney|nome=Edward|título=The Fragmentary Latin Poets|local=Oxford|editora=Clarendon Press|ano=1993|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Diamond|nome1=Seymour|sobrenome2=Franklin|nome2= Mary|título=Conquering Your Migraine: The Essential Guide to Understanding and Treating Migraines for all Sufferers and Their Families|ano=2001|local=Nova Iorque|editora=Fireside|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Dyce|nome1=Alexander|autorlink1=Alexander Dyce|sobrenome2=Malone|nome2=Edmond|autorlink2=Edmond Malone|título=The Works of William Shakespeare|ano=1866|editora=Chapman and Hall|local=Londres|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Edward|título=The Fragmentary Latin Poets|local=Oxford|editora=Clarendon Press|ano=1993|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Eck|nome=Werner|título=The Age of Augustus|local=Oxford|editora=Blackwell Publishing|isbn=978-0-631-22957-5|editor=Deborah Lucas Schneider (tradutora); Sarolta A. Takács (mais conteúdo)|ano=2003|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Freeman|nome=Philip|título=Julius Caesar|editora=Simon and Schuster|ano=2008|isbn=0-7432-8953-6|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Froude|nome=James Anthony|autorlink=James Anthony Froude|título=Life of Caesar|editora=Project Gutenberg e-text|url=http://www.mirrorservice.org/sites/ftp.ibiblio.org/pub/docs/books/gutenberg/etext05/8cesr10.txt|ano=1879|ref=harv|acessodata=21 de fevereiro de 2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20071209113843/http://www.mirrorservice.org/sites/ftp.ibiblio.org/pub/docs/books/gutenberg/etext05/8cesr10.txt#|arquivodata=9 de dezembro de 2007|urlmorta=yes}}
* {{Citar livro|sobrenome=Fuller|nome=J. F. C.|autorlink=J. F. C. Fuller|título=Julius Caesar: Man, Soldier, and Tyrant|ano=1965|editora=Rutgers University Press|local=Nova Brunsvique, NJ|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Goldsworthy|nome=Adrian|autorlink=Adrian Goldsworthy|título=Caesar: Life of a Colossus|editora=[[Yale University Press]]|ano=2006|isbn=0-300-12048-6|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Gomez|nome1=J.|sobrenome2=Kotler|nome2= J.|sobrenome3= Long|nome3= J.|título=Was Julius Caesar's epilepsy due to a brain tumor?|jornal=The Journal of the Florida Medical Association|volume=82|número=3|ano=1995|pmid=7738524|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Green|nome=Peter|título=Alexander to Actium: The Historical Evolution of the Hellenistic Age. Hellenistic Culture and Society|local=Berkeley, CA, Los Angeles e Londres|editora=University of California Press|isbn=0-520-05611-6|ano=1990|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Hammond|nome=Mason|título=City-state and World State in Greek and Roman Political Theory Until Augustus|ano=1966|editora=Biblo & Tannen|isbn=9780819601766|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Hodder|nome=Harbour Fraser|título=Epilepsy and Empire, Caveat Caesar|jornal=Accredited Psychiatry & Medicine|editora=Harvard University|local=Harvard, Boston|volume=106|número=1|ano=2003|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome1=Hughes|nome1=J.|sobrenome2=Atanassova|nome2=E.|sobrenome3= Boev|nome3= K.|título=Dictator Perpetuus: Julius Caesar—did he have seizures? If so, what was the etiology?|jornal=Epilepsy Behav|volume=5|número=5|ano=2004|pmid=15380131|doi=10.1016/j.yebeh.2004.05.006|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Huzar|nome=Eleanor Goltz|título=Mark Antony, a biography By Eleanor Goltz Huzar|editora=University of Minnesota Press|local=Mineápolis, MN|ano=1978|isbn=978-0-8166-0863-8|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Jehne|nome=Martin|título=Der Staat des Dicators Caesar|ano=1987|local=Colônia/Viena|jornal=Gnomon|editora=Verlag C.H.Beck|volume=60|número=7|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Kanngiesser|nome=F.|título=Notes on the Pathology of the Julian Dynasty|jornal=Glasgow Medical Journal|ano=1912|volume=77|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Kennedy|nome=E. C.|título=Cambridge Elementary Classics|subtítulo=Caesar de Bello Gallico|ano=1958|volume=III|local=Cambridge, Reino Unido|editora=[[Cambridge University Press]]|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Keppie|nome=Lawrence|título=The making of the Roman Army: from Republic to Empire|ano=1998|editora=University of Oklahoma Press|local=Norman, Oclaoma|isbn=978-0-8061-3014-9|capítulo=The approach of civil war|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Kleiner|nome=Diana E. E.|titulo=Cleopatra and Rome|ano=2005|editora=Belknap Press|isbn=0674032365|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Mackay|nome=Christopher S.|título=Ancient Rome: A Military and Political History|editora=Cambridge University Press|ano=2004|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=McLachlan|nome=Richard S.|título=Julius Caesar's Late Onset Epilepsy: A Case of Historic Proportions|jornal=Canadian Journal of Neurological Sciences|volume=37|número=5|editora=Canadian Journal of Neurological Sciences Inc.|ano=2010|ref=harv}}
* {{Citar periódico|sobrenome=Ridley|nome=Ronald T.|título=The Dictator's Mistake: Caesar's Escape from Sulla|jornal=Historia|volume=49|ano=2000|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Salisbury|nome=Joyce E.|título=Women in the ancient world|ano=2001|editora=ABC-CLIO|local=Santa Barbara, CA|isbn=1-57607-092-1|capítulo=Cleópatra VII|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Scullard|nome=H. H.|título=From the Gracchi to Nero: A History of Rome from 133 B.C. to A.D. 68 (5th ed.)|ano=1982|local=Londres e Nova Iorque|editora=Routledge|isbn=978-0-415-02527-0|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Stone|nome=Jon R.|título=The Routledge Dictionary of Latin Quotations|ano=2005|editora=Routledge|local=Londres|isbn=0-415-96909-3|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Syme|nome=Ronald|autorlink=Ronald Syme|título=The Augustan Aristocracy|ano=1989|capítulo=XVIII - Os últimos Cipiões|editora=Oxford University Press|isbn=0198147317|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Osgood|nome=Josiah|título=Caesar's Legacy: Civil War and the Emergence of the Roman Empire|ano=2006|editora=Cambridge University Press|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Temkin|nome=Owsei|título=The Falling Sickness: A History of Epilepsy from the Greeks to the Beginnings of Modern Neurology|ano=1971|local=Baltimore|editora=Johns Hopkins University Press|isbn=0801848490|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome1=Thomson|nome1=D. F. S.|sobrenome2=Weiland|nome2= Jan Sperna|título=Erasmus of Rotterdam: the man and the scholar|ano=1988|editora=E.J. Brill|local=Leida e Nova Iorque|isbn=90-04-08920-9|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Thorne|nome=James|título=Julius Caesar: Conqueror and Dictator|ano=2003|editora=The Rosen Publishing Group|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Tucker|nome=Spencer|título=Battles That Changed History: An Encyclopedia of World Conflict|editora=ABC-CLIO|ano=2010|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Warrior|nome=Velerie M.|título=Roman Religion|editora=Cambridge University Press|ano=2006|isbn=0-521-82511-3|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Weber|nome=Max|autorlink=Max Weber|título=Caesarism, Charisma, and Fate: Historical Sources and Modern Resonances in the Work of Max Weber|editor=Baehr, Peter|ano=2008|editora=Transaction Publishers|isbn=1412812143|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Wiseman|nome=T. P.|título=The Publication of ''De Bello Gallico'',” ''Julius Caesar as Artful Reporter|editora=Classical Press of Wales|ano=1998|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Zoch|nome=Paul A.|título=Ancient Rome: An Introductory History|ano=2000|editora=University of Oklahoma Press|isbn=0-8061-3287-6|ref=harv}}
 
{{Refend}}
 
== Ligações externas ==
{{Correlatos
|commonscat =Julius Caesar
|commons    =Gaius Iulius Caesar
|wikisource =Autor:Júlio César
|wikiquote  =Júlio César
}}
*{{Citar web|url=http://www.forumromanum.org/literature/caesarx.html|título=Gaius Julius Caesar|publicado=Corpus Scriptorum Latinorum. www.forumromanum.org|língua=en|acessodata=31-7-2018}}
 
 
{{Júlio César (obras)}}
{{Pontífices máximos}}
{{Portal3|Biografias|História|Política|Roma antiga}}
{{Controle de autoridade}}
 
{{Artigo destacado}}
 
[[Categoria:Júlio César| ]]
[[Categoria:Cesarianos]]
[[Categoria:Romanos envolvidos nas Guerras Gálicas]]
[[Categoria:Políticos assassinados]]
[[Categoria:Ditadores romanos]]
[[Categoria:Generais romanos]]
[[Categoria:Escritores da Roma Antiga]]
[[Categoria:Personagens de Astérix]]
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Pessoas deificadas]]
[[Categoria:Correspondentes de Cícero]]
[[Categoria:Populares (facção)]]
[[Categoria:Mestres da cavalaria da República Romana]]
[[Categoria:Primeiro Triunvirato]]
[[Categoria:Pretores da República Romana]]
[[Categoria:Romanos antigos do século I a.C.]]
[[Categoria:Pontífices máximos da Roma Antiga]]
[[Categoria:Nascidos no século I a.C.]]
[[Categoria:Mortos no século I a.C.]]
[[Categoria:Iulii Caesari]]
[[Categoria:Romanos antigos assassinados]]
[[Categoria:Conspiração de Catilina]]
[[Categoria:Governadores romanos da Hispânia]]
[[Categoria:Governadores romanos da Gália Transalpina]]
[[Categoria:Governadores romanos da Gália Cisalpina]]
[[Categoria:Historiadores da Roma Antiga]]

Edição atual tal como às 15h22min de 12 de agosto de 2022

Disambig grey.svg Nota: "Caio Júlio César" redireciona para este artigo. Para o personagem nascido em 20 a.C., veja Caio César. Para outros significados, veja Júlio César (desambiguação).
Júlio César
Um busto de Júlio César, possivelmente a única escultura remanescente retratando César que fora esculpida durante sua vida.
Museu arqueológico de Turim, Itália.
Ditador da República Romana
Período 49 a.C. a 44 a.C.
Cônsul da República Romana
Período 1 de janeiro de 44 a.C.
a 15 de março de 44 a.C.
Antecessor(a) Caio Rébilo
Caio Trebônio
Sucessor(a) Públio Cornélio Dolabela
Marco Antônio
Período 1 de janeiro de 46 a.C.
a setembro de 45 a.C.
Antecessor(a) Quinto Caleno
Públio Vatínio
Sucessor(a) Quinto Fábio Máximo
Caio Trebônio
Período 1 de janeiro de 48 a.C.
a 1 de janeiro de 47 a.C.
Antecessor(a) Caio Cláudio Marcelo
Lúcio Cornélio Lêntulo Crus
Sucessor(a) Quinto Caleno
Públio Vatínio
Período 1 de janeiro de 59 a.C.
a 1 de janeiro de 58 a.C.
Antecessor(a) Quinto Metelo Céler
Lúcio Afrânio
Sucessor(a) Lúcio Calpúrnio Cesonino
Aulo Gabínio
Dados pessoais
Nome completo Caio Júlio César
Nascimento 13 de julho de 100 a.C.[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Roma, República Romana
Morte 15 de março de 44 a.C. (55 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Roma, República Romana
Nacionalidade Romano
Progenitores Mãe: Aurélia Cota
Pai: Caio Júlio César
Cônjuge Cornélia Cinila
Pompeia Sula
Calpúrnia Pisônia
Filhos Júlia
Ptolemeu XV Cesarião
Augusto (adotivo)
Partido Populares
Religião Politeísmo romano
Serviço militar
Serviço/ramo Exército romano
Graduação General
Conflitos Guerras da Gália
Segunda Guerra Civil da República Romana

Caio Júlio CésarPredefinição:Ref label2 (em latim: Caius ou Gaius Iulius Caesar ou IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS;[1] 13 de julho de 100 a.C.Predefinição:Ref label215 de março de 44 a.C.Predefinição:Ref label2) foi um patrício, líder militar e político romano. Desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano. Muito da historiografia das campanhas militares de César foi escrita por ele próprio ou por fontes contemporâneas dele, a maioria, cartas e discursos de Cícero e manuscritos de Salústio. Sua biografia foi posteriormente melhor escrita pelos historiadores Suetônio e Plutarco. César é considerado por muitos acadêmicos como um dos maiores comandantes militares da história.[1]

Nascido em uma família patrícia de pequena influência, César foi galgando seu lugar na vida pública romana. Em 60 a.C., ele e os políticos Crasso e Pompeu formaram uma aliança (o Primeiro Triunvirato) que acabou dominando a política romana por anos. Suas tentativas de manter-se no poder através de táticas populistas enfrentavam resistência das classes aristocráticas conservadoras do senado romano, liderados por homens como Catão e Cícero. César conquistou boa reputação militar e dinheiro durante as Guerras Gálicas Predefinição:Nwrap, expandindo os domínios romanos para o norte até o Canal da Mancha, anexando a Gália (atual França), e no leste até o Reno (dentro da atual Alemanha). Ele também se tornou o primeiro general romano a lançar uma incursão militar na Britânia.

Suas conquistas lhe deram enorme poderio militar e respeito, que acabou ameaçando a posição do seu companheiro político, e agora rival, Pompeu Magno. Este último havia mudado de lado, após a morte de Crasso em 53 a.C., e agora apoiava a ala conservadora do senado. Com a guerra na Gália encerrada, os senadores em Roma exigiram que César dispensasse seu exército e retornasse à capital. Recusou-se a obedecer e em 49 a.C. cruzou o rio Rubicão com suas legiões, entrando armado na Itália (em violação da lei romana que impedia um general de marchar em Roma). Isso precipitou uma violenta guerra civil, que terminou com uma vitória de César, com ele assumindo poder total na República.[2]

Em 49 a.C., César assumiu o comando em Roma como um ditador absoluto. Ele iniciou então uma série de reformas sociais e políticas, incluindo a criação do calendário juliano. Continuou a centralizar o poder e a burocracia da República pelos anos seguintes, dando a si mesmo grande autoridade. Porém a ferida da guerra civil ainda estava aberta e a oposição política em Roma começou a conspirar para derrubá-lo do poder. As conspirações culminaram nos Idos de Março em 44 a.C. com o assassinato de César por um grupo de senadores aristocratas liderados por Marco Júnio Bruto. Sua morte precipitaria uma nova guerra civil pelos espólios do poder e assim o governo constitucional republicano nunca foi totalmente restaurado. O seu sobrinho-neto, Caio Otaviano, foi feito seu herdeiro em testamento. Em 27 a.C., o jovem passaria para a história como Augusto, o primeiro imperador romano, adotando o título de César e reivindicando para si o seu legado político.

Infância e carreira inicial

Denário de Júlio César com imagem de elefante.

Júlio César nasceu em uma família patrícia, a gente Júlia, que afirmava ser descendente de Ascânio, filho do legendário troiano Eneias, que por sua vez era, segundo a mitologia romana, filho da deusa Vênus.[3] O seu cognome "César" se originou, de acordo com Plínio, o Velho, com um ancestral seu nascido de cesariana (palavra do latim que quer dizer "cortar", caedere, caes).[4]Predefinição:Ref label2 A História Augusta sugere três razões para o seu nome: a primeira é que César nasceu com muito cabelo (em latim caesaries); que tinha olhos cinza bem claro (em latim: oculis caesiis); ou que matou um elefante (caesai) em batalha.[5] O próprio César mandou fabricar moedas com retrato de elefantes, sugerindo que favorecia esta interpretação do seu nome.[6]

Apesar de pertencer a uma família tradicional da aristocracia romana, os Júlios Césares (Julii Caesares) não eram muito influentes politicamente em Roma, apesar de que, no século anterior, membros desta família conseguiram altos cargos na República.[7] O pai de César, também chamado Caio Júlio César, governou a província da Ásia,[8][9][10][11] e sua tia Júlia era casada com o general Caio Mário, uma das figuras políticas mais importantes em Roma naquela época.[12] Sua mãe, Aurélia Cota, era membro influente na família. Pouco é sabido sobre a infância de César.[8][9]

Caio Mário, tio de César
Busto na Gliptoteca de Munique

Em 85 a.C., o pai de César morreu subitamente.[8][10] Assim, aos 16 anos, tornou-se o chefe da família. Ao mesmo tempo, eclodiu uma guerra civil entre o seu tio, Caio Mário, e o seu rival, o general Sula. Ambos os lados realizaram expurgos, quando puderam, dos partidários do seu adversário, incluindo nas famílias deles. Enquanto Mário e seu aliado, Lúcio Cornélio Cina, estavam no controle da cidade, César foi nomeado como o novo alto-sacerdote de Júpiter,[13][14] e então casou-se com a filha de Cina, Cornélia.[8][9][15][16] Após a vitória final de Sula, as conexões de César com o regime de Mário fizeram dele um alvo do novo governo: foi despojado de sua herança, do dote de sua esposa e do seu sacerdócio, mas se recusou a se divorciar de Cornélia e foi forçado a fugir e se esconder.[17] A ameaça contra ele minguou depois que uma investigação na família de sua mãe mostrou que alguns deles apoiaram Sula e eram vestais. Sula desistiu de perseguir César, mas afirmou que viu muito de Mário nele.[8][9]

Apesar do perdão, César não se sentia seguro com Sula ainda no poder. Preferiu ficar afastado de Roma e se juntou ao exército, servindo sob comando de Marco Minúcio Termo na Ásia e Servílio Isáurico na Cilícia. César serviu com distinção, ganhando a coroa cívica por sua participação no cerco de Mitilene. Numa missão na Bitínia, para assegurar o apoio da frota de Nicomedes IV, teve que ficar tanto tempo na sua corte que rumores surgiram de que estava tendo um caso amoroso com o rei, algo que sempre negou.[18][19][20] Ao ouvir da morte de Sula em 78 a.C., retornou para Roma. Devido à falta de dinheiro como resultado do confisco de sua herança, alugou uma casa modesta em Subura, um bairro de classe baixa de Roma. Tornou-se então advogado e ficou conhecido por sua boa oratória, sempre fazendo firmes gestos com os braços e por ter uma voz alta. Também ficou notório por processar ex-governadores acusados de extorsão ou corrupção, logo ficando conhecido pelo povo por causa disso.[21]

Durante uma viagem, no meio do mar Egeu,Predefinição:Ref label2 César foi sequestrado por piratas e feito prisioneiro.[22] Manteve uma atitude de superioridade durante o seu cativeiro: quando os piratas exigiram 20 talentos de prata como resgate, insistiu que exigissem 50.[23][24] Com o valor pago, foi libertado; em retaliação pelo episódio, César recrutou uma frota, perseguiu, capturou os piratas e os crucificou, como havia prometido durante o cativeiro - uma promessa que seus sequestradores haviam considerado uma piada. Como um sinal de "clemência", aliviou-lhes a dor da crucificação facilitando a sua morte, ao cortar-lhes as gargantas. Pouco tempo depois, foi reconvocado pelo exército, servindo no leste. Naquele momento a reputação de César como um competente comandante militar começou a se formar.[25]

Quando retornou para Roma, foi eleito um tribuno militar, sinalizando o início de uma carreira política. Foi então eleito questor por 69 a.C.,[26] e durante este mesmo ano fez um discurso durante o funeral de sua tia Júlia e incluiu palavras de apoio ao marido dela, o general Mário (como Sula estava morto, agora era seguro). Ainda naquele ano, sua esposa, Cornélia, morreu.[27] Após seu enterro, na primavera ou começo do verão de 69 a.C., César foi servir como questor na Hispânia.[28] Por lá teria encontrado uma estátua do rei macedônio Alexandre, o Grande, e percebeu, com desgosto, que havia chegado na mesma idade de Alexandre (que fora um grande conquistador) sem ter conseguido muita coisa na vida. Ao retornar para casa, em 67 a.C.,[29] casou-se com Pompeia, que era neta de Sula (os dois se divorciaram mais tarde).[30][31][32]

O ditador Lúcio Cornélio Sula que despojou César do seu sacerdócio.
Busto na Gliptoteca de Munique

Em 65 a.C., aliou-se a Crasso, um dos homens mais ricos de Roma, e conseguiu apoio financeiro deste para se eleger edil no mesmo ano.[33][34] Em 63 a.C., concorreu ao posto de pontífice máximo, o alto sacerdote da religião romana, concorrendo contra dois senadores. Todos os lados se acusaram de subornos e outros crimes. Ainda assim, César venceu, derrotando oponentes mais experientes.[32][35][36] Quando Cícero, servindo na época como cônsul, expôs um esquema por parte de Lúcio Sérgio Catilina para tomar o controle da República, vários senadores acusaram César de participar do complô, algo que ele negou.[37]

Depois de servir também no cargo de pretor em 62 a.C., César foi nomeado para governador da Hispânia Ulterior (sudeste da Espanha) como promagistrado,[38][39][40] embora alguns acreditem que também detinha poderes proconsulares (de governador).[41][42] Ainda estava profundamente endividado e precisava satisfazer os seus credores antes de partir, o que levou-o a procurar Crasso. Em troca do seu apoio político em oposição a algumas políticas do general Pompeu, Crasso pagou uma parte da dívida de César e agiu como fiador do resto. Ainda assim, para evitar que se tornasse um cidadão privado normal e assim ficasse aberto a um processo legal devido a suas dívidas, César partiu para governar suas províncias antes que seu pretorado terminasse. Enquanto na Hispânia, subjugou duas tribos locais e foi saudado como imperator (comandante) por suas tropas, terminando seu mandato como governador local com uma boa reputação.[43][44]

César teve o título de imperator em 60 a.C. e 45 a.C.. Na República Romana, este título honorífico só era conferido a certos líderes militares. Tropas do exército costumavam proclamar seu general como imperator depois que conquistavam grandes vitórias e homens com esse título poderiam solicitar uma marcha triunfal ao senado. Contudo, também queria a posição de cônsul, a mais alta magistratura da República. Se fosse celebrar um triunfo, deveria permanecer como um soldado e ficar fora da cidade até a cerimônia, mas para concorrer às eleições teria que abrir mão do seu comando e entrar na Itália desarmado como um cidadão privado comum; pediu então ao senado para que pudesse concorrer in absentia, mas o senador Predefinição:Lknb, que não gostava de César, bloqueou a proposta. Como não podia mesmo pedir um triunfo como comandante militar e ser cônsul ao mesmo tempo, César preferiu perseguir o consulado.[45][46]

Cônsul e campanhas militares

Ver artigo principal: Primeiro Triunvirato
Denário com busto de Júlio César, datado de 44 a.C.; a deusa Vênus é mostrada no outro verso, segurando Vitória e um cetro.

Em 60 a.C., César tentou se candidatar para as eleições para cônsul no ano seguinte, junto com outros dois candidatos. A eleição foi sórdida – até Catão, com sua reputação de incorruptibilidade, teria partido para subornos para tentar favorecer os oponentes de César. Ainda assim venceu, junto com o conservador Marco Calpúrnio Bíbulo.[47] César já estava em dívida política com Crasso, mas também se aproximou de Pompeu. Pompeu e Crasso já não se entendiam bem como antes, então César tentou reconciliá-los. Os três tinham dinheiro e influência política suficiente para controlar a vida pública da nação. Esta aliança informal, que ficou conhecida como Primeiro Triunvirato ("governo de três"), foi consolidada pelo casamento entre Pompeu e a filha de César, Júlia.[48][49][50][51][52][53][54] César também se casou novamente, com Calpúrnia Pisão, filha do poderoso senador Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino.[55]

César então propôs uma redistribuição de terras públicas, pela força se necessário, para beneficiar os mais pobres. Pompeu e Crasso apoiaram a proposta, tornando público o triunvirato. Pompeu encheu as ruas de tropas, com o objetivo de intimidar os inimigos dos triúnviros. Bíbulo declarou que os presságios eram desfavoráveis e tentou anular a nova lei, mas foi afastado do senado por homens armados a mando de César e forçado a aposentar-se. Bíbulo não foi o único que sofreu com a repressão. Qualquer um que mostrasse oposição às ideias do Triunvirato (especialmente as de César) era preso.[48][56][57][58][59]

Quando César foi eleito para cônsul, a aristocracia tentou limitar seu poder futuro, especialmente para evitar que tivesse comando militar.[60] Porém, com a ajuda de aliados, César foi nomeado governador da Gália Cisalpina (norte da Itália) e Ilírico (sudeste da Europa), com a Gália Transalpina (sul da França) sendo adicionada mais tarde, dando-lhe comando de quatro legiões completas. Seu mandato de governador seria de cinco anos e, com o cargo, teria imunidade processual.[61][62][63][64][65][66][67] Quando seu consulado terminou, César fugiu para suas províncias para evitar ser processado por irregularidades cometidas em seu mandato.[68]

Conquista da Gália

Ver artigo principal: Guerras da Gália
Movimentos de César na Gália

César estava atolado em dívidas, mas como governador podia ganhar muito dinheiro, especialmente através de extorsão e aventuras militares. Seu objetivo não era só ganhar dinheiro, mas conseguir glória nos campos de batalha; anexar novos territórios a Roma também lhe traria ganhos políticos e o respeito do povo.[69] Possuía quatro legiões sob seu comando e duas províncias que tinham fronteira com territórios não conquistados. A região mais vulnerável era a Gália, profundamente dividida e instável e habitada por tribos com vocação guerreira, que no passado já haviam derrotado Roma em combate. O pretexto para a invasão romana veio quando tribos gálicas aliadas a Roma foram derrotadas por rivais, estes apoiado por guerreiros germânicos, na batalha de Magetóbriga. César usou o receio de que estas tribos tentassem migrar para regiões próximas à península Itálica e que tivessem intenções belicosas para justificar uma incursão militar na Gália. César então recrutou mais legiões e derrotou estas tribos em batalha na fronteira do império.[70][71][72]

Em resposta às atividades de César, as tribos do norte da Gália começaram a se armar. Júlio César viu isso como um movimento agressivo e, depois de uma batalha inconclusiva, partiu para derrotar cada uma das tribos gaulesas de forma separada. Enquanto isso, uma das suas legiões conseguiu avançar até o extremo norte da Gália, chegando à margem oposta à Britânia.[73][74][75] Na primavera de 56 a.C., os triúnviros fizeram uma reunião de emergência. A situação em Roma era tensa e a aliança política de que César dependia estava se desfazendo. A Conferência de Luca renovou o Primeiro Triunvirato e deu mais cinco anos de mandato para César como governador de suas províncias.[76][77][78][79][80] Enquanto isso, a conquista do norte da Gália havia sido completada, embora alguns bolsões de resistência permanecessem.[81][75]

Em 55 a.C., César repeliu uma invasão de tribos germânicas na Gália. Então construiu pontes sobre o rio Reno e avançou no território germânico para demonstrar força, mas depois recuou. Mais tarde naquele verão, teve que sufocar uma rebelião na Bélgica. Acusando os britões de interferir em sua guerra, lançou uma invasão da Britânia.[82] Suas informações da região eram ruins, e apesar de ele ter conquistado uma consistente base costeira, não conseguiu avançar dentro do território britânico e decidiu retornar para a Gália para o inverno.[73][83][84] Regressou à Britânia no ano seguinte, melhor preparado e com mais tropas, e conseguiu avançar mais: conquistou territórios e fez alianças, porém retornou quando uma revolta, decorrente da má colheita, eclodiu no coração da Gália.[85][86][87][88][89]

Vercingetórix joga sua espada aos pés de César, simbolizando sua rendição.
Por Lionel Royer, no Museu Crozatier

Enquanto César estava na Britânia, sua filha Júlia, esposa de Pompeu, morreu no parto do seu primeiro filho. César tentou revitalizar sua aliança com Pompeu ao oferecer sua sobrinha-neta em casamento, mas a proposta foi recusada. Pompeu preferiu se casar com Cornélia Metela, filha de Metelo Cipião, um dos maiores adversários de César no senado. Em 53 a.C., Crasso foi morto na Batalha de Carras durante a malsucedida invasão romana do Império Parta. Sua morte marcou o fim do triunvirato e o falecimento de Júlia foi o ponto final de ruptura entre César e Pompeu. A República agora estava em pé de uma nova guerra civil. Pompeu, agora com apoio completo da aristocracia conservadora, foi nomeado pelo senado como o único cônsul em Roma.[90][91][92][93][94]

Em 53 a.C. quase toda a Gália, Bélgica e partes da fronteira com a Germânia estavam sob controle militar romano depois de apenas cinco anos de guerra. Embora, na verdade, os gauleses fossem tão bons guerreiros quanto os romanos, suas divisões internas garantiram a vitória de Júlio César, que soube explorar bem a desunião gaulesa e as habilidades de suas próprias tropas. Ainda assim, os gauleses tentariam uma última vez se livrar do jugo romano. Vercingetórix, chefe da tribo dos Arvernos, liderou os gauleses em revolta. A 52 a.C. boa parte das tribos da Gália já estavam unidas em apoio à revolta contra Roma.[95][96] Vercingetórix provou ser um comandante astuto, derrotando os romanos em alguns confrontos. Porém César trouxe reforços e forçou o recuo do principal exército gaulês. Os romanos empurraram Vercingetórix à cidade de Alésia, onde habilmente o cercaram e derrotaram e também repeliram reforços que tentaram furar o cerco.[97] Apesar de o conflito ter prosseguido, na forma de guerrilha, pelos dois anos seguintes,[75] a conquista da Gália foi assegurada com a rendição de Vercingetórix e suas forças em Alésia. O historiador Plutarco estima que o número de gauleses mortos passou de um milhão, além de outro milhão de pessoas terem sido feitas escravas. Os romanos subjugaram mais de 300 tribos e destruíram pelo menos 800 cidades.[98]

Apesar de César provavelmente ter exagerado os números para fazer sua vitória parecer maior do que realmente foi, a Gália realmente sofreu com a guerra e milhares de pessoas foram mortas. Em 50 a.C., após oito anos de guerras, a resistência gaulesa contra a ocupação romana estava completamente morta. A região permaneceria como parte do Império Romano pelos próximos quinhentos anos. César faria fortuna vendendo milhares de pessoas à escravidão, além de também vender bens e produtos saqueados das cidades da Gália. Mais importante que o dinheiro, sua conquista deu-lhe boa reputação militar, além de respeito e amor por parte da população em geral. O exército que comandou também passou a idolatrá-lo e ter orgulho de servi-lo (algo que contribuiu para isso, além dos sucessos no campo de batalha, era sua campanha para dar terras e outros benefícios para os seus veteranos).[99][100]

Guerra Civil

Em 50 a.C., o mandato de Júlio César como governador acabou, terminando assim sua imunidade processual. O senado, liderado por Pompeu, ordenou que César dispensasse suas legiões e retornasse para Roma.[101] Sem essa imunidade que desfrutava como magistrado, temia que fosse processado pelos senadores. Pompeu e a aristocracia romana acusavam-no de insubordinação e traição. Júlio César então afirmou que não tinha opção a não ser lutar pelos seus direitos. A lei romana proibia que qualquer general entrasse na Itália com seu exército. Ainda assim, em janeiro de 49 a.C., César cruzou o rio Rubicão (a fronteira oficial da Itália) com apenas uma legião (a XIII), dando início à guerra civil. Ao atravessar o Rubicão, segundo Plutarco e Suetônio, César teria citado a famosa frase do dramaturgo ateniense Menandro, "Alea jacta est" ("o dado está lançado").[102] Erasmo de Roterdã, contudo, afirma que a tradução do grego mais precisa no modo imperativo seria "alea iacta esto" ("deixe o dado ser lançado").[103]

Pompeu não tinha como montar uma defesa coesa e decidiu, acompanhado pela maioria dos senadores, fugir para o sul para tentar recrutar mais tropas. Apesar de ter mais soldados que César, que tinha apenas uma legião sob seu comando, Pompeu não queria lutar. César o perseguiu, pretendendo capturá-lo.[104] Pompeu conseguiu fugir, tomando refúgio na Grécia junto com o senado. César não tinha uma frota e, enquanto seus navios eram construídos, partiu até a província da Hispânia, deixando a Itália sob controle do general Marco Antônio, seu segundo em comando. Após marchar de Roma até a Hispânia com seu exército em apenas 27 dias, derrotou os partidários de Pompeu por lá. Depois partiu, de navio, até a Ilíria, onde enfrentou Pompeu e quase foi derrotado na Batalha de Dirráquio, mas conseguiu evitar ser capturado e saiu com boa parte das tropas intactas. César, contudo, não podia ficar rodeando a Grécia por muito tempo, pois ficaria sem suprimentos. Finalmente, a 9 de agosto de 49 a.C., Pompeu e César travaram a importante Batalha de Farsalos. Mesmo em desvantagem numérica de quase três para um, César derrotou o rival e colocou seu exército em fuga. Esta batalha se provaria decisiva na guerra civil.[105]

Cleópatra e César
Por Jean-Léon Gérôme, 1866

Em Roma, César foi nomeado ditador, com Marco Antônio como seu mestre da cavalaria (vice-comandante); César presidiu sobre sua própria eleição que lhe deu seu segundo consulado.[106][107] Derrotados, Pompeu e o senado decidiram se separar. Pompeu fugiu para o Egito, com César em seu encalço. Chegando lá, foi presenteado pelas autoridades locais com a cabeça de Pompeu.[108] César ficou furioso e ordenou a prisão (e depois execução) dos responsáveis.[109] Decidiu permanecer no Egito por um tempo, presenciou a guerra civil entre o jovem Ptolemeu XIII e sua irmã e co-regente Cleópatra VII. César decidiu apoiar esta última e resistiu ao cerco de Alexandria antes de derrotar Ptolemeu XIII na Batalha do Nilo de 47 a.C., instalando Cleópatra como a única governante. César e Cleópatra saíram para comemorar sua vitória com uma procissão triunfal pelo rio Nilo, acompanhados de 400 navios. Na festa, ele foi introduzido às extravagâncias dos faraós egípcios.[110]

César e Cleópatra se tornaram amantes, ficando juntos em Alexandria por mais um ano. Os dois não podiam se casar, pois a lei romana não reconhecia o casamento de um cidadão com uma não romana. Porém, relacionamento com um bárbaro não era considerado adultério. Os dois teriam gerado um filho juntos, Cesarião, e Cleópatra visitou Roma pelo menos uma vez, residindo na vila de César nas margens do rio Tibre.[110] Ao fim de 48 a.C., César foi novamente nomeado ditador, com o mandato de um ano.[107] Após resolver os problemas no Egito, partiu para o Oriente Médio, onde conquistou uma vitória fácil contra o rei Fárnaces II de Ponto; sua vitória foi tão rápida e tão fácil que teria zombado da vitória difícil anterior de Pompeu sobre estes. Ao vencer mais um inimigo, César teria dito sua famosa frase "Veni, vidi, vici" ("Vim, vi, venci").[111]

Depois partiu para o norte da África para derrotar as forças do senado por lá. Conquistou uma vitória decisiva, em 46 a.C., sobre as tropas de Predefinição:Lknb, que acabou cometendo suicídio logo depois.[112] No mesmo ano derrotou outra tropa senatorial, na batalha de Tapso, em que foi morto Metelo Cipião, um dos líderes da facção anticesarina no senado.[113] César foi então nomeado ditador pelos dez anos seguintes.[107] Os filhos de Pompeu fugiram para a Hispânia e lá prepararam a última resistência contra César. Finalmente, na batalha de Munda (março de 45 a.C.), derrotou o último bastião da resistência armada contra ele.[114] Nesse meio tempo, com um senado reduzido, formado basicamente por seus partidários, César foi eleito para um terceiro e quarto mandatos como cônsul (em 46 e 45 a.C. respectivamente).[107]

Governo

Júlio César
Estátua no Jardins das Tulherias, Paris

Enquanto ainda estava em uma campanha na Hispânia, o senado concedera diversas honras a César. Ele preferiu não se vingar dos inimigos, preferindo perdoar a maioria deles. Por parte da população comum não havia uma forte oposição. Grandes jogos e celebrações aconteceram em abril para celebrar sua vitória em Munda. Plutarco escreveu que muitos romanos acreditavam que aquela celebração foi de mau gosto, pois foi uma vitória contra outros romanos, no meio de uma guerra civil.[115] Quando César retornou à Itália, em 45 a.C., protocolou oficialmente seu testamento, nomeando seu sobrinho-neto Caio Otávio (ou Otaviano, mas que viria a ser conhecido como Augusto César) como seu principal herdeiro, deixando-lhe diversas propriedades e vastas quantidades de dinheiro. César escreveu também que caso Otávio morresse antes dele, Décimo Júnio Bruto Albino seria o seu próximo herdeiro. No testamento também deixou presentes e dinheiro para os cidadãos de Roma.[116]

Durante o começo da sua carreira, César testemunhou o quão disfuncional e caótica a República Romana se tornara. A máquina republicana havia quebrado sob o peso do imperialismo, perda de poder das autoridades centrais na capital, com as províncias se tornando praticamente principados independentes sob controle total dos governadores e ainda com o exército profundamente polarizado e sendo usado para fins políticos. Com o governo central enfraquecido, a corrupção política havia saído do controle e o status quo era mantido por uma aristocracia corrupta que não via necessidade de mudar um sistema que perpetuava suas riquezas.[117]

Entre a travessia do rio Rubicão em 49 a.C. e o seu assassinato em 44 a.C., César estabeleceu uma nova constituição, que deveria alcançar três objetivos. Primeiro, queria suprimir toda a resistência armada fora nas províncias e assim trazer a ordem de volta ao país. Segundo, queria construir um governo forte em Roma. Terceiro e finalmente, queria unir o império em uma única unidade coesa. Este primeiro objetivo foi conquistado quando César derrotou Pompeu e seus partidários no senado.[118] As outra duas metas, para consegui-las, assumiu que precisaria de poder absoluto e que este fosse incontestável,[119] então aumentou sua própria autoridade em detrimento de outras instituições políticas. Por fim, anunciou dezenas de medidas reformistas para reerguer o país, que foram desde a alteração do calendário até a redistribuição de terras.[118]

Ditadura

Após derrotar seus inimigos e retornar para Roma, o senado concedeu a César o triunfo (uma homenagem pública para prestigiar um comandante militar) por suas vitórias sobre a Gália, Egito, Fárnaces II e Juba I, rei númida que apoiara seus opositores em Tapso. Ele decidiu não realizar festividades para celebrar vitórias sobre outros romanos durante a guerra civil. Nem tudo foi como César planejou. Quando Arsínoe IV, ex rainha do Egito, foi exibida em correntes nas ruas de Roma, o público admirou sua coragem e teve pena dela.[120][121] Os jogos triunfais aconteceram, com caçadas envolvendo 400 leões e lutas de gladiadores. Uma batalha naval também foi recriada no Campo de Marte, que fora inundado para a ocasião. No Circo Máximo, dois exércitos de cativos, incluindo duas mil pessoas, duzentos cavalos e vinte elefantes, lutaram até a morte. Muitos criticaram César afirmando que suas festividades eram extravagantes. Uma pequena revolta começou. Dois membros desta revolta foram mortos por sacerdotes no Campo de Marte, a mando de César.[122]

Após as festividades do triunfo, César começou a tentar aprovar sua ambiciosa agenda política. Ordenou que um censo fosse feito, que resultou em uma redução da distribuição de cereais e do desperdício. Aprovou uma lei suntuária para restringir a compra de certos bens de luxo. Depois, uma nova lei foi aprovada para premiar famílias que tinham muitos filhos, para acelerar o repovoamento da Itália. Baniu as corporações de ofício profissionais, exceto as mais antigas, e também aprovou uma lei que dava limites de mandatos para governadores de províncias e outra de reestruturação de dívidas, que acabou por eliminar Predefinição:Fração de todas as dívidas do povo da cidade.[122] O Fórum de César, com o Templo de Vénus Genetrix, foi construído, junto com várias outras obras públicas, que empregaram milhares de cidadãos.[123] César também aumentou a regulação de compra de cereais subsidiada pelo Estado e reduziu o número de beneficiários, que entraram em um registro especial.[124] De 47 a 44 a.C., fez planos para distribuir terras para aproximadamente 15 000 dos seus veteranos.[125]

Uma das mudanças mais importantes do seu governo, contudo, foi sua reforma no calendário romano. O calendário era regulado pelas fases da lua, o que era confuso. César adaptou o calendário da maneira como os egípcios faziam, sendo regulado pelo sol. A extensão do ano passou a ser de 365,25 dias, com a adição de um dia extra em fevereiro a cada quatro anos.[126] Para sincronizar o calendário novo com as estações do ano, criou três meses extras, implementando isso em 46 a.C.. Assim, o calendário juliano começou oficialmente em 1 de janeiro de 45 a.C..[122] O calendário sofreria poucas mudanças ao decorrer do tempo, tornando-se o padrão no mundo ocidental.[126]

Pouco antes de seu assassinato, aprovou uma série de novas reformas. Estabeleceu uma força policial permanente, nomeou funcionários públicos para supervisionar a implementação da reforma agrária e ordenou a reconstrução das cidades de Cartago e Corinto. Também estendeu o direito dos povos latinos por todo o mundo romano, e então aboliu o sistema de taxação e o reverteu para o sistema antigo onde eram as cidades que coletavam os impostos para si próprias, evitando a necessidade de intermediários (reduzindo a corrupção). Seu assassinato impediu a implementação de mais reformas, incluindo a construção de um grande templo de Marte, um pomposo novo teatro e uma biblioteca maior que a de Alexandria.[122] Também queria converter a cidade de Óstia num grande porto e criar um canal cortando Istmo de Corinto. Militarmente, pretendia conquistar a Dácia e também a Pártia, para vingar a derrota romana em Carras. Assim iniciou uma mobilização de tropas no leste. O senado o nomeou censor em caráter vitalício e ainda o nomeou "Pai da Nação", e o mês quintil foi renomeado julho em sua honra.[122]

Júlio César
Estátua no Museu do Louvre

Ele recebeu outras honras e nomeações oficiais em caráter vitalício. Essa acumulação de cargos foi mais tarde usada como um dos pretextos para o seu assassinato. Seus opositores afirmavam que César estava acumulando poderes de um rei. De fato, coisas comuns na era dos reis em Roma voltaram, como moedas sendo feitas com seu rosto e grandes e ostentosas estátuas. Ele mandou colocar no senado uma grande cadeira banhada em ouro, enquanto usava um pomposo vestido e iniciou uma forma não oficial de culto a sua pessoa.[122]

Reformas políticas

A reforma política que implementou em Roma é complicada. César tinha poderes ditatoriais e de tribuno, mas alternava nas funções de cônsul e procônsul. Seus poderes no Estado vinham destes magistérios.[119] Foi nomeado ditador oficialmente pela primeira vez em 49 a.C., possivelmente para presidir as eleições, mas renunciou a este cargo onze dias depois. Em 48 a.C., foi renomeado ditador, só que desta vez por tempo indeterminado e, em 46 a.C., foi acertado um mandato de 10 anos.[127] Em 48 a.C., ganhou poderes de tribuno em caráter vitalício, o que o tornou uma pessoa sacrossanta e lhe deu poder de veto sobre o senado. César sofreu com a oposição do Colégio de Tribunos, mas após algumas prisões ninguém se opôs mais.[128]

Quando César retornou em definitivo para Roma em 47 a.C., as cadeiras do senado estavam muito vazias, então usou seus poderes de censor para nomear novos senadores. Continuou a expandir o senado, que chegou a ter 900 membros.[129] Todos os novos membros eram na verdade partidários de César, o que roubava o prestígio da aristocracia senatorial e tornou o senado subserviente.[130] Para minimizar a chance de que algum outro general pudesse desafiá-lo, César instituiu limites de tempo de mandatos para os governadores das províncias e territórios.[127]

Em 46 a.C., César deu a si mesmo o título de "Prefeito da Moral", um cargo que existia apenas no nome, já que seus poderes eram os mesmos dos censores.[128] Assim, poderia exercer seus poderes censoriais sem ter que se submeter às mesmas leis que os outros censores e usou esta autoridade para encher o senado com simpatizantes seus. Também abriu um precedente, que seria seguido por seus sucessores imperiais, de ter o senado lhe dando vários títulos, honras e cargos. Tinha, por exemplo, o título de "Pai da Nação" e "imperator" (comandante-em-chefe das forças armadas).[127] Moedas foram cunhadas com a sua imagem e possuía o direito de ser o primeiro a falar nas sessões do senado, um privilégio reservado à autoridade maior.[127] César também aumentou o número de magistérios eleitos por ano, aumentando o setor público com magistrados experientes e criando mais cargos para dar aos seus partidários.[129]

César também deu os primeiros passos para tornar a Itália em província e também tomou medidas para tornar as províncias unidades mais coesas. Isso resolvia alguns dos problemas causados pelas Guerras Sociais de décadas antes, onde indivíduos fora de Roma e longe de Itália não eram considerados "romanos", portanto não tinham os direitos que ter essa cidadania dava. Assim, unificar o império e prezar pela sua unidade, em vez de dividi-lo em grupos com participações desiguais na vida pública, foi um sucesso, mas só seria completado de fato no reinado do seu sucessor, Augusto.[127]

Em fevereiro de 44 a.C., um mês antes do seu assassinato, César foi nomeado, em definitivo, como ditador vitalício. Concentrando vasta autoridade, deu poderes aos seus tenentes e partidários, principalmente devido ao fato de ele se afastar regularmente da Itália a negócios.[127] Em outubro de 45 a.C., renunciou ao posto de único cônsul e trabalhou para que os dois eleitos que o sucederiam fossem seus partidários.[129] Perto do fim da sua vida, César se preparou para uma guerra contra o Império Parta. Devido a isso, tinha que se ausentar de Roma com frequência. Para garantir que os eleitos nos cargos, especialmente os cônsules, fossem seus simpatizantes, determinou que ele mesmo nomearia diretamente todos os magistrados para o ano de 43 a.C.. No ano seguinte, estendeu isso para as eleições consulares e de tribunos. Assim, os magistrados não mais davam a ideia de que eram representantes do povo, mas sim do ditador.[129]

Assassinato

Ver artigo principal: Assassinato de Júlio César
Assassinato de César
Por Karl von Piloty, 1865.

O crescente acúmulo de poder por parte de César, em detrimento da aristocracia, irritou muitos senadores conservadores. Eles temiam que Júlio César estivesse tentando reerguer a monarquia, com ele mesmo na figura de rei. Um grupo de senadores (os Liberatores) começou então a conspirar contra César e planejar seu assassinato, afirmando que ele havia se tornado um tirano e que somente sua morte restauraria a velha República Romana.[131] Nos idos de março (15 de março no Calendário romano) de 44 a.C., César compareceu a uma sessão do senado na Cúria de Pompeu. Marco Antônio, tendo ouvido falar sobre o complô de um libertador assustado chamado Servílio Casca, e temendo o pior, foi avisar César. Os conspiradores, contudo, anteciparam isso e enviaram Trebônio para interceptá-lo enquanto ele se aproximava do Teatro de Pompeu, onde a sessão aconteceria, para pará-lo. Ao ver a agitação no senado (no momento do assassinato), Antônio fugiu.[132]

Segundo Plutarco, quando César chegou, o senador Tílio Cimbro lhe apresentou uma petição para revogar o exílio imposto ao seu irmão.[133] Os outros conspiradores se aproximaram sob o pretexto de oferecer apoio e cercaram César. Segundo Plutarco e Suetônio, César dispensou o pedido mas Cimbro o agarrou pelo ombro e o puxou pela túnica. César então berrou para Cimbro: "Como assim, isso é violência!" ("Ista quidem vis est!").[134] Ao mesmo tempo, Casca pegou sua adaga e partiu para o pescoço de César. Este, contudo, se virou rapidamente e pegou Casca pelo braço. De acordo com Plutarco, César teria dito, em latim, "Casca, seu vilão, o que você está fazendo?" (em grego clássico: ὁ μεν πληγείς, Ῥωμαιστί· 'Μιαρώτατε Κάσκα, τί ποιεῖς)[135] Casca, assustado, gritou em grego "Ajuda, irmão!" ("ἀδελφέ, βοήθει", "adelphe, boethei"). Poucos momentos depois, todos do grupo, incluindo Bruto, atacaram o ditador. César tentou se afastar mas, cego pelo sangue que escorria da cabeça, tropeçou e caiu. Mesmo no chão, no pórtico, ele continuou a ser esfaqueado. De acordo com Eutrópio, cerca de 60 homens participaram do assassinato. César teria sido esfaqueado 23 vezes.[136]

Júlio César
Busto no Museu do Prado

O historiador Suetônio afirmou que um médico que examinou o corpo teria dito que apenas um ferimento, o infligido no peito, teria sido letal.[137] Não se sabe quais foram as últimas palavras de César e isso ainda é assunto de debate entre historiadores e acadêmicos até os dias atuais. Suetônio disse que pessoas da época afirmaram que as últimas palavras de César, proferidas em grego, foram "Até você, criança?" ("καὶ σύ, τέκνον").[138] Contudo, até Suetônio tinha dúvidas e acreditava que César não disse nada.[139] Plutarco também afirmou que César não pronunciou nada antes de morrer, mas puxou sua toga sobre a cabeça quando viu Bruto entre os conspiradores.[140] A versão mais famosa sobre o que Júlio César teria dito antes da morte é a célebre frase em latim "Et tu, Brute?" ("E você, Bruto?", comumente referida como "Até tu, Bruto?");[141] esta fala na verdade vem da peça Júlio César, do dramaturgo inglês William Shakespeare. Ela não tem qualquer base histórica e o uso do latim por Shakespeare aqui vai de encontro à maioria das versões, que afirmam que César teria pronunciado palavras em grego. Mas, de fato, a frase Et tu, Brute? já era popular antes mesmo da peça.[142]

De acordo com Plutarco, após o assassinato, Bruto deu um passo adiante como se fosse falar algo para os colegas senadores. Eles, contudo, fugiram às pressas do prédio. Bruto e seus companheiros próximos foram então pelas ruas gritando pela cidade: "Povo de Roma, nós somos novamente livres!" Contudo, com a história do que havia ocorrido se espalhando rapidamente, a maioria da população resolveu se trancar dentro de casa. O corpo de César permaneceu no chão do senado por mais três horas antes que fosse removido.[143] O cadáver de César foi posteriormente cremado. No local onde a pira funerária estava ergueu-se o Templo de César alguns anos mais tarde, a leste da praça principal do Fórum Romano. Apenas o altar do templo está preservado até os dias atuais.[144][145] Uma estátua de cera foi mais tarde erguida no Fórum, exibindo as 23 feridas.[69]

Eventos após sua morte

Marco Antônio, o segundo em comando de César por muito tempo. Após sua morte, foi um dos que tentaram se aproveitar do legado político de César e tentou usá-lo, sem sucesso, para conseguir o poder máximo em Roma.

A série de eventos que aconteceram após sua morte pegou os seus assassinos de surpresa. Ao contrário do que os conspiradores acreditavam, a morte de César não ressuscitou a República Romana e o estado tomou a forma imperial menos de duas décadas depois. As classes média e baixa da sociedade romana, com as quais César era muito popular, ficaram enfurecidas pelo fato de um pequeno grupo de aristocratas ter assassinado o seu amado líder. Marco Antônio, que na verdade vinha se afastando de César, capitalizou a dor da plebe e ameaçou soltá-la sobre os Optimates, talvez com o intuito de tentar tomar o poder total em Roma para si. Porém, para seu espanto, César havia nomeado um sucessor em testamento, seu sobrinho-neto Otaviano, dando-lhe o posto de chefe da família (herdeiro do nome de César), e além disso lhe deu acesso a sua gigantesca fortuna.[146]

Durante o funeral de César, as coisas esquentaram. Na enorme pira funerária feita, o povo compareceu em massa, jogando madeira no fogo, móveis e até roupas para alimentar as chamas. O fogo acabou ficando muito alto, danificando o Fórum e causando outros danos. A multidão então atacou as casas de Bruto e Cássio, que foram obrigados a fugir para a Macedônia. Os aristocratas acusaram Antônio de jogar o povo contra eles, levando a uma nova ruptura na liderança política romana, o que precipitaria em nova guerra civil. Contudo, os rumos deste conflito não terminariam bem para nenhum desses dois, com a figura do sobrinho-neto e herdeiro vindo à proeminência. Otaviano, que tinha apenas 18 anos quando César morreu, mostrou-se um político habilidoso, e enquanto Antônio se preparava para enfrentar Décimo Bruto na primeira fase da guerra civil, ele igualmente se preparava para sua ascensão na vida pública.[147]

Bruto e Cássio, líderes da facção aristocrática contra César, estavam reunindo um exército na Grécia para recuperar o poder em Roma. Para combatê-los, Antônio precisava de sua própria tropa, além de dinheiro e de legitimidade, algo que pretendia conquistar no legado de César. Com inimigos em comum, Antônio e Otaviano, junto com o comandante Lépido, se aliaram, confrontaram os assassinos de César e seus simpatizantes no senado e se saíram vitoriosos em batalha. Em 27 de novembro de 43 a.C., foi formalizada a lex Titia[148] que criou o Segundo Triunvirato.[149][150] Então, oficialmente deificaram César como "Divino Júlio" (Divus Iulius), em 42 a.C..[151]

Caio Otaviano César, sobrinho-neto de Júlio César e posteriormente seu filho adotivo. Dezessete anos depois da morte do seu pai adotivo ele se tornaria o primeiro monarca do Império Romano, com o título de Augusto.

Já que a clemência de César para perdoar ex-inimigos acabou custando sua vida, o Segundo Triunvirato trouxe de volta a proscrição, abandonada no governo de Sula.[152] Isso levou a uma série de assassinatos políticos para assim poderem pagar por suas legiões e vencer a guerra contra Bruto e Cássio.[153] Em seguida, Otaviano, Antônio e Lépido se tornaram os governantes de Roma, sem qualquer rival.[154][155] Contudo, o Segundo Triunvirato não ficaria em paz muito tempo. Marco Antônio formou uma aliança com a ex-amante de César, a rainha Cleópatra, pretendendo usar as fortunas do Egito para dominar Roma. Uma nova guerra civil eclodiu entre Otaviano e Marco Antônio. Durante este conflito, Otaviano se apoiou no fato de César tê-lo nomeado como seu sucessor e adotado como filho e usou isso como uma fonte de legitimidade. Otaviano então conquistou o Egito, forçando Antônio e sua rainha a cometerem suicídio. Então retornou para Roma e, em 27 a.C., se tornou César Augusto, o primeiro imperador romano, dando a si mesmo estatuto de divindade.[156]

Antes de sua morte, Júlio César havia planejado lançar uma invasão militar contra a Pártia, o Cáucaso e a Cítia. Também pretendia marchar novamente contra a Germânia e a Europa Oriental.[157] Vários generais lançariam campanhas contra a Germânia em nome de Augusto, porém com a derrota romana na Batalha da Floresta de Teutoburgo em Predefinição:DC, não mais se tentaria dominar aquela região.[158] Na Pártia, por sua vez, Augusto preferiu resolver o conflito romano-persa via diplomacia e conseguiu com isso o retorno dos estandartes de guerra perdidos por Crasso na batalha de Carras, uma vitória simbólica de grande impulso à moral romana.[159][160][161]

Deificação

Ver artigo principal: Divino Júlio

Júlio César se tornou o primeiro político romano importante a ser deificado. Foi posteriormente agraciado com o título de "Divino Júlio" ou "Deificado Júlio" (Divus Iulius ou Divus Julius) por decreto do senado romano em 1 de janeiro de 42 a.C. e a aparição de um cometa durante os jogos em sua honra foi usada para confirmar sua divindade. Apesar do seu templo lhe ter sido dedicado apenas após sua morte, pode ter recebido estatuto divino já durante sua vida[162] e logo depois de seu assassinado, Marco Antônio foi nomeado como o seu flâmine (sacerdote). Tanto Otaviano quando Antônio promoveram o culto ao Divino Júlio. Após a morte de Antônio, Otaviano, como filho adotivo de César, assumiu o título de "Filho do Divino" (Divi Filius).[163]

Vida pessoal

Aparência e saúde

Busto de Túsculo, um dos únicos bustos sobreviventes feitos ainda durante a vida de César

O historiador Suetônio descreve Júlio César como "alto em estatura com uma pele clara, membros bem torneados, um rosto cheio e olhos negros penetrantes." (em latim: excelsa statura, colore candido, teretibus membris, ore paulo pleniore, nigris vegetisque oculis.)[164] Uma fala de uma peça de William Shakespeare teria dito que César era surdo de um ouvido.[165] Nenhuma fonte antiga relata isso. Shakespeare pode ter se baseado na passagem metafórica de Plutarco que não se refere a surdez, tendo mais a ver com um hábito de Alexandre da Macedônia. Ao cobrir sua orelha, Alexandre indicava que havia desviado sua atenção da acusação para poder ouvir a defesa.[166][167]

Com base em Plutarco,[168] acredita-se que César sofria de epilepsia. Historiadores modernos se dividem neste assunto, com alguns afirmando que sofria de malária.[169][170][171][172] Muitos especialistas em medicina acreditam que em vez de epilepsia provavelmente teria apenas enxaquecas muito fortes.[173] Outros afirmavam que os surtos de epilepsia eram causados por uma infecção parasitária no cérebro por cestoda.[174][175]

César teve quatro episódios documentados de ataques epiléticos. Pode ter tido uma 'crise de ausência' na sua juventude. Os primeiros casos de epilepsia foram relatados pelo historiador Suetônio, que nasceu depois da morte de César. Alguns historiadores afirmam que César poderia ter na verdade hipoglicemia, que também pode causar ataques epiléticos.[176][177][178] Em 2003, o psiquiatra Harbour F. Hodder publicou o que denominou como a teoria do "Complexo de César", argumentando que o general romano sofria de epilepsia do lobo temporal e os sintomas debilitantes da condição eram um dos fatores de César ignorar sua segurança pessoal nos dias que antecederam sua morte.[179]

Nome e família

Usando o alfabeto latino do período, que não tinha as letras J e U, o nome de César teria sido escrito como GAIVS IVLIVS CAESAR; a forma CAIVS também é atestada, usando a antiga forma de representação romana G por C. A abreviação padrão é C. IVLIVS CÆSAR, refletindo a abreviação antiga (a forma da letra Æ é uma ligadura das letras A e E, e é normalmente usada em epigrafias em latim para salvar espaço).[180][181] O cognome César se tornou um título; foi promulgado pela Bíblia, que contém a famosa passagem "A César o que é de César...". O título em alemão é chamado Cáiser e nas línguas eslavas é Czar. A última pessoa a ter o título de Czar oficialmente foi Simeão II da Bulgária, cujo reinado terminou em 1946.[182]

Em latim vulgar, a consoante oclusiva /k/ antes da vogal anterior começou, devido a palatalização, a ser pronunciada como uma consoante africada, donde as renderizações [ˈtʃeːsar] em italiano e [ˈtseːsar] na pronúncia regional do latim em alemão. Com a evolução das línguas românicas, a africada [ts] se tornou fricativa [s] (portanto, Predefinição:IPA) em muitas pronúncias regionais, incluindo na francesa, de onde a pronúncia em inglês é derivada. O /k/ original é preservado na mitologia nórdica, onde é manifestado como o rei legendário Kjárr.[183] Em português o nome é pronunciado Sé-zár.[180]


Árvore genealógica

Predefinição:Árvore genealógica da Dinastia júlio-claudiana

Parentes

Pais
Irmãs
Esposas
Filhos
Netos
  • Filho (sem nome) de Júlia e Pompeu, morto dias após seu nascimento (único neto de César).[90][198]
Amantes
Parantes notórios

Rumores de práticas homossexuais

A sociedade romana via o papel de passivo na relação sexual como um sinal de submissão e inferioridade. De fato, Suetônio disse que, supostamente, após o seu triunfo na Gália, seus soldados cantavam: "César conquistou os gauleses, mas Nicomedes conquistou César". De acordo com Cícero, Bíbulo, Caio Mêmio e outros inimigos de César afirmavam que ele mantinha relações sexuais com Nicomedes IV da Bitínia no começo da sua carreira. Essas histórias se repetiam, referindo-se a César como a 'rainha de Bitínia', com o fim de humilhá-lo. César sempre negou essas acusações e, de acordo com Dião Cássio, uma vez as negou sob juramento.[205][206]

Esse tipo de campanha de difamação era comum entre políticos romanos na era republicana e quase sempre os difamados negavam as acusações. Uma tática de oposição a estas ações era acusar os rivais políticos de viverem um estilo de vida helênico baseado na cultura grega e oriental, onde a homossexualidade e um estilo de vida exagerado eram mais aceitos do que na tradição romana.[205][206] Cátulo escreveu dois poemas que diziam que César e seu engenheiro Mamurra eram amantes,[207] mas depois se desculpou por insinuar isso.[208] Marco Antônio, por sua vez, afirmou que Otaviano ganhou a adoção por César através de favores sexuais. Suetônio descreveu as acusações de Antônio como pura difamação política.[209]

Trabalhos literários

Uma edição de 1783 de As Guerras Gálicas.

Durante a sua vida, César foi considerado um dos melhores oradores e autores de prosa em latim — até mesmo Cícero falava bem sobre a retórica e estilo dele.[210] Apenas os comentários de César sobre as guerras foram conservados. Algumas frases de outros trabalhos são citadas por outros atores. Entre um dos seus trabalhos que se perderam com o tempo, sua oração fúnebre (Laudatio Iuliae amitae) para a sua tia paterna, Júlia, e seu Anticato, um documento escrito para difamar Predefinição:Lknb em resposta aos elogios de Cícero a ele. Os "Poemas de Júlio César" também são usados como fontes por trabalhos de historiadores antigos.[211]

Memórias

  • O Commentarii De Bello Gallico, conhecido em português como "Comentários da Guerra Gálica", são sete livros cada um cobrindo um ano da campanha na Gália e no sul da Grã-Bretanha em 50 a.C., com o oitavo sendo escrito por Aulo Hírcio nos últimos dois anos.
  • O De Bello Civili, conhecido em português como "Sobre a Guerra Civil", relata os eventos da guerra civil, na perspectiva de César, até a morte de Pompeu no Egito.

Outros trabalhos históricos são atribuídos a César, mas a autoria não é certa:

Essas narrativas foram escritas e publicadas anualmente durante ou depois de tais campanhas acontecerem, como uma espécie de "despachos do fronte". Elas foram importantes para moldar a imagem pública de César e aumentar sua reputação enquanto estava afastado de Roma por longos períodos. Elas foram apresentadas ao povo em leituras públicas.[212] Como um modelo de latim direto e claro, As Guerras Gálicas tem sido estudada pelo primeiro ou segundo ano de estudantes de latim.[213]

Legado

C. Iulii Caesaris quae extant, 1678

Historiografia

Os textos escritos de César, uma autobiografia dos eventos mais importantes de sua vida, são as mais completas fontes primárias para a reconstrução da sua biografia. Contudo, César escreveu sua história pensando em sua carreira política, então os historiadores tiveram muito trabalho para filtrar os exageros e parcialidades contidas nela.[214] O imperador Augusto começou o culto à personalidade a César, descrevendo-se como seu herdeiro. A historiografia moderna é influenciada pelas tradições de Augusto, como por exemplo a ascensão de César sendo considerada o ponto determinante para o nascimento do Império Romano. Ainda assim, os historiadores também têm que filtrar muitos dos contos de Augusto.[215]

Muitos governantes ao longo da história se tornaram interessados na historiografia de César. Predefinição:Lknb escreveu um inacabado trabalho acadêmico chamado "História de Júlio César" (em francês: Histoire de Jules César). Predefinição:Lknb ordenou que um monge preparasse uma tradução dos Comentários da Guerra Gálica em 1480. Predefinição:Lknb ordenou um estudo topográfico na França, para dar contexto ao livro escrito por César sobre a conquista do país. O sultão otomano Predefinição:Lknb catalogou as edições sobreviventes dos Comentários, e então os traduziu para o turco. Predefinição:Lknb e Predefinição:Lknb traduziram os primeiros Comentários, enquanto Predefinição:Lknb os retraduziu mais tarde.[216]

Política

Ver artigo principal: Cesarismo

Júlio César é visto como o principal exemplo do Cesarismo, uma forma política de governo com um líder carismático e forte que governa baseado no culto à personalidade, cuja racionalidade é governar pela força, estabelecendo uma violenta ordem social, sendo envolvido no regime de proeminência militar no governo. Outra pessoas na história, como o imperador francês Napoleão Bonaparte e o ditador italiano Benito Mussolini, foram definidos como 'cesaristas'. Bonaparte não se focou apenas na carreira militar de César, mas também na sua relação com as massas, que se tornou um precedente do populismo.[217] A palavra "cesarismo" é usada também em um sentido pejorativo contra líderes autocráticos.[218]

Ver também

Predefinição:Cônsules da República Romana Predefinição:Cônsules da República Romana Predefinição:Cônsules da República Romana Predefinição:Cônsules da República Romana Predefinição:Cônsules da República Romana

Notas

Predefinição:Refbegin

Predefinição:Note label2

Predefinição:Note label2

Predefinição:Note label2

Predefinição:Note label2

Predefinição:Note label2

Predefinição:Refend

Referências

  1. Tucker 2010, p. 68.
  2. Keppie 1998, p. 102.
  3. Froude 1879, p. 67.
  4. Plínio, o Velho século I, 7.7.
  5. Anônimo século IV, 2.
  6. «Symbolism of the Caesar Elephant Denarius». Ancienthistory.About.com. Consultado em 16 de outubro de 2015 
  7. Goldsworthy 2006, p. 32.
  8. 8,0 8,1 8,2 8,3 8,4 8,5 Suetônio século IIa, 1.
  9. 9,0 9,1 9,2 9,3 9,4 Plutarco século Ia, 1.
  10. 10,0 10,1 Plínio, o Velho século I, 7.54.
  11. Inscrições da Itália [Inscriptiones Italiae], 13.3.51–52
  12. Plutarco século Ib, 6.
  13. Veleio Patérculo século I, 2.22.
  14. Floro século I/II, 2.9.
  15. 15,0 15,1 Veleio Patérculo século I, 2.41.
  16. 16,0 16,1 «Julius Caesar». Consultado em 22 de agosto de 2015. Arquivado do original em 22 de março de 2012 
  17. Canfora 2006, p. 3.
  18. Suetônio século IIa, 2–3.
  19. Plutarco século Ia, 2-3.
  20. Dião Cássio século III, 43.20.
  21. Suetônio século IIa, 46.
  22. Plutarco século Ia, 1-2.
  23. Thorne 2003, p. 15.
  24. Freeman 2008, p. 39.
  25. Goldsworthy 2006, p. 77-78.
  26. Freeman 2008, p. 51.
  27. Freeman 2008, p. 52.
  28. Goldsworthy 2006, p. 100.
  29. 29,0 29,1 Goldsworthy 2006, p. 101.
  30. Suetônio século IIa, 5–8.
  31. Plutarco século Ia, 5.
  32. 32,0 32,1 Veleio Patérculo século I, 2.43.
  33. George Ripley,Charles Anderson Dana. «The American Cyclopaedia: A Popular Dictionary of General Knowledge». Consultado em 11 de março de 2016 
  34. «The Oxford Encyclopedia of Ancient Greece and Rome». Oxford University Press. Consultado em 11 de março de 2016 
  35. Suetônio século IIa, 13.
  36. Plutarco século Ia, 7.
  37. Salústio século I a.C., 49.
  38. Kennedy 1958, p. 10.
  39. Hammond 1966, p. 114.
  40. Suetônio 2004, p. 258.
  41. Broughton 1952, p. 173; 180.
  42. Colegrove 2007, p. 9.
  43. Suetônio século IIa, 18.1.
  44. Plutarco século Ia, 11-12.
  45. Suetônio século IIa, 18.2.
  46. Plutarco século Ia, 13.
  47. Suetônio século IIa, 19.
  48. 48,0 48,1 Veleio Patérculo século I, 2.44.
  49. Cícero século I a.C.e, II.17; VIII.3.
  50. Plutarco século Ia, 13–14.
  51. Plutarco século Ic, 47.
  52. Plutarco século Id, 14.
  53. Suetônio século IIa, 19.2.
  54. Dião Cássio século III, 37.54–58.
  55. Suetônio século IIa, 21.
  56. Plutarco século Ia, 14.
  57. Plutarco século Ic, 47–48.
  58. Plutarco século Ie, 32–33.
  59. Dião Cássio século III, 38.1–8.
  60. Suetônio século IIa, 19.2.
  61. Veleio Patérculo século I, 44.4.
  62. Suetônio século IIa, 22.
  63. Plutarco século Ia, 14.10.
  64. Plutarco século Ic, 14.3.
  65. Plutarco século Id, 48.
  66. Plutarco século Ie, 33.3.
  67. Dião Cássio século III, 38:8.5.
  68. Suetônio século IIa, 23.
  69. 69,0 69,1 Fuller 1965.
  70. Apiano século IIa, 3.
  71. Dião Cássio século III, 38.31–50.
  72. «Invasion of Britain». unrv.com. Consultado em 18 de outubro de 2015 
  73. 73,0 73,1 Apiano século IIa, 4.
  74. Dião Cássio século III, 39.1–5.
  75. 75,0 75,1 75,2 «The Gallic Wars - By Julius Caesar». Consultado em 17 de outubro de 2015 
  76. Suetônio século IIa, 24.
  77. Plutarco século Ia, 21.
  78. Plutarco século Ic, 14-15.
  79. Plutarco século Id, 21.
  80. Cícero século I a.C.c, 2.3.
  81. Dião Cássio século III, 39.40–46.
  82. Black 2003, p. 6.
  83. Dião Cássio século III, 47–53.
  84. Júlio César século I a.C., IV.
  85. Dião Cássio século III, 40.1–11.
  86. Júlio César século I a.C., 5–6.
  87. Cícero século I a.C.c, 2.13; 2.15; 3.1.
  88. Cícero século I a.C.d, 7.6-8; 7.10; 7.17.
  89. Cícero século I a.C.e, 4.15; 4.17-18.
  90. 90,0 90,1 Suetônio século IIa, 26.
  91. Plutarco século Ia, 23.5.
  92. Plutarco século Ic, 53-55.
  93. Plutarco século Id, 16-33.
  94. Veleio Patérculo século I, 46-47.
  95. «France: The Roman conquest». Encyclopædia Britannica Online. Consultado em 22 de agosto de 2015 
  96. «Julius Caesar: The first triumvirate and the conquest of Gaul». Encyclopædia Britannica Online. Consultado em 21 de agosto de 2015 
  97. Dião Cássio século III, 40.33–42.
  98. Plutarco século Ia, 48.
  99. «6b. Julius Caesar». ushistory.org. Consultado em 18 de outubro de 2015 
  100. «Julius Caesar - History Learning». Consultado em 18 de outubro de 2015 
  101. Suetônio século IIa, 28.
  102. Plutarco século Ia, 32.8.
  103. Thomson & Weiland 1988, p. 161.
  104. Plutarco século Ia, 35.2.
  105. Plutarco século Ia, 42-45.
  106. Plutarco século Ia, 37.2.
  107. 107,0 107,1 107,2 107,3 Jehne 1987, p. 15-38.
  108. Plutarco século Ic, 80.5.
  109. Plutarco século Ic, 77–79.
  110. 110,0 110,1 Salisbury 2001, p. 52.
  111. Suetônio século IIa, 35.2.
  112. Plutarco século Ia, 52–54.
  113. Syme 1989, Capítulo XVIII.
  114. Plutarco século Ia, 56.
  115. Plutarco século Ia, 56.7–56.8.
  116. Apiano século IIb, 2:143.1.
  117. «Tracing a Roman Ruler's Life and Legacy». The New York Times. Consultado em 16 de outubro de 2015 
  118. 118,0 118,1 Abbott 1901, p. 133.
  119. 119,0 119,1 Abbott 1901, p. 134.
  120. Dião Cássio século III, 43.19.2–3.
  121. Apiano século IIb, 2.101.420.
  122. 122,0 122,1 122,2 122,3 122,4 122,5 Fuller 1965, Capítulo 13.
  123. Diana E. E. Kleiner. «Julius Caesar, Venus Genetrix, and the Forum Iulium». Yale University 
  124. Mackay 2004, p. 254.
  125. Campbell 1994, p. 10.
  126. 126,0 126,1 Suetônio século IIa, 40.
  127. 127,0 127,1 127,2 127,3 127,4 127,5 Abbott 1901, p. 136.
  128. 128,0 128,1 Abbott 1901, p. 135.
  129. 129,0 129,1 129,2 129,3 Abbott 1901, p. 137.
  130. Abbott 1901, p. 138.
  131. «The ides of March: Julius Caesar is murdered». Consultado em 21 de agosto de 2015 
  132. Huzar 1978, p. 79-80.
  133. «Plutarch – Life of Brutus». Classics.mit.edu. Consultado em 21 de agosto de 2015 
  134. «Suetonius, ',Life of the Caesars, Julius', trans. J C Rolfe». Fordham.edu. Consultado em 20 de agosto de 2015 
  135. Plutarco século Ia, 66.
  136. Eutrópio século IV, VI.25.
  137. Suetônio século IIa, 82.
  138. Suetônio século IIa, 82.2.
  139. Suetônio século IIa, 30.
  140. Plutarco século Ia, 66.9.
  141. Stone 2005, p. 250.
  142. Dyce & Malone 1866, p. 648.
  143. Plutarco século Ia, 67.
  144. «Temple of Caesar». Findagrave.com. Consultado em 21 de agosto de 2015 
  145. «Temple of Caesar». Anamericaninrome.com. Consultado em 21 de agosto de 2015 
  146. Suetônio século IIa, 83.2.
  147. «Suetonius, Life of Caesar, Chapters LXXXIII, LXXXIV, LXXXV». Ancienthistory.about.com. 29 de outubro de 2009. Consultado em 20 de agosto de 2015 
  148. Osgood 2006, p. 60.
  149. Suetônio século IIb, 13.1.
  150. Floro século I/II, 2.6.
  151. Warrior 2006, p. 110.
  152. Floro século I/II, 2.6.3.
  153. Zoch 2000, p. 217-218.
  154. Apiano século IIb, 5.3.
  155. Floro século I/II, 2.7.11–14.
  156. Floro século I/II, 2.34.66.
  157. Plutarco século Ia, 58.6.
  158. Bunson 2009, p. 417.
  159. Bunson 2009, p. 416.
  160. Eck 2003, p. 96.
  161. Brosius 2006, p. 96–97, 136–138.
  162. Cícero século I a.C.a, II.110.
  163. Dião Cássio século III, 47.18.3.
  164. Suetônio século IIa, 45.
  165. Shakespeare 1599, I.ii.209.
  166. Plutarco século Ig, 42.
  167. Paterson 2009, p. 130.
  168. Plutarco século Ia, 17, 45, 60.
  169. Ridley 2000, p. 225-226.
  170. Kanngiesser 1912, p. 428-432.
  171. Cawthorne 1957, p. 27-30.
  172. Temkin 1971, p. 162.
  173. Diamond & Franklin 2001, p. 19.
  174. Bruschi 2011, p. 373-374.
  175. McLachlan 2010, p. 557-561.
  176. Hughes, Atanassova & Boev 2004, p. 756-764.
  177. Gomez, Kotler & Long 1995, p. 199–201.
  178. H. Schneble (1 de janeiro de 2003). «Gaius Julius Caesar». German Epilepsy Museum. Consultado em 20 de agosto de 2015 
  179. Hodder 2003, p. 19.
  180. 180,0 180,1 «Given Name CAESAR». Behind the Name. Consultado em 5 de outubro de 2015 
  181. Allen 1891, p. 71-87.
  182. «An interview with King Simeon II of Bulgaria». Affairs Today. Consultado em 18 de outubro de 2015. Arquivado do original em 23 de outubro de 2015 
  183. Anderson 1999, p. 44.
  184. 184,0 184,1 Smith 1870, p. 670.
  185. Goldsworthy 2006, p. 58.
  186. Plutarco século Ia, 1.5.
  187. Suetônio século IIa, 1.5.6.
  188. Veleio Patérculo século I, II.41.
  189. Plutarco século Ia, 9-10.
  190. Dião Cássio século III, 37.45.
  191. Suetônio século IIa, 6.2.
  192. Plutarco século Ia, 14.8.
  193. «Julia (2)». Consultado em 24 de outubro de 2015 
  194. Tácito século I, III.6.
  195. 195,0 195,1 Green 1990, p. 697.
  196. 196,0 196,1 Scullard 1982, p. 171.
  197. Plutarco século If, 5.
  198. Veleio Patérculo século I, 2.47.
  199. Plutarco século Ia, 50.2.
  200. Plutarco século If, 5.2.
  201. Kleiner 2005, p. 96.
  202. Goldsworthy 2006, p. 468.
  203. Broughton 1952, p. 171.
  204. Tácito século II, 4.55.
  205. 205,0 205,1 Suetônio século IIa, 49.
  206. 206,0 206,1 Dião Cássio século III, 43.20.
  207. Cátulo século I a.C., 29; 57.
  208. Suetônio século IIa, 73.
  209. Suetônio século IIb, 68; 71.
  210. Cícero século I a.C.b, 252.
  211. Courtney 1993, p. 153–155 & 187–188.
  212. «The Contextual Audiences of Caesar's De Bello Gallico». 13 páginas. Consultado em 18 de outubro de 2015 
  213. Albrecht 1994, p. 332–334.
  214. Canfora 2006, p. 10-11.
  215. Canfora 2006, p. 10.
  216. Canfora 2006, p. 11-12.
  217. Canfora 2006, p. 11-13.
  218. Weber 2008, p. 34.

Bibliografia

Fontes primárias

Predefinição:Refbegin

Predefinição:Refend

Fontes secundárias

Predefinição:Refbegin

  • Abbott, Frank Frost (1901). A History and Description of Roman Political Institutions. [S.l.]: Elibron Classics. ISBN 0-543-92749-0 
  • Albrecht, Michael (1994). «Geschichte der römischen Literatur Band 1». Munique. Literatura da História Romana. 1 
  • Allen, Frederic D. (1891). «Gajus or Gaius?». Harvard Studies in Classical Philology. 2 
  • Anderson, Carl Edlund (1999). Formation and Resolution of Ideological Contrast in the Early History of Scandinavia (PDF). University of Cambridge, Department of Anglo-Saxon, Norse & Celtic: Cambridge University Press. Consultado em 22 de agosto de 2015. Arquivado do original (PDF) em 7 de março de 2007 
  • Black, Jeremy (2003). A History of the British Isles. [S.l.]: Palgrave MacMillan 
  • Blackburn, B.; Holford-Strevens, L. (1999). The Oxford Companion to the Year. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-214231-3 
  • Broughton, Thomas Robert Shannon (1952). The Magistrates of the Roman Republic. 2. [S.l.]: American Philological Association 
  • Brosius, Maria (2006). The Persians: An Introduction. Londres & Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-0-415-32089-4 
  • Bruschi, Fabrizio (2011). «Was Julius Caesar's epilepsy due to neurocysticercosis?». Cell Press. Trends in Parasitology. 27 (9). doi:10.1016/j.pt.2011.06.001 
  • Cawthorne, T. (1957). «Julius Caesar and the Falling Sickness». Proceedings of Royal Society of Medicine. 51 
  • Campbell, J. B. (1994). The Roman Army, 31 BC–AD 337. [S.l.]: Routledge 
  • Canfora, Luciano (2006). Julius Caesar: The People's Dictator. [S.l.]: Edinburgh University Press. ISBN 0-7486-1936-4 
  • Colegrove, Michael (2007). Distant Voices: Listening to the Leadership Lessons of the Past. [S.l.]: iUniverse. ISBN 9780595472062 
  • Courtney, Edward (1993). The Fragmentary Latin Poets. Oxford: Clarendon Press 
  • Diamond, Seymour; Franklin, Mary (2001). Conquering Your Migraine: The Essential Guide to Understanding and Treating Migraines for all Sufferers and Their Families. Nova Iorque: Fireside 
  • Dyce, Alexander; Malone, Edmond (1866). The Works of William Shakespeare. Londres: Chapman and Hall 
  • Edward (1993). The Fragmentary Latin Poets. Oxford: Clarendon Press 
  • Eck, Werner (2003). Deborah Lucas Schneider (tradutora); Sarolta A. Takács (mais conteúdo), ed. The Age of Augustus. Oxford: Blackwell Publishing. ISBN 978-0-631-22957-5 
  • Freeman, Philip (2008). Julius Caesar. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 0-7432-8953-6 
  • Froude, James Anthony (1879). Life of Caesar. [S.l.]: Project Gutenberg e-text. Consultado em 21 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2007 
  • Fuller, J. F. C. (1965). Julius Caesar: Man, Soldier, and Tyrant. Nova Brunsvique, NJ: Rutgers University Press 
  • Goldsworthy, Adrian (2006). Caesar: Life of a Colossus. [S.l.]: Yale University Press. ISBN 0-300-12048-6 
  • Gomez, J.; Kotler, J.; Long, J. (1995). Was Julius Caesar's epilepsy due to a brain tumor?. The Journal of the Florida Medical Association. 82. [S.l.: s.n.] PMID 7738524 
  • Green, Peter (1990). Alexander to Actium: The Historical Evolution of the Hellenistic Age. Hellenistic Culture and Society. Berkeley, CA, Los Angeles e Londres: University of California Press. ISBN 0-520-05611-6 
  • Hammond, Mason (1966). City-state and World State in Greek and Roman Political Theory Until Augustus. [S.l.]: Biblo & Tannen. ISBN 9780819601766 
  • Hodder, Harbour Fraser (2003). «Epilepsy and Empire, Caveat Caesar». Harvard, Boston: Harvard University. Accredited Psychiatry & Medicine. 106 (1) 
  • Hughes, J.; Atanassova, E.; Boev, K. (2004). «Dictator Perpetuus: Julius Caesar—did he have seizures? If so, what was the etiology?». Epilepsy Behav. 5 (5). PMID 15380131. doi:10.1016/j.yebeh.2004.05.006 
  • Huzar, Eleanor Goltz (1978). Mark Antony, a biography By Eleanor Goltz Huzar. Mineápolis, MN: University of Minnesota Press. ISBN 978-0-8166-0863-8 
  • Jehne, Martin (1987). «Der Staat des Dicators Caesar». Colônia/Viena: Verlag C.H.Beck. Gnomon. 60 (7) 
  • Kanngiesser, F. (1912). «Notes on the Pathology of the Julian Dynasty». Glasgow Medical Journal. 77 
  • Kennedy, E. C. (1958). Cambridge Elementary Classics. Caesar de Bello Gallico. III. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press 
  • Keppie, Lawrence (1998). «The approach of civil war». The making of the Roman Army: from Republic to Empire. Norman, Oclaoma: University of Oklahoma Press. ISBN 978-0-8061-3014-9 
  • Kleiner, Diana E. E. (2005). Cleopatra and Rome. [S.l.]: Belknap Press. ISBN 0674032365 
  • Mackay, Christopher S. (2004). Ancient Rome: A Military and Political History. [S.l.]: Cambridge University Press 
  • McLachlan, Richard S. (2010). Julius Caesar's Late Onset Epilepsy: A Case of Historic Proportions. Canadian Journal of Neurological Sciences. 37. [S.l.]: Canadian Journal of Neurological Sciences Inc. 
  • Ridley, Ronald T. (2000). «The Dictator's Mistake: Caesar's Escape from Sulla». Historia. 49 
  • Salisbury, Joyce E. (2001). «Cleópatra VII». Women in the ancient world. Santa Barbara, CA: ABC-CLIO. ISBN 1-57607-092-1 
  • Scullard, H. H. (1982). From the Gracchi to Nero: A History of Rome from 133 B.C. to A.D. 68 (5th ed.). Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-0-415-02527-0 
  • Stone, Jon R. (2005). The Routledge Dictionary of Latin Quotations. Londres: Routledge. ISBN 0-415-96909-3 
  • Syme, Ronald (1989). «XVIII - Os últimos Cipiões». The Augustan Aristocracy. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0198147317 
  • Osgood, Josiah (2006). Caesar's Legacy: Civil War and the Emergence of the Roman Empire. [S.l.]: Cambridge University Press 
  • Temkin, Owsei (1971). The Falling Sickness: A History of Epilepsy from the Greeks to the Beginnings of Modern Neurology. Baltimore: Johns Hopkins University Press. ISBN 0801848490 
  • Thomson, D. F. S.; Weiland, Jan Sperna (1988). Erasmus of Rotterdam: the man and the scholar. Leida e Nova Iorque: E.J. Brill. ISBN 90-04-08920-9 
  • Thorne, James (2003). Julius Caesar: Conqueror and Dictator. [S.l.]: The Rosen Publishing Group 
  • Tucker, Spencer (2010). Battles That Changed History: An Encyclopedia of World Conflict. [S.l.]: ABC-CLIO 
  • Warrior, Velerie M. (2006). Roman Religion. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-82511-3 
  • Weber, Max (2008). Baehr, Peter, ed. Caesarism, Charisma, and Fate: Historical Sources and Modern Resonances in the Work of Max Weber. [S.l.]: Transaction Publishers. ISBN 1412812143 
  • Wiseman, T. P. (1998). The Publication of De Bello Gallico,” Julius Caesar as Artful Reporter. [S.l.]: Classical Press of Wales 
  • Zoch, Paul A. (2000). Ancient Rome: An Introductory History. [S.l.]: University of Oklahoma Press. ISBN 0-8061-3287-6 

Predefinição:Refend

Ligações externas

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
Wikisource Textos originais no Wikisource
Commons Imagens e media no Commons
Commons Categoria no Commons
  • «Gaius Julius Caesar» (em English). Corpus Scriptorum Latinorum. www.forumromanum.org. Consultado em 31 de julho de 2018 


Predefinição:Júlio César (obras) Predefinição:Pontífices máximos


Predefinição:Top icon

talvez você goste