𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Tribo: mudanças entre as edições

imported>Chico
m (quote)
imported>VithorBp
(Não é pertinente ao tema. Está página trata do termo tribo no sentido antropológico, não há sentido em trazer sua outra semântica popular que não apresenta nenhuma relevância ao tema.)
 
(143 revisões intermediárias por 90 usuários não estão sendo mostradas)
Linha 1: Linha 1:
''Para o conceito biológico, ver [[tribo (biologia)]].''
{{Ver desambig}}
'''Tribo''' (do termo [[latim|latino]] ''tribus'') é um tipo de  agrupamento humano unido pela [[Língua natural|língua]], [[costumes]], [[Instituição|instituições]] e [[Tradição|tradições]].<ref name=au>[[Dicionário Aurélio]], verbete ''tribo''.</ref> O termo era, originalmente, empregado para designar cada uma das trinta divisões da [[Roma Antiga]] (mais tarde, trinta e cinco) formadas por cidadãos [[plebe]]us. Passou a ser aplicado, posteriormente, aos ramos dos povos da [[Antiguidade]], como as doze [[Tribos de Israel]], por exemplo. Nas épocas [[Colonialismo|colonialista]] e [[Neocolonialismo|neocolonialista]], foi utilizado por [[antropologia|antropólogos]], passando a ter um sentido [[pejorativo]] de "agrupamento humano com [[cultura]] rudimentar".{{carece de fontes|data=fevereiro de 2020}} Porém, por estar "cercado por uma carga de [[etnocentrismo]], sendo considerada uma organização 'primitiva', de povos subdesenvolvidos historicamente",<ref>{{citar livro|título=Dicionário de Conceitos Históricos|ultimo=SILVA|primeiro=Kalina Vanderlei|editora=Contexto|ano=2009|local=São Paulo|página=409|páginas=409-411|acessodata=}}</ref> o mesmo deixou de ser usado no domínio da antropologia.


Visto historicamente ou em evolução, uma '''tribo''' consiste de uma formação social antes do desenvolvimento de, ou fora de, [[estado|estados]]. Muitas pessoas usam o termo para referir-se a sociedades [[indígena]]s não [[ocidental|ocidentais]]. Alguns cientistas usam o termo para referir a [[sociedade]]s organizadas largamente baseadas em corporações de grupos de descendentes (veja [[clã]] e [[linhagem]]). Em alguns países, tal como a [[Índia]] ou o [[Brasil]], as tribos têm estatutos legais reconhecidos e uma [[autonomia]] limitada pelo estado.  
==As tribos romanas ==
{{AP|Tribos romanas}}
Os romanos tinham a ligação familiar baseada na [[agnação]] ([[parentesco]] de [[consanguinidade]] por linha masculina), segundo a qual o parentesco dava-se pela adoração aos mesmos [[Penates|deuses lares]], formando a base da ''[[gens]]''. A adoração de um deus comum a mais de uma família recebeu, na [[Grécia Antiga]], o nome de ''fratria'' e, na [[Roma Antiga]], de ''cúria''.<ref name=fustel>{{Citar livro|url= |autor=[[Fustel de Coulanges]] |coautor= |título=A Cidade Antiga |subtítulo= |idioma= |edição= |local=São Paulo| editora=Editora das Américas SA |ano=1961 |página= |páginas= |isbn= |acessodata= }}</ref> Cada cúria possuía seu chefe, chamado ''curião'', cuja função principal era a de presidir aos [[Ritual|rituais]] [[Religião|religiosos]]. A reunião de várias cúrias formava a ''tribo''. À tribo, cabia um [[altar]] comum, dedicado a um [[Divindade|deus]] originado, assim como nas famílias e cúrias, de algum [[herói]] do lugar, tornado divino, e do qual a tribo retirava seu nome. O ritual comum em que toda a tribo tomava parte tinha seu ponto alto num [[banquete]]; seu chefe se tornava, então, o [[tribuno]] (em latim, ''tribunus'').<ref name=fustel/>
==Críticas ao uso do termo ==
Por sua origem europeia e uso na filosofia [[colonialismo|colonialista]] para designar agrupamentos humanos nos diversos territórios conquistados pelos europeus, o termo ganhou oposição no meio científico, não apenas por sua imprecisão como também por não atender às divisões peculiares dos povos que pretendia reunir. Alguns dos autores que o aboliram argumentam que se trata de "ficção etnográfica e acadêmica".<ref name=book>{{Citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=VO1LzDo6Vh8C&pg=PA97&dq=tribo+conceito&hl=pt-BR&sa=X&ei=DP0LT8mMG4fVgAfi8_CpBw&ved=0CDUQ6AEwAQ#v=onepage&q=tribo%20conceito&f=false |autor= Sérgio Figueiredo Ferretti |coautor= |título=Repensando o Sincretismo |subtítulo= |edição= |local=| editora=EdUSP |ano=1995 |página=96 e seg. |páginas=234 |isbn=8531402891 |acessodata=1 de janeiro de 2012 }}</ref>


==Terminologia==
Estes conceitos de tribo, bem como os de ''tribalismo'', ''etnicidade'', ''clã'' e ''linhagem'', trazem forte [[vício]] [[Colonialismo|colonialista]] e [[Neocolonialismo|neocolonialista]], com o apoio da [[antropologia]], que, então, servia aos interesses europeus, e devem ser evitados, por trazerem inerentes divisões que visam antes ao domínio político do que propriamente à compreensão das realidades que procuram retratar. Como exemplo deste mau uso, citam-se os meios de [[comunicação de massa]], que costumam mascarar os problemas [[África|africanos]] como decorrentes de "conflitos tribais", ocultando, assim, as suas reais causas econômicas, políticas e sociais.<ref name=book/>
Debates consideráveis têm lugar em como caracterizar as tribos. Alguns destes debates geram-se à volta das diferenças entre as tribos de pré-estados; tal como os [[Lusitano]]s em [[Portugal]] e as tribos contemporâneas; alguns destes debates refletem uma controvérsia mais genérica sobre a [[evolução cultural]] e [[colonialismo]]. Na imaginação popular, as tribos refletem uma forma de vida que é anterior, e mais natural, que os estados modernos. As tribos previlegiam laços sociais primordiais, estão claramente ligados, são homogéneos, [[paroquial|paroquiais]], e estáveis. Assim, muitos acreditam que as tribos organizam ligações entre famílias (incluindo clãs e linhagens), e providenciam-lhes uma base social e ideológica, mas isso está de alguma forma limitado a um "[[grupo étnico]]" ou uma [[nação]]. Pesquisas [[Antropologia|antropológicas]] e etnohistóricas alteraram todas estas noções.


==Povos indígenas==
Neste sentido, [[Roberto Cardoso de Oliveira]] ressalta que conceitos como ''tribo'' e ''etnia'' surgem na ótica europeia para definir as sociedades [[Ásia|asiáticas]], [[América|ameríndias]] e africanas, dotando-os de um rótulo comum que lhes retira suas especificidades históricas.<ref name=book/>
No seu estudo de [[1972]], ''The Notion of the Tribe'' ([[Língua portuguesa|português]] ''A noção de tribo''), [[Morton Fried]] da vários exemplos de membros de tribos que falavam línguas diferentes ou praticavam rituais diferentes, ou que partilhavam línguas e [[ritual|rituais]] com membros de outras tribos. Ele mostrou também casos de tribos em que as pessoas seguiam diferentes [[líder]]es políticos, ou seguiam os mesmos líderes membros de outras tribos. Concluiu que uma tribo é geralmente caracterizada por fronteiras fluídas e heterogéneas, não paroquiais, mas dinâmicas.
[[File:Xavantes (Marãiwatséde) feiern die Rückgabe ihres Landes.jpeg|thumb|[[Ritual]] [[Xavantes|xavante]]. As divisões étnicas dos [[povos indígenas do Brasil]] são, costumeiramente, chamadas de "tribos".]]


==Origens==
== Ver também ==
Os [[Arqueologia|arqueólogos]] continuam explorando o desenvolvimento de tribos pré-estado. Pesquisas recentes sugerem que as estruturas tribais constituiram um tipo de adaptação a situações de [[aprovisionamento]] abundante, mas baseado em recursos imprevisíveis . Estas estruturas provaram ser flexíveis o suficiente para coordenar a produção e distribuíção de comida nos tempos de fome, sem limitar ou constranger as pessoas durante a abundância.
* [[Clã]]


Fried, contudo, propôs que as tribos contemporâneas não têm origem em tribos pré-estatais, mais antes em [[bando]]s pré-estatais. Estas tribos "secundárias", sugere ele, na verdade, são produtos modernos de expansão estatal. Os bandos são pequenos, móveis, e têm formação social fluída com uma liderança frágil, não pagam [[imposto]]s e não têm nenhum [[exército]]. Fried argumentou que as tribos secundárias desenvolveram-se em uma de duas maneiras. Primeiramente, os estados teriam sido criados como forma de [[wikt:pt:estender|estender]] a influência económica e administrativa nas suas terras, onde o controlo político directo custa demasiado. Os estados encorajam (ou requerem) pessoas nas suas [[fronteira]]s para formar políticas claramente fronteirizadas e [[centralização|centralizadas]], porque essas políticas podem começar a produzir excessos e impostos, e teria uma liderança responsável em relação às necessidades dos estados vizinhos. Noutros casos, os bandos poderiam formar tribos "secundárias" como meio de auto-defesa contra a expansão de estados. Os membros dos bandos poderiam formar fronteiras e políticas centralizadas, porque essas políticas poderiam começam a produzir excessos que poderiam suportar um exército estável que poderia lutar contra estados, e eles poderiam ter uma liderança que coordenaria a produção económica e atividades militares.
{{referências}}
 
 
'''Tribos''' são também nações tribais [[federal]]mente reconhecidas como nações de americanos [[nativo]]s dentro dos [[Estados Unidos da América]].


== Ver também ==
* [[Tribo urbana]]
* [[Tribo (biologia)]]
* [[Tribos germânicas]]
* [[Tribos de Israel]]
* [[Lista de povos indígenas do Brasil]]
{{Commons|Category:Tribes}}
{{wikcionário|tribo}}
{{wikcionário|tribo}}
{{wikiquote|Tribo}}
{{wikiquote|Tribo}}


[[Categoria:Antropologia]]
[[Categoria:Antropologia]]
 
[[ar:قبيلة]]
[[bg:Племе]]
[[bs:Pleme]]
[[de:Volksstamm]]
[[en:Tribe]]
[[eo:Tribo]]
[[es:Tribu]]
[[eu:Tribu]]
[[fi:Heimo (kansatiede)]]
[[fr:Tribu (ethnologie)]]
[[he:שבט]]
[[hr:Pleme]]
[[it:Tribù]]
[[ja:部族]]
[[pl:Plemię]]
[[ru:Племя]]
[[sh:Pleme]]
[[simple:Tribe]]
[[sl:Pleme]]
[[sv:Stam (samhällsvetenskap)]]
[[tr:Boy]]
[[zh:部落]]

Edição atual tal como às 17h27min de 2 de julho de 2020

Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Tribo (desambiguação).

Tribo (do termo latino tribus) é um tipo de agrupamento humano unido pela língua, costumes, instituições e tradições.[1] O termo era, originalmente, empregado para designar cada uma das trinta divisões da Roma Antiga (mais tarde, trinta e cinco) formadas por cidadãos plebeus. Passou a ser aplicado, posteriormente, aos ramos dos povos da Antiguidade, como as doze Tribos de Israel, por exemplo. Nas épocas colonialista e neocolonialista, foi utilizado por antropólogos, passando a ter um sentido pejorativo de "agrupamento humano com cultura rudimentar".[carece de fontes?] Porém, por estar "cercado por uma carga de etnocentrismo, sendo considerada uma organização 'primitiva', de povos subdesenvolvidos historicamente",[2] o mesmo deixou de ser usado no domínio da antropologia.

As tribos romanas

Ver artigo principal: Tribos romanas

Os romanos tinham a ligação familiar baseada na agnação (parentesco de consanguinidade por linha masculina), segundo a qual o parentesco dava-se pela adoração aos mesmos deuses lares, formando a base da gens. A adoração de um deus comum a mais de uma família recebeu, na Grécia Antiga, o nome de fratria e, na Roma Antiga, de cúria.[3] Cada cúria possuía seu chefe, chamado curião, cuja função principal era a de presidir aos rituais religiosos. A reunião de várias cúrias formava a tribo. À tribo, cabia um altar comum, dedicado a um deus originado, assim como nas famílias e cúrias, de algum herói do lugar, tornado divino, e do qual a tribo retirava seu nome. O ritual comum em que toda a tribo tomava parte tinha seu ponto alto num banquete; seu chefe se tornava, então, o tribuno (em latim, tribunus).[3]

Críticas ao uso do termo

Por sua origem europeia e uso na filosofia colonialista para designar agrupamentos humanos nos diversos territórios conquistados pelos europeus, o termo ganhou oposição no meio científico, não apenas por sua imprecisão como também por não atender às divisões peculiares dos povos que pretendia reunir. Alguns dos autores que o aboliram argumentam que se trata de "ficção etnográfica e acadêmica".[4]

Estes conceitos de tribo, bem como os de tribalismo, etnicidade, clã e linhagem, trazem forte vício colonialista e neocolonialista, com o apoio da antropologia, que, então, servia aos interesses europeus, e devem ser evitados, por trazerem inerentes divisões que visam antes ao domínio político do que propriamente à compreensão das realidades que procuram retratar. Como exemplo deste mau uso, citam-se os meios de comunicação de massa, que costumam mascarar os problemas africanos como decorrentes de "conflitos tribais", ocultando, assim, as suas reais causas econômicas, políticas e sociais.[4]

Neste sentido, Roberto Cardoso de Oliveira ressalta que conceitos como tribo e etnia surgem na ótica europeia para definir as sociedades asiáticas, ameríndias e africanas, dotando-os de um rótulo comum que lhes retira suas especificidades históricas.[4]

Ritual xavante. As divisões étnicas dos povos indígenas do Brasil são, costumeiramente, chamadas de "tribos".

Ver também

Referências

  1. Dicionário Aurélio, verbete tribo.
  2. SILVA, Kalina Vanderlei (2009). Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto. p. 409 
  3. 3,0 3,1 Fustel de Coulanges (1961). A Cidade Antiga. São Paulo: Editora das Américas SA 
  4. 4,0 4,1 4,2 Sérgio Figueiredo Ferretti (1995). Repensando o Sincretismo. [S.l.]: EdUSP. p. 96 e seg.. 234 páginas. ISBN 8531402891. Consultado em 1 de janeiro de 2012 

Ver também

Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Tribo
Wikcionário
O Wikcionário tem o verbete tribo.
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Tribo

talvez você goste