𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Proletariado: mudanças entre as edições

imported>Wickplush
(Retirada de afirmações sem fontes com juízo de valor e maior detalhamento dos estudos do economista Schumpeter)
imported>CityBreakingDown
mSem resumo de edição
 
(8 revisões intermediárias por 7 usuários não estão sendo mostradas)
Linha 1: Linha 1:
{{Mais fontes|data=dezembro de 2020}}
{{Marxismo}}
{{Marxismo}}
'''Proletariado''' (do [[latim]] ''proles'', “filho, descendência, progênie”) é um conceito usado para definir a classe oposta à classe capitalista. O proletário consiste daquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua [[força de trabalho]] (suas aptidões), que ele vende para sobreviver.
'''Proletariado''' (do [[latim]] ''proles'', “filho, descendência, progênie”) é um conceito usado para definir a classe oposta à classe capitalista. O proletário consiste daquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua [[força de trabalho]] (suas aptidões), que ele vende para sobreviver.
Linha 13: Linha 14:
A origem da palavra "proletariado" remonta à [[Reino de Roma|Roma Antiga]], o rei [[Sérvio Túlio]] ([[século VI a.C.]]) usou o termo [[proletários]] (''proletarii'') para descrever os cidadãos de classe mais baixa, que não tinham propriedades e cuja única utilidade para o Estado era gerar ''proles'' ([[prole]]) para engrossar as fileiras dos exércitos do império.<ref>''The Free Dictionary''. [http://www.thefreedictionary.com/proletarian Proletarian]</ref><ref>''Dicionário Houaiss''.  [http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=prolet%25C3%25A1rio proletário]</ref><ref>{{es}}  ArteHistoria. [http://www.artehistoria.com/v2/contextos/581.htm Reformas de Servio Tulio]</ref> O termo ''proletário'' foi utilizado num sentido depreciativo até que, no século XIX, [[socialistas]], [[anarquistas]] e [[comunistas]] utilizaram-no para identificar a classe dos sem [[propriedade]] de meios de vida do [[capitalismo industrial]].
A origem da palavra "proletariado" remonta à [[Reino de Roma|Roma Antiga]], o rei [[Sérvio Túlio]] ([[século VI a.C.]]) usou o termo [[proletários]] (''proletarii'') para descrever os cidadãos de classe mais baixa, que não tinham propriedades e cuja única utilidade para o Estado era gerar ''proles'' ([[prole]]) para engrossar as fileiras dos exércitos do império.<ref>''The Free Dictionary''. [http://www.thefreedictionary.com/proletarian Proletarian]</ref><ref>''Dicionário Houaiss''.  [http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=prolet%25C3%25A1rio proletário]</ref><ref>{{es}}  ArteHistoria. [http://www.artehistoria.com/v2/contextos/581.htm Reformas de Servio Tulio]</ref> O termo ''proletário'' foi utilizado num sentido depreciativo até que, no século XIX, [[socialistas]], [[anarquistas]] e [[comunistas]] utilizaram-no para identificar a classe dos sem [[propriedade]] de meios de vida do [[capitalismo industrial]].


Historicamente, o proletariado surge com o [[capitalismo industrial]] (na Europa, entre os séculos XIV e XIX), quando todas as relações sociais entre os indivíduos passaram a ser mediatizadas pelo [[mercado]], que substituiu os laços comunitários que caracterizavam as sociedades anteriores. Com isso, todos os bens passaram a ser mercadorias, ou seja, o acesso a eles passou a ser permitido apenas a quem tivesse o [[dinheiro]] para comprá-los. Isso só foi possível mediante a chamada [[acumulação primitiva]] do capital, que se caracteriza por expulsões de camponeses de suas terras ([[cercamentos]]) e pela destruição dos laços não mercantis do artesanato urbano (por exemplo, as [[corporações de ofício]]), formando uma massa de indivíduos destituídos de [[meios de produção]] e que nada tinham para oferecer ao mercado senão sua força de trabalho.<ref>Ver parte 8 do primeiro volume de ''[[O Capital]]'' (''Das Kapital''), de [[Karl Marx]]</ref>  
Historicamente, o proletariado surge com o [[capitalismo industrial]] (na Europa, entre os séculos XIV e XIX), quando todas as relações sociais entre os indivíduos passaram a ser mediatizadas pelo [[mercado]], que substituiu os laços comunitários que caracterizavam as sociedades anteriores. Com isso, todos os bens passaram a ser mercadorias, ou seja, o acesso a eles passou a ser permitido apenas a quem tivesse o [[dinheiro]] para comprá-los. Isso só foi possível mediante a chamada [[acumulação primitiva]] do capital, que se caracteriza por expulsões de camponeses de suas terras ([[cercamentos]]) e pela destruição dos laços não mercantis do artesanato urbano (por exemplo, as [[corporações de ofício]]), formando uma massa de indivíduos destituídos de [[meios de produção]] e que nada tinham para oferecer ao mercado senão sua força de trabalho.<ref>Ver parte 8 do primeiro volume de ''[[O Capital]]'' (''Das Kapital''), de [[Karl Marx]]</ref>


Essa separação dos homens dos seus meios de produção é também chamada de [[proletarização]]<ref>[http://www.14-19nw.org.uk/mod/page/view.php?id=8591&inpopup=1 What is proletarianisation?]</ref><ref>[[Ernest Mandel]] (1968)[https://www.marxists.org/archive/mandel/19xx/xx/neocap.htm Workers Under Neo-capitalism]</ref> e foi na maioria das vezes imposta pelo [[Estado]]. Além disso, os artesãos urbanos (pequenos produtores de mercadorias) não podiam concorrer no mercado com os capitalistas, cujos capitais rapidamente se acumulavam mediante o uso de força de trabalho e pela extração da [[mais-valia]] que esta proporciona, e esses artesãos falidos contribuíram para aumentar ainda mais a massa de proletários disponíveis para a [[indústria]] capitalista nascente. A formação, manutenção e o controle (através do aparato repressivo do Estado) de uma massa de indivíduos destituídos de tudo e tendo somente a sua força de trabalho para vender  ([[Qualificação profissional|qualificada]] ou não) é a condição ''[[sine qua non]]'' da acumulação do capital em qualquer lugar do mundo, até os tempos presentes, pois a força de trabalho é a única mercadoria que produz mais-valia<ref>Ver parte 8 do primeiro volume de O Capital (''Das Kapital''), de Karl Marx</ref>.
Essa separação dos homens dos seus meios de produção é também chamada de [[proletarização]]<ref>[http://www.14-19nw.org.uk/mod/page/view.php?id=8591&inpopup=1 What is proletarianisation?]</ref><ref>[[Ernest Mandel]] (1968)[https://www.marxists.org/archive/mandel/19xx/xx/neocap.htm Workers Under Neo-capitalism]</ref> e foi na maioria das vezes imposta pelo [[Estado]]. Além disso, os artesãos urbanos (pequenos produtores de mercadorias) não podiam concorrer no mercado com os capitalistas, cujos capitais rapidamente se acumulavam mediante o uso de força de trabalho e pela extração da [[mais-valia]] que esta proporciona, e esses artesãos falidos contribuíram para aumentar ainda mais a massa de proletários disponíveis para a [[indústria]] capitalista nascente. A formação, manutenção e o controle (através do aparato repressivo do Estado) de uma massa de indivíduos destituídos de tudo e tendo somente a sua força de trabalho para vender  ([[Qualificação profissional|qualificada]] ou não) é a condição ''[[sine qua non]]'' da acumulação do capital em qualquer lugar do mundo, até os tempos presentes, pois a força de trabalho é a única mercadoria que produz mais-valia.<ref>Ver parte 8 do primeiro volume de O Capital (''Das Kapital''), de Karl Marx</ref>


A ideia de proletariado como uma classe antagônica à dos capitalistas surgiu no século XIX, quando operários  conseguiram pela primeira vez organizar greves de dimensões consideráveis e questionar a situação em que viviam de maneira que, para muitos, suas exigências eram irreconciliáveis com a sociedade capitalista. Os proletários desenvolveram ideias comunistas, socialistas e anarquistas que depois ficaram conhecidas através de autores como [[Karl Marx]], [[Mikail Bakunin]] e [[Piotr Kropotkin]]. Essas ideias desenvolveram-se pela sistematização do objetivo que emergia espontaneamente nas lutas proletárias que era o de estabelecer uma [[Livre associação (comunismo e anarquismo)|Livre associação de produtores]]. Do fim do século XIX até meados do século XX, mediante a pressão constante das lutas radicais dos operários, os Estados de diversos países resolveram  conceder [[Direito do trabalho|direitos trabalhistas]] e regular os [[sindicato]]s, que passaram a ser instituições de negociação entre o Estado, os empresários e os operários. Em 1917, na [[Rússia]], também mediante a pressão de lutas radicais dos operários, os [[bolcheviques]] tomaram o poder do Estado usando o nome do proletariado, que, no entanto, foi massacrado por eles e submetido a um regime de trabalho militarista<ref>Ver artigos [[Capitalismo de Estado]], [[Comunismo de guerra]] e [[Revolta de Kronstadt]]</ref> que, na opinião de anarquistas e comunistas de conselhos, não tem absolutamente nada a ver com as reivindicações dos proletários, os quais, em suas lutas, sempre se opuseram à intensificação do trabalho, à ditadura dos chefes e à própria [[escravidão assalariada]].<ref>[http://2012.nildoviana.com/wp/wp-content/uploads/2014/10/Pref%C3%A1cio-ao-livro-Partidos-Sindicatos-e-Conselhos-Oper%C3%A1rios-de-Anton-Pannekoek.pdf ''Partido e Classe Trabalhadora''] {{Wayback|url=http://2012.nildoviana.com/wp/wp-content/uploads/2014/10/Pref%C3%A1cio-ao-livro-Partidos-Sindicatos-e-Conselhos-Oper%C3%A1rios-de-Anton-Pannekoek.pdf |date=20160418194650 }}. Por [[Anton Pannekoek]]</ref><ref> Alexander Berkman. [http://everything2.com/user/blaaf/writeups/ABC+of+Anarchism ''ABC of Anarchism'']</ref><ref> John Crump (1987) [http://www.theoryandpractice.org.uk/library/thin-red-line-non-market-socialism-twentieth-century-john-crump-1987 The Thin Red Line: Non-Market Socialism in the Twentieth Century]</ref>
A ideia de proletariado como uma classe antagônica à dos capitalistas surgiu no século XIX, quando operários  conseguiram pela primeira vez organizar greves de dimensões consideráveis e questionar a situação em que viviam de maneira que, para muitos, suas exigências eram irreconciliáveis com a sociedade capitalista. Os proletários desenvolveram ideias comunistas, socialistas e anarquistas que depois ficaram conhecidas através de autores como [[Karl Marx]], [[Mikail Bakunin]] e [[Piotr Kropotkin]]. Essas ideias desenvolveram-se pela sistematização do objetivo que emergia espontaneamente nas lutas proletárias que era o de estabelecer uma [[Livre associação (comunismo e anarquismo)|Livre associação de produtores]]. Do fim do século XIX até meados do século XX, mediante a pressão constante das lutas radicais dos operários, os Estados de diversos países resolveram  conceder [[Direito do trabalho|direitos trabalhistas]] e regular os [[sindicato]]s, que passaram a ser instituições de negociação entre o Estado, os empresários e os operários. Em 1917, na [[Rússia]], também mediante a pressão de lutas radicais dos operários, os [[bolcheviques]] tomaram o poder do Estado usando o nome do proletariado, que, no entanto, foi massacrado por eles e submetido a um regime de trabalho militarista<ref>Ver artigos [[Capitalismo de Estado]], [[Comunismo de guerra]] e [[Revolta de Kronstadt]]</ref> que, na opinião de anarquistas e comunistas de conselhos, não tem absolutamente nada a ver com as reivindicações dos proletários, os quais, em suas lutas, sempre se opuseram à intensificação do trabalho, à ditadura dos chefes e à própria [[escravidão assalariada]].<ref>[http://2012.nildoviana.com/wp/wp-content/uploads/2014/10/Pref%C3%A1cio-ao-livro-Partidos-Sindicatos-e-Conselhos-Oper%C3%A1rios-de-Anton-Pannekoek.pdf ''Partido e Classe Trabalhadora''] {{Wayback|url=http://2012.nildoviana.com/wp/wp-content/uploads/2014/10/Pref%C3%A1cio-ao-livro-Partidos-Sindicatos-e-Conselhos-Oper%C3%A1rios-de-Anton-Pannekoek.pdf |date=20160418194650 }}. Por [[Anton Pannekoek]]</ref><ref> Alexander Berkman. [http://everything2.com/user/blaaf/writeups/ABC+of+Anarchism ''ABC of Anarchism'']</ref><ref> John Crump (1987) [http://www.theoryandpractice.org.uk/library/thin-red-line-non-market-socialism-twentieth-century-john-crump-1987 The Thin Red Line: Non-Market Socialism in the Twentieth Century]</ref>


=== Tempos atuais===
=== Tempos atuais===
De meados do seculo XX até o presente, o Estado conseguiu administrar o antagonismo proletário a ponto de aparentemente dissolvê-lo (através de diversas medidas, tais como: leis trabalhistas, a transformação dos sindicatos em mediadores entre capitalistas e trabalhadores, repressão, dissolução do internacionalismo proletário nos nacionalismos e demais conflitos interburgueses), fazendo o proletariado ser hoje dificilmente reconhecível na superfície da sociedade. Alguns afirmam que a luta proletária continua, mas de forma subterrânea e invisível, enquanto não ocorre o momento histórico-mundial propício para sua emergência.
De meados do século XX até o presente, o Estado conseguiu administrar o antagonismo proletário a ponto de aparentemente dissolvê-lo (através de diversas medidas, tais como: leis trabalhistas, a transformação dos sindicatos em mediadores entre capitalistas e trabalhadores, repressão, dissolução do internacionalismo proletário nos nacionalismos e demais conflitos interburgueses), fazendo o proletariado ser hoje dificilmente reconhecível na superfície da sociedade. Alguns afirmam que a luta proletária continua, mas de forma subterrânea e invisível, enquanto não ocorre o momento histórico-mundial propício para sua emergência.


Atualmente, nos pontos capitalistas mais avançados do globo (países desenvolvidos ou cidades/bairros/regiões desenvolvidas de países pouco desenvolvidos), o proletariado tem padrão de vida muito superior em relação às suas condições do início da [[Revolução Industrial]], quando jornadas de mais de doze horas e a intensa utilização de mão-de-obra infantil eram a regra. Em geral, os órgãos de estatística estatais e privados classificam como "classe média" esse grupo social. No entanto, aquilo que define-os como "proletariado" continua existindo, a saber, a sua separação de todos os meios de vida e produção e o consequente constrangimento imposto a eles de vender sua força de trabalho em troca do salário que lhe permita a sobrevivência. O proletariado define-se pelo modo como produz suas condições de vida, que é alienado e opressivo, e não pelo consumo a que ele tem acesso através de seu salário".
Atualmente, nos pontos capitalistas mais avançados do globo (países desenvolvidos ou cidades/bairros/regiões desenvolvidas de países pouco desenvolvidos), o proletariado tem padrão de vida muito superior em relação às suas condições do início da [[Revolução Industrial]], quando jornadas de mais de doze horas e a intensa utilização de mão-de-obra infantil eram a regra. Em geral, os órgãos de estatística estatais e privados classificam como "classe média" esse grupo social. No entanto, aquilo que define-os como "proletariado" continua existindo, a saber, a sua separação de todos os meios de vida e produção e o consequente constrangimento imposto a eles de vender sua força de trabalho em troca do salário que lhe permita a sobrevivência. O proletariado define-se pelo modo como produz suas condições de vida, que é alienado e opressivo, e não pelo consumo a que ele tem acesso através de seu salário".
Linha 27: Linha 28:


== Críticas ==
== Críticas ==
{{sem fontes|Esta seção|data=data=dezembro de 2020}}




Economistas como [[Joseph Schumpeter]] sustentam que a existência de uma guerra do proletariado é um [[Sofismo|sofisma]].
Economistas [[Liberalismo económico|liberais]] (por exemplo, [[Joseph Schumpeter]]) não acreditam em exploração e sustentam que a existência do proletariado é um [[sofismo|sofisma]]. Para eles todos os indivíduos são iguais perante o mercado, e o mercado retorna à cada pessoa o exato valor que essa pessoa introduziu nele; os capitalistas seriam apenas pessoas que são fortes adeptas da poupança e cujas contribuições ao mercado são de qualidade superior às contribuições do restante da população, que, com isso, ganha menos do que eles. Portanto, eles negam que haja um conflito intrínseco ao capitalismo e inseparável dele, como por exemplo, negam a existência do proletariado e as motivações de suas lutas, que eles interpretam moralisticamente como motivadas meramente por inveja dos menos capazes com relação aos mais capazes.


Para eles os trabalhadores diferenciam-se pela qualidade e quantidade de valor capazes de entregar ao mercado, que retorna à cada pessoa o valor proporcional produzido por si.
Autores anarquistas e comunistas contra-argumentam que é natural que aqueles que formam a classe dominante (ou que servem a ela) afirmem que não exista exploração e nem dominação, pois os capitalistas necessitam domesticar os proletários para que estes ofereçam sua força de trabalho sem nenhuma reserva, procurando fazê-los acreditar que a compra e venda de força de trabalho é apenas um fato natural, imutável, e que, já que seria imutável, o melhor que o proletário pode fazer é não questionar, lutando apenas para ser um "funcionário do mês".
 
Assim, capitalistas seriam indivíduos ou grupos de indivíduos com maior aptidão à poupança e cujas contribuições colaboram com maior valor à sociedade.
 
Desta forma inexistiria o proposto conflito intrínseco do capitalismo, cuja ideia justifica-se pelo anseio natural dos indivíduos menos produtivos em receber o mesmo retorno daqueles que puderam colaborar de maneira mais eficiente para o bem-estar da coletividade.
 
A maior produtividade observada por alguns indivíduos é um fenômeno natural dentro de uma sociedade complexa e diversa, onde cada cidadão é capaz de exibir diferentes níveis de habilidades natas ou adquiridas.
 
O maior retorno obtido na forma de lucros e capacidade de reinvestimento, argumenta Schumpeter, é o que viabiliza a existência de inovação e tecnologia, cujo desenvolvimento demanda maiores recursos do que aqueles obtidos pelo trabalhador médio. Tais inovações acabam por beneficiar toda a comunidade ao elevar a atração de recursos (feedback positivo), geração de empregos e finalmente bem-estar coletividade.


==Galeria==
==Galeria==
Linha 62: Linha 54:
{{Portal3|Comunismo}}
{{Portal3|Comunismo}}


[[Categoria:Revolução industrial]]
[[Categoria:Revolução Industrial]]
[[Categoria:Terminologia anarquista]]
[[Categoria:Terminologia comunista]]
[[Categoria:Terminologia comunista]]
[[Categoria:Terminologia marxista]]
[[Categoria:Terminologia marxista]]
Linha 71: Linha 62:
[[Categoria:Classes sociais]]
[[Categoria:Classes sociais]]
[[Categoria:Socialismo]]
[[Categoria:Socialismo]]
[[Categoria:Conceitos do anarquismo]]

Edição atual tal como às 23h43min de 21 de julho de 2022

Predefinição:Sidebar with collapsible lists Proletariado (do latim proles, “filho, descendência, progênie”) é um conceito usado para definir a classe oposta à classe capitalista. O proletário consiste daquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua força de trabalho (suas aptidões), que ele vende para sobreviver.

O proletário se diferencia do simples trabalhador, pois este último pode vender os produtos de seu trabalho (ou vender o seu próprio trabalho enquanto serviço), enquanto o proletário só vende sua capacidade de trabalhar (suas aptidões e habilidades humanas), e, com isso, os produtos de seu trabalho e o seu próprio trabalho não lhe pertencem, mas àqueles que compram sua força de trabalho e lhe pagam um salário.

A existência de indivíduos privados de propriedade, privados de meios de vida, permite que os capitalistas (os proprietários dos meios de produção e de vida) encontrem no mercado um objeto de consumo que age e pensa (as capacidades humanas oferecidas no mercado de trabalho), que eles consomem para aumentar seu capital. Ao vender sua força de trabalho, o proletário ajuda a gerar bens para a população e aumenta suas habilidades como trabalhador, possibilitando que cobre cada vez mais pela força de seu trabalho.[carece de fontes?] O comprador (o capitalista) comanda o trabalho do proletário e se apropria de seus produtos para vendê-los no mercado.

A palavra proletariado define o conjunto dos proletários considerados enquanto formando uma classe social.[1][2][3]

História

A origem da palavra "proletariado" remonta à Roma Antiga, o rei Sérvio Túlio (século VI a.C.) usou o termo proletários (proletarii) para descrever os cidadãos de classe mais baixa, que não tinham propriedades e cuja única utilidade para o Estado era gerar proles (prole) para engrossar as fileiras dos exércitos do império.[4][5][6] O termo proletário foi utilizado num sentido depreciativo até que, no século XIX, socialistas, anarquistas e comunistas utilizaram-no para identificar a classe dos sem propriedade de meios de vida do capitalismo industrial.

Historicamente, o proletariado surge com o capitalismo industrial (na Europa, entre os séculos XIV e XIX), quando todas as relações sociais entre os indivíduos passaram a ser mediatizadas pelo mercado, que substituiu os laços comunitários que caracterizavam as sociedades anteriores. Com isso, todos os bens passaram a ser mercadorias, ou seja, o acesso a eles passou a ser permitido apenas a quem tivesse o dinheiro para comprá-los. Isso só foi possível mediante a chamada acumulação primitiva do capital, que se caracteriza por expulsões de camponeses de suas terras (cercamentos) e pela destruição dos laços não mercantis do artesanato urbano (por exemplo, as corporações de ofício), formando uma massa de indivíduos destituídos de meios de produção e que nada tinham para oferecer ao mercado senão sua força de trabalho.[7]

Essa separação dos homens dos seus meios de produção é também chamada de proletarização[8][9] e foi na maioria das vezes imposta pelo Estado. Além disso, os artesãos urbanos (pequenos produtores de mercadorias) não podiam concorrer no mercado com os capitalistas, cujos capitais rapidamente se acumulavam mediante o uso de força de trabalho e pela extração da mais-valia que esta proporciona, e esses artesãos falidos contribuíram para aumentar ainda mais a massa de proletários disponíveis para a indústria capitalista nascente. A formação, manutenção e o controle (através do aparato repressivo do Estado) de uma massa de indivíduos destituídos de tudo e tendo somente a sua força de trabalho para vender (qualificada ou não) é a condição sine qua non da acumulação do capital em qualquer lugar do mundo, até os tempos presentes, pois a força de trabalho é a única mercadoria que produz mais-valia.[10]

A ideia de proletariado como uma classe antagônica à dos capitalistas surgiu no século XIX, quando operários conseguiram pela primeira vez organizar greves de dimensões consideráveis e questionar a situação em que viviam de maneira que, para muitos, suas exigências eram irreconciliáveis com a sociedade capitalista. Os proletários desenvolveram ideias comunistas, socialistas e anarquistas que depois ficaram conhecidas através de autores como Karl Marx, Mikail Bakunin e Piotr Kropotkin. Essas ideias desenvolveram-se pela sistematização do objetivo que emergia espontaneamente nas lutas proletárias que era o de estabelecer uma Livre associação de produtores. Do fim do século XIX até meados do século XX, mediante a pressão constante das lutas radicais dos operários, os Estados de diversos países resolveram conceder direitos trabalhistas e regular os sindicatos, que passaram a ser instituições de negociação entre o Estado, os empresários e os operários. Em 1917, na Rússia, também mediante a pressão de lutas radicais dos operários, os bolcheviques tomaram o poder do Estado usando o nome do proletariado, que, no entanto, foi massacrado por eles e submetido a um regime de trabalho militarista[11] que, na opinião de anarquistas e comunistas de conselhos, não tem absolutamente nada a ver com as reivindicações dos proletários, os quais, em suas lutas, sempre se opuseram à intensificação do trabalho, à ditadura dos chefes e à própria escravidão assalariada.[12][13][14]

Tempos atuais

De meados do século XX até o presente, o Estado conseguiu administrar o antagonismo proletário a ponto de aparentemente dissolvê-lo (através de diversas medidas, tais como: leis trabalhistas, a transformação dos sindicatos em mediadores entre capitalistas e trabalhadores, repressão, dissolução do internacionalismo proletário nos nacionalismos e demais conflitos interburgueses), fazendo o proletariado ser hoje dificilmente reconhecível na superfície da sociedade. Alguns afirmam que a luta proletária continua, mas de forma subterrânea e invisível, enquanto não ocorre o momento histórico-mundial propício para sua emergência.

Atualmente, nos pontos capitalistas mais avançados do globo (países desenvolvidos ou cidades/bairros/regiões desenvolvidas de países pouco desenvolvidos), o proletariado tem padrão de vida muito superior em relação às suas condições do início da Revolução Industrial, quando jornadas de mais de doze horas e a intensa utilização de mão-de-obra infantil eram a regra. Em geral, os órgãos de estatística estatais e privados classificam como "classe média" esse grupo social. No entanto, aquilo que define-os como "proletariado" continua existindo, a saber, a sua separação de todos os meios de vida e produção e o consequente constrangimento imposto a eles de vender sua força de trabalho em troca do salário que lhe permita a sobrevivência. O proletariado define-se pelo modo como produz suas condições de vida, que é alienado e opressivo, e não pelo consumo a que ele tem acesso através de seu salário".

No entanto, as condições de trabalho nos países/regiões/cidades desenvolvidos vem regredindo nos últimos anos com a introdução de reformas neoliberais, com jornadas cada vez maiores e a precarização advindos da flexibilização das leis trabalhistas. Em outros países, o trabalho infantil, os salários simbólicos e jornadas cada vez maiores são práticas comuns, chegando até o extremo do uso de mão-de-obra escrava. Os trabalhadores imigrantes, em especial, têm sido submetidos a condições de trabalho degradantes na Europa. E temos a migração das fábricas para países sem leis trabalhistas, sendo que o proletariado marxista atualmente se refere a classe média.[15]

Críticas

Economistas liberais (por exemplo, Joseph Schumpeter) não acreditam em exploração e sustentam que a existência do proletariado é um sofisma. Para eles todos os indivíduos são iguais perante o mercado, e o mercado retorna à cada pessoa o exato valor que essa pessoa introduziu nele; os capitalistas seriam apenas pessoas que são fortes adeptas da poupança e cujas contribuições ao mercado são de qualidade superior às contribuições do restante da população, que, com isso, ganha menos do que eles. Portanto, eles negam que haja um conflito intrínseco ao capitalismo e inseparável dele, como por exemplo, negam a existência do proletariado e as motivações de suas lutas, que eles interpretam moralisticamente como motivadas meramente por inveja dos menos capazes com relação aos mais capazes.

Autores anarquistas e comunistas contra-argumentam que é natural que aqueles que formam a classe dominante (ou que servem a ela) afirmem que não exista exploração e nem dominação, pois os capitalistas necessitam domesticar os proletários para que estes ofereçam sua força de trabalho sem nenhuma reserva, procurando fazê-los acreditar que a compra e venda de força de trabalho é apenas um fato natural, imutável, e que, já que seria imutável, o melhor que o proletário pode fazer é não questionar, lutando apenas para ser um "funcionário do mês".

Galeria

Ver também

Referências

  1. Trabalho assalariado e Capital, Karl Marx
  2. Reemergência do Movimento Comunista, François Martin and Jean Barrot [1] Arquivado em 10 de março de 2014, no Wayback Machine.
  3. ABC do Anarquismo, Alexander Berkman [2]
  4. The Free Dictionary. Proletarian
  5. Dicionário Houaiss. proletário
  6. (em castelhano) ArteHistoria. Reformas de Servio Tulio
  7. Ver parte 8 do primeiro volume de O Capital (Das Kapital), de Karl Marx
  8. What is proletarianisation?
  9. Ernest Mandel (1968)Workers Under Neo-capitalism
  10. Ver parte 8 do primeiro volume de O Capital (Das Kapital), de Karl Marx
  11. Ver artigos Capitalismo de Estado, Comunismo de guerra e Revolta de Kronstadt
  12. Partido e Classe Trabalhadora Arquivado em 18 de abril de 2016, no Wayback Machine.. Por Anton Pannekoek
  13. Alexander Berkman. ABC of Anarchism
  14. John Crump (1987) The Thin Red Line: Non-Market Socialism in the Twentieth Century
  15. DCDC, The DCDC Global Strategic Trends Programme, 2007-2036, 3rd ed. The Ministry of Defence, January 2007: page 81DCDC, The DCDC Global Strategic Trends Programme, 2007-2036, 3rd ed. The Ministry of Defence, January 2007: page 81

talvez você goste