𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

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[[Ficheiro:Prion subdomain-colored sec structure.png|thumb|direita|200px|Representação de uma proteína priônica humana.]]
Um {{PBPE|príon|prião}} é um agregado supramolecular acelular, composto por [[proteínas]] com capacidade de modificar outras proteínas, tornando-as cópias das proteínas que o compõem. Um prião não possui ácido nucleico ([[DNA]] ou [[RNA]]). São conhecidas treze tipos de priões, das quais três atacam [[fungo]]s e dez afectam [[mamífero]]s; dentre estes, sete têm por alvo a nossa espécie.
{{PBPE|Príon|Prião}} {{Nr|(a)}} é um [[agente infeccioso]] composto por [[proteínas]] com forma aberrante. Tais agentes não possuem [[ácidos nucleicos]] ([[DNA]] e/ou [[RNA]]) ao contrário dos demais agentes infecciosos  conhecidos (vírus, bactérias, fungos e parasitas).<ref name=Luketa2012> {{citar periódico|último = Luketa S. |título= New views on the megaclassification of life |periódico= Protistology |ano=2012 | volume=7 | issue=4 |páginas=218–237 | url=http://protistology.ifmo.ru/num7_4/luketa_protistology_7-4.pdf | ref = harv}}</ref> O termo prion (partículas infecciosas proteicas com ausência de ácidos nucléicos) foi cunhado em 1982 por [[Stanley B. Prusiner]] através de um [[Amálgama (linguística)|amálgama]] entre as palavras ''proteinaceous'' (proteica) e ''infection'' (infecção). Os príons são responsáveis pelas [[Encefalopatia|encefalopatias]] espongiformes transmissíveis em uma variedade de [[mamíferos]], incluindo os humanos.<ref name=":0">{{citar livro|título=Bioquimica|ultimo=Voet|primeiro=Donald|editora=Artmed|ano=2013|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
A palavra "prião" é um aportuguesamento do termo inglês "prion", que por sua vez é um acrónimo das palavras '''''Pr'''oteinaceous'' e ''Infect'''ion'''''. Os Priões são causadores de várias [[doença]]s, como a [[encefalopatia espongiforme bovina]] (vulgarmente conhecida como "doença da vaca louca") e a [[doença de Creutzfeldt-Jakob]] (DCJ). Todas as doenças supostamente causadas por príons afetam a estrutura do [[cérebro]] ou dos tecidos neurais, não possuem cura e são sempre fatais.
 
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== Descoberta ==
== Descoberta ==
O especialista em radiação [[Tikvah Alper]] e o matemático [[John Stanley Griffith]] desenvolveram, na [[década de 1960]], a hipótese de que as [[encefalopatia espongiforme transmissível|encefalopatias espongiformes transmissíveis]] (TSEs) são causadas por um agente infeccioso constituído unicamente por proteínas.<ref>{{citar periódico |autor=ALPER, T.; CRAMP, W.A.; HAIG, D.A.; CLARKE, M.C. |título=Does the agent of scrapie replicate without nucleic acid? |jornal=Nature |volume=214 |número=5090 |páginas=764–6 |ano=1967 |doi=10.1038/214764a0}}</ref><ref>{{citar periódico |autor=GRIFFITH, J.S. |título=Self-replication and scrapie |jornal=Nature |volume=215 |número=5105 |páginas=1043–4 |ano=1967 |doi=10.1038/2151043a0}}</ref> Esta hipótese foi formulada para explicar a descoberta que o misterioso agente infeccioso, causador da ''[[scrapie]]'' e da [[doença de Creutzfeldt-Jakob]], ser resistente à [[radiação ultravioleta]] (o UV causa dano direto ao DNA pela excitação de moléculas individuais do polímero de DNA, causando erro ao ser introduzido na seqüência de [[par de bases|pares de bases]]).


O especialista em radiação [[Tikvah Alper]] e o matemático [[John Stanley Griffith]] desenvolveram, nos [[anos 60]], a hipótese de que as [[encefalopatia espongiforme transmissível|encefalopatias espongiformes transmissíveis]] (TSEs) são causadas por agentes infecciosos constituídos unicamente por proteínas. Esta hipótese foi formulada para explicar o fato um misterioso agente infeccioso descoberto, causador de [[scrapie]] e [[doença de Creutzfeldt-Jakob]], ser resistente à [[radiação ultravioleta]] (o UV causa dano direto ao DNA pela excitação de moléculas individuais do polímero de DNA, causando erro ao ser introduzido na seqüência de [[par de bases|pares de bases]]). [[Francis Crick]] reconheceu a potencial importância da hipótese de Griffith e Alper na segunda edição de seu famoso "''[[Dogma Central da Biologia Molecular]]''".
[[Francis Crick]] reconheceu a potencial importância da hipótese de Griffith para a propagação do ''scrapie'' na segunda edição de seu famoso "''[[Dogma Central da Biologia Molecular]]''": embora afirmando que o fluxo da sequência de informações de proteína para proteína ou de proteína para RNA e DNA foi "impedido", ele observou que a hipótese de Griffith era potencialmente contraditória (embora ela não tenha sido somente promovida por Griffith).<ref>{{citar periódico |autor=CRICK, F. |título=Central dogma of molecular biology |jornal=Nature |volume=227 |número=5258 |páginas=561–563 |ano=1970 |doi = 10.1038/227561a0}}</ref> Uma hipótese revisada foi posteriormente formulada, em parte, para acomodar a descoberta da transcrição reversa por [[Howard Martin Temin|Howard Temin]] e [[David Baltimore]].
 
[[Stanley B. Prusiner]], da [[Universidade da Califórnia]], anunciou, em [[1982]], que sua equipe havia purificado o hipotético príon infeccioso e que tal agente consistia principalmente de uma proteína específica - apesar de ele não conseguir isolar satisfatoriamente proteína até dois anos depois de seu anúncio. Prusiner conferiu o nome "prion" ao agente infeccioso, e "PrP" (do [[língua inglesa|inglês]] ''protease resistant protein'', "proteína resistente à protease").
 
== Origem ==
 
Há um [[gene]], chamado ''prnp'', que sintetiza a "proteína príon celular" (também chamada "PrPc"), presente em todas as células do corpo. A PrPc, em condições normais, é capaz de proteger os neurónios da morte. Além disso, estudos recentes mostram que a PrPc está envolvida também no mecanismo de diferenciação neuronal. Entretanto, ocorre uma mutação no gene, que faz com que seja formado um PrPc defeituoso (prião), e que leva às chamadas doenças priónicas. O prião actua ainda como um “molde” que, ao entrar em contato com o PrPc presente nas células, faz com que a proteína normal se altere, tornando-a também um prião. Ainda não se sabe o mecanismo que articula esse tipo de acção. Nenhuma [[Sistema imunológico|defesa imunológica]] consegue eliminar o prião do organismo. Ele causa aglomerados no cérebro, em estruturas denominadas "[[placas amilóides]]". Essa acumulação é tóxica e provoca a morte de muitos neurónios (quadro semelhante ao do "[[Mal de Alzheimer]]").
 
Sua proliferação é extremamente rápida e causa as denominadas encefalopatias espongiformes, doenças cujo sintoma mais comum é a demência. Os prions são os menores agentes patogênicos conhecidos e podem ser observados apenas com a ajuda dos mais potentes microscópios eletrônicos.


Os príons patogênicos são formas alteradas de proteínas normais as quais estão presentes no cérebro de mamíferos. Conforme propôs o neurologista americano Stanley Prusiner, eles são capazes de infectar seres vivos e se auto-replicar em seu interior (protein-only hypothesis). Prusiner concluiu que este agente etiológico era diferente dos demais agentes infecciosos (fungos, bactérias e vírus) ao perceber que a propagação das doenças em cirurgias ocorria mesmo com a utilização de métodos comuns de assepsia sobre os instrumentos, embora fosse interrompida quando se utilizavam métodos de desnaturação ou degradação protéica, sugerindo que o agente transmissor seria constituído basicamente por proteína. Outra importante observação que também ajudou a fundamentar a protein-only hypotesis foi a de que, quando expostos à radiação ultravioleta (que normalmente destrói ácidos nucléicos), os extratos com poder infeccioso estudados não perdiam esta capacidade.
[[Stanley B. Prusiner]], da [[Universidade da Califórnia]], anunciou em [[1982]] que sua equipe havia purificado o hipotético agente infeccioso, e que tal agente consistia principalmente de uma proteína específica<ref name="Prusiner82">{{citar periódico |autor=PRUSINER|primeiro=S.B. | ano=1982 |título=Novel proteinaceous infectious particles cause scrapie |jornal=Science |volume=216 |páginas=136-144 |doi=10.1126/science.6801762 }}</ref> - apesar de ele não conseguir isolar satisfatoriamente a proteína até dois anos depois de seu anúncio.<ref>{{citar periódico |autor=TAUBES, G. |título=The game of name is fame. But is it science? |jornal=Discover |volume=7 |número=12 |páginas= 28–41 |ano=1986}}</ref> Prusiner conferiu o nome "''prion''" ('''pro'''teinaceous ''in''fection) ao agente infeccioso,<ref name="Prusiner82"/> e a proteína específica que compõe o príon foi chamada de "PrP" ('''Pr'''ion '''P'''rotein), embora esta proteína possa ser encontrada tanto nas formas infecciosas como não infecciosas. Prusiner foi premiado com o [[Nobel de Fisiologia ou Medicina]] em 1997 pela sua pesquisa com príons,<ref name="nobel">{{citar web|url=http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1997/|título=The Nobel Prize in Physiology or Medicine, 1997|acessodata=2010-02-28|publicado=NobelPrize.org}}</ref> mas não sem controvérsia.<ref name="nobel_criticism">{{citar web|autor=TAUBES, G.| url=http://www.slate.com/id/2096/|título=Nobel Gas|data=outubro de 1997|acessodata=2011-05-20|publicado=Slate}}</ref>


Os príons foram identificados como causadores de várias doenças neurológicas letais, geralmente com períodos de incubação prolongados, que antes eram atribuídas a vírus de lenta proliferação.
== PrP<sup>Sc</sup> (isoforma da scrapie da proteína priônica) ==
As PrP<sup>Sc</sup> são o agente infeccioso por trás de doenças priônica. A proteína PrP<sup>Sc</sup> foi o primeiro príon - isto é, a proteína infecciosa - a ser descoberto e continua a ser o príon por excelência, não apenas por causa de sua preeminência histórica, mas também por causa de sua associação com uma classe única de doenças fatais. A PrP<sup>Sc</sup> é o único prion conhecido até agora por causar epidemias locais e explosões epizoóticas.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27220820 |titulo=The Priority position paper: Protecting Europe's food chain from prions |data=2016-05-03 |jornal=Prion |numero=3 |ultimo=Requena |primeiro=Jesús R. |ultimo2=Kristensson |primeiro2=Krister |paginas=165–181 |doi=10.1080/19336896.2016.1175801 |issn=1933-690X |pmc=4981192 |pmid=27220820 |ultimo3=Korth |primeiro3=Carsten |ultimo4=Zurzolo |primeiro4=Chiara |ultimo5=Simmons |primeiro5=Marion |ultimo6=Aguilar-Calvo |primeiro6=Patricia |ultimo7=Aguzzi |primeiro7=Adriano |ultimo8=Andreoletti |primeiro8=Olivier |ultimo9=Benestad |primeiro9=Sylvie L. |volume=10}}</ref> Essa proteína é uma variante alternativamente dobrada da proteína priônica celular, PrP<sup>C</sup>, que é uma proteína regular ancorada à GPI e que está presente na superfície celular de neurônios e outros tipos de células.<ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29414853 |titulo=The Structure of PrPSc Prions |data=2018-02-07 |jornal=Pathogens (Basel, Switzerland) |numero=1 |ultimo=Wille |primeiro=Holger |ultimo2=Requena |primeiro2=Jesús R. |doi=10.3390/pathogens7010020 |issn=2076-0817 |pmc=5874746 |pmid=29414853 |volume=7}}</ref>


== Prováveis funções do PrPc ==
Através de ressonância magnética (RM) da sequência completa da proteína PrP<sup>Sc</sup> foi observado que a sua sequência de aminoácidos é idêntica à deduzida da sequência do gene da Prn-p, o gene codificador da proteína, eliminando assim qualquer variação na sequência pós-transcricional como uma das possíveis causas das propriedades patogênicas da PrP<sup>Sc</sup>. Além disso, estudos de espectrometria de massa no modelo da PrP<sup>Sc</sup> planejados para revelar qualquer modificação pós-traducional não caracterizada previamente indicaram que, de fato, a PrP<sup>Sc</sup> e a PrP<sup>C</sup> são quimicamente idênticas. Assim, embora não se possa descartar a possibilidade de que uma pequena fração da PrPSc seja quimicamente modificada então tenha sido eliminada, parece mais provável que a PrP<sup>Sc</sup> e a PrP<sup>C</sup> difiram apenas quanto às suas estruturas secundárias e/ou terciárias.<ref name=":0" /> Infelizmente, a insolubilidade da PrP<sup>Sc</sup> impede que a sua estrutura seja determinada.<ref name=":0" /> Entretanto, algumas análises mostram que, de fato, as conformações da PrP<sup>Sc</sup> e da PrP<sup>C</sup> são bem diferentes. A PrP<sup>C</sup> tem um alto conteúdo de hélices α (cerca de 40%), mas poucas folhas β (cerca de 3%) (de acordo com as estruturas de seus domínios globulares por RM), enquanto a PrP<sup>Sc</sup> tem um conteúdo menor de hélices α (cerca de 30%), mas um alto conteúdo de folhas β (cerca de 45%). Em um modelo plausível da PrP<sup>Sc</sup>, a sua região N-terminal dobra-se novamente formando uma estrutura chamada β-hélice, em que as folhas do polipeptídeo formam uma hélice voltada para a esquerda, contendo três fitas β paralelas. Apenas as duas hélices C-terminais de PrP<sup>C</sup>, que estão unidas por uma ligação dissulfeto, mantêm as suas conformações originais. O alto conteúdo de folhas β da PrP<sup>Sc</sup> poderia, presumivelmente, facilitar a agregação da PrP<sup>Sc</sup> em fibrilas amiloides.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> Fica evidente, então, que a mudança conformacional de PrP<sup>C</sup> para PrP<sup>Sc</sup> é autocatalítica; isto é, a PrP<sup>Sc</sup> induz a PrP<sup>C</sup> a se converter em PrP<sup>Sc</sup>.<ref name=":1" />


*peça fundamental na emissão de neuritos (neuritogênese), desempenhando, portanto, importante papel na comunicação entre células nervosas;
Nas células, a PrP<sup>Sc</sup> é depositada em vesículas do citosol ao invés de ficar ancorada à superfície da membrana celular como a PrP<sup><big>c</big></sup>. As duas estão sujeitas a uma eventual degradação na célula. Entretanto, embora a PrP<sup>C</sup> seja completamente degradada, a PrP<sup>Sc</sup> perde somente um segmento N-terminal de 67 resíduos de aminoácidos, formando um núcleo de 27 a 30 kDa resistente à proteólise, conhecido como PrP 27-30, que ainda exibe um alto conteúdo de folhas β. A PrP 27-30 se agrega então para formar as placas amiloides, que parecem ser diretamente responsáveis pela degeneração neuronal característica das doenças causadas por príons.<ref name=":0" />
 
*manutenção da concentração intracelular adequada de íons Cu2+ através de região ligante pertencente à extremidade amino-terminal;
 
*participação no transporte ou metabolismo de zinco;
 
*proteção ao estresse oxidativo;
 
*participação na excitabilidade celular e transmissão sináptica;
 
*apoptose celular.
 
== Codificação da proteína ==
 
O gene PrPn codifica a proteína celular prion e é altamente conservado evolutivamente no genoma de mamíferos, indicando a importância da proteína não patogênica para o organismo. A constituição básica da proteína é de uma região amino-terminal desordenada e uma região globular carboxi-terminal.
 
Em condições normais, o gene codifica a proteína do príon celular (PrPc), não patogênica. Contudo, em condições próprias (também abordadas neste estudo), o PrPc adquire nova conformação espacial, denominada PrPsc, que é a forma patogênica.
 
Como as proteínas priônicas de mamíferos guardam grandes semelhanças quanto à sua conformação, a infecção interespecífica é possível.
 
A PrPc pode ser encontrada não apenas no tecido nervoso, mas em diversos outros tecidos, como o muscular. Existem também células em que elas não estão presentes, como as células de Purkinje (tecido nervoso).
 
== Diferenças entre PrPc e PrPsc ==
 
As diferenças entre a forma celular e scrapie da proteína príon são resultantes apenas das diferentes configurações moleculares. Essa alteração na conformação tem como conseqüência a não-funcionalidade da PrPsc, mas a ativação de seu poder infeccioso. Deve-se frisar, contudo, o fato de que a toxicidade da PrPsc é restrita ao sistema nervoso. Sua proliferação em outros tecidos é possível, mas não considerada patogênica.
 
Principais diferenças geradas pela alteração conformacional:
 
*na proteína PrPc há predomínio da estrutura secundária alpha-hélice (42%) em relação às folhas-beta (3%). Já na PrPsc predomina a folha-beta, seguindo a proporção de 43-54% e 17-30%, respectivamente;
 
*apenas proteína PrPsc é amilóide, ou seja, tem a capacidade de formar naturalmente grandes agregados insolúveis de proteína. Em oposição, a PrPc é considerada globular e altamente solúvel;
 
*a proteína PrPc é caracterizada como sensível à digestão por proteínase K, enquanto a PrPsc não o é.
 
== Infecção ==
 
A infecção pelas proteínas patogênicas pode se dar, mais comumente, por três formas:
*hereditariedade;
*uso de material cirúrgico contaminado;
*consumo de carne de animais infectados;
*mutação eventual;
*uso de hormônios.
 
Deve-se destacar o perigo que infecções por príon representam no âmbito sócio-global, já que os prions são mais resistentes à destruição que qualquer outro agente patogêncio conhecido. Eles são mais duradouros e estáveis que os esporos de anthrax e não podem ser neutralizados por radiação. Além disso, não existem procedimentos de rotina que visem detectá-los. Assim, a contaminação por prion pode ser mais poderosa, ainda que manifestada com menor intensidade a curto intervalo de tempo, que infestações por antrax e sarampo. Contra estas últimas existe ainda a possibilidade de se produzirem vacinas, e a taxa de mortalidade não chega aos 30%.
 
== Drogas de combate à infecção ==
 
A identificação de características estruturais das isoformas patológicas é fundamental para o entendimento dos mecanismos de agregação do PrPsc e, portanto, é um passo de compromisso no desenvolvimento de drogas potencialmente terapêuticas para combate às encefalopatias espongiformes.
 
A descoberta de funções importantes desempenhadas pela proteína PrPc mostram que as drogas que visam o combate à infecção patogênica não devem atingir a proteína normal, mas sim exclusivamente a forma patogênica, denominada PrPsc.
 
Uma outra possível estratégia para a confecção de fármacos é a identificação de pequenos ligantes da superfície mais externa da molécula que auxiliam na conversão de PrPc em PrPsc. Os fármacos agiriam mimetizando a interação com os ligantes naturais, inibindo a alteração conformacional.


== Doenças priônicas ==
== Doenças priônicas ==
{| class = "wikitable" style = "width:50%; float:right; font-size:90%; margin-left:15px"
|+Doenças causadas por príons
|-
!Animais afetados !! Doença
|-
|[[ovinos]], [[caprinos]]
|[[Paraplexia enzoótica dos ovinos]]<ref name="ictvdb-prions">{{citar web| url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ICTVdb/Ictv/fs_prion.htm |título= 90. Prions |obra=ICTVdB Index of Viruses |publicadopor= U.S. National Institutes of Health website |data=2002-02-14 |acessodata=2010-02-28}}</ref>
|-
|[[bovinos]]
|[[Encefalopatia espongiforme bovina]] (BSE), Doença da vaca louca<ref name="ictvdb-prions" />
|-
|[[marta (animal)|marta]]<ref name="ictvdb-prions" />
|[[Encefalopatia transmissível da marta]] (TME)
|-
|[[Veado-de-cauda-branca]], [[alce]], veado-mula<ref name="ictvdb-prions" />
|[[Doença emaciante crônica]] (CWD)
|-
|[[gato]]<ref name="ictvdb-prions" />
|[[Encefalopatia espongiforme felina ]] (FSE)
|-
|[[niala]], [[órix]], kudu-grande<ref name="ictvdb-prions" />
|[[Encefalopatia de ungulados exóticos]] (EUE)
|-
|[[avestruz]]<ref name="hussein2004">{{citar periódico |autor=Hussein MF, Al-Mufarrej SI |ano=2004 |url=http://www3.kfu.edu.sa/sjournal/eng/pdffiles/b526.pdf |formato=pdf |título=Prion Diseases: A Review; II. Prion Diseases in Man and Animals |periódico=Scientific Journal of King Faisal University (Basic and Applied Sciences) |issue=2 |páginas=139 |acessodata=2010-02-28 |volume=5 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110510115800/http://www3.kfu.edu.sa/sjournal/eng/pdffiles/b526.pdf |arquivodata=2011-05-10 |urlmorta=yes }}</ref>
|Encefalopatia espongiforme<br>(Não demonstrou ser transmissível.)
|-
|rowspan=8|Humanos
|[[Doença de Creutzfeldt-Jakob]] (CJD)<ref name="ictvdb-prions" />
|-
|Doença de Creutzfeldt–Jakob iatrogênica (iCJD)
|-
|Doença de Creutzfeldt-Jakob variante  (vCJD)
|-
|Doença de Creutzfeldt-Jakob familiar (fCJD)
|-
|Doença de Creutzfeldt-Jakob esporádica (sCJD)
|-
|[[Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker]] (GSS)<ref name="ictvdb-prions" />
|-
|[[Insônia familiar fatal]] (FFI)<ref>{{citar jornal|data=1999-05-28 | url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/355297.stm |título=BSE proteins may cause fatal insomnia. |publicadopor=BBC News |acessodata=2010-02-28}}</ref>
|-
|[[Kuru]]<ref name="ictvdb-prions" />
|}


Os príons patogênicos são responsáveis pelas doenças classificadas como encefalopatias espongiformes, que recebem este nome devido ao aspecto de esponja adquirido pelo tecido nervoso cerebral acometido pelas doenças. As variações características de cada enfermidade se devem apenas a variações no tempo de incubação, distribuição geográfica das lesões e potencial infeccioso.
Príons causam doença neurodegenerativa por formação de agregados extracelulares dentro do [[sistema nervoso central]] que formam placas conhecidas por [[amilóide]], que rompem as estruturas do tecido normal. Este rompimento é caracterizado por "buracos" no tecido que resultam numa arquitetura espongiforme devido a formação de vacúolos nos neurônios.<ref name="robspath">{{citar livro|editor=Robbins SL, Cotran RS, Kumar V, Collins T |título=Robbins pathologic basis of disease |publicadopor=Saunders |local=Philadelphia |ano=1999 |páginas= |isbn=0-7216-7335-X }}</ref> Outras mudanças histológicas incluem a [[astrogliose]] e a ausência de uma [[Inflamação|reação inflamatória]].<ref name="belay">{{citar periódico|autor =Belay ED |título=Transmissible spongiform encephalopathies in humans |periódico=Annual Review of Microbiology |volume=53 |issue= |páginas=283–314 |ano=1999 |pmid=10547693 |doi=10.1146/annurev.micro.53.1.283 |url=http://arjournals.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev.micro.53.1.283?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dncbi.nlm.nih.gov |acessodata=2010-02-28}}</ref> Enquanto o [[período de incubação]] das doenças priônicas é geralmente longo, uma vez que os sintomas aparecem, a doença progride rapidamente, levando a danos cerebrais e morte.<ref name="cdc">{{citar web|url=http://www.cdc.gov/ncidod/dvrd/prions/|título=Prion Diseases|data=2006-01-26|acessodata=2010-02-28|publicadopor=US Centers for Disease Control|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160326020110/http://www.cdc.gov/ncidod/dvrd/prions/|arquivodata=2016-03-26|urlmorta=yes}}</ref> Os sintomas neurodegenerativos podem incluir [[convulsões]], [[demência]], [[ataxia]] e mudanças comportamentais e de personalidade.
Estudos mais aprofundados acerca destas doenças podem, inclusive, auxiliar no entendimento de outras patologias que acometem o cérebro e que ainda não estão completamente desvendadas, como o mal de Parkinson e o mal de Alzheimer.


Como se dá a morte celular desencadeada pela infecção priônica? As moléculas de príon patogênicas, diferentemente da forma celular (globular), são amilóides. Em outras palavras, elas formam naturalmente grandes agregados insolúveis e fibrosos de proteína. Não se sabe ao certo exatamente como essas proteínas causam doenças, mas acredita-se que elas se acumulem nos lisossomos, posto que também seriam mais resistentes à ação de proteínases K (em relação à PrPc). Assim, o acúmulo protéico nos lisossomos causaria o rompimento destas organelas e a conseqüente digestão citoplasmática, levando à morte das células afetadas. Formar-se-iam, dessa forma, os grandes espaços no tecido nervoso doente, característicos das encefalopatias espongiformes.
Todas as doenças priônicas conhecidas são coletivamente denominadas de encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs), uma vez que em todas essas doenças os neurônios desenvolvem grandes vacúolos. Ao que se sabe, essas enfermidades não apresentam tratamento e são fatais.<ref name="gilch">{{citar periódico|autor =Gilch S, Winklhofer KF, Groschup MH, ''et al.'' |título=Intracellular re-routing of prion protein prevents propagation of PrP(Sc) and delays onset of prion disease |periódico=The EMBO Journal |volume=20 |issue=15 |páginas=3957–66 |ano=2001 |month=August |pmid=11483499 |pmc=149175 |doi=10.1093/emboj/20.15.3957 |acessodata=2010-02-28}}</ref> Podemos citar alguns  exemplos de doenças priônicas: a scrapie (do inglês scrapie: raspar), uma doença neurológica de ovinos e caprinos, assim chamada por causa da tendência que as ovelhas infectadas têm em raspar a lã (eles se esfregam contra as cercas em um esforço de se manter de pé, devido à perda da coordenação muscular); a encefalopatia espongiforme bovina (BSE ou doença da vaca louca), que afeta o gado bovino de forma semelhante; e a kuru, uma doença degenerativa do cérebro que ocorre entre os primitivos habitantes de Papua Nova Guiné (kuru significa tremores) e que é transmitida pelo ritual de canibalismo. Há também uma doença humana esporádica (aparentemente aparece de forma espontânea) com sintomas similares, a doença de Creutzfeldt-Jak.ob (DCJ), uma rara e progressiva desordem cerebelar, que se assemelha e pode ser idêntica à kuru.<ref name=":0" /> Além dessas, outras doenças e variantes também foram observadas, conforme vemos na tabela a direta.


Kuru: é uma doença cerebelar subaguda com ataxia (perda da coordenação muscular) e de rápida evolução (1 ano até o óbito), com apresentação de tremor. Acomete crianças e mulheres adultas, e se acredita ser disseminada pelos rituais de canibalismo da tribo Fore, que habita uma região da Papua-Nova Guiné. As maiores quantidades de tecido cerebral são dadas às criança e às mulheres, justificando a epidemiologia da doença. Atualmente, a cessação da prática de canibalismo fez com que o Kuru quase desaparecesse;  
Várias espécies de mamíferos são afetadas pelas doenças priônicas, e as proteínas priônicas (PrP) são muito similares em todas elas.<ref>{{citar periódico|ano=2001|título=Prion diseases of humans and animals: their causes and molecular basis|url=http://arjournals.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev.neuro.24.1.519?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dncbi.nlm.nih.gov|periódico=Annual Review of Neuroscience|volume=24|páginas=519–50|doi=10.1146/annurev.neuro.24.1.519|pmid=11283320|acessodata=2010-02-28|autor=Collinge J|issue=}}</ref> Apesar da pequena variação na PrP entre diferentes espécies, é incomum uma doença priônica ser transmitida de uma espécie para outra. Entretanto, a doença de Creutzfeldt-Jakob Variante, conhecida popularmente como doença da vaca louca, é causada por um príon que tipicamente infecta bovinos, causando a encefalopatia espongiforme bovina e é transmitida através da carne infectada.<ref name="ironside">{{citar periódico|ano=2006|título=Variant Creutzfeldt-Jakob disease: risk of transmission by blood transfusion and blood therapies|url=http://www3.interscience.wiley.com/resolve/openurl?genre=article&sid=nlm:pubmed&issn=1351-8216&date=2006&volume=12&issue=&spage=8|periódico=Haemophilia : the Official Journal of the World Federation of Hemophilia|volume=12 Suppl 1|páginas=8–15; discussion 26–8|doi=10.1111/j.1365-2516.2006.01195.x|pmid=16445812|acessodata=2010-02-28|autor=Ironside JW|issue=|month=March}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>


Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD): têm sido encontrada em diversas partes do mundo, com uma incidência anual de 0,5 caso por milhão de pessoas. Acredita-se que 10 a 15% dos casos da doença sejam hereditários. Na maioria dos pacientes ocorre, de forma progressiva, um prejuízo mental, embora cerca de 20% dos pacientes tenham uma fase inicial extremamente rápida (alguns dias). A tríade clínica é de demência progressiva, mioclonias (contrações rápidas das extremidades e do tronco causando movimento involuntário dos membros e do corpo) e eletroencefalografia típica. Embora o quadro da CJD seja muito característico, outras doenças podem produzir quadros semelhantes. A doença que mais comumente se confunde com CJD é a doença de Alzheimer (DA), especialmente a DA familiar, com presença de mioclonias. A CJD é considerada a vertente humana da famigerada doença da vaca louca.
Proteínas mostrando um comportamento semelhante ao dos príons são também observados em [[fungos]], que tem sido úteis nas pesquisas para compreender os príons mamíferos. Os príons fúngicos aparentemente não causam nenhuma patologia em seus hospedeiros.


Doença de Gerstmann, Sträussler e Scheinker (GSS): ocorre ataxia cerebelar progressiva, tremores, disartria (distúrbio da articulação da fala) e diminuição de reflexos profundos. A evolução clínica é mais lenta se comparada com a CJD, atingindo pacientes de 30 a 60 anos, com sobrevida média de 5 anos após o início dos sintomas. O EEG pode ser normal ou discretamente lentificado e os exames de neuroimagem (CT e RNM) mostram atrofia cerebral e cerebelar. Estima-se que a incidência da GSS seja de 2 casos em cada 100 milhões de habitantes.
Uma vacina tem sido desenvolvida em ratos, uma pesquisa que pode fornecer informações e contribuir para o desenvolvimento de uma vacina humana de resistência  à infecção priônica.<ref>{{citar web|autor = New York University Medical Center and School of Medicine |título= Active Vaccine Prevents Mice From Developing Prion Disease|obra= Science Daily | url = http://www.sciencedaily.com/releases/2005/05/050514111648.htm |data=2005-05-14 |acessodata= 2010-02-28 }}</ref> Adicionalmente, em 2006, cientistas anunciaram que tinham modificado geneticamente bovinos sem o gene necessário para a produção de príons - assim, teoricamente fazendo estes animais imunes a TSE.


== Chaperonas químicas ==
==Notas==
* {{Nrb|(a)}} Na língua portuguesa o termo deriva do aportuguesamento do original em inglês, sendo diferente entre as variantes europeia e brasileira.<ref>{{Citar livro | autor = HOUAISS, A. | autorlink = Antônio Houaiss | ano = 2001 | seção = Príon | título = Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa| editora = Objetiva | local =  | isbn = 9788573023831}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx |título=Prião |autor= |data=2012 |publicado=Priberam |acessodata=9 de março de 2012}}</ref>


A conversão de PrPc a PrPsc pode ser inibida por chaperonas químicas, tais como trimetilamina N-oxido (TMAO), glicerol, dimetil sulfóxido (DMSO) e outros.
{{Referências}}
 
* {{Link||2=http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_1/encefalopatia.htm |3=Encefalopatia Espongiforme Sub-aguda: Demências priônicas}}
Acredita-se que a porção N-terminal da PrPc seja desordenada e que esta região, incluindo a região ordenada em H1, seja desdobrada e dobrada em folhas beta na conversão. O papel inibitório do TMAO se dá a partir do dobramento alternativo da extremidade N-terminal desordenada, sem que haja prejuízo à estrutura de alpha-hélice 1.
* CORREIA, José Henrique R. D., CORREIA, António A. D. Initiation and replication of prion pathogenic synthesis in transmissible spongiform encephalopathy. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias.
 
* TAYLOR, David R., HOOPER, Nigel M. The prion protein and lipid rafts.
== Conformação ==
* NORSTROM, Eric M., MASTRIANNI, James A. The Charge Structure of Helix 1 in the Prion Protein Regulates Conversion to Pathogenic PrPSc.
 
* BENNION, Brian J., DEMARCO, Mari L., DAGGETT, Valerie. Preventing Misfolding of the Prion Protein by Trimethylamine.
A conformação da proteína da isoforma celular normal (PrPc) é diferente da conformação da proteína da isoforma implicada na doença (PrPsc), quer na sua conformação simples quer no seu estado de oligomerização ou agregação. A isoforma normal prefere um estado monomérico, enquanto a proteína alterada se multimeriza.
* CAMPANA, Vincenza, SARNATARO, Daniela, ZURZOLO, Chiara. N-OxideThe highways and byways of prion protein trafficking.under
 
Um aspecto especial no que se refere às doenças priônicas consiste no fato de a isoforma PrPsc parecer ter capacidade para atuar como um molde que diminui a barreira cinética entre as isoformas PrPc e PrPsc. Quanto maior for a homologia entre as duas isoformas, maior será a eficiência da conversão. No entanto, quando as seqüências de aminoácidos forem diferentes, sobretudo em certas regiões da estrutura protéica, esta conversão será menos viável.
 
== Síntese e Replicação ==
 
Um ciclo de replicação simples para o PrPsc pode ser visualizado se admitirmos que o PrPc se encontra em equilíbrio com um segundo estado PrP*, que é um estado intermediário que intervém na formação do PrPsc. Em circunstâncias normais, o PrPc domina o equilíbrio conformacional. Porém, se há um PrPsc exógeno, este pode ligar-se ao PrP* para originar um heteromultímero que depois pode ser convertido em um homomultímero de PrPsc.
 
Acredita-se que há um fator auxiliar que intervém nessa conversão, a chamada proteína X. Esta proteína X se liga ao PrPc e, após a conversão do PrP* em PrPsc, ela é liberada, podendo juntar-se a um novo complexo heteromultimérico. O complexo homomultímero formado pode se dissociar, formando dois moldes capazes de novas replicações, o que explica o crescimento exponencial da forma PrPsc.
 
Além da forma infecciosa, também é possível que haja formação de PrPsc pelas formas hereditária ou espontânea, ou seja, na ausência de um PrPsc exógeno que funcione como molde. Nesses casos, uma proteína PrPc mutante liga-se à proteína X e dá origem a um complexo PrP*/Proteína X/PrP*/Proteína X, a partir do qual se forma PrPsc endógeno.
 
== Plasticidade Conformacional e Estrutura ==
 
Para que o PrPsc possa ser um bom molde para converter o PrPc em PrPsc, as diferenças entre as suas seqüências de aminoácidos devem ser mínimas, de modo a facilitar esta conversão. Por outro lado, é necessário que algumas regiões da proteína apresentem uma plasticidade conformacional grande.
 
O aparecimento de formas hereditárias da doença pode aumentar se a proteína PrP possuir substituições em alguns de seus aminoácidos que desestabilizem a isoforma PrPc ou que estabilizem a isoforma intermediária PrP*.
 
A isoforma PrPc poderá ser estabilizada por pequenas moléculas que diminuam a concentração de PrP*, por moléculas que anulem as interações entre a proteína PrP e a proteína X ou por moléculas que evitem o reaproveitamento da proteína X.
 
Nas características estruturais das proteínas priônicas surgem alguns aspectos incomuns, tais como uma seqüência repetida de oito resíduos de aminoácidos (P-H-G-G-G-W-G-Q) e uma região rica em alanina (A-G-A-A-A-A-G-A) nos resíduos 113 a 120.
 
== Agregação e Polimerização ==
 
As proteínas priônicas agregam-se na forma de fibrilas amilóides. Essa fibrilas compreendem uma série de diferentes proteínas que caracterizam diversas doenças degenerativas, tais como a doenças de Alzheimer, Scrapie e Diabetes do tipo II.
 
A polimerização das proteínas priônicas é dependente de nucleação. Esse mecanismo indica que a agregação depende da concentração de proteínas e do intervalo de tempo que se oferece para que elas interajam.
 
Pode-se fazer esboçar um modelo que apresente uma série de equilíbrios desfavoráveis de associações de proteína-proteína que levam a um núcleo instável. Então, segue-se uma série de equilíbrios favoráveis que culminam na formação de fibrilas. O fenômeno da concentração crítica resulta do deslocamento do equilíbrio do estado desfavorável para o estado favorável.
 
Isso pode acontecer nas encefalopatias espongiformes na medida em que um PrPsc infeccioso, proveniente do exterior ou resultante de uma mutação, pode substituir-se ao núcleo instável e contribuir, assim, para a formação de fibrilas.
A proteína precursora do prion surge num estado desordenado (U) e depois processa-se o seu enovelamento através de um ou mais estados intermediários. Há um intermediário crítico desse enovelamento (I) que é suscetível de formar mais de um tipo de agregado.
 
Uma vez no estado enrolado, o módulo na forma N não é passível de formar agregados dadas as superfícies expostas da molécula e a conformação do módulo N.
 
No entanto, elevadas concentrações da proteína precursora do prion favorecem a agregação, desde que se formem elevadas concentrações do módulo intermediário I.
 
Assim, existem mutações que favorecem a formação de P por retardamento da velocidade de formação do módulo N (efeito mutacional sobre a cinética de enovelamento) e mutações que o fazem por desestabilização de N e sua conversão em I (efeito mutacional sobre a termoestabilidade).
Em contrapartida, as chaperonas suprimem a formação de P, suprimindo a agregação do intermediário I ou facilitando a desagregação de P em N.
 
A capacidade de transferência ou agregação é modulada como um fenômeno de capacidade de multiplicação (ou “sementeira”). Algumas formas agregadas de I (P1 e P2) podem multiplicar-se, enquanto outras formas de agregados de I, como A, não podem promover a formação de agregados priônicos.
 
As formas P2 derivadas de P1  têm propriedades que lhes permitem ser transportadas intactas para o cérebro a partir do intestino e da corrente sangüínea.
 
== O Príon na Célula ==
 
Em condições normais, os PrP são sintetizados no retículo endoplasmático e ocorre cisão das seqüências hidrofóbicas que são formadas primeiro (resíduos 1 a 22). Ainda no retículo, carboidratos ligados a Asn são acoplados aos resíduos 181 e 197, sendo que, à medida que atravessarem o aparelho de Golgi, estes carboidratos serão remodelados.
 
A parte glicofosfoinositol (GPI) é ligada ao resíduo 231 e os vinte e três resíduos carbono-terminais são removidos. Há ainda um sinal para parada de transferência da proteína nos resíduos 95 a 110.
 
Como a maioria dos prions possui uma forma com âncora GPI, o canal para exportação do PrP se desorganiza durante a biogênese do PrP, originando uma forma membranária da proteína priônica.
 
== Compartimentalização ==
 
A PrPc é sintetizada nos ribossomos acoplados ao retículo endoplasmático rugoso e conduzida ao complexo de Golgi, onde sofre modificações pós-translacionais. Ocorre, ainda no retículo endoplasmático, a ligação de PrPc ao colesterol, sinalizando a futura localização da proteína em rafts ou então funcionando como uma lipochaperona. Experimentalmente, comprovou-se que na ausência de colesterol a conversão de PrPc em PrPsc é inibida.
 
A existência de poucos anticorpos que se liguem a PrPsc torna difícil o seu acompanhamento durante a biossíntese, bem como um possível remanejamento protéico. Contudo, o que se tem percebido é que existe uma tendência, sob certas condições e in vitro, das PrPsc se acumularem no citossol das células infectadas.
 
Existem duas hipóteses quanto à provável localização da conversão de PrPc a PrPsc. A primeira afirma que a conversão ocorreria por contato direto com a proteína infecciosa na membrana plasmática ou em vesículas de endocitose, nas quais proteínas patogênicas levariam à alteração de proteínas normais presentes na membrana da vesícula. A segunda afirma que o retículo endoplasmático seria o local fundamental no processo de conversão, pois, teoricamente, seria mais fácil alterar a proteína nascente do que a proteína já madura. Além disso, o retículo seria um amplificador da infecção.
 
== O Príon em números ==
 
*Variação de energia livre entre o estado da proteína enovelada e o estado intermediário = 1,9 ± 0,4 kcal/mol.
 
*Variação de energia livre entre o estado intermediário e o estado desenovelado = 6,5 ± 1,2 kcal/mol.
 
*Constante de associação do equilíbrio monômero/dímero = 5,4 • 10-5 M-1.
 
== Principais doenças priônicas ==
 
*Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (proteínas de príon, PPr)
*[[Scrapie]]
*[[Doença de Creutzfeldt-Jakob]] (DCJ)
*[[Kuru]]
*[[Encefalopatia Espongiforme Bovina]] (BSE) ou Mal da Vaca-Louca
*[[Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker]]
*[[Insônia Familiar Fatal]]
 
== Referências ==
*[http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_1/encefalopatia.htm Encefalopatia Espongiforme Sub-aguda: Demências priônicas]
 
*CORREIA, José Henrique R. D., CORREIA, António A. D. Initiation and replication of prion pathogenic synthesis in transmissible spongiform encephalopathy. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias.
 
*TAYLOR, David R., HOOPER, Nigel M. The prion protein and lipid rafts.
 
*NORSTROM, Eric M., MASTRIANNI, James A. The Charge Structure of Helix 1 in the Prion Protein Regulates Conversion to Pathogenic PrPSc.
 
*BENNION, Brian J., DEMARCO, Mari L., DAGGETT, Valerie. Preventing Misfolding of the Prion Protein by Trimethylamine.
 
*CAMPANA, Vincenza, SARNATARO, Daniela, ZURZOLO, Chiara. N-OxideThe highways and byways of prion protein trafficking.


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Edição atual tal como às 19h01min de 24 de dezembro de 2021

Representação de uma proteína priônica humana.

Príon (português brasileiro) ou Prião (português europeu) (a) é um agente infeccioso composto por proteínas com forma aberrante. Tais agentes não possuem ácidos nucleicos (DNA e/ou RNA) ao contrário dos demais agentes infecciosos conhecidos (vírus, bactérias, fungos e parasitas).[1] O termo prion (partículas infecciosas proteicas com ausência de ácidos nucléicos) foi cunhado em 1982 por Stanley B. Prusiner através de um amálgama entre as palavras proteinaceous (proteica) e infection (infecção). Os príons são responsáveis pelas encefalopatias espongiformes transmissíveis em uma variedade de mamíferos, incluindo os humanos.[2]

Descoberta

O especialista em radiação Tikvah Alper e o matemático John Stanley Griffith desenvolveram, na década de 1960, a hipótese de que as encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs) são causadas por um agente infeccioso constituído unicamente por proteínas.[3][4] Esta hipótese foi formulada para explicar a descoberta que o misterioso agente infeccioso, causador da scrapie e da doença de Creutzfeldt-Jakob, ser resistente à radiação ultravioleta (o UV causa dano direto ao DNA pela excitação de moléculas individuais do polímero de DNA, causando erro ao ser introduzido na seqüência de pares de bases).

Francis Crick reconheceu a potencial importância da hipótese de Griffith para a propagação do scrapie na segunda edição de seu famoso "Dogma Central da Biologia Molecular": embora afirmando que o fluxo da sequência de informações de proteína para proteína ou de proteína para RNA e DNA foi "impedido", ele observou que a hipótese de Griffith era potencialmente contraditória (embora ela não tenha sido somente promovida por Griffith).[5] Uma hipótese revisada foi posteriormente formulada, em parte, para acomodar a descoberta da transcrição reversa por Howard Temin e David Baltimore.

Stanley B. Prusiner, da Universidade da Califórnia, anunciou em 1982 que sua equipe havia purificado o hipotético agente infeccioso, e que tal agente consistia principalmente de uma proteína específica[6] - apesar de ele não conseguir isolar satisfatoriamente a proteína até dois anos depois de seu anúncio.[7] Prusiner conferiu o nome "prion" (proteinaceous infection) ao agente infeccioso,[6] e a proteína específica que compõe o príon foi chamada de "PrP" (Prion Protein), embora esta proteína possa ser encontrada tanto nas formas infecciosas como não infecciosas. Prusiner foi premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1997 pela sua pesquisa com príons,[8] mas não sem controvérsia.[9]

PrPSc (isoforma da scrapie da proteína priônica)

As PrPSc são o agente infeccioso por trás de doenças priônica. A proteína PrPSc foi o primeiro príon - isto é, a proteína infecciosa - a ser descoberto e continua a ser o príon por excelência, não apenas por causa de sua preeminência histórica, mas também por causa de sua associação com uma classe única de doenças fatais. A PrPSc é o único prion conhecido até agora por causar epidemias locais e explosões epizoóticas.[10] Essa proteína é uma variante alternativamente dobrada da proteína priônica celular, PrPC, que é uma proteína regular ancorada à GPI e que está presente na superfície celular de neurônios e outros tipos de células.[11]

Através de ressonância magnética (RM) da sequência completa da proteína PrPSc foi observado que a sua sequência de aminoácidos é idêntica à deduzida da sequência do gene da Prn-p, o gene codificador da proteína, eliminando assim qualquer variação na sequência pós-transcricional como uma das possíveis causas das propriedades patogênicas da PrPSc. Além disso, estudos de espectrometria de massa no modelo da PrPSc planejados para revelar qualquer modificação pós-traducional não caracterizada previamente indicaram que, de fato, a PrPSc e a PrPC são quimicamente idênticas. Assim, embora não se possa descartar a possibilidade de que uma pequena fração da PrPSc seja quimicamente modificada então tenha sido eliminada, parece mais provável que a PrPSc e a PrPC difiram apenas quanto às suas estruturas secundárias e/ou terciárias.[2] Infelizmente, a insolubilidade da PrPSc impede que a sua estrutura seja determinada.[2] Entretanto, algumas análises mostram que, de fato, as conformações da PrPSc e da PrPC são bem diferentes. A PrPC tem um alto conteúdo de hélices α (cerca de 40%), mas poucas folhas β (cerca de 3%) (de acordo com as estruturas de seus domínios globulares por RM), enquanto a PrPSc tem um conteúdo menor de hélices α (cerca de 30%), mas um alto conteúdo de folhas β (cerca de 45%). Em um modelo plausível da PrPSc, a sua região N-terminal dobra-se novamente formando uma estrutura chamada β-hélice, em que as folhas do polipeptídeo formam uma hélice voltada para a esquerda, contendo três fitas β paralelas. Apenas as duas hélices C-terminais de PrPC, que estão unidas por uma ligação dissulfeto, mantêm as suas conformações originais. O alto conteúdo de folhas β da PrPSc poderia, presumivelmente, facilitar a agregação da PrPSc em fibrilas amiloides.[2][11] Fica evidente, então, que a mudança conformacional de PrPC para PrPSc é autocatalítica; isto é, a PrPSc induz a PrPC a se converter em PrPSc.[11]

Nas células, a PrPSc é depositada em vesículas do citosol ao invés de ficar ancorada à superfície da membrana celular como a PrPc. As duas estão sujeitas a uma eventual degradação na célula. Entretanto, embora a PrPC seja completamente degradada, a PrPSc perde somente um segmento N-terminal de 67 resíduos de aminoácidos, formando um núcleo de 27 a 30 kDa resistente à proteólise, conhecido como PrP 27-30, que ainda exibe um alto conteúdo de folhas β. A PrP 27-30 se agrega então para formar as placas amiloides, que parecem ser diretamente responsáveis pela degeneração neuronal característica das doenças causadas por príons.[2]

Doenças priônicas

Doenças causadas por príons
Animais afetados Doença
ovinos, caprinos Paraplexia enzoótica dos ovinos[12]
bovinos Encefalopatia espongiforme bovina (BSE), Doença da vaca louca[12]
marta[12] Encefalopatia transmissível da marta (TME)
Veado-de-cauda-branca, alce, veado-mula[12] Doença emaciante crônica (CWD)
gato[12] Encefalopatia espongiforme felina (FSE)
niala, órix, kudu-grande[12] Encefalopatia de ungulados exóticos (EUE)
avestruz[13] Encefalopatia espongiforme
(Não demonstrou ser transmissível.)
Humanos Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD)[12]
Doença de Creutzfeldt–Jakob iatrogênica (iCJD)
Doença de Creutzfeldt-Jakob variante (vCJD)
Doença de Creutzfeldt-Jakob familiar (fCJD)
Doença de Creutzfeldt-Jakob esporádica (sCJD)
Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker (GSS)[12]
Insônia familiar fatal (FFI)[14]
Kuru[12]

Príons causam doença neurodegenerativa por formação de agregados extracelulares dentro do sistema nervoso central que formam placas conhecidas por amilóide, que rompem as estruturas do tecido normal. Este rompimento é caracterizado por "buracos" no tecido que resultam numa arquitetura espongiforme devido a formação de vacúolos nos neurônios.[15] Outras mudanças histológicas incluem a astrogliose e a ausência de uma reação inflamatória.[16] Enquanto o período de incubação das doenças priônicas é geralmente longo, uma vez que os sintomas aparecem, a doença progride rapidamente, levando a danos cerebrais e morte.[17] Os sintomas neurodegenerativos podem incluir convulsões, demência, ataxia e mudanças comportamentais e de personalidade.

Todas as doenças priônicas conhecidas são coletivamente denominadas de encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs), uma vez que em todas essas doenças os neurônios desenvolvem grandes vacúolos. Ao que se sabe, essas enfermidades não apresentam tratamento e são fatais.[18] Podemos citar alguns exemplos de doenças priônicas: a scrapie (do inglês scrapie: raspar), uma doença neurológica de ovinos e caprinos, assim chamada por causa da tendência que as ovelhas infectadas têm em raspar a lã (eles se esfregam contra as cercas em um esforço de se manter de pé, devido à perda da coordenação muscular); a encefalopatia espongiforme bovina (BSE ou doença da vaca louca), que afeta o gado bovino de forma semelhante; e a kuru, uma doença degenerativa do cérebro que ocorre entre os primitivos habitantes de Papua Nova Guiné (kuru significa tremores) e que é transmitida pelo ritual de canibalismo. Há também uma doença humana esporádica (aparentemente aparece de forma espontânea) com sintomas similares, a doença de Creutzfeldt-Jak.ob (DCJ), uma rara e progressiva desordem cerebelar, que se assemelha e pode ser idêntica à kuru.[2] Além dessas, outras doenças e variantes também foram observadas, conforme vemos na tabela a direta.

Várias espécies de mamíferos são afetadas pelas doenças priônicas, e as proteínas priônicas (PrP) são muito similares em todas elas.[19] Apesar da pequena variação na PrP entre diferentes espécies, é incomum uma doença priônica ser transmitida de uma espécie para outra. Entretanto, a doença de Creutzfeldt-Jakob Variante, conhecida popularmente como doença da vaca louca, é causada por um príon que tipicamente infecta bovinos, causando a encefalopatia espongiforme bovina e é transmitida através da carne infectada.[20]

Proteínas mostrando um comportamento semelhante ao dos príons são também observados em fungos, que tem sido úteis nas pesquisas para compreender os príons mamíferos. Os príons fúngicos aparentemente não causam nenhuma patologia em seus hospedeiros.

Uma vacina tem sido desenvolvida em ratos, uma pesquisa que pode fornecer informações e contribuir para o desenvolvimento de uma vacina humana de resistência à infecção priônica.[21] Adicionalmente, em 2006, cientistas anunciaram que tinham modificado geneticamente bovinos sem o gene necessário para a produção de príons - assim, teoricamente fazendo estes animais imunes a TSE.

Notas

  • Nota (a): Na língua portuguesa o termo deriva do aportuguesamento do original em inglês, sendo diferente entre as variantes europeia e brasileira.[22][23]

Referências

  1. Luketa S. (2012). «New views on the megaclassification of life» (PDF). Protistology. 7 (4): 218–237 
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