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O Presidente do Parlamento Europeu é o socialista italiano [[David Sassoli]], eleito em [[3 de julho]] de [[2019]]. | O Presidente do Parlamento Europeu é o socialista italiano [[David Sassoli]], eleito em [[3 de julho]] de [[2019]]. | ||
== História | == História == | ||
[[Imagem:Flag of the European Parliament 1973-1983.svg|thumb|esquerda|Emblema do Parlamento Europeu até 1983]] | |||
{{VT|História da União Europeia}} | |||
O | O Parlamento, assim como as outras instituições da União Europeia, não foi projetado em sua forma atual quando de sua fundação em 10 de setembro de 1952. Uma das instituições mais antigas da UE, tinha inicialmente o nome de Assembleia Comum da [[Comunidade Europeia do Carvão e do Aço]] (CECA). Tratava-se de uma uma assembleia consultiva composta por 78 parlamentares nomeados, provenientes dos parlamentos nacionais dos estados-membros, mas sem poderes legislativos.<ref name="ENA History">{{Citar web |url=https://www.cvce.eu/obj/european_parliament-en-ad6a0d57-08ef-427d-a715-f6e3bfaf775a.html |título=European Parliament |publicado=European NAvigator |data=9 de julho de 2016 |acessodata=1 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20090215140042/http://www.epp-ed.eu/group/en/chronology02.asp |título=EPP-ED Chronology - 1951-1960 |publicado=European People's Party |data=2009 |acessodata=1 de abril de 2020}}</ref> A mudança desde a sua fundação foi destacada pelo professor David Farrell, da [[Universidade de Manchester]]: "Durante grande parte de sua vida, o Parlamento Europeu poderia ter sido justamente rotulado como um 'falatório multilíngue'."<ref name="Farrell Powerful">{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?language=EN&type=IM-PRESS&reference=20070615IPR07837 |título=Professor Farrell: "The EP is now one of the most powerful legislatures in the world" |publicado=European Parliament |data=18 de junho de 2007 |acessodata=1 de abril de 2020}}</ref>{{Nota de rodapé|Em 2007, Farrell esclareceu que não era mais esta a realidade do Parlamento: "Mas este não é mais o caso: o PE é hoje uma das legislaturas mais poderosas do mundo, tanto em termos de poderes legislativos como de supervisão executiva."<ref name="Farrell Powerful"></ref>}} | ||
<ref>{{citar livro| | O desenvolvimento do Parlamento Europeu desde sua criação revela como as estruturas da UE evoluíram sem um "plano diretor" claro. Tom Reid, do ''[[The Washington Post]]'', observou: "ninguém projetaria deliberadamente um governo tão complexo e redundante quanto a UE."<ref>{{citar livro |último=Reid |primeiro=Tom |título=The United States of Europe |publicado=Penguin Books |ano=2004|local=London|página=[https://archive.org/details/unitedstatesofeu00trre/page/272 272]|url=https://archive.org/details/unitedstatesofeu00trre/page/272 |isbn=0-14-102317-1}}</ref> Até as duas sedes do Parlamento, que mudaram várias vezes, são resultado de vários acordos ou falta deles. Embora a maioria dos [[eurodeputado]]s preferisse apenas uma sede em [[Bruxelas]], na cimeira do [[Conselho Europeu]] organizada por [[John Major]] em [[Edimburgo]] em 1992, a França elaborou uma emenda ao tratado para manter permanentemente a sede do Parlamento em [[Estrasburgo]].<ref name="ENA History"/><ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20141218024117/http://www.european-council.europa.eu/media/854346/1992_december_-_edinburgh__eng_.pdf |título=European Council in Edinburgh |publicado=Conselho Europeu |data=11-12 de dezembro de 1992 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> | ||
=== Assembleia Consultiva === | |||
[[Imagem:Bundesarchiv B 145 Bild-F023908-0002, Straßburg, Tagung des Europarates.jpg|thumb|Sessão da [[Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa]] no [[Palácio da Europa]], em [[Estrasburgo]], [[França]], em janeiro de 1967]] | |||
<ref>{{ | O Parlamento Europeu não foi mencionado na [[Declaração Schuman]] original. Supunha-se ou esperava-se que as dificuldades com os britânicos fossem resolvidas para permitir que a [[Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa]] desempenhasse as funções parlamentares. Uma assembleia independente foi proposta durante as negociações sobre o Tratado: a instituição contrabalançaria e monitoraria o executivo, proporcionando legitimidade democrática.<ref name="ENA History"/> A redação do [[Tratado de Paris (1951)|Tratado de Paris de 1951]] demonstrou o desejo dos líderes de que existisse mais do que uma assembleia consultiva normal; o documento continha o termo "representantes do povo" e permitia eleições diretas. Sua importância inicial foi destacada quando foi dada à Assembleia a tarefa de elaborar o projeto de tratado para estabelecer uma Comunidade Política Europeia. Por este documento, a Assembleia foi criada em 13 de setembro de 1952 com membros extras,<ref>{{Citar web |url=http://aei.pitt.edu/991/1/political_union_draft_treaty_1.pdf |título=Ad Hoc Assembly, Information and Official Documents of the Constitutional Committee, October 1952 to April 1953 |publicado=Archive of European Integration |data=1953 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> mas, após o fracasso da proposta de criação da [[Comunidade Europeia de Defesa]], o projeto foi abandonado.<ref name="ENA composition">{{Citar web |url=https://www.cvce.eu/obj/political_composition_of_the_european_parliament_2004-en-13cdefb7-829e-4567-b709-6057d1fcb990.html |título=Composition of the European Parliament |publicado=Composition of the European Parliament |data=2004 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> | ||
Ainda assim, a [[Comunidade Económica Europeia]] e a [[Comunidade Europeia da Energia Atómica]] foram estabelecidas em 1958 pelos [[Tratado de Roma (1957)|Tratados de Roma]]. A Assembleia Comum foi compartilhada pelas três comunidades (que tinham executivos separados) e mudou seu nome para Assembleia Parlamentar Europeia.<ref name="ENA History"/> A primeira reunião foi realizada em 19 de março de 1958, tendo sido organizada na cidade de [[Luxemburgo]]; [[Robert Schuman]] foi eleito presidente e em 13 de maio os parlamentares sentaram-se de acordo com suas ideologias políticas e não pela nacionalidade.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20121022231815/http://europa.eu/about-eu/eu-history/1945-1959/1958/index_en.htm |título=1945–1959 The beginnings of cooperation: 1958S |publicado=European Parliament |data=22 de outubro de 2012 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> Isto é visto como o nascimento do Parlamento Europeu moderno, com as comemorações dos 50 anos do Parlamento ocorrendo em março de 2008 em vez de 2002.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+IM-PRESS+20080311IPR23707+0+DOC+XML+V0//EN |título=50th anniversary of the European Parliament celebrated in Strasbourg |publicado=European Parliament |data=12 de março de 2008 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> | |||
As três comunidades [[Tratado de Fusão|fundiram]] suas instituições restantes e passaram a se chamar Comunidades Europeias em 1967, e o nome do órgão legislativo foi alterado para o atual nome de "Parlamento Europeu" em 1962.<ref name="ENA History"/> Em 1970, o Parlamento obteve poder sobre algumas áreas do [[Orçamento da União Europeia|orçamento das Comunidades]], que foram ampliadas para todo o orçamento em 1975.<ref>{{Citar web |url=https://www.cvce.eu/obj/power_of_the_purse_of_the_european_parliament-en-f0eebff2-b760-467d-951c-7ef14a350199.html |título=Power of the purse of the European Parliament |publicado=European NAvigator |data=9 de julho de 2006 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> Nos termos dos Tratados de Roma, o Parlamento deveria ter sido eleito. No entanto, antes disso o Conselho precisaria adotar um sistema de votação uniforme, o que não conseguiu fazer. O Parlamento ameaçou levar o Conselho ao Tribunal de Justiça Europeu; houve o compromisso pelo qual o Conselho concordaria com as eleições, mas a questão sobre os sistemas de votação seria adiada para uma data posterior.<ref name="Hoskyns">{{citar livro |último=Hoskyns |primeiro=Catherine |autor2=Michael Newman |título=Democratizing the European Union: Issues for the twenty-first Century (Perspectives on Democratization) |publicado=Manchester University Press |ano= 2000 |isbn=978-0-7190-5666-6}}</ref> | |||
== | === Parlamento eleito === | ||
[[Imagem:Europa Parlament 1985.jpg|thumb|esquerda|Sessão plenária no Palácio da Europa, em abril de 1985]] | |||
As | Em 1979, seus membros foram [[Eleições na União Europeia|eleitos diretamente]] pela [[Eleições parlamentares europeias de 1979|primeira vez]]. As eleições diferenciam o Parlamento Europeu de instituições similares, como a [[Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa]] e o [[Parlamento Pan-Africano]], que nomeiam seus membros.<ref name="ENA History"/><ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070609093551/http://assembly.coe.int/Main.asp?Link=%2FAboutUs%2FAPCE_framework.htm |título=Framework |publicado=Council of Europe |data=2007 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070929025936/http://www.pan-africanparliament.org/AboutPAP_Overview.aspx |título=Overview of the Pan-African Parliament |publicado=Pan-African Parliament |data=2007 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> Após essa primeira eleição, o parlamento realizou sua primeira sessão em 11 de julho de 1979, elegendo [[Simone Veil]] como presidente. Veil também foi a primeira mulher a presidir o Parlamento desde que foi formado como Assembleia Comum.<ref>{{Citar web |url=https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/06/30/Quem-foi-Simone-Veil-e-quais-foram-suas-contribui%C3%A7%C3%B5es-para-os-direitos-das-mulheres |título=Quem foi Simone Veil e quais foram suas contribuições para os direitos das mulheres |publicado=Nexo |autor=Juliana Domingos de Lima |data=30 de junho de 2017 |acessodata=1 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://aei.pitt.edu/59609/ |título=The directly elected European Parliament: First session. European Community News No. 25/1979, 11 July 1979 |publicado=University of Pittsburgh |data=15 de janeiro de 2015 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> | ||
Como um órgão eleito, o Parlamento começou a elaborar propostas relativas ao funcionamento da UE. Em 1984, por exemplo, inspirado em seus trabalhos anteriores sobre a Comunidade Política Europeia, redigiu o "projeto de Tratado que institui a União Europeia" (também conhecido como "Plano Spinelli", em homenagem ao deputado relator [[Altiero Spinelli]]). Embora não tenha sido adotado, muitas de suas ideias foram implementadas posteriormente por outros tratados.<ref>{{Citar web |url=https://www.cvce.eu/obj/the_european_parliament_s_proposals-en-9169f4c4-6aa2-40d7-af99-9004fb85332c.html |título=The European Parliament's proposals |publicado=CVCE |data=8 de julho de 2016 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> Além disso, o Parlamento começou a deliberar sobre as nomeações de presidentes da Comissão a partir da década de 1980. Além disso, o Parlamento começou a votar nos presidentes da Comissão propostos a partir da década de 1980.<ref name="Commission Appointment">{{Citar web |url=http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+PRESS+BI-20041022-1+0+DOC+XML+V0//EN |título=Oversight over the Commission and Council |publicado=European Parliament |data=22 de outubro de 2014 |acessodata=3 de abril de 2020}}</ref> | |||
Desde que passou a ter seus eurodeputados escolhidos pelo voto popular, a composição do Parlamento Europeu simplesmente se expandiu sempre que novas nações se uniram ao bloco (a composição também foi ajustada para aumentar seu número de membros em 1994 após a [[Reunificação da Alemanha]]). Depois disso, o [[Tratado de Nice]] impôs um limite ao número de membros a serem eleitos: 732.<ref name="ENA History"/> | |||
Assim como as outras instituições, a sede do Parlamento ainda não estava fixada. As disposições provisórias situaram o Parlamento em Estrasburgo, enquanto a Comissão e o Conselho tiveram as suas sedes em Bruxelas. Em 1985, o Parlamento, desejando estar mais próximo dessas instituições, construiu uma segunda câmara em Bruxelas e transferiu parte de seu trabalho para lá, apesar dos protestos de alguns estados. Um acordo final foi finalmente alcançado pelo Conselho Europeu em 1992, estabelecendo que o Parlamento manteria sua sede formal em Estrasburgo, onde seriam realizadas doze sessões por ano, mas com todas as outras atividades parlamentares em Bruxelas. Tal acordo prevendo duas sedes foi contestado pelo Parlamento, mas mais tarde foi consagrado no [[Tratado de Amesterdão]]. Até hoje, a localização da instituição é uma fonte de disputa.<ref>{{Citar web |url=https://www.cvce.eu/obj/the_seats_of_the_institutions_of_the_european_union-en-cd672879-aeb1-4cad-a0c1-9e4ff75ff660.html |título=The seats of the institutions of the European Union |publicado=CVCE |data=8 de julho de 2016 |acessodata=4 de abril de 2020}}</ref> | |||
O Parlamento ganhou mais poderes por meio de sucessivos tratados, nomeadamente através da extensão do [[Procedimento legislativo da União Europeia|processo legislativo ordinário]]<ref>{{Citar web |url=https://www.cvce.eu/obj/power_to_legislate_of_the_european_parliament-en-4f35fdb4-323e-49a0-a138-5b11d701d9a3.html |título=Power to legislate of the European Parliament |publicado=CVCE |data=9 de julho de 2016 |acessodata=4 de abril de 2020}}</ref> e, em 1999, o Parlamento forçou a renúncia da Comissão liderada por [[Jacques Santer]].<ref>{{Citar web |url=http://eiop.or.at/eiop/pdf/2002-014.pdf |título=The resignation of the Santer-Commission: the impact of 'trust' and 'reputation' |publicado=European Integration Online Papers |autor=Angelina Topan |data=30 de setembro de 2002 |acessodata=4 de abril de 2020}}</ref> O Parlamento recusou-se a aprovar o orçamento da Comunidade devido a alegações de fraude e má gestão na Comissão. Os dois principais partidos assumiram uma dinâmica de oposição governamental pela primeira vez durante a crise que terminou com a renúncia em massa da Comissão, a primeira e única renúncia forçada, diante de uma censura iminente pelo Parlamento.<ref name="Ringe"/> | |||
== | === Pressão do Parlamento sobre a Comissão === | ||
[[Imagem:Flickr - europeanpeoplesparty - "I Struggle, I Overcome" - book launch (21).jpg|thumb|240px|Em 2004, o Parlamento forçou o presidente [[José Manuel Barroso]] a mudar designados para sua Comissão]] | |||
Em 2004, após a maior [[Eleições parlamentares europeias de 2004|eleição transnacional]] da história, apesar de o Conselho Europeu ter escolhido um presidente que integrava o maior grupo político, o Parlamento voltou a pressionar a Comissão. Durante as audições parlamentares sobre os comissários designados, os eurodeputados levantaram dúvidas sobre alguns deles, tendo o Comitê das Liberdades Civis rejeitado [[Rocco Buttiglione]] para o cargo de Comissário para a Justiça, Liberdade e Segurança por conta de suas opiniões sobre a homossexualidade. Foi a primeira vez que o Parlamento votou contra um comissário designado e, apesar da insistência de Barroso em Buttiglione, o legislativo forçou a retirada do comissário da equipe. Vários outros comissários também tiveram que ser retirados ou transferidos antes que o Parlamento permitisse a posse da Comissão Barroso.<ref name="IHT Butt"/><ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20051129143940/http://www.cafebabel.com/en/article.asp?T=T&Id=2620 |título=We have to democratise procedures |publicado=Café Babel |autor=Tobais Troll |data=2 de novembro de 2004 |acessodata=4 de abril de 2020}}</ref> | |||
Juntamente com a extensão do processo legislativo ordinário, o mandato democrático do Parlamento deu-lhe maior controle sobre a legislação contra as outras instituições. Ao votar a diretiva Bolkestein em 2006, o Parlamento votou por uma grande maioria a favor de mais de 400 emendas que mudaram o princípio fundamental da lei. O ''[[Financial Times]]'' descreveu a decisão nos seguintes termos:<ref name="FT CIO">{{citar livro |ultimo=Lodge |primeiro=Juliet |data=17 de setembro de 2010 |titulo=The 2009 Elections to the European Parliament |url=https://books.google.com.br/books?id=xkaEDAAAQBAJ&dq=The+2009+Elections+to+the+European+Parliament&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s |local=Reino Unido |editora=Springer |pagina=5-6 |páginas=327 |isbn=9780230297272}}</ref> | |||
{{Quote|É aí que o Parlamento Europeu repentinamente se destaca. Isso marca outra mudança de poder entre as três instituições centrais da UE. A votação da semana passada sugere que os eurodeputados eleitos diretamente, apesar de sua multiplicidade de alianças ideológicas, nacionais e históricas, começaram a se unir como uma instituição séria e eficaz da UE, assim como o [[Alargamento da União Europeia|alargamento]] complicou bastante as negociações no Conselho e na Comissão.|"Como o parlamento europeu ficou sério", ''Financial Times'', 23 de fevereiro de 2006<ref name="FT CIO"></ref>}} | |||
Em 2007, pela primeira vez, o comissário da Justiça [[Franco Frattini]] incluiu o Parlamento nas negociações sobre o segundo Sistema de Informação de Schengen, apesar de os eurodeputados precisarem apenas serem consultados em partes sobre a proposta. Após essa experiência, Frattini indicou que gostaria de incluir o Parlamento em todos os assuntos judiciais e criminais, antecipando informalmente os novos poderes que poderiam ganhar como parte do [[Tratado de Lisboa]].<ref name="Frattini 2009">{{Citar web |url=https://euobserver.com/political/25117 |título=Frattini seeks to apply new EU treaty rules before 2009 |publicado=EU Observer |autor=Mark Beunderman |data=9 de novembro de 2007 |acessodata=5 de abril de 2020}}</ref> Entre 2007 e 2009, um grupo de trabalho especial sobre reforma parlamentar implementou uma série de mudanças para modernizar a instituição, como mais tempo de fala destinado aos relatores, aumento da cooperação de comitês e outras reformas de eficiência.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?type=IM-PRESS&reference=20080116BKG18998&language=EN |título=Parliamentary reform put into practice |publicado=European Parliament |data=17 de janeiro de 2008 |acessodata=5 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+IM-PRESS+20090320IPR52228+0+DOC+XML+V0//EN |título=Parliamentary reform: third package adopted |publicado=European Parliament |data=20 de março de 2009 |acessodata=5 de abril de 2020}}</ref> | |||
=== História recente === | |||
O [[Tratado de Lisboa]] entrou em vigor em 1 de dezembro de 2009, concedendo poderes ao Parlamento sobre todo o orçamento da UE, tornando seus poderes legislativos iguais aos do Conselho em quase todas as áreas e vinculando a nomeação do presidente da Comissão às próprias eleições para o Parlamento.<ref name="Constitution info"/> Apesar de alguns pedidos para que os partidos apresentassem candidatos antecipadamente às eleições daquele ano, apenas o [[Partido Popular Europeu|PPE]] (que reafirmou sua posição como maior partido) havia feito isso ao apoiar Barroso em sua candidatura à reeleição.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20080227034911/http://www.epin.org/pdf/comment_Hughes2_june03.pdf |título=Nearing Compromise as Convention goes into Final Week? |publicado=Kirsty Hughes |data=2008 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> O Parlamento acabou elegendo Barroso para um segundo mandato com 382 votos a favor, 219 contra e 119 abstenções.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20090923032006/http://www.europarl.europa.eu/news/expert/infopress_page/008-60584-257-09-38-901-20090911IPR60583-14-09-2009-2009-false/default_en.htm |título=MEPs elect Barroso to a second term as Commission President |publicado=European Parliament |data=16 de setembro de 2009 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> Os liberais deram apoio a Barroso apenas depois que ele fez várias concessões.<ref>{{Citar web |url=https://www.politico.eu/article/a-second-term-but-at-what-price/ |título=A second term – but at what price? |publicado=Politico |autor=Simon Taylor |data=16 de setembro de 2009 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | |||
[[Imagem:Parliament elects Ursula von der Leyen as first female Commission President (48300922507).jpg|thumb|esquerda|240px|[[Ursula von der Leyen]] após ser eleita pelo Parlamento como presidente da Comissão Europeia, em 16 de julho de 2019]] | |||
Depois que Barroso apresentou os candidatos a integrar sua próxima Comissão, surgiu outra oportunidade de obter concessões. A candidata búlgara Rumiana Jeleva foi forçada a renunciar pelo Parlamento devido a preocupações com a sua experiência e interesses financeiros. Jeleva só teve o apoio do PPE, que começou a retaliar os candidatos de esquerda antes dela ceder e ser substituída.<ref>{{Citar web |url=https://www.politico.eu/article/how-jeleva-was-forced-out/ |título=How Jeleva was forced out |publicado=Politico |autor=Simon Taylor |data=20 de janeiro de 2010 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | |||
== | Antes da votação final sobre os indicados por Barroso para a Comissão, o Parlamento exigiu várias concessões como parte de um futuro acordo de trabalho sob o novo Tratado de Lisboa. O acordo previu algumas disposições, incluindo: o presidente do Parlamento participaria de reuniões de alto nível da Comissão; o Parlamento teria assento nas negociações internacionais lideradas pela Comissão e teria direito a informações sobre acordos. No entanto, o Parlamento conseguiu apenas um lugar de observador. O Parlamento também não se manifestou sobre a nomeação de chefes de delegação e representantes especiais para política externa, embora eles prestam contas aos parlamentares após serem designados pelo [[Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança|Alto Representante]].<ref>{{Citar web |url=https://www.politico.eu/article/meps-agree-working-relations-with-barroso/ |título=MEPs agree working relations with Barroso |publicado=Politico |autor=Simon Taylor |data=27 de janeiro de 2010 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | ||
== | Durante a criação do [[Serviço Europeu de Ação Externa]] (SEAE), o Parlamento utilizou o seu controle sobre o orçamento da União Europeia para influenciar seu formato. Os eurodeputados pretendiam supervisionar melhor o SEAE e, apesar de não conseguirem tudo o que exigiram, obtiveram controle financeiro mais amplo sobre o novo órgão.<ref name="EEAS"/><ref>{{Citar web |url=https://www.politico.eu/article/backing-of-meps-paves-way-for-launch-of-diplomatic-corps/ |título=Backing of MEPs paves way for launch of diplomatic corps |publicado=Politico |autor=Toby Vogel |data=20 de outubro de 2010 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | ||
Em 2014, o Parlamento elegeu [[Jean-Claude Juncker]] para a presidência da Comissão com 422 votos a favor.<ref>{{Citar web |url=http://www.rfi.fr/br/europa/20140715-jean-claude-juncker-e-eleito-presidente-da-comissao-europeia |título=Jean-Claude Juncker é eleito presidente da Comissão Europeia |publicado=RFI |data=15 de julho de 2014 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> Em 2019, a ministra alemã [[Ursula von der Leyen]] foi eleita pelos eurodeputados para suceder Juncker por 383 votos a favor a 327 contrários. A votação, apenas nove votos acima da maioria requerida, foi a menor já concedida pelo Parlamento a um presidente da Comissão desde que passou a confirmar as nomeações para o cargo, em 2008.<ref>{{Citar web |url=https://www.ft.com/content/138afa0e-a7df-11e9-984c-fac8325aaa04 |título=Ursula von der Leyen survives tight vote to win EU top job |publicado=Financial Times |autor=Alex Barker e Mehreen Khan |data=16 de julho de 2014 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://oglobo.globo.com/mundo/alema-ursula-von-der-leyen-a-primeira-mulher-ocupar-presidencia-da-comissao-europeia-23811270 |título=Alemã Ursula von der Leyen é a primeira mulher a ocupar a presidência da Comissão Europeia |publicado=O Globo |obra=O Globo e El País |data=16 de julho de 2014 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | |||
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== | == Poderes e funções == | ||
{{Política da União Europeia}} | |||
=== [ | O Parlamento e o Conselho foram comparados com as duas câmaras de uma [[Bicameralismo|legislatura bicameral]].<ref>{{Citar web |url=https://epthinktank.eu/2013/01/25/bicameral-traits-at-eu-level/ |título=Bicameral Traits At EU Level |publicado=European Parliamentary Research Service |data=25 de janeiro de 2013 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> No entanto, existem algumas diferenças em relação às legislaturas nacionais; por exemplo, nem o Parlamento nem o Conselho possuem o poder da iniciativa legislativa (exceto pelo fato de o Conselho ter este poder em algumas questões intergovernamentais). Em questões que envolvem a UE, essa é uma prerrogativa exclusivamente reservada à Comissão Europeia (o executivo). Assim, embora o Parlamento possa apresentar emendas ou rejeitar um [[projeto de lei]], apenas a Comissão pode apresentá-lo.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/ftu/pdf/en/FTU_1.3.8.pdf |título=THE EUROPEAN COMMISSION |publicado=European Parliament |autor=Giorgio Mussa |data=Novembro de 2019 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> A importância deste poder exclusivo do executivo foi questionado ao se observar que, nas legislaturas nacionais dos Estados membros, 85% das iniciativas apresentadas sem o apoio do executivo fracassaram.<ref name="Kreppel">{{citar livro |ultimo=Menon |primeiro=Anand |ultimo2=Schain |primeiro2=Martin |data=16 de novembro de 2006 |titulo=Comparative Federalism: The European Union and the United States in Comparative Perspective |url=https://books.google.com.br/books?id=JdkSDAAAQBAJ&dq=Comparative+Federalism:The+European+Union+and+the+United+States+in+Comparative+Perspective:+The+European+Union+and+the+United+States+in+Comparative+Perspective&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s |local=Oxford |editora=Oxford University Press |pagina=245–274 |páginas=373 |isbn=9780199291106}}</ref> Por outro lado, o ex-presidente do Parlamento [[Hans-Gert Pöttering]] argumentou que, como o Parlamento tem o direito de solicitar à Comissão que elabore uma legislação, e como o executivo segue as propostas do legislativo, cada vez mais o Parlamento possui, ''[[de facto]]'', o direito de iniciativa legislativa.<ref name="Pot initiative">{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20110524113601/http://www.theparliament.com/policy-focus/foreign-affairs/foreign-affairs-article/newsarticle/poettering-defends-parliaments-role-at-eu-summits/ |título=Pöttering defends parliament's role at EU summits |publicado=The Parliament Magazine |autor=Matt Williams |data=24 de junho de 2008 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | ||
Há também um papel indireto na política externa uma vez que o Parlamento deve aprovar todas as doações destinadas para o desenvolvimento, inclusive ao exterior. Por exemplo, o apoio à reconstrução do Iraque no [[Guerra do Iraque|pós-guerra]], ou os incentivos à cessação do [[Programa nuclear iraniano|desenvolvimento nuclear iraniano]], precisavam do apoio do Parlamento. Também foi necessário o apoio dos eurodeputados para o acordo transatlântico de compartilhamento de dados de passageiros com os Estados Unidos.<ref>{{citar livro |último=Schnabel |primeiro=Rockwell |autor2=Francis Rocca |título=The Next Superpower?: the Rise of Europe and its Challenge to the United States |publicado=Rowman & Littlefield Publishers |ano=2005 |local=Oxford |página=111 |isbn=978-0-7425-4548-9}}</ref> Por último, o Parlamento realiza votações não vinculativas sobre novos tratados da UE, sem poder de [[veto]]. No entanto, quando o Parlamento ameaçou derrubar o Tratado de Nice, os parlamentos [[Parlamento Federal da Bélgica|belga]] e [[Parlamento da Itália|italiano]] disseram que vetariam o tratado em nome do Parlamento Europeu.<ref>{{Citar web |url=https://euobserver.com/news/1249 |título=No guarantee EP will back Treaty of Nice |publicado=Euobserver |autor=Lisbeth Kirk |data=11 de janeiro de 2001 |acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> | |||
=== Processo legislativo === | |||
Com cada novo tratado, os poderes do Parlamento, em termos de seu papel nos [[Procedimento legislativo da União Europeia|procedimentos legislativos da UE]], foram ampliados. O procedimento que lentamente se tornou dominante é o "processo legislativo ordinário" (anteriormente denominado "processo de co-decisão"), que oferece uma base de igualdade entre o Parlamento e o Conselho. Em particular, de acordo com o procedimento, a Comissão apresenta uma proposta ao Parlamento e ao Conselho, que só pode se tornar lei se ambos concordarem com o texto, o que as instituições fazem (ou não) por meio de sucessivas leituras. O número de leituras, contudo, é limitado a três. Na sua primeira leitura, o Parlamento pode enviar alterações ao Conselho, que pode adotar o texto com essas alterações ou devolvê-lo com uma "posição comum". Essa posição pode ser aprovada pelo Parlamento, que pode rejeitar o texto por maioria absoluta, causando a sua rejeição, ou ainda adotar outras alterações, também por maioria absoluta. Se o Conselho não aprovar, é formado um "Comitê de Conciliação". O Comitê é composto pelos membros do Conselho, além de um número igual de eurodeputados que buscam concordar com um compromisso. Uma vez que um acordo é obtido, uma posição deve ser aprovada pelo Parlamento, por maioria simples.<ref name="Parliament's powers">{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/about-parliament/en/powers-and-procedures/legislative-powers |título=Legislative powers |publicado=European Parliament |data= |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20071011040316/http://europa.eu/institutions/decision-making/index_en.htm |título=Decision-making in the European Union |publicado=European Parliament |data=2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> O processo também é auxiliado pelo mandato do Parlamento como a única instituição diretamente democrática, o que lhe deu margem de manobra para ter maior controle sobre a legislação do que outras instituições; isso ocorreu, por exemplo, com as mudanças na diretiva Bolkestein em 2006.<ref name="FT CIO"/> | |||
[[Imagem:European Parliament Strasbourg Hemicycle - Diliff.jpg|thumb|260px|Hemiciclo do Parlamento Europeu em Estrasburgo durante uma sessão plenária em 2014]] | |||
O | As poucas outras áreas que operam sob os "procedimentos legislativos especiais" são justiça e assuntos internos, orçamento e tributação e certos aspectos de outras áreas, como os aspectos fiscais da política ambiental. Nestas áreas, apenas o Conselho ou o Parlamento definem, sozinhos, a lei.<ref name="lisbon explain"/> O procedimento também depende de qual tipo de ato institucional está sendo usado.<ref name="lisbon explain"/> O ato mais forte é um [[Regulamento (União Europeia)|regulamento]], um [[Ato do Parlamento|ato]] ou lei que é diretamente aplicável em sua totalidade. Depois, há [[Diretiva (União Europeia)|diretivas]] que vinculam os Estados membros a certos objetivos que eles devem alcançar. Os Estados fazem isso através de suas próprias leis e, portanto, têm espaço de manobra para decidir sobre elas. Uma decisão é um instrumento focado em uma pessoa ou grupo específico e é diretamente aplicável. As instituições também podem emitir meras recomendações e opiniões, que não são vinculativas.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070708114002/http://europa.eu/scadplus/glossary/community_legal_instruments_en.htm |título=Community legal instruments |publicado=European Parliament |data=2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Há um documento adicional que não segue os procedimentos normais: a "declaração escrita", que é semelhante a uma moção usada nos primeiros dias do [[Sistema Westminster]]. Trata-se de um documento proposto por até cinco eurodeputados sobre um assunto relacionado às atividades da UE, sendo utilizado para iniciar um debate sobre esse assunto. Colocados fora da entrada do hemiciclo, os eurodeputados podem assinar a declaração e, se a maioria o fizer, ela é encaminhada ao presidente e anunciada ao pleno antes de ser encaminhada às demais instituições e formalmente anotada na ata.<ref>{{Citar web |url=https://www.theparliamentmagazine.eu/articles/opinion/should-european-parliament-call-time-its-written-declarations-procedure |título=Should the European Parliament call time on its Written Declarations procedure? |publicado=The Parliament Magazine |autor=Kaja Kallas |data=12 de julho de 2016 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | ||
=== Orçamento === | |||
O poder legislativo detém oficialmente a autoridade orçamental da União Europeia, com seus poderes tendo sido adquiridos através dos Tratados Orçamentários da década de 1970 e do Tratado de Lisboa. O orçamento da UE está sujeito a uma forma de processo legislativo ordinário, com uma única leitura que confere ao Parlamento o poder sobre todo o orçamento (antes de 2009, a sua influência era limitada a determinadas áreas) em pé de igualdade com o Conselho. Se houver um desacordo entre eles, este será levado a um comitê de conciliação, assim como as propostas legislativas. Se o texto conjunto da conciliação não for aprovado, o Parlamento poderá aprovar definitivamente o orçamento.<ref name="lisbon explain">{{Citar web |url=http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=MEMO/09/531 |título=Explaining the Treaty of Lisbon |publicado=European Parliament |data=1 de dezembro de 2009 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
==== | O Parlamento também é responsável pelo cumprimento da execução dos orçamentos anteriores, com base no relatório anual do [[Tribunal de Contas Europeu]]. Os eurodeputados rejeitaram o orçamento apenas duas vezes, em 1984 e em 1998. Na última ocasião, a decisão levou à renúncia da Comissão Santer, destacando como o poder orçamentário confere ao Parlamento um grande poder sobre a Comissão.<ref name="Hoskyns"/><ref name="Ringe"/><ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/election/bilan/en/pf1901en.htm |título=Budgetary control : 1996 discharge raises issue of confidence in the Commission |publicado=European Parliament |data=1999 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> O Parlamento também exerce amplo uso de seus poderes orçamentários em outras ocasiões; por exemplo, na criação do [[Serviço Europeu de Ação Externa]], o Parlamento detinha o poder de veto de fato sobre a sua concepção, uma vez que precisava aprovar as alterações orçamentárias e de pessoal.<ref name="EEAS">{{Citar web |url=http://euobserver.com/24/29916 |título=Member states to signal broad backing for diplomatic service blueprint |publicado=EU Observer |autor=Honor Mahoney |data=23 de abril de 2010 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | ||
=== | === Controle do executivo === | ||
O [[Presidente da Comissão Europeia|presidente da Comissão Europeia]] é proposto pelo Conselho Europeu com base nos resultados das eleições para o Parlamento.<ref name="Constitution info">{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20090201174755/http://europa.eu/scadplus/constitution/parliament_en.htm |título=The Union's institutions: The European Parliament |publicado=European Parliament |data=2009 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> O indicado para o cargo deve ser aprovado pelo Parlamento por maioria simples. Após a aprovação do presidente da Comissão, os membros da Comissão são propostos pelo presidente de acordo com os Estados membros. Cada comissário é submetido a uma audiência na comissão parlamentar responsável pelo portfólio para o qual é nomeado a liderar. São então, como um todo, aprovados ou rejeitados pelo Parlamento.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+PRESS+BI-20041022-1+0+DOC+XML+V0//EN |título=Background Information: Election of the European Commission |publicado=European Parliament |data=2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref><ref name="Commission Oversight">{{Citar web |url=https://europarl.europa.eu/about-parliament/en/powers-and-procedures/supervisory-powers |título=Supervisory powers |publicado=European Parliament |data= |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
O Parlamento nunca votou contra um presidente ou a sua Comissão, o que contudo parecia provável quando a Comissão Barroso foi apresentada. A pressão resultante forçou a retirada de alguns integrantes propostos inicialmente e mudou para que fosse mais aceitável pelo legislativo.<ref name="IHT Butt">{{Citar web |url=https://www.nytimes.com/2004/10/18/news/buttiglione-affair-highlights-evolving-role-of-parliament-questions.html |título=Buttiglione affair highlights evolving role of Parliament: Questions arise on democracy at the EU |publicado=The New York Times |autor=Graham Bowley |data=18 de outubro de 2004 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Tal pressão foi vista como um sinal importante por parte da natureza evolutiva do Parlamento e de sua capacidade de responsabilizar a Comissão, em vez de ser um carimbo de aprovação para os candidatos. Além disso, ao votar na Comissão, os eurodeputados também votaram seguindo linhas partidárias, e não nacionais, apesar da pressão frequente dos governos nacionais sobre os seus representantes. Essa coesão e vontade de usar o poder parlamentar garantiram maior atenção dos líderes nacionais, outras instituições e do público–que anteriormente conferiu a menor participação de todos os tempos nas eleições legislativas.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070610003606/http://www.cer.org.uk/articles/39_murray.html |título=Three cheers for EU democracy |publicado=Open Europe |autor=Alasdair Murray |data=2004 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
O Parlamento também tem o poder de censurar a Comissão se tiver uma maioria de dois terços, o que forçará a renúncia de todos os seus integrantes. Assim como acontece com a aprovação, esse poder nunca foi usado, mas foi ameaçado contra a Comissão Santer, que posteriormente renunciou por vontade própria. Existem alguns outros controles, tais como: a necessidade da Comissão apresentar relatórios ao Parlamento e responder a perguntas dos eurodeputados; a exigência do presidente em exercício do Conselho de apresentar seu programa de governo no início de seu mandato; a obrigação do presidente do Conselho Europeu de apresentar um relatório ao Parlamento após cada uma das suas reuniões; o direito dos eurodeputados de apresentar propostas legislativas e políticas à Comissão; e o direito de questionar os membros dessas instituições.<ref name="Commission Appointment"/><ref name="Commission Oversight"/> Atualmente, os legisladores podem fazer uma pergunta sobre qualquer assunto; em julho de 2008 os eurodeputados decidiram limitar as perguntas àqueles em exercício do mandato e proibir questões ofensivas ou pessoais.<ref>{{Citar web |url=https://euobserver.com/institutional/26468 |título=New rules to make it harder for MEPs to form political groups |publicado=EU Observer |autor=Honor Mahony |data=9 de julho de 2008 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
== | === Poderes de supervisão === | ||
O Parlamento também possui outros poderes de supervisão geral, concedidos principalmente pelo [[Tratado de Maastricht]].<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070209191039/http://www.europarl.europa.eu/news/public/story_page/008-2784-036-02-06-901-20070206STO02783-2007-05-02-2007/default_en.htm |título=Maastricht Treaty 15 years on: birth of the "European Union" |publicado=European Parliament |data=7 de fevereiro de 2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> O Parlamento tem o poder de criar uma Comissão de Inquérito, por exemplo, sobre [[Encefalopatia espongiforme bovina|doenças da vaca louca]] ou voos com detentos da CIA–o primeiro levou à criação da [[Agência Europeia de Medicamentos]]. O Parlamento pode pedir a outras instituições para responderem a perguntas e, se necessário, levá-las ao [[Tribunal de Justiça da União Europeia|tribunal]] se violarem a lei ou os tratados da UE.<ref name="supervisory">{{Citar web |url=https://europarl.europa.eu/about-parliament/en/powers-and-procedures/supervisory-powers |título=Supervisory powers |publicado=European Parliament |data=2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Ademais, delibera sobre a nomeação dos membros do Tribunal de Contas<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+RULES-EP+20070101+RULE-101+DOC+XML+V0//EN&language=EN&navigationBar=YES |título=Rules of Procedure of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=Janeiro de 2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> e do Banco Central Europeu. O presidente do banco também é obrigado a apresentar um relatório anual ao legislativo.<ref name="supervisory"/> | |||
O [[Provedor de Justiça Europeu]], que lida com queixas públicas contra todas as instituições, é eleito pelo Parlamento.<ref name="supervisory"/> As petições também podem ser apresentadas por qualquer [[Cidadania da União Europeia|cidadão da UE]] sobre um assunto dentro da esfera de atividades do bloco. A Comissão das Petições ouve casos, cerca de 1.500 por ano, às vezes apresentados pelos próprios cidadãos no Parlamento. Enquanto o Parlamento tenta resolver a questão como mediador, a instituição recorre a processos legais se for necessário resolver a disputa de cidadãos.<ref>{{Citar web |url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/7075573.stm |título=MEPs get taste of people power |publicado=BBC News |autor=Mark Rickards |data=3 de novembro de 2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
== Membros == | |||
{| class="wikitable" style="float: right; margin: 0 1em 0.5em; clear:right" | |||
|+ '''Número de eurodeputados por país (total de 705)''' | |||
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{|style="font-size: 90%; width: 290px;" cellpadding="1" cellspacing="0" | |||
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| style="border-top: 1px solid #aaaaaa;" |{{FRA}} || style="border-top: 1px solid #aaaaaa;" | <div style="width: 74px; height: 4px; background: #555555;"></div> || style="border-top: 1px solid #aaaaaa;" | 79 (11,21%) | |||
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Os parlamentares são conhecidos em inglês como membros do Parlamento Europeu (MEPs)<ref name="Eurodeputados">{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/meps/en/about#sixthanchor |título=About MEPs |publicado=European Parliament |data= |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> e, em português, como eurodeputados.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/news/pt/faq/16/o-que-e-o-parlamento-europeu |título=O que é o Parlamento Europeu? |publicado=Parlamento Europeu |data= |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Os eurodeputados são eleitos a cada cinco anos por [[sufrágio universal]] e sentam-se de acordo com a filiação política;<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/factsheets/en/sheet/20/the-european-parliament-organisation-and-operation |título=The European Parliament: organisation and operation |publicado=Europe Parliament |autor=Eeva Pavy |data=Fevereiro de 2020 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> 40,4% dos eurodeputados eleitos para a atual legislatura (2019-2024) eram mulheres.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/news/en/headlines/society/20190226STO28804/women-in-the-european-parliament-infographics |título=Women in the European Parliament (infographics) |publicado=Europe Parliament |data=7 de março de 2019 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Antes de 1979, eram designados por seus parlamentos nacionais.<ref name="ENA composition"/><ref>{{Citar web |url=https://europarl.europa.eu/about-parliament/en/in-the-past |título=In the past |publicado=Europe Parliament |data= |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Em 2017, estimou-se que 17 eurodeputados não eram brancos.<ref>{{Citar web |url=https://www.politico.eu/article/brexit-diversity-exits-the-eu-brussels/amp/ |título=When Britain exits the EU, its diversity departs too |publicado=Politico |autor=Ginger Hervey |data=12 de novembro de 2017 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Destes, três eram negros; se os números fossem proporcionais à população da UE, 22 seriam negros.<ref>{{Citar web |url=https://www.theguardian.com/world/2018/aug/29/eu-is-too-white-brexit-likely-to-make-it-worse |título=The EU is too white – and Brexit likely to make it worse, MEPs and staff say |publicado=The Guardian |autor=Jennifer Rankin |data=29 de agosto de 2018 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
Nos termos do Tratado de Lisboa, os assentos são atribuídos a cada país de acordo com sua população, com o número máximo fixado em 751 (no entanto, como o presidente não pode votar enquanto estiver no exercício da presidência, haverá apenas 750 membros votantes a qualquer momento).<ref>{{Citar web |url=https://euobserver.com/institutional/25001 |título=EU agrees new 'Lisbon Treaty' |publicado=EU Observer |autor=Renata Goldirova |data=19 de outubro de 2017 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Desde 1 de fevereiro de 2020, o Parlamento conta com 705 eurodeputados (incluindo o presidente), uma vez que os representantes do [[Reino Unido]] deixaram de integrar a instituição por conta do [[Saída do Reino Unido da União Europeia|Brexit]].<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/news/en/press-room/20200130IPR71407/redistribution-of-seats-in-the-european-parliament-after-brexit |título=Redistribution of seats in the European Parliament after Brexit |publicado=Europe Parliament |data=31 de janeiro de 2020 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
Atualmente, a representação está limitada a um máximo de 96 assentos e um mínimo de 6 assentos por país, e as vagas são distribuídas de acordo com a "proporcionalidade degressiva", ou seja, quanto mais populoso for o Estado-membro, maior será a quantidade de eurodeputados a que tem direito. No entanto, como resultado do mecanismo de distribuição utilizado, os eleitores malteses e luxemburgueses têm cerca de 10 vezes mais influência por eleitor do que os cidadãos dos seis grandes países.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/news/pt/faq/0/como-sao-eleitos-os-deputados-ao-parlamento-europeu |título=Como são eleitos os deputados ao Parlamento Europeu? |publicado=Europe Parliament |data=2019 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Em 2011, a Alemanha contava com um eurodeputado a cada 820.000 habitantes, enquanto Luxemburgo tinha um eurodeputado para cada 65.000 habitantes.<ref>{{Citar web |url=http://www.leeds.ac.uk/politics/cbl/int/ep/mep.htm |título=Allocation of seats by member states |publicado=University of Leeds |data= |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref><ref>{{citar livro |ultimo=Corbett |primeiro=Richard |ultimo2=Jacobs |primeiro2=Francis |ultimo3=Shackleton |primeiro3=Michael |data=2011 |titulo=The European Parliament |url=https://books.google.com.br/books?id=K8r4tgAACAAJ&dq=The+European+Parliament+2011&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi6kePShtfoAhUEH7kGHcHSDLwQ6AEIKDAA |local=Londres |editora=John Harper |paginas=437 |isbn=9780956450852}}</ref> | |||
O novo sistema implementado sob o Tratado de Lisboa, incluindo a revisão do número de assentos bem antes das eleições, teve como objetivo evitar a prática da barganha política quando as alocações precisassem ser revisadas para refletir as mudanças demográficas.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+IM-PRESS+20070927BRI10862+ITEM-002-EN+DOC+XML+V0//EN&language=EN |título=Distribution of EP seats: Constitutional Affairs Committee approves proposal |publicado=Europe Parliament |data=4 de outubro de 2007 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
Em quatro Estados-membros da União Europeia (Bélgica, Irlanda, Itália e Polônia), o território nacional foi dividido em vários [[Distrito eleitoral|distritos eleitorais]] para a eleição dos eurodeputados. Nos demais Estados, o país inteiro forma um único distrito eleitoral. Ademais, todos os países realizam suas eleições para o Parlamento Europeu utilizando várias formas de [[representação proporcional]].<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/factsheets/en/sheet/21/the-european-parliament-electoral-procedures |título=The European Parliament: electoral procedures |publicado=Europe Parliament |autor=Marion Schmid-Drüner |data=Janeiro de 2020 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
=== Compensações === | |||
Antes de 2009, os eurodeputados recebiam o mesmo salário que os integrantes dos parlamentos de seu país. No entanto, a partir de 2009, um novo estatuto entrou em vigor, conferindo a todos os parlamentares um salário mensal igualitário, de €8.757,70 em 2018, sujeito a um imposto da UE que também pode ser tributado nacionalmente. Os eurodeputados possuem direito a uma pensão, paga pelo Parlamento, a partir dos 63 anos de idade. Também recebem subsídios para custear seus escritórios e despesas de viagem, com base no custo real.<ref name="Eurodeputados"></ref> Além das compensações financeiras, os eurodeputados recebem vários privilégios e imunidades. Para garantir sua livre circulação de e para o Parlamento, eles recebem pelos seus próprios estados as facilidades concedidas a altos funcionários, como representantes estrangeiros. Quando em seu próprio país, dispõem de todas as imunidades concedidas aos parlamentares nacionais e, em outros Estados-membros, contam com imunidade a detenções e procedimentos legais. No entanto, a imunidade não pode ser invocada quando um parlamentar é flagrado cometendo uma infração penal e o Parlamento também tem o direito de retirar a imunidade de qualquer eurodeputado.<ref>{{Citar web |url=https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A12012E%2FPRO%2F07 |título=7. Protocol on the privileges and immunities of the European Union" |publicado=Eur-Lex |data=26 de outubro de 2012 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
=== Grupos políticos === | |||
Os eurodeputados estão organizados em oito [[Grupo parlamentar|grupos parlamentares]] diferentes, incluindo trinta membros [[Não inscritos (Parlamento Europeu)|não inscritos]]. Os dois maiores grupos são o [[Partido Popular Europeu]] (PPE) e os [[Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas|Socialistas e Democratas]] (S&D). Estes dois grupos dominaram o Parlamento por grande parte de sua existência, com ambos controlando continuamente entre 50% e 70% de seus assentos. Nenhum grupo teve sozinho a maioria do Parlamento.<ref>{{Citar web |url=https://assets.cambridge.org/97805218/06251/sample/9780521806251ws.pdf |título=The European Parliament and Supranational Party System |publicado=Cambridge University Press |autor=Amie Kreppel |data=2002 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Como resultado de serem amplas alianças de partidos nacionais, os partidos que compõem os grupos parlamentares são muito descentralizados e, portanto, possuem mais em comum com partidos políticos em estados federais como a Alemanha ou os Estados Unidos do que estados unitários, como a maioria dos países da UE.<ref name="Kreppel"/> Ainda assim, os grupos europeus foram mais coesos do que os congressistas [[Partido Democrata (Estados Unidos)|democratas]] e [[Partido Republicano (Estados Unidos)|republicanos]] entre 2004 e 2009.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?language=en&type=IM-PRESS&reference=20090911STO60546 |título="What to expect in the 2009-14 European Parliament": Analysis from a leading EU expert |publicado=Europe Parliament |data=11 de setembro de 2009 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> | |||
==== | Os grupos são frequentemente baseados em um único [[partido político europeu]], como o Partido Popular Europeu. Porém, podem, como o grupo liberal, incluir mais de um partido europeu, além de partidos nacionais e independentes.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20071019072737/http://www.civitas.org.uk/eufacts/download/CIT.3.EU%20Political%20Parties.pdf |título=Party Politics in the EU |publicado=Civitas |autor=Gregory Lowe |data=Maio de 2006 |acessodata=7 de abril de 2020}}</ref> Para que um grupo seja reconhecido, é necessário que seja composto por ao menos 25 deputados de sete países diferentes.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20080802225935/http://www.europarl.europa.eu/news/expert/infopress_page/009-33698-189-07-28-901-20080708IPR33697-07-07-2008-2008-false/default_en.htm |título=European Parliament increases threshold to form a political group |publicado=Europe Parliament |data=9 de julho de 2008 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Uma vez reconhecidos, os grupos recebem subsídios financeiros do Parlamento e garantem representação nas comissões, o que incentiva a criação de tais agremiações. No entanto, ocorreu alguma controvérsia com a criação do grupo [[Identidade, Tradição, Soberania]] (ITS), que durou pouco tempo, devido à sua ideologia; os membros do grupo eram de [[extrema-direita]], o que gerou preocupações sobre a destinação de dinheiro público ao ITS.<ref>{{Citar web |url=https://www.nytimes.com/2007/01/14/world/europe/14iht-right.4199708.html |título=Bulgaria and Romania bolster far right profile in EU Parliament - Europe - International Herald Tribune |publicado=The New York Times |autor=Matthew Brunwasser |data=14 de janeiro de 2007 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Houve tentativas má-sucedidas de mudar as regras para bloquear a criação do grupo, que contudo foi impedido de conquistar posições de liderança em comitês–as quais são tradicionalmente (por acordo, não regra) compartilhadas entre todos os partidos.<ref>{{Citar web |url=https://www.dw.com/en/far-right-wing-group-sidelined-in-european-parliament/a-2335201 |título=Far-Right Wing Group Sidelined in European Parliament |publicado=Deutsche Welle |data=2 de fevereiro de 2007 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Quando o ITS se envolveu em disputas internas, levando à retirada de alguns membros, seu tamanho caiu abaixo do limiar de reconhecimento, causando seu colapso.<ref>{{Citar web |url=https://euobserver.com/political/25148 |título=MEPs welcome fall of far-right group |publicado=EU Observer |autor=Honor Mahony |data=14 de novembro de 2007 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> | ||
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| | === Grande coalizão === | ||
Visto que o Parlamento não forma um governo no sentido tradicional de um sistema parlamentar, suas políticas se desenvolvem em linhas mais consensuais do que a verificada em sistemas majoritários com partidos e coligações concorrentes. Durante boa parte de sua existência, o Parlamento foi dominado por uma grande coalizão formada pelo Partido Popular Europeu e o [[Partido Socialista Europeu|Partido dos Socialistas Europeus]]. Os dois principais partidos tendem a cooperar para encontrar um compromisso entre seus dois grupos, resultando em propostas endossadas por grandes maiorias.<ref>{{Citar web |url=https://www.citypopulation.de/php/argentina-admin.php?adm1id=06 |título=Is the European Parliament competitive or consensual ... "and why bother"? |publicado=Federal Trust |autor=Pierpaolo Settembri |data=2 de fevereiro de 2007 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Contudo, isso nem sempre produz acordo, e cada um pode tentar construir outras alianças: o PPE normalmente com outros grupos de centro-direita ou direita e o PES com grupos de centro-esquerda ou esquerda. Às vezes, o voto decisivo cabe ao Grupo Liberal. Há também ocasiões em que surgiram divisões políticas partidárias muito acentuadas, por exemplo, com a renúncia da Comissão Santer.<ref name = "Ringe"/> | |||
Quando surgiram as primeiras alegações contra a Comissão Santer, elas foram dirigidas principalmente contra [[Édith Cresson]] e [[Manuel Marín]], ambos comissários socialistas. O Parlamento cogitou recursar-se a aprovar o orçamento da UE, o que o presidente Santer declarou que seria o equivalente a uma [[Moção de censura|moção de desconfiança]]. O grupo socialista apoiou a Comissão e viu a questão como uma tentativa do PPE de desacreditar seu partido antes das eleições de 1999. A líder socialista, a eurodeputada [[Pauline Green]], tentou aprovar uma moção de confiança e o PPE apresentou contra-moções. Durante esse período, os dois partidos assumiram papéis semelhantes a uma dinâmica de oposição ao governo, com os socialistas apoiando o executivo e o PPE renunciando ao apoio anterior dado à coalizão e votando contra.<ref name="Ringe"/> Tal politização tem aumentado e, em 2007, Simon Hix, da [[London School of Economics]], observou que:<ref name="Farrell Powerful"/> | |||
{{Quote|Nosso trabalho também mostra que a política no Parlamento Europeu está se tornando cada vez mais baseada em partidos e ideologias. As votações são cada vez mais divididas nas linhas esquerda-direita, e a coesão dos grupos partidários aumentou dramaticamente, principalmente na quarta e quinta legislaturas. Portanto, é provável que também haja implicações nas políticas.}} | |||
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Durante a quinta legislatura, de 1999 a 2004, houve um rompimento na grande coalizão, resultando em uma coalizão de centro-direita entre o ELDR e o PPE.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070814000107/http://www.euractiv.com/en/elections/interview-graham-watson-leader-group-liberal-democrat-meps/article-128543 |título=Interview: Graham Watson, leader of group of Liberal Democrat MEPs |publicado=Euractiv |data=15 de junho de 2004 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Isso se refletiu na presidência do Parlamento, com os mandatos sendo compartilhados entre o PPE e o ELDR, em vez de o PPE e os socialistas.<ref>{{Citar web |url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/398892.stm |título=European Parliament elects new president |publicado=BBC |data=20 de julho de 1999 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Na legislatura seguinte, o grupo liberal cresceu e elegeu 88 eurodeputados, o maior número de cadeiras até então ocupadas por uma terceira força no Parlamento.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20071205090940/http://www.grahamwatsonmep.org/news/000017/the_alliance_of_liberals_and_democrats_for_europe_is_born.html |título=The Alliance of Liberals and Democrats for Europe is born |publicado=Graham Watson |data=14 de julho de 2004 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> Nas eleições de 2019, os liberais superaram o próprio recorde ao elegerem 105 eurodeputados.<ref>{{Citar web |url=https://veja.abril.com.br/mundo/partido-popular-vence-eleicoes-europeias-marcadas-por-avanco-de-liberais/ |título=Partido Popular vence eleições europeias marcadas por avanço de liberais |publicado=Veja |obra=EFE |data=26 de maio de 2019 |acessodata=8 de abril de 2020}}</ref> | |||
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| | === Eleições === | ||
| | {{Composição do Parlamento Europeu}} | ||
| | As eleições para o Parlamento Europeu ocorrem, diretamente em todos os Estados-membros, a cada cinco anos desde 1979. Até 2019 houve nove eleições.<ref>{{Citar web |url=http://aei.pitt.edu/74900/1/European_Parliament.pdf |título=Information guide: European Parliament |publicado=European Soucers Online |autor=Kristof Kark |data=Fevereiro de 2014 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> Quando uma nação se une à UE no decorrer de uma legislatura, o país realiza eleição especial para escolher seus eurodeputados; a última vez que isso ocorreu foi em 2013, quando a [[Croácia]] ingressou no bloco.<ref>{{Citar web |url=https://www.euractiv.com/section/elections/news/croatia-s-first-european-election-marked-by-low-turnout/ |título=Croatia’s first European election marked by low turnout |publicado=Euractiv |data=15 de abril de 2013 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> As eleições ocorrem durante quatro dias, de acordo com o costume local e, além de ser proporcional, o sistema eleitoral é escolhido pelo Estado-membro.<ref>{{Citar web |url=https://www.bbc.com/news/world-europe-48198648 |título=European elections 2019: How does voting work? |publicado=BBC |data=24 de maio de 2019 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> Isso inclui a distribuição dos assentos por distritos subnacionais; enquanto a maioria dos membros utilizam listas nacionais, alguns países, como o Reino Unido e a Polônia, dividem os eurodeputados entre regiões.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20070617144910/http://www.europarl.europa.eu/facts/1_3_4_en.htm |título=The European Parliament: electoral procedures |publicado=European Parliament |data=2007 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> | ||
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|- | A [[Eleições parlamentares europeias de 2019|eleição mais recente]] para o Parlamento Europeu foi realizada de 23 a 26 de maio de 2019. Tratou-se da eleição transacional com maior número de votos já registrada.<ref>{{Citar web |url=https://www.squirepattonboggs.com/en/insights/publications/2019/05/2019-european-parliament-elections-analysis |título=2019 European Parliament Elections Analysis |publicado=Squire Patton Boggs |data=Maio de 2019 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> Ao todo, de cerca de 400 milhões de eleitores aptos, 50,66% votaram.<ref>{{Citar web |url=https://www.dw.com/en/eu-election-turnout-highest-in-20-years/a-48879061 |título=EU election: Turnout highest in 20 years |publicado=DW |data=26 de maio de 2019 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref><ref name="Participação">{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/election-results-2019/en |título=European Parliament 2019 - 2024 |publicado=European Parliament |data=2 de julho de 2019 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> Foi a mais alta participação desde a eleição de 1994,<ref>{{Citar web |url=https://europarl.europa.eu/election-results-2019/en/turnout/ |título=2019 European election results |publicado=European Parliament |data=22 de outubro de 2019 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> com afluência às urnas superando os 70% na Bélgica, Luxemburgo e [[Malta]].<ref name="Participação"></ref> Por outro lado, as menores participações, abaixo dos 30%, foram registradas na [[Eslováquia]], [[Chéquia]] e Eslovênia.<ref name="Participação"></ref> A primeira sessão da nona legislatura teve início em 2 de julho de 2019.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/news/en/press-room/20190627IPR55404/constitution-of-the-9th-legislature-of-the-european-parliament |título=Constitution of the 9th legislature of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=2 de julho de 2019 |acessodata=10 de abril de 2020}}</ref> | ||
| | Os partidos políticos europeus têm o direito exclusivo de fazer campanha durante as eleições europeias, ao contrário dos grupos parlamentares.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/contracts-and-grants/en/political-parties-and-foundations/european-political-parties |título=European political parties |publicado=European Parliament |data= |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> Houve várias propostas destinadas a atrair maior atenção da população para as eleições. Uma dessas inovações ocorreu em 2014 quando os partidos políticos europeus apresentaram antes das eleições parlamentares seus "candidatos" à presidência da Comissão, os chamados ''Spitzenkandidaten'' ("candidatos de primeira linha" ou "candidatos principais", em alemão). O modelo possibilitou a personalização dos candidatos à presidência e de suas propostas.<ref>{{Citar web |url=https://multimedia.europarl.europa.eu/pt/european-elections-the-lead-candidate-process_N01-PUB-180522-SPIT_ev |título=Eleições europeias: O processo do Candidato de primeira linha |publicado=European Parliament |data=22 de maio de 2018 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2018:0095:FIN:PT:PDF |título=COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO EUROPEU E AO CONSELHO |publicado=Comissão Europeia |data=14 de fevereiro de 2018 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> | ||
== Funcionamento == | |||
[[Imagem:EU investment budget for 2020 A boost for the climate (48948322222).jpg|thumb|240px|Votação no Parlamento Europeu, em outubro de 2019]] | |||
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| | Todos os anos, as atividades do Parlamento se alternam entre semanas destinadas para as comissões e delegações interparlamentares, onde os relatórios são discutidos, para os grupos políticos e para sessões semanais em que os eurodeputados permanecem três dias e meio em Estrasburgo. Além disso, seis sessões de dois dias são organizadas em [[Bruxelas]] ao longo do ano. Durante quatro semanas os parlamentares podem focar-se exclusivamente nas demandas de seus eleitores. Também não há reuniões planejadas durante as semanas de verão.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sed/doc/news/lookingaheadagenda/21361/Cal2019_en.pdf |título=2019 |publicado=European Parliament |data=2019 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/plenary/en/meetings-search.html |título=Plenary |publicado=European Parliament |data= |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> O Parlamento tem o poder de se reunir sem ser convocado por outra autoridade. Suas reuniões são parcialmente controladas pelos tratados, mas boa parte depende dos acordos e de seu próprio regimento.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/about-parliament/en/organisation-and-rules/how-plenary-works |título=How plenary works |publicado=European Parliament |data= |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/doceo/document/RULES-8-2018-07-31-RULE-153_EN.html |título=Rules of Procedure of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=Julho de 2018 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> | ||
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| | Durante as sessões, os parlamentares podem falar após serem chamados pelo presidente. Os membros do Conselho ou da Comissão também podem participar e falar em debates.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+RULES-EP+20070101+RULE-141+DOC+XML+V0//EN&language=EN&navigationBar=YES |título=Rules of Procedure of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=Janeiro de 2007 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+RULES-EP+20070101+RULE-142+DOC+XML+V0//EN&language=EN&navigationBar=YES |título=Rules of Procedure of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=Janeiro de 2007 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> Em parte devido à necessidade de tradução e à política mais consensual da casa, os debates tendem a ser mais calmos e educados se comparados aos ocorridos nos parlamentos que utilizam o [[sistema Westminster]].<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20050608053201/http://www.cafebabel.com/en/article.asp?T=A&Id=976 |título=Democracy 1, Autocracy 0? |publicado=Café Babel |autor=Chris Yeomans |data=2 de novembro de 2004 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> A votação é conduzida principalmente por gesto com as mãos, que pode ser verificada mediante solicitação por votação eletrônica.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+RULES-EP+20070101+RULE-164+DOC+XML+V0//EN&language=EN&navigationBar=YES |título=Rules of Procedure of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=Janeiro de 2007 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> Os votos dos eurodeputados não são registados em nenhum dos casos; isso ocorre apenas quando há uma votação nominal. As votações nominais são necessárias para votações finais sobre leis e também sempre que um grupo político ou 30 parlamentares solicitarem. O número de votações nominais aumentou com o tempo. Também é possível ocorrerem votações totalmente secretas; por exemplo, nas eleições para presidente.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?language=EN&type=IM-PRESS&reference=20060628STO09319&secondRef=0 |título=How do MEPs vote? |publicado=European Parliament |data=24 de agosto de 2009 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> Todos as votações são registradas, juntamente com atas e a legislação, no ''[[Jornal Oficial da União Europeia]]'' e podem ser acessados on-line.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20061016212424/http://www.europarl.europa.eu/guide/search/docsearch_en.htm |título=Official documents of the European Parliament |publicado=European Parliament |data=30 de setembro de 2004 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> As votações geralmente não seguem um debate, mas são agrupadas com outras votações em ocasiões específicas, geralmente ao meio-dia às terças, quartas ou quintas-feiras. Isso ocorre porque a duração de uma votação é imprevisível e, se continuar por mais tempo do que o planejado, poderá atrapalhar outros debates e reuniões no final do dia.<ref>{{citar livro|último=Corbett|primeiro=Richard|último2=Jacobs|primeiro2=Francis|último3=Shackleton|primeiro3=Michael|título=The European Parliament|edição=7|ano=2007|local=London|publicado=John Harper|isbn=978-0-9551144-7-2|página=174}}</ref> | ||
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[[Imagem:Constitution of the 9th legislature of the European Parliament (48180139716).jpg|thumb|240px|esquerda|Assessores do Parlamento Europeu]] | |||
{{ | Os eurodeputados são organizados em um hemiciclo de acordo com seus grupos políticos (na Assembleia Comum, antes de 1958, os parlamentares sentavam-se em ordem alfabética),<ref name="Corbett 167"/> ordenados principalmente pela esquerda para a direita, mas alguns grupos menores são colocados em direção ao círculo externo do Parlamento. Todas as mesas estão equipadas com microfones, fones de ouvido para possibilitar as traduções e equipamentos de votação eletrônica. Os líderes dos grupos sentam-se nos bancos da frente, no centro, onde há um pódio para oradores convidados. A metade restante da câmara circular é composta principalmente pela área elevada onde o presidente e os funcionários se sentam. Existem bancos adicionais entre os lados desta área e os eurodeputados, que são ocupados pelo Conselho na extrema esquerda e pela Comissão na extrema direita. Os hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo seguem aproximadamente esse layout, com apenas pequenas diferenças.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20080227035017/http://www.europarl.europa.eu/sce/data/fast_access/doc//PLAN_BRX_30%20JAN_2008.pdf |título=Brussels seating plan |publicado=European Parliament |data=27 de fevereiro de 2008 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> O design do hemiciclo é um meio-termo entre os diferentes sistemas parlamentares. O sistema britânico tem os diferentes grupos de frente para o outro, enquanto o sistema francês é um semicírculo (e o sistema alemão tradicional tinha todos os membros em filas voltados para uma tribuna destinada a discursos). Embora o design seja baseado principalmente em um semicírculo, as extremidades opostas do espectro ainda ficam frente a frente.<ref name="Corbett 167">{{citar livro|último=Corbett|primeiro=Richard|último2=Jacobs|primeiro2=Francis|último3=Shackleton|primeiro3=Michael|título=The European Parliament|edição=7|ano=2007|local=London|publicado=John Harper|isbn=978-0-9665544-7-2|página=167}}</ref> Com o acesso à câmara limitado, a entrada é controlada por assessores que auxiliam os eurodeputados (por exemplo, na entrega de documentos). Os assessores também podem ocasionalmente atuar como uma forma de polícia na execução das ordens proferidas pelo presidente; por exemplo, na expulsão de um eurodeputado que está interrompendo a sessão (embora isso seja raro). O primeiro chefe de protocolo no Parlamento era um francês e, por isso, muitos dos deveres dos assessores se baseiam no modelo francês desenvolvido pela primeira vez após a [[Revolução Francesa]]. Os 180 assessores são altamente visíveis no Parlamento, vestidos com caudas pretas e usando uma corrente de prata, e são escolhidos por concurso público. Em 2005, haviam assessores de 15 países. O presidente conta com seu próprio assessor.<ref>{{Citar web |url=https://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?language=EN&type=IM-PRESS&reference=20051017FCS01532&secondRef=0 |título=The European Parliament’s Ushers |publicado=European Parliament |data=31 de outubro de 2005 |acessodata=11 de abril de 2020}}</ref> | ||
== Serviço de Estudos do Parlamento Europeu == | == Serviço de Estudos do Parlamento Europeu == |
Edição das 04h47min de 11 de abril de 2020
Predefinição:Info/Instituição europeia O Parlamento Europeu é uma das três principais instituições da União Europeia, dirigido por David Sassoli, sendo o órgão legislativo da UE. É diretamente eleito pelos cidadãos europeus de cinco em cinco anos.
Geralmente no plenário e nas comissões parlamentares os deputados falam na sua própria língua. Existe um vasto corpo de tradutores e intérpretes que asseguram que documentos e intervenções sejam compreendidos nas 24 línguas oficiais da União Europeia.
Os seus trabalhos essenciais concentram-se em Bruxelas, na Bélgica e outros em Estrasburgo, na França.
O Presidente do Parlamento Europeu é o socialista italiano David Sassoli, eleito em 3 de julho de 2019.
História
O Parlamento, assim como as outras instituições da União Europeia, não foi projetado em sua forma atual quando de sua fundação em 10 de setembro de 1952. Uma das instituições mais antigas da UE, tinha inicialmente o nome de Assembleia Comum da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Tratava-se de uma uma assembleia consultiva composta por 78 parlamentares nomeados, provenientes dos parlamentos nacionais dos estados-membros, mas sem poderes legislativos.[1][2] A mudança desde a sua fundação foi destacada pelo professor David Farrell, da Universidade de Manchester: "Durante grande parte de sua vida, o Parlamento Europeu poderia ter sido justamente rotulado como um 'falatório multilíngue'."[3]Predefinição:Nota de rodapé
O desenvolvimento do Parlamento Europeu desde sua criação revela como as estruturas da UE evoluíram sem um "plano diretor" claro. Tom Reid, do The Washington Post, observou: "ninguém projetaria deliberadamente um governo tão complexo e redundante quanto a UE."[4] Até as duas sedes do Parlamento, que mudaram várias vezes, são resultado de vários acordos ou falta deles. Embora a maioria dos eurodeputados preferisse apenas uma sede em Bruxelas, na cimeira do Conselho Europeu organizada por John Major em Edimburgo em 1992, a França elaborou uma emenda ao tratado para manter permanentemente a sede do Parlamento em Estrasburgo.[1][5]
Assembleia Consultiva
O Parlamento Europeu não foi mencionado na Declaração Schuman original. Supunha-se ou esperava-se que as dificuldades com os britânicos fossem resolvidas para permitir que a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa desempenhasse as funções parlamentares. Uma assembleia independente foi proposta durante as negociações sobre o Tratado: a instituição contrabalançaria e monitoraria o executivo, proporcionando legitimidade democrática.[1] A redação do Tratado de Paris de 1951 demonstrou o desejo dos líderes de que existisse mais do que uma assembleia consultiva normal; o documento continha o termo "representantes do povo" e permitia eleições diretas. Sua importância inicial foi destacada quando foi dada à Assembleia a tarefa de elaborar o projeto de tratado para estabelecer uma Comunidade Política Europeia. Por este documento, a Assembleia foi criada em 13 de setembro de 1952 com membros extras,[6] mas, após o fracasso da proposta de criação da Comunidade Europeia de Defesa, o projeto foi abandonado.[7]
Ainda assim, a Comunidade Económica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atómica foram estabelecidas em 1958 pelos Tratados de Roma. A Assembleia Comum foi compartilhada pelas três comunidades (que tinham executivos separados) e mudou seu nome para Assembleia Parlamentar Europeia.[1] A primeira reunião foi realizada em 19 de março de 1958, tendo sido organizada na cidade de Luxemburgo; Robert Schuman foi eleito presidente e em 13 de maio os parlamentares sentaram-se de acordo com suas ideologias políticas e não pela nacionalidade.[8] Isto é visto como o nascimento do Parlamento Europeu moderno, com as comemorações dos 50 anos do Parlamento ocorrendo em março de 2008 em vez de 2002.[9]
As três comunidades fundiram suas instituições restantes e passaram a se chamar Comunidades Europeias em 1967, e o nome do órgão legislativo foi alterado para o atual nome de "Parlamento Europeu" em 1962.[1] Em 1970, o Parlamento obteve poder sobre algumas áreas do orçamento das Comunidades, que foram ampliadas para todo o orçamento em 1975.[10] Nos termos dos Tratados de Roma, o Parlamento deveria ter sido eleito. No entanto, antes disso o Conselho precisaria adotar um sistema de votação uniforme, o que não conseguiu fazer. O Parlamento ameaçou levar o Conselho ao Tribunal de Justiça Europeu; houve o compromisso pelo qual o Conselho concordaria com as eleições, mas a questão sobre os sistemas de votação seria adiada para uma data posterior.[11]
Parlamento eleito
Em 1979, seus membros foram eleitos diretamente pela primeira vez. As eleições diferenciam o Parlamento Europeu de instituições similares, como a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e o Parlamento Pan-Africano, que nomeiam seus membros.[1][12][13] Após essa primeira eleição, o parlamento realizou sua primeira sessão em 11 de julho de 1979, elegendo Simone Veil como presidente. Veil também foi a primeira mulher a presidir o Parlamento desde que foi formado como Assembleia Comum.[14][15]
Como um órgão eleito, o Parlamento começou a elaborar propostas relativas ao funcionamento da UE. Em 1984, por exemplo, inspirado em seus trabalhos anteriores sobre a Comunidade Política Europeia, redigiu o "projeto de Tratado que institui a União Europeia" (também conhecido como "Plano Spinelli", em homenagem ao deputado relator Altiero Spinelli). Embora não tenha sido adotado, muitas de suas ideias foram implementadas posteriormente por outros tratados.[16] Além disso, o Parlamento começou a deliberar sobre as nomeações de presidentes da Comissão a partir da década de 1980. Além disso, o Parlamento começou a votar nos presidentes da Comissão propostos a partir da década de 1980.[17]
Desde que passou a ter seus eurodeputados escolhidos pelo voto popular, a composição do Parlamento Europeu simplesmente se expandiu sempre que novas nações se uniram ao bloco (a composição também foi ajustada para aumentar seu número de membros em 1994 após a Reunificação da Alemanha). Depois disso, o Tratado de Nice impôs um limite ao número de membros a serem eleitos: 732.[1]
Assim como as outras instituições, a sede do Parlamento ainda não estava fixada. As disposições provisórias situaram o Parlamento em Estrasburgo, enquanto a Comissão e o Conselho tiveram as suas sedes em Bruxelas. Em 1985, o Parlamento, desejando estar mais próximo dessas instituições, construiu uma segunda câmara em Bruxelas e transferiu parte de seu trabalho para lá, apesar dos protestos de alguns estados. Um acordo final foi finalmente alcançado pelo Conselho Europeu em 1992, estabelecendo que o Parlamento manteria sua sede formal em Estrasburgo, onde seriam realizadas doze sessões por ano, mas com todas as outras atividades parlamentares em Bruxelas. Tal acordo prevendo duas sedes foi contestado pelo Parlamento, mas mais tarde foi consagrado no Tratado de Amesterdão. Até hoje, a localização da instituição é uma fonte de disputa.[18]
O Parlamento ganhou mais poderes por meio de sucessivos tratados, nomeadamente através da extensão do processo legislativo ordinário[19] e, em 1999, o Parlamento forçou a renúncia da Comissão liderada por Jacques Santer.[20] O Parlamento recusou-se a aprovar o orçamento da Comunidade devido a alegações de fraude e má gestão na Comissão. Os dois principais partidos assumiram uma dinâmica de oposição governamental pela primeira vez durante a crise que terminou com a renúncia em massa da Comissão, a primeira e única renúncia forçada, diante de uma censura iminente pelo Parlamento.[21]
Pressão do Parlamento sobre a Comissão
Em 2004, após a maior eleição transnacional da história, apesar de o Conselho Europeu ter escolhido um presidente que integrava o maior grupo político, o Parlamento voltou a pressionar a Comissão. Durante as audições parlamentares sobre os comissários designados, os eurodeputados levantaram dúvidas sobre alguns deles, tendo o Comitê das Liberdades Civis rejeitado Rocco Buttiglione para o cargo de Comissário para a Justiça, Liberdade e Segurança por conta de suas opiniões sobre a homossexualidade. Foi a primeira vez que o Parlamento votou contra um comissário designado e, apesar da insistência de Barroso em Buttiglione, o legislativo forçou a retirada do comissário da equipe. Vários outros comissários também tiveram que ser retirados ou transferidos antes que o Parlamento permitisse a posse da Comissão Barroso.[22][23]
Juntamente com a extensão do processo legislativo ordinário, o mandato democrático do Parlamento deu-lhe maior controle sobre a legislação contra as outras instituições. Ao votar a diretiva Bolkestein em 2006, o Parlamento votou por uma grande maioria a favor de mais de 400 emendas que mudaram o princípio fundamental da lei. O Financial Times descreveu a decisão nos seguintes termos:[24]
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É aí que o Parlamento Europeu repentinamente se destaca. Isso marca outra mudança de poder entre as três instituições centrais da UE. A votação da semana passada sugere que os eurodeputados eleitos diretamente, apesar de sua multiplicidade de alianças ideológicas, nacionais e históricas, começaram a se unir como uma instituição séria e eficaz da UE, assim como o alargamento complicou bastante as negociações no Conselho e na Comissão.— "Como o parlamento europeu ficou sério", Financial Times, 23 de fevereiro de 2006[24]
Em 2007, pela primeira vez, o comissário da Justiça Franco Frattini incluiu o Parlamento nas negociações sobre o segundo Sistema de Informação de Schengen, apesar de os eurodeputados precisarem apenas serem consultados em partes sobre a proposta. Após essa experiência, Frattini indicou que gostaria de incluir o Parlamento em todos os assuntos judiciais e criminais, antecipando informalmente os novos poderes que poderiam ganhar como parte do Tratado de Lisboa.[25] Entre 2007 e 2009, um grupo de trabalho especial sobre reforma parlamentar implementou uma série de mudanças para modernizar a instituição, como mais tempo de fala destinado aos relatores, aumento da cooperação de comitês e outras reformas de eficiência.[26][27]
História recente
O Tratado de Lisboa entrou em vigor em 1 de dezembro de 2009, concedendo poderes ao Parlamento sobre todo o orçamento da UE, tornando seus poderes legislativos iguais aos do Conselho em quase todas as áreas e vinculando a nomeação do presidente da Comissão às próprias eleições para o Parlamento.[28] Apesar de alguns pedidos para que os partidos apresentassem candidatos antecipadamente às eleições daquele ano, apenas o PPE (que reafirmou sua posição como maior partido) havia feito isso ao apoiar Barroso em sua candidatura à reeleição.[29] O Parlamento acabou elegendo Barroso para um segundo mandato com 382 votos a favor, 219 contra e 119 abstenções.[30] Os liberais deram apoio a Barroso apenas depois que ele fez várias concessões.[31]
Depois que Barroso apresentou os candidatos a integrar sua próxima Comissão, surgiu outra oportunidade de obter concessões. A candidata búlgara Rumiana Jeleva foi forçada a renunciar pelo Parlamento devido a preocupações com a sua experiência e interesses financeiros. Jeleva só teve o apoio do PPE, que começou a retaliar os candidatos de esquerda antes dela ceder e ser substituída.[32]
Antes da votação final sobre os indicados por Barroso para a Comissão, o Parlamento exigiu várias concessões como parte de um futuro acordo de trabalho sob o novo Tratado de Lisboa. O acordo previu algumas disposições, incluindo: o presidente do Parlamento participaria de reuniões de alto nível da Comissão; o Parlamento teria assento nas negociações internacionais lideradas pela Comissão e teria direito a informações sobre acordos. No entanto, o Parlamento conseguiu apenas um lugar de observador. O Parlamento também não se manifestou sobre a nomeação de chefes de delegação e representantes especiais para política externa, embora eles prestam contas aos parlamentares após serem designados pelo Alto Representante.[33]
Durante a criação do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), o Parlamento utilizou o seu controle sobre o orçamento da União Europeia para influenciar seu formato. Os eurodeputados pretendiam supervisionar melhor o SEAE e, apesar de não conseguirem tudo o que exigiram, obtiveram controle financeiro mais amplo sobre o novo órgão.[34][35]
Em 2014, o Parlamento elegeu Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão com 422 votos a favor.[36] Em 2019, a ministra alemã Ursula von der Leyen foi eleita pelos eurodeputados para suceder Juncker por 383 votos a favor a 327 contrários. A votação, apenas nove votos acima da maioria requerida, foi a menor já concedida pelo Parlamento a um presidente da Comissão desde que passou a confirmar as nomeações para o cargo, em 2008.[37][38]
Poderes e funções
Predefinição:Política da União Europeia
O Parlamento e o Conselho foram comparados com as duas câmaras de uma legislatura bicameral.[39] No entanto, existem algumas diferenças em relação às legislaturas nacionais; por exemplo, nem o Parlamento nem o Conselho possuem o poder da iniciativa legislativa (exceto pelo fato de o Conselho ter este poder em algumas questões intergovernamentais). Em questões que envolvem a UE, essa é uma prerrogativa exclusivamente reservada à Comissão Europeia (o executivo). Assim, embora o Parlamento possa apresentar emendas ou rejeitar um projeto de lei, apenas a Comissão pode apresentá-lo.[40] A importância deste poder exclusivo do executivo foi questionado ao se observar que, nas legislaturas nacionais dos Estados membros, 85% das iniciativas apresentadas sem o apoio do executivo fracassaram.[41] Por outro lado, o ex-presidente do Parlamento Hans-Gert Pöttering argumentou que, como o Parlamento tem o direito de solicitar à Comissão que elabore uma legislação, e como o executivo segue as propostas do legislativo, cada vez mais o Parlamento possui, de facto, o direito de iniciativa legislativa.[42]
Há também um papel indireto na política externa uma vez que o Parlamento deve aprovar todas as doações destinadas para o desenvolvimento, inclusive ao exterior. Por exemplo, o apoio à reconstrução do Iraque no pós-guerra, ou os incentivos à cessação do desenvolvimento nuclear iraniano, precisavam do apoio do Parlamento. Também foi necessário o apoio dos eurodeputados para o acordo transatlântico de compartilhamento de dados de passageiros com os Estados Unidos.[43] Por último, o Parlamento realiza votações não vinculativas sobre novos tratados da UE, sem poder de veto. No entanto, quando o Parlamento ameaçou derrubar o Tratado de Nice, os parlamentos belga e italiano disseram que vetariam o tratado em nome do Parlamento Europeu.[44]
Processo legislativo
Com cada novo tratado, os poderes do Parlamento, em termos de seu papel nos procedimentos legislativos da UE, foram ampliados. O procedimento que lentamente se tornou dominante é o "processo legislativo ordinário" (anteriormente denominado "processo de co-decisão"), que oferece uma base de igualdade entre o Parlamento e o Conselho. Em particular, de acordo com o procedimento, a Comissão apresenta uma proposta ao Parlamento e ao Conselho, que só pode se tornar lei se ambos concordarem com o texto, o que as instituições fazem (ou não) por meio de sucessivas leituras. O número de leituras, contudo, é limitado a três. Na sua primeira leitura, o Parlamento pode enviar alterações ao Conselho, que pode adotar o texto com essas alterações ou devolvê-lo com uma "posição comum". Essa posição pode ser aprovada pelo Parlamento, que pode rejeitar o texto por maioria absoluta, causando a sua rejeição, ou ainda adotar outras alterações, também por maioria absoluta. Se o Conselho não aprovar, é formado um "Comitê de Conciliação". O Comitê é composto pelos membros do Conselho, além de um número igual de eurodeputados que buscam concordar com um compromisso. Uma vez que um acordo é obtido, uma posição deve ser aprovada pelo Parlamento, por maioria simples.[45][46] O processo também é auxiliado pelo mandato do Parlamento como a única instituição diretamente democrática, o que lhe deu margem de manobra para ter maior controle sobre a legislação do que outras instituições; isso ocorreu, por exemplo, com as mudanças na diretiva Bolkestein em 2006.[24]
As poucas outras áreas que operam sob os "procedimentos legislativos especiais" são justiça e assuntos internos, orçamento e tributação e certos aspectos de outras áreas, como os aspectos fiscais da política ambiental. Nestas áreas, apenas o Conselho ou o Parlamento definem, sozinhos, a lei.[47] O procedimento também depende de qual tipo de ato institucional está sendo usado.[47] O ato mais forte é um regulamento, um ato ou lei que é diretamente aplicável em sua totalidade. Depois, há diretivas que vinculam os Estados membros a certos objetivos que eles devem alcançar. Os Estados fazem isso através de suas próprias leis e, portanto, têm espaço de manobra para decidir sobre elas. Uma decisão é um instrumento focado em uma pessoa ou grupo específico e é diretamente aplicável. As instituições também podem emitir meras recomendações e opiniões, que não são vinculativas.[48] Há um documento adicional que não segue os procedimentos normais: a "declaração escrita", que é semelhante a uma moção usada nos primeiros dias do Sistema Westminster. Trata-se de um documento proposto por até cinco eurodeputados sobre um assunto relacionado às atividades da UE, sendo utilizado para iniciar um debate sobre esse assunto. Colocados fora da entrada do hemiciclo, os eurodeputados podem assinar a declaração e, se a maioria o fizer, ela é encaminhada ao presidente e anunciada ao pleno antes de ser encaminhada às demais instituições e formalmente anotada na ata.[49]
Orçamento
O poder legislativo detém oficialmente a autoridade orçamental da União Europeia, com seus poderes tendo sido adquiridos através dos Tratados Orçamentários da década de 1970 e do Tratado de Lisboa. O orçamento da UE está sujeito a uma forma de processo legislativo ordinário, com uma única leitura que confere ao Parlamento o poder sobre todo o orçamento (antes de 2009, a sua influência era limitada a determinadas áreas) em pé de igualdade com o Conselho. Se houver um desacordo entre eles, este será levado a um comitê de conciliação, assim como as propostas legislativas. Se o texto conjunto da conciliação não for aprovado, o Parlamento poderá aprovar definitivamente o orçamento.[47]
O Parlamento também é responsável pelo cumprimento da execução dos orçamentos anteriores, com base no relatório anual do Tribunal de Contas Europeu. Os eurodeputados rejeitaram o orçamento apenas duas vezes, em 1984 e em 1998. Na última ocasião, a decisão levou à renúncia da Comissão Santer, destacando como o poder orçamentário confere ao Parlamento um grande poder sobre a Comissão.[11][21][50] O Parlamento também exerce amplo uso de seus poderes orçamentários em outras ocasiões; por exemplo, na criação do Serviço Europeu de Ação Externa, o Parlamento detinha o poder de veto de fato sobre a sua concepção, uma vez que precisava aprovar as alterações orçamentárias e de pessoal.[34]
Controle do executivo
O presidente da Comissão Europeia é proposto pelo Conselho Europeu com base nos resultados das eleições para o Parlamento.[28] O indicado para o cargo deve ser aprovado pelo Parlamento por maioria simples. Após a aprovação do presidente da Comissão, os membros da Comissão são propostos pelo presidente de acordo com os Estados membros. Cada comissário é submetido a uma audiência na comissão parlamentar responsável pelo portfólio para o qual é nomeado a liderar. São então, como um todo, aprovados ou rejeitados pelo Parlamento.[51][52]
O Parlamento nunca votou contra um presidente ou a sua Comissão, o que contudo parecia provável quando a Comissão Barroso foi apresentada. A pressão resultante forçou a retirada de alguns integrantes propostos inicialmente e mudou para que fosse mais aceitável pelo legislativo.[22] Tal pressão foi vista como um sinal importante por parte da natureza evolutiva do Parlamento e de sua capacidade de responsabilizar a Comissão, em vez de ser um carimbo de aprovação para os candidatos. Além disso, ao votar na Comissão, os eurodeputados também votaram seguindo linhas partidárias, e não nacionais, apesar da pressão frequente dos governos nacionais sobre os seus representantes. Essa coesão e vontade de usar o poder parlamentar garantiram maior atenção dos líderes nacionais, outras instituições e do público–que anteriormente conferiu a menor participação de todos os tempos nas eleições legislativas.[53]
O Parlamento também tem o poder de censurar a Comissão se tiver uma maioria de dois terços, o que forçará a renúncia de todos os seus integrantes. Assim como acontece com a aprovação, esse poder nunca foi usado, mas foi ameaçado contra a Comissão Santer, que posteriormente renunciou por vontade própria. Existem alguns outros controles, tais como: a necessidade da Comissão apresentar relatórios ao Parlamento e responder a perguntas dos eurodeputados; a exigência do presidente em exercício do Conselho de apresentar seu programa de governo no início de seu mandato; a obrigação do presidente do Conselho Europeu de apresentar um relatório ao Parlamento após cada uma das suas reuniões; o direito dos eurodeputados de apresentar propostas legislativas e políticas à Comissão; e o direito de questionar os membros dessas instituições.[17][52] Atualmente, os legisladores podem fazer uma pergunta sobre qualquer assunto; em julho de 2008 os eurodeputados decidiram limitar as perguntas àqueles em exercício do mandato e proibir questões ofensivas ou pessoais.[54]
Poderes de supervisão
O Parlamento também possui outros poderes de supervisão geral, concedidos principalmente pelo Tratado de Maastricht.[55] O Parlamento tem o poder de criar uma Comissão de Inquérito, por exemplo, sobre doenças da vaca louca ou voos com detentos da CIA–o primeiro levou à criação da Agência Europeia de Medicamentos. O Parlamento pode pedir a outras instituições para responderem a perguntas e, se necessário, levá-las ao tribunal se violarem a lei ou os tratados da UE.[56] Ademais, delibera sobre a nomeação dos membros do Tribunal de Contas[57] e do Banco Central Europeu. O presidente do banco também é obrigado a apresentar um relatório anual ao legislativo.[56]
O Provedor de Justiça Europeu, que lida com queixas públicas contra todas as instituições, é eleito pelo Parlamento.[56] As petições também podem ser apresentadas por qualquer cidadão da UE sobre um assunto dentro da esfera de atividades do bloco. A Comissão das Petições ouve casos, cerca de 1.500 por ano, às vezes apresentados pelos próprios cidadãos no Parlamento. Enquanto o Parlamento tenta resolver a questão como mediador, a instituição recorre a processos legais se for necessário resolver a disputa de cidadãos.[58]
Membros
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Os parlamentares são conhecidos em inglês como membros do Parlamento Europeu (MEPs)[59] e, em português, como eurodeputados.[60] Os eurodeputados são eleitos a cada cinco anos por sufrágio universal e sentam-se de acordo com a filiação política;[61] 40,4% dos eurodeputados eleitos para a atual legislatura (2019-2024) eram mulheres.[62] Antes de 1979, eram designados por seus parlamentos nacionais.[7][63] Em 2017, estimou-se que 17 eurodeputados não eram brancos.[64] Destes, três eram negros; se os números fossem proporcionais à população da UE, 22 seriam negros.[65]
Nos termos do Tratado de Lisboa, os assentos são atribuídos a cada país de acordo com sua população, com o número máximo fixado em 751 (no entanto, como o presidente não pode votar enquanto estiver no exercício da presidência, haverá apenas 750 membros votantes a qualquer momento).[66] Desde 1 de fevereiro de 2020, o Parlamento conta com 705 eurodeputados (incluindo o presidente), uma vez que os representantes do Reino Unido deixaram de integrar a instituição por conta do Brexit.[67]
Atualmente, a representação está limitada a um máximo de 96 assentos e um mínimo de 6 assentos por país, e as vagas são distribuídas de acordo com a "proporcionalidade degressiva", ou seja, quanto mais populoso for o Estado-membro, maior será a quantidade de eurodeputados a que tem direito. No entanto, como resultado do mecanismo de distribuição utilizado, os eleitores malteses e luxemburgueses têm cerca de 10 vezes mais influência por eleitor do que os cidadãos dos seis grandes países.[68] Em 2011, a Alemanha contava com um eurodeputado a cada 820.000 habitantes, enquanto Luxemburgo tinha um eurodeputado para cada 65.000 habitantes.[69][70]
O novo sistema implementado sob o Tratado de Lisboa, incluindo a revisão do número de assentos bem antes das eleições, teve como objetivo evitar a prática da barganha política quando as alocações precisassem ser revisadas para refletir as mudanças demográficas.[71]
Em quatro Estados-membros da União Europeia (Bélgica, Irlanda, Itália e Polônia), o território nacional foi dividido em vários distritos eleitorais para a eleição dos eurodeputados. Nos demais Estados, o país inteiro forma um único distrito eleitoral. Ademais, todos os países realizam suas eleições para o Parlamento Europeu utilizando várias formas de representação proporcional.[72]
Compensações
Antes de 2009, os eurodeputados recebiam o mesmo salário que os integrantes dos parlamentos de seu país. No entanto, a partir de 2009, um novo estatuto entrou em vigor, conferindo a todos os parlamentares um salário mensal igualitário, de €8.757,70 em 2018, sujeito a um imposto da UE que também pode ser tributado nacionalmente. Os eurodeputados possuem direito a uma pensão, paga pelo Parlamento, a partir dos 63 anos de idade. Também recebem subsídios para custear seus escritórios e despesas de viagem, com base no custo real.[59] Além das compensações financeiras, os eurodeputados recebem vários privilégios e imunidades. Para garantir sua livre circulação de e para o Parlamento, eles recebem pelos seus próprios estados as facilidades concedidas a altos funcionários, como representantes estrangeiros. Quando em seu próprio país, dispõem de todas as imunidades concedidas aos parlamentares nacionais e, em outros Estados-membros, contam com imunidade a detenções e procedimentos legais. No entanto, a imunidade não pode ser invocada quando um parlamentar é flagrado cometendo uma infração penal e o Parlamento também tem o direito de retirar a imunidade de qualquer eurodeputado.[73]
Grupos políticos
Os eurodeputados estão organizados em oito grupos parlamentares diferentes, incluindo trinta membros não inscritos. Os dois maiores grupos são o Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas e Democratas (S&D). Estes dois grupos dominaram o Parlamento por grande parte de sua existência, com ambos controlando continuamente entre 50% e 70% de seus assentos. Nenhum grupo teve sozinho a maioria do Parlamento.[74] Como resultado de serem amplas alianças de partidos nacionais, os partidos que compõem os grupos parlamentares são muito descentralizados e, portanto, possuem mais em comum com partidos políticos em estados federais como a Alemanha ou os Estados Unidos do que estados unitários, como a maioria dos países da UE.[41] Ainda assim, os grupos europeus foram mais coesos do que os congressistas democratas e republicanos entre 2004 e 2009.[75]
Os grupos são frequentemente baseados em um único partido político europeu, como o Partido Popular Europeu. Porém, podem, como o grupo liberal, incluir mais de um partido europeu, além de partidos nacionais e independentes.[76] Para que um grupo seja reconhecido, é necessário que seja composto por ao menos 25 deputados de sete países diferentes.[77] Uma vez reconhecidos, os grupos recebem subsídios financeiros do Parlamento e garantem representação nas comissões, o que incentiva a criação de tais agremiações. No entanto, ocorreu alguma controvérsia com a criação do grupo Identidade, Tradição, Soberania (ITS), que durou pouco tempo, devido à sua ideologia; os membros do grupo eram de extrema-direita, o que gerou preocupações sobre a destinação de dinheiro público ao ITS.[78] Houve tentativas má-sucedidas de mudar as regras para bloquear a criação do grupo, que contudo foi impedido de conquistar posições de liderança em comitês–as quais são tradicionalmente (por acordo, não regra) compartilhadas entre todos os partidos.[79] Quando o ITS se envolveu em disputas internas, levando à retirada de alguns membros, seu tamanho caiu abaixo do limiar de reconhecimento, causando seu colapso.[80]
Grande coalizão
Visto que o Parlamento não forma um governo no sentido tradicional de um sistema parlamentar, suas políticas se desenvolvem em linhas mais consensuais do que a verificada em sistemas majoritários com partidos e coligações concorrentes. Durante boa parte de sua existência, o Parlamento foi dominado por uma grande coalizão formada pelo Partido Popular Europeu e o Partido dos Socialistas Europeus. Os dois principais partidos tendem a cooperar para encontrar um compromisso entre seus dois grupos, resultando em propostas endossadas por grandes maiorias.[81] Contudo, isso nem sempre produz acordo, e cada um pode tentar construir outras alianças: o PPE normalmente com outros grupos de centro-direita ou direita e o PES com grupos de centro-esquerda ou esquerda. Às vezes, o voto decisivo cabe ao Grupo Liberal. Há também ocasiões em que surgiram divisões políticas partidárias muito acentuadas, por exemplo, com a renúncia da Comissão Santer.[21]
Quando surgiram as primeiras alegações contra a Comissão Santer, elas foram dirigidas principalmente contra Édith Cresson e Manuel Marín, ambos comissários socialistas. O Parlamento cogitou recursar-se a aprovar o orçamento da UE, o que o presidente Santer declarou que seria o equivalente a uma moção de desconfiança. O grupo socialista apoiou a Comissão e viu a questão como uma tentativa do PPE de desacreditar seu partido antes das eleições de 1999. A líder socialista, a eurodeputada Pauline Green, tentou aprovar uma moção de confiança e o PPE apresentou contra-moções. Durante esse período, os dois partidos assumiram papéis semelhantes a uma dinâmica de oposição ao governo, com os socialistas apoiando o executivo e o PPE renunciando ao apoio anterior dado à coalizão e votando contra.[21] Tal politização tem aumentado e, em 2007, Simon Hix, da London School of Economics, observou que:[3] Página Predefinição:Quote/styles.css não tem conteúdo.
Nosso trabalho também mostra que a política no Parlamento Europeu está se tornando cada vez mais baseada em partidos e ideologias. As votações são cada vez mais divididas nas linhas esquerda-direita, e a coesão dos grupos partidários aumentou dramaticamente, principalmente na quarta e quinta legislaturas. Portanto, é provável que também haja implicações nas políticas.
Durante a quinta legislatura, de 1999 a 2004, houve um rompimento na grande coalizão, resultando em uma coalizão de centro-direita entre o ELDR e o PPE.[82] Isso se refletiu na presidência do Parlamento, com os mandatos sendo compartilhados entre o PPE e o ELDR, em vez de o PPE e os socialistas.[83] Na legislatura seguinte, o grupo liberal cresceu e elegeu 88 eurodeputados, o maior número de cadeiras até então ocupadas por uma terceira força no Parlamento.[84] Nas eleições de 2019, os liberais superaram o próprio recorde ao elegerem 105 eurodeputados.[85]
Eleições
Predefinição:Composição do Parlamento Europeu As eleições para o Parlamento Europeu ocorrem, diretamente em todos os Estados-membros, a cada cinco anos desde 1979. Até 2019 houve nove eleições.[86] Quando uma nação se une à UE no decorrer de uma legislatura, o país realiza eleição especial para escolher seus eurodeputados; a última vez que isso ocorreu foi em 2013, quando a Croácia ingressou no bloco.[87] As eleições ocorrem durante quatro dias, de acordo com o costume local e, além de ser proporcional, o sistema eleitoral é escolhido pelo Estado-membro.[88] Isso inclui a distribuição dos assentos por distritos subnacionais; enquanto a maioria dos membros utilizam listas nacionais, alguns países, como o Reino Unido e a Polônia, dividem os eurodeputados entre regiões.[89]
A eleição mais recente para o Parlamento Europeu foi realizada de 23 a 26 de maio de 2019. Tratou-se da eleição transacional com maior número de votos já registrada.[90] Ao todo, de cerca de 400 milhões de eleitores aptos, 50,66% votaram.[91][92] Foi a mais alta participação desde a eleição de 1994,[93] com afluência às urnas superando os 70% na Bélgica, Luxemburgo e Malta.[92] Por outro lado, as menores participações, abaixo dos 30%, foram registradas na Eslováquia, Chéquia e Eslovênia.[92] A primeira sessão da nona legislatura teve início em 2 de julho de 2019.[94]
Os partidos políticos europeus têm o direito exclusivo de fazer campanha durante as eleições europeias, ao contrário dos grupos parlamentares.[95] Houve várias propostas destinadas a atrair maior atenção da população para as eleições. Uma dessas inovações ocorreu em 2014 quando os partidos políticos europeus apresentaram antes das eleições parlamentares seus "candidatos" à presidência da Comissão, os chamados Spitzenkandidaten ("candidatos de primeira linha" ou "candidatos principais", em alemão). O modelo possibilitou a personalização dos candidatos à presidência e de suas propostas.[96][97]
Funcionamento
Todos os anos, as atividades do Parlamento se alternam entre semanas destinadas para as comissões e delegações interparlamentares, onde os relatórios são discutidos, para os grupos políticos e para sessões semanais em que os eurodeputados permanecem três dias e meio em Estrasburgo. Além disso, seis sessões de dois dias são organizadas em Bruxelas ao longo do ano. Durante quatro semanas os parlamentares podem focar-se exclusivamente nas demandas de seus eleitores. Também não há reuniões planejadas durante as semanas de verão.[98][99] O Parlamento tem o poder de se reunir sem ser convocado por outra autoridade. Suas reuniões são parcialmente controladas pelos tratados, mas boa parte depende dos acordos e de seu próprio regimento.[100][101]
Durante as sessões, os parlamentares podem falar após serem chamados pelo presidente. Os membros do Conselho ou da Comissão também podem participar e falar em debates.[102][103] Em parte devido à necessidade de tradução e à política mais consensual da casa, os debates tendem a ser mais calmos e educados se comparados aos ocorridos nos parlamentos que utilizam o sistema Westminster.[104] A votação é conduzida principalmente por gesto com as mãos, que pode ser verificada mediante solicitação por votação eletrônica.[105] Os votos dos eurodeputados não são registados em nenhum dos casos; isso ocorre apenas quando há uma votação nominal. As votações nominais são necessárias para votações finais sobre leis e também sempre que um grupo político ou 30 parlamentares solicitarem. O número de votações nominais aumentou com o tempo. Também é possível ocorrerem votações totalmente secretas; por exemplo, nas eleições para presidente.[106] Todos as votações são registradas, juntamente com atas e a legislação, no Jornal Oficial da União Europeia e podem ser acessados on-line.[107] As votações geralmente não seguem um debate, mas são agrupadas com outras votações em ocasiões específicas, geralmente ao meio-dia às terças, quartas ou quintas-feiras. Isso ocorre porque a duração de uma votação é imprevisível e, se continuar por mais tempo do que o planejado, poderá atrapalhar outros debates e reuniões no final do dia.[108]
Os eurodeputados são organizados em um hemiciclo de acordo com seus grupos políticos (na Assembleia Comum, antes de 1958, os parlamentares sentavam-se em ordem alfabética),[109] ordenados principalmente pela esquerda para a direita, mas alguns grupos menores são colocados em direção ao círculo externo do Parlamento. Todas as mesas estão equipadas com microfones, fones de ouvido para possibilitar as traduções e equipamentos de votação eletrônica. Os líderes dos grupos sentam-se nos bancos da frente, no centro, onde há um pódio para oradores convidados. A metade restante da câmara circular é composta principalmente pela área elevada onde o presidente e os funcionários se sentam. Existem bancos adicionais entre os lados desta área e os eurodeputados, que são ocupados pelo Conselho na extrema esquerda e pela Comissão na extrema direita. Os hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo seguem aproximadamente esse layout, com apenas pequenas diferenças.[110] O design do hemiciclo é um meio-termo entre os diferentes sistemas parlamentares. O sistema britânico tem os diferentes grupos de frente para o outro, enquanto o sistema francês é um semicírculo (e o sistema alemão tradicional tinha todos os membros em filas voltados para uma tribuna destinada a discursos). Embora o design seja baseado principalmente em um semicírculo, as extremidades opostas do espectro ainda ficam frente a frente.[109] Com o acesso à câmara limitado, a entrada é controlada por assessores que auxiliam os eurodeputados (por exemplo, na entrega de documentos). Os assessores também podem ocasionalmente atuar como uma forma de polícia na execução das ordens proferidas pelo presidente; por exemplo, na expulsão de um eurodeputado que está interrompendo a sessão (embora isso seja raro). O primeiro chefe de protocolo no Parlamento era um francês e, por isso, muitos dos deveres dos assessores se baseiam no modelo francês desenvolvido pela primeira vez após a Revolução Francesa. Os 180 assessores são altamente visíveis no Parlamento, vestidos com caudas pretas e usando uma corrente de prata, e são escolhidos por concurso público. Em 2005, haviam assessores de 15 países. O presidente conta com seu próprio assessor.[111]
Serviço de Estudos do Parlamento Europeu
Departamento interno de pesquisa do Parlamento Europeu, é responsável por auxiliar os deputados com análises e estudos, de forma que esses obtenham informações atualizadas, concisas e abrangentes. No ambiente da União Europeia, os funcionários desse departamento obterão quaisquer informações necessárias aos trabalhos dos deputados, sejam elas políticas, legislativas ou de outros temas.
O departamento também é responsável por administrar a biblioteca, os arquivos históricos do Parlamento Europeu, os pedidos de informação dos cidadãos, o acesso a documentos e o registro de transparência.
Estrutura
A estrutura do departamento consiste na diversificação dos serviços, possuindo seções que se responsabilizam por:
Biblioteca[112]
Composta por 100 livros sobre o projeto europeu, publicados de 1930 a 2014, contando com 125 resultados de pesquisa, tem como origem a solicitação da criação da biblioteca pelo ex-presidente do Parlamento, Martin Schulz;
Arquivos históricos[113]
Com acervo de cerca de 5 milhões de registros eletrônicos, a partir de 1952 (Assembleia Comum da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), que conta com documentos, vídeos, fotografias e áudios, acerca de assuntos políticos, legislativos e administrativos, cruzando dados dos diferentes componentes da UE. Os cidadãos podem solicitar os registros por escrito e até mesmo participar de visitas às instalações em Luxemburgo.
Pedidos de informação dos cidadãos[114]
A Unidade de Pedidos de Informação dos Cidadãos, AskEP, possui um formulário disponível pelo site, sendo possível esclarecer dúvidas acerca de quaisquer temas, sejam relativos a cibercriminalidade ou a hora de inverno.
Acesso aos documentos[115]
Regido a partir do artigo 15º, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia; por meio de um formulário de pesquisa, disponibiliza documentos do Parlamento, do Conselho e da Comissão; constituindo em um registro eletrônico dos diversos documentos datados a partir de 2001, enquanto que documentos anteriores a 2001 ou de acesso restrito podem ser solicitados, com os pedidos sendo respondidos em até 15 dias.
Registro de transparência[116]
Em parceria com o Conselho e com a Comissão, há como o cidadão pesquisar no registro, inscrever organizações e atualizar dados.
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- ↑ [www.europarl.europa.eu/atyourservice/pt/20150201PVL00028/Acesso-aos-documentos «Acesso aos Documentos»] Verifique valor
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(ajuda) - ↑ «Registro de Transparência»
Ver também
- Secretariado do Parlamento Europeu
- Partido político europeu
- Deputados de Portugal no Parlamento Europeu (2004-2009)