Predefinição:Info/Treinador Elba de Pádua Lima, mais conhecido como Tim (Rifaina, 20 de fevereiro de 1916 Predefinição:Mdash Rio de Janeiro, 7 de julho de 1984), foi um treinador e futebolista brasileiro, que atuou como atacante.
Como jogador, Tim era conhecido por seus dribles — "drible fácil e insinuante, só comparável a Garrincha", de acordo com a Folha de S.Paulo[1] — e bom posicionamento.[2] "Em dez anos ao seu lado, nunca vi ele errar", dizia Domingos da Guia.[3] No livro Guia dos Craques, o jornalista Marcelo Duarte definiu-o assim: "Inteligente, ótima colocação em campo, driblador notável, passes imprevisíveis e eficiente goleador."[4]
Já como técnico, chegou a ser considerado o "maior estrategista do futebol brasileiro", segundo a revista Placar.[5] Ele costumava usar uma mesa de futebol de botão para explicar aos jogadores suas táticas.[1] Ele também costumava ser amigo dos jogadores que comandava, o que às vezes prejudicava a disciplina interna,[5] mas em geral lhe garantia o respeito deles.[1] "De Tim, devemos dizer sempre que ele foi um inventor, um estrategista", lembrava o ex-jogador Ademir de Menezes. "Foi ele quem inventou o 'cabeça de área' no futebol brasileiro. Foi ele ainda quem descobriu que o ponta-direita, além de ir à linha de fundo e cruzar, podia fechar em diagonal para dentro do campo e chutar em gol. Podemos também dizer que ele deve ter sido um dos únicos homens do mundo a não ser chamado de louco por falar com botões. Foi um professor, um catedrático do futebol."[6]
Biografia
Nascimento e infância
Tim nasceu em 20 de fevereiro de 1916, numa fazenda que pertencia ao município paulista de Rifaina. Ele era filho do ferroviário Vargas Lima, e de Tereza Granato. Quando criança, sua família chamava-o carinhosamente de Ti.
Em 1923, aos sete anos, Elba perdeu o pai. A partir daí, passou a ser criado pela mãe na Vila Tibério, tradicional bairro de Ribeirão Preto, onde Ti descobriria o talento que tinha para jogar futebol.
O começo da carreira
Foi nas peladas pelas ruas de Ribeirão Preto, que Elba despertou seus dons futebolísticos. Foi nessa época também que o apelido de família, Ti, virou Tim.
Tim começou oficialmente sua carreira no Botafogo de Ribeirão Preto em 1928, aos 12 anos.
A carreira profissional
Em 1934, após ganhar destaque nas esquipes de base do Botafogo, Tim passou para a equipe profissional.[5] No profissional do Pantera, com seu bom futebol, desbancou o maior craque do time até então, o atacante Piquetote, tornando-se, assim, ídolo da torcida botafoguense.
No ano seguinte, foi vendido para a Portuguesa Santista,[5] pela quantia de quinhentos mil réis, onde sua carreira viria a deslanchar. Com o bom futebol apresentado na Portuguesa Santista, Tim alcançou, em 1936, a Seleção Paulista, onde conquistou o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, vencendo o Rio Grande do Sul no Estádio São Januário do Rio de Janeiro 2 a 0, em 2 de agosto.
Em dezembro, chegou à Seleção Brasileira, participando do grupo que foi ao Campeonato Sul-Americano de 1937.[5] Foi nessa competição que ganhou o apelido de El Peón,[5] por "conduzir o time brasileiro como um peão (peón) conduz a sua manada".[2][4][7]
Quando retornou ao Brasil, após o Sul-Americano, decidiu ficar perto da família e voltou a defender o Botafogo, mas ficaria apenas pouco mais de quatro meses no time ribeirão-pretano: em abril de 1937, transferiu-se para o Fluminense, quando lhe foram ofertados vinte contos de réis e mais um conto mensal. No Flu, viveria o auge de sua carreira, formando com Romeu Pellicciari "uma das duplas mais famosas do futebol brasileiro", segundo a Folha de S.Paulo.[1] Sua primeira glória no Tricolor carioca foi integrar o time que seria tricampeão estadual em 1936, 1937 e 1938, a partir da segunda conquista.
Tim disputou a Copa do Mundo de 1938,[3] realizada na França, e, depois, voltou ao Rio de Janeiro para ser bicampeão do Campeonato Carioca em 1940 e 1941. AO longo de seus anos defendendo o Fluminense, marcou 71 gols em 226 partidas.[8]
Em 1942, foi disputar a Copa América pela Seleção Brasileira em Buenos Aires, e voltou com o prestígio redobrado, por suas grandes atuações. Nessa competição, o Brasil terminou em terceiro lugar. No total, vestiria a camisa da Seleção em dezesseis partidas.[4]
Em 1944, aposentou-se da Seleção Brasileira, deixando sua vaga para Jair Rosa Pinto. No mesmo ano, transferiu-se para o São Paulo, mas na temporada seguinte voltaria ao Rio de Janeiro, para defender o Olaria até 1947.[2] De lá, foi voltou para o Botafogo de Ribeirão Preto, uma decisão explicada assim ao Diário Popular: "O futebolista no Brasil conta com muita coisa a seu favor, mas tem ainda mais elementos contra. Um deles: a incompreensão do dirigente. Outro: a ingratidão do público. Acho, por isso, que se deve trabalhar para que a situação do 'ás' seja diferente. Ingressando como técnico do Botafogo, tudo farei para levantá-lo e para o bem do futebol de Ribeirão Preto."[9]
Tim encerrou a carreira em 1950, defendendo o Atlético Junior, de Barranquilla, na Colômbia.
Carreira de técnico-jogador
Em 1947, chegou a jogar e treinar, ao mesmo tempo, a equipe do Olaria. A ocupação do cargo de técnico-jogador do time carioca durou até sua saída, quando foi ocupar o mesmo cargo no Botafogo de Ribeirão Preto, ficando no clube de 1948 até 1949.
Em 1950, encerrou sua carreira de jogador, porém logo tornando-se técnico, já em 1951.
Carreira como treinador
Estreou a carreira como técnico em 1951, sucedendo no Bangu a Ondino Vieira, que considerava "seu mestre".[1] Também treinou outras equipes, como Fluminense, Vasco da Gama, Flamengo, Coritiba, Botafogo, San Lorenzo, São José-SP e Inter de Limeira, mas foi no Bangu que teve seu "grande momento", segundo a revista Placar, ao levar o título ao título carioca de 1966, o último do clube até hoje, que também quebrou um jejum de 33 anos na época.[5]
No San Lorenzo de Almagro, Tim foi campeão argentino invicto em 1968 — o primeiro título invicto de um clube argentino na era do profissionalismo.[10]
Técnico da Seleção Peruana
Em 1981, assumiu a Seleção Peruana, quando esta não vivia um bom momento, e prometeu a classificação para a Copa do Mundo de 1982.[6][11] Tim reorganizou a equipe e conseguiu garantir a vaga para a Copa, eliminando o Uruguai e a Colômbia.[5][12]
No Grupo G da Copa do Mundo, Tim dirigiu o Peru nos três jogos que a equipe fez, conquistando dois empates — contra Camarões (0 a 0) e Itália (1 a 1) — e uma derrota — contra a Polônia (5 a 1). Com isso, o Peru foi eliminado ainda na primeira fase, terminando em vigésimo lugar na classificação geral, uma decepção.[6]
Apesar dessa decepção, em entrevista posterior a um jornal peruano, chegou a falar em voltar a trabalhar no país, onde tinha deixado muitos amigos.[6]
Morte
Tim morreu em 1984, de insuficiência hepática seguida de hemorragia gástrica,[1] menos de três anos após a campanha histórica com a Seleção Peruana nas Eliminatórias da Copa de 1982. Mais de cem pessoas compareceram a seu enterro, no Cemitério de São João Batista,[1] e seu caixão foi coberto com a bandeira do Fluminense.[6] Sua morte causou comoção no Peru, por causa da ainda recente campanha nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1982.[6]
Títulos
Como jogador
- Seleção Paulista
- Fluminense
- Campeonato Carioca: 1937, 1938, 1940 e 1941
- Torneio Municipal do Rio de Janeiro: 1938
- Torneio Extra: 1941
- Torneio Início do Campeonato Carioca: 1940 e 1941
Como treinador
- Fluminense
- Bangu
- San Lorenzo
- * Campeonato Argentino: (Campeonato Metropolitano): 1968 (invicto)
- Vasco da Gama
- Coritiba
Campanhas de destaque
Como jogador
- Seleção Brasileira
- Copa do Mundo FIFA: 1938 (3º lugar)
- Campeonato Sul-Americano (atual Copa América): 1942 (3º lugar)
Como treinador
- Seleção Peruana
- Grupo B das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1982: (1º lugar - Classificação à Copa do Mundo)
- Copa do Mundo FIFA: 1982 (20º lugar)
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 «Morre Tim, que conhecia os segredos da bola». Folha de S.Paulo (20 186). São Paulo: Empresa Folha da Manhã. 9 de julho de 1984. p. 21. ISSN 1414-5723. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ 2,0 2,1 2,2 Marcelo Duarte (2001). Enciclopédia do Futebol Brasileiro Lance!. [S.l.]: Areté Editorial. p. 356
- ↑ 3,0 3,1 Alexandre da Costa (2005). Almanaque do São Paulo Placar. [S.l.]: Abril. p. 445
- ↑ 4,0 4,1 4,2 Marcelo Duarte (2000). Guia dos Craques. [S.l.]: Abril. p. 415. 858771027-3
- ↑ 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6 5,7 «Súmula». Placar (738). São Paulo: Editora Abril. 13 de julho de 1984. p. 74. ISSN 0104-1762. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 «Ele sonhava em voltar ao futebol peruano». Folha de S.Paulo (20 186). São Paulo: Empresa Folha da Manhã. 9 de julho de 1984. p. 21. ISSN 1414-5723. Consultado em 7 de julho de 2020
- ↑ Isaac Amar (14 de janeiro de 1939). «Galeria dos craques:Tim "El Peón"». O Cruzeiro, ano XI, edição 11, páginas 30-31 e 40/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ Site Estatísticas do Fluminense
- ↑ «Em duas palavras...». São Paulo: Diário Popular. Diário Popular (20 732): 7. 3 de julho de 1948
- ↑ Site Futebol Portenho
- ↑ João Duque Estrada Meyer (31 de outubro de 1981). «O merecido repouso do mago do futebol». O Cruzeiro, ano II, edição 42, páginas 40-42/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ «Peru se classifica para a Copa do Mundo». Jornal do Brasil, ano XCI, edição 152, página 1/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 7 de setembro de 1981. Consultado em 18 de abril de 2022
- RedirecionamentoPredefinição:fim
Precedido por Roberto Meléndez |
Técnico do Junior Barranquilla (jogador-treinador) 1950–1951 |
Sucedido por Friedrich Donnenfeld |
Precedido por Otto Vieira Zezé Moreira |
Técnico do Fluminense 1951 1964–1967 |
Sucedido por Zezé Moreira Alfredo González |
Precedido por Ondino Viera Délio Neves Gentil Cardoso Gradim Ananias |
Técnico do Bangu 1953 1953–1956 1959–1960 1963–1964 1980 |
Sucedido por Délio Neves Luiz Renato Zizinho Denoni Alves Décio Leal |
Precedido por Diego García |
Técnico do San Lorenzo 1967–1968 |
Sucedido por Manuel Giúdice |
Precedido por Walter Miraglia |
Técnico do Flamengo 1969 |
Sucedido por Joubert Meira |
Precedido por Célio de Souza |
Técnico do Vasco da Gama 1970 |
Sucedido por Paulo Amaral |
Precedido por Paraguaio |
Técnico do Botafogo 1972 |
Sucedido por Sebastião Leônidas |
Precedido por Pepe |
Técnico do Santos 1974–1975 |
Sucedido por Pepe |
Precedido por Bengalinha Melquisedeque dos Santos |
Técnico do Vitória 1975 1976 |
Sucedido por Melquisedeque dos Santos Denílson |
Precedido por Alejandro Heredia |
Técnico da Seleção do Peru 1981–1982 |
Sucedido por Juan José Tan |
Tim (futebolista) | |
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