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Safim

Disambig grey.svg Nota: Para o povoado em Malta, veja Safi (Malta). Para a cidade da Guiné-Bissau, veja Safim (sector).

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O Palácio do Sultão (Dar Sultan) e o antigo cemitério
Safim no século XVI, numa gravura da obra Civitates Orbis Terrarum (1572-1617) do geógrafo alemão Georg Braun

Safim ou Safi (em berbere : Asfi ⴰⵙⴼⵉ ; em árabe: آسَفي; romaniz.: Assafi;) é uma cidade costeira do oeste de Marrocos, capital da província homónima e pertencente a região de Marraquexe-Safim. Em 2004 tinha 284 750 habitantes[1] e estimava-se que em 2012 tivesse 311 201 habitantes.[2]

Está situada na costa atlântica, na foz do uádi Châaba e na orla do planalto de Abda, 135 quilómetros a sudoeste de El Jadida, 245 quilómetros a sudoeste de Casablanca, 125 quilómetros a nordeste de Essaouira, 300 quilómetros a norte de Agadir e 150 quilómetros a noroeste de Marraquexe.

Foi uma possessão portuguesa entre 1508 e 1541, referida como praça-forte de Safim. Atualmente é uma cidade industrial e portuária, por onde são escoados para exportação os fosfatos e onde se concentra a maior parte da indústria marroquina de fertilizantes ligada aos fosfatos, produto do qual Marrocos é o principal exportador mundial. É também conhecida por ser o principal porto de pesca de sardinha de Marrocos e pela sua indústria química e pela cerâmica, tanto artesanal como industrial. Apesar da sua vocação industrial, a produção agrícola tem também grande relevância económica, empregando metade da população da região.

História

Antiguidade e Idade Média

As referências escritas sobre o aparecimento de Safim são escassas. O cabo Ussádio, um entreposto fenício a crer nos escritos de Ptolemeu, provavelmente frequentado mais tarde pelos romanos, aparece nos textos árabes com o nome de Asfi a partir do século XI como um pequeno porto de interesse local.

Safi (Hadirat al Mouhit), ou cidade do mar envolvente, segundo a expressão de ibne Caldune, era o porto da capital do Califado Almóada, Marraquexe, no século XII e tinha relações diretas com o Alandalus. Era então muito urbanizada, dotada de importantes fortificações e duma grande mesquita central, a qual se encontrava ligada a numerosas instituições. Sob os almóadas, no sinal do século XII, Predefinição:Ilc, que depois viria a ser o santo padroeiro da cidade, fundou um arrábita (espécie de convento fortificado) no subúrbio de Taçafine (Tasaffyn) chamada Alçafi (Al-Safy), cuja função religiosa ganha grande fama.

Na cidade são fundadas duas ordens religiosas, as primeiras do seu género em Marrocos: uma tariqa (irmandade sufista) e a Tafa dos Hujaje, uma organização de peregrinações a Meca, com uma extensa rede de centros de acolhimento (Sijilmassa, Tremecém, Bugia, Cirenaica, Alexandria, etc.), numa época em que essa obrigação islâmica estava suspensa devido à insegurança.

Formada por duas entidades urbanas, a cidade é dotada no século XIV dum madraçal, edificado pelo sultão merínida Alboácem Ali ibne Otomão, um Predefinição:Ilc (hospital), além de várias outras instituições, como uma qaysaria, um mohtasseb, ao mesmo tempo que Safim se afirma como um lugar de trocas comerciais importantes com Génova, Sevilha, Marselha e outros grandes portos comerciais mediterrânicos. No final do século XV, a pressão portuguesa acentua-se.

Possessão portuguesa

Constituía-se na capital fortificada de um pequeno reino muçulmano, que reconhecia a soberania de Portugal desde 1488, época das conquistas portuguesas de Arzila e Tânger. Naquele ano, o alcaide da cidade reconhecia o "rei de Portugal como seu senhor, por si e por seus concidadãos, presentes e futuros", e comprometia-se a pagar um tributo de 300 meticais de ouro ou o seu valor em mercadorias. Como símbolo dessa suserania recebia "a bandeira real e um atabaque" que o rei de Portugal lhe entregava; em contrapartida, tanto o alcaide como os moradores da cidade podiam circular sem restrições em todos os "domínios portugueses daquém e além-mar", podendo neles negociar em pé de igualdade com "os outros seus naturais ou vassalos".

A cidade foi conquistada sem dificuldade por Diogo de Azambuja em 1508, vindo a ser abandonada em 1542, após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué no ano anterior (1541). O seu complexo defensivo contava com cerca de três quilómetros de muralhas envolvendo a cidade, dominada por uma fortificação construída pelos portugueses: o chamado Castelejo ("Kechla"). Via de penetração para Marraquexe, a cidade e sede episcopal de Safim recebeu uma forte cerca amuralhada com risco dos irmãos Diogo de Arruda e Francisco de Arruda (1512) com destaque para um imponente baluarte circular que ladeava a porta do chamado "Castelo de Terra", cujas obras só seriam concluídas em 1540, dois anos antes do abandono da praça. Posteriormente a 1512, foi erguido ainda o chamado "Castelo do Mar", em estilo manuelino, a título de obra complementar, para defesa do porto.

É considerada como a mais bela das praças-fortes portuguesas no Marrocos. As suas estruturas foram objeto de restauração nas últimas décadas, encontrando-se em excelente estado de conservação. No "Castelo do Mar" encontram-se actualmente trinta peças de artilharia, algumas das quais portuguesas. Destacam-se ainda os vestígios da antiga catedral, convertida em uma mesquita, actualmente requalificada como museu.

Governadores portugueses

Abertura à Europa

De novo ligada a Marraquexe sob os Saadianos, Safim mantém-se como um dos portos mais importantes do reino até à fundação de Essaouira, na segunda metade do século XVII. Foi sede de vários consulados estrangeiros e no século XIX participa na abertura comercial de Marrocos às potências estrangeiras.

À semelhança de Tânger, a comunidade judia é importante e não ocupa uma mellah (bairo especificamente para judeus). A existência de cultos mistos judeu-muçulmanos, como a dos Oulad Zmirro, os sete santos judeus enterrados em Safim, que perdurou até meados do século XX, atesta as boas relações entre as duas comunidades.

No século XVII, o cônsul de França tem a sua residência em Safim e é nesta cidade que o comandante de Rasilly assina em nome de Predefinição:Lknb vários tratados de comércio entre o Império Charifiano e França. No entanto, a cidade declina completamente no século XIX.

Século XX

Safim volta a ganhar importância e a desenvolver-se com a pesca industrial, sobretudo de sardinha. A indústria conserveira ligada a sardinha desenvolveu-se durante a Segunda Guerra Mundial e o porto de Safim tornou-se o principal porto de pesca de sardinha do mundo nos anos 1950. A cidade é igualmente o ponto de escoamento dos minerais de Jbilet e dos fosfatos de Youssoufia (90 quilómetros a nordeste).

Nos anos 1970 foi construído um grande complexo químico alguns quilómetros a sul da cidade.

Notas e referências

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  • Le Guide Vert - Maroc (em français). Paris: Michelin. 2003. p. 374-378. 460 páginas. ISBN 978-2-06-100708-2 
  • Ellingham, Mark; McVeigh, Shaun; Jacobs, Daniel; Brown, Hamish (2004). The Rough Guide to Morocco (em English) 7ª ed. Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guide, Penguin Books. p. 389-393. 824 páginas. ISBN 9-781843-533139 
  1. Royaume du Maroc - Haut-Comissariat au Plan. «Recensement général de la population et de l'habitat 2004» (PDF). www.lavieeco.com (em français). Jornal La Vie éco. Consultado em 9 de março de 2012 
  2. «Maroc: Les villes les plus grandes avec des statistiques de la population». gazetteer.de (em français). World Gazeteer. Consultado em 9 de março de 2012 
  3. "Senhor do morgado do Torrão",Predefinição:Dn "D. Rodrigo de Castro, chamado o Hombrinhos, Capitão de Safim, & irmão de D. Leonor de Castro, mulher de D. Francisco de Borja, Marquez de Lombay, & Duque de Gandia. In Corografia Portugueza, e descriçam topografica do famoso reyno de Portugal, etc. Pelo P. Antonio Carvalho da Costa. Lisboa, na officina de Valentim da Costa Deslandes. 1708. Tomo segundo p. 369.

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Ligações externas

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