Predefinição:Info/Assentamento/Marrocos Azamor (em árabe: أزمّور; romaniz.: Azemmúr, em berbere: ⴰⵣⵎⵎⵓⵔ; romaniz.: Azemmúr, as oliveiras) é uma cidade situada na margem esquerda do rio Morbeia, a cerca de dez quilómetros da antiga Mazagão, na costa atlântica do norte de Marrocos.
História
Azamor fica na antiga Azama, um porto comercial de fenícios e mais tarde do Império Romano. Ainda hoje podem ser vistos os restos de um depósito romano de grãos nas chamadas "cisternas portugueses" da vizinha El Jadida[1]. Alguns historiadores acreditam que Azama foi a cidade mais austral de Marrocos ao tempo do domínio romano, na época de Augusto.
Embora dependente do rei de Fez, constituía-se numa povoação comercial bastante dinâmica. Reputada pela excelência de seu porto fluvial, em 1486, devido à instabilidade política regional, os seus habitantes pediram a proteção do rei D. João II (1481-1495), de quem se tornaram vassalos e tributários. O tributo anual era de dez mil sáveis, peixe abundante naquele rio, permitindo o estabelecimento de uma feitoria. Como primeiro feitor foi escolhido o escudeiro Martim Reinel, que já lá se encontrava em função da negociação do acordo, cujas funções exerceu até 1501.
O rei Manuel I de Portugal (1495-1521) confirmou os termos do contrato em 1497. Mais tarde, surgindo desavenças em torno do mesmo, Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar sáveis a Azamor, em 1508 deu conhecimento a D. Manuel das grandes divisões entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar súditos de Portugal. Atendendo a esses motivos, foi enviada uma pequena armada (50 navios e 2.500 homens) sob o comando de Dom João de Menezes, para submeter a cidade, sem sucesso.
Em 1513, a expulsão de alguns portugueses que viviam na cidade, e consequentemente encerramento da feitoria portuguesa por iniciativa de Muley Zião, deu ensejo a que, a 15 de agosto fosse enviada do reino uma nova armada (500 navios, 13 mil homens a pé, mais de 2 mil a cavalo, e gente de mar), sob o comando de D. Jaime, duque de Bragança.[2] No dia 1 de setembro seguinte, as forças portuguesas avançaram sobre a cidade, que capitulou, sem resistência, dois dias depois, a 3. Participou da expedição o engenheiro militar Francisco Danzilho, que desenhou uma ou mais vistas da cidade, que foram remetidas ao soberano.[3]
D. João de Menezes ficou por capitão da praça, com três mil homens para a sua defesa. Entretanto, conforme informou o soberano ainda no mesmo ano, esse quantitativo era insuficiente, uma vez que a cidade era práticamente do tamanho de Évora, e as suas defesas eram muito fracas.[4]
Durante o ano seguinte (1514) ali atuaram os irmãos Diogo e Francisco de Arruda, responsáveis pelo que é considerado como a sua obra mais marcante no Norte d'África: dois baluartes curvilíneos, o de "São Cristóvão", anexo ao Palácio dos Capitães como uma torre de menagem compacta; e o do "Raio", no extremo da fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente, em todas as direções.
A Praça-forte de Azamor foi abandonada em 1541, por determinação de D. João III (1521-1557), após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (1541).
Governadores de Azamor
- 3 de setembro de 1513 - 1513 - D. Jaime I, Duque de Bragança
- 1513 - 1514 - D. João de Menezes
- 1513 - 1514 - Rui Barreto, alcaide de Faro
- Maio de 1514 - Setembro de 1514 - João SoaresPredefinição:Dn
- 2 de setembro de 1514 - 1515 (?) - D. Pedro de Sousa Chichorro[5]
- 1515 - 1516 - Lopo Barriga
- 1516 - Nuno Gato
- 1516 - Dezembro de 1517 - Simão Correia
- 30 de dezembro de 1517 - 1521 - D. Álvaro de Noronha (1.ª vez)
- 1521 - 1523 - Gonçalo Mendes Sacoto
- 1523 - 1524 - D. Álvaro de Noronha (2.ª vez)
- Junho de 1525 - 1529 - Jorge Viegas
- 10 de setembro de 1529 - 1530 - António Leite (1.ª vez)
- 1530 - 1534 (?) - D. Pedro MascarenhasPredefinição:Dn
- 1534 - 1535 - Lançarote de Freitas (interino)
- 1535 - 1537 - D. Álvaro de Abranches
- 1537 - 1541 - António Leite (2.ª vez)
- 1541 - 30 de outubro de 1541 - D. Álvaro de Noronha
Património edificado
Em termos de património edificado, a cidade conserva alguns vestígios da ocupação portuguesa, nomeadamente troços das muralhas, casario e as ruas interiores, com elementos em estilo manuelino.
Arquitetura religiosa
- Igreja Matriz
- Mesquita
Arquitetura militar
- Baluarte de São Cristóvão
- Baluarte do Raio
- Baluarte e Porta da Vila
- Baluarte em "U" da Muralha Norte
- Muralha e Castelo
- Muro do atalho
- Porta da Ribeira
Equipamentos e infraestruturas
- Alfândega e Casa dos Contos
- Casa do Capitão
Ver também
Organização administrativa e população
A cidade de Azamor constitui um município da província de El Jadida, pertencente a região de Casablanca-Settat. A sua area é de 4,35[6] km² e tinha 40.920[7] habitantes em 2014.
Referências
- ↑ Romana Azama
- ↑ CRUZ, Maria Augusta Lima. "Documentos Inéditos para a História dos Portugueses em Azamor". Arquivos do Centro Cultural Português, Paris, 1970. vol. II.
- ↑ SOUSA VITERBO, F. M. de. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou ao Serviço de Portugal. Lisboa, 1899-1922, vol. I, p. 275.
- ↑ "Les Sources Inédites de l'Histoire du Maroc". Portugal, edição de Pierre de Cénival, David Lopes e Robert Ricard. Paris, 1934-1935, vol. I, p. 459-467.
- ↑ David Lopes, na História de Arzila, diz que D. Pedro de Sousa também era capitão da vila em 1523
- ↑ «Morocco: Regions, Major Cities, Urban Communes & Urban Centers - Population Statistics, Maps, Charts, Weather and Web Information». www.citypopulation.de. Consultado em 27 de março de 2022
- ↑ «Population Legale des Regions, Provinces, Prefectures, Municipalités, Arrondissements et Communes du Royaume d'Apres les Resultats du Recensement General de la Population et de l'Habitat de 2014». Haut-Commissariat au Plan du Maroc. Centre National de Documentation. Consultado em 27 de março de 2022