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Roberto DaMatta

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Roberto DaMatta

Roberto Augusto DaMatta OMCONM (Niterói, 29 de julho de 1936) é um antropólogo, conferencista, filósofo, consultor, colunista de jornal e produtor brasileiro de TV. É Professor Titular de Antropologia Social do Departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Professor Emérito da Universidade de Notre Dame, ocupando a cátedra Reverendo Edmund P. Joyce.

Biografia

Graduado e licenciado em História pela Universidade Federal Fluminense (1959 e 1962), Roberto possui curso de especialização em antropologia social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1960) bem como mestrado (Master in Arts) e doutorado em 1969 e 1971 respectivamente pela Universidade Harvard.[1]

Foi chefe do departamento de Antropologia do Museu Nacional e o coordenador do seu programa de pós-graduação em Antropologia Social (de 1972 a 1976). É professor emérito da universidade norte-americana de Notre Dame, onde ocupou a cátedra Rev. Edmund Joyce, c.s.c., de Antropologia de 1987 a 2013. Atualmente, é professor titular do Departamento de Ciências Sociais da PUC-RJ.[2]

Em 2001, recebeu a Ordem do Mérito.[2] Roberto realizou pesquisas etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé. Foi pioneiro nos estudos de rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço.

Considerado um dos grandes nomes das Ciências Sociais no País, é autor de diversas obras de referência na Antropologia, Sociologia e Ciência Política, como Carnavais, Malandros e Heróis, A casa e a rua ou O que faz o brasil, Brasil?.

Em 1974, Oswaldo Caldeira realizou para o Ministério da Educação e Cultura, com finalidades didáticas, o documentário de média metragem Aukê. O filme é uma aula de Antropologia, baseada em um estudo feito em 1970 por Roberto chamado Mito e anti-mito entre os Timbira, que conta o surgimento do homem branco do ponto de vista indígena. O próprio Roberto apresenta e explica seu trabalho ao longo do filme, que foi selecionado e exibido no Festival de Brasília de 1975.

Foi o primeiro convidado do programa Manhattan Connection, criado pelo jornalista Lucas Mendes.[3] Em 2013, esteve no programa para comemorar os vinte anos da atração.[4]

No ano de 2017, recebeu duas medalhas: A Medalha “Marechal Trompowsky”, pelos relevantes serviços prestados à educação no âmbito militar e A medalha de Comendador, da Ordem do Mérito Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho.

Influências

Uma das maiores influências de Roberto é o antropólogo estadunidense David Maybury-Lewis (grande especialista da etnia Xavante), a quem auxiliou durante seus estudos na Universidade Harvard entre as décadas de 60 e 70. A obra de Roberto também estabelece importantes diálogos com os franceses Claude Lévi-Strauss, Louis Dumont, Émile Durkheim e Alexis de Tocqueville (este, amplamente citado no famoso ensaio sobre o "Sabe com quem está falando?" e o "jeitinho"), o escocês Victor Turner e, especialmente, com os brasileiros Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Roberto Cardoso de Oliveira.[5]

Síntese de pensamento

Estudioso do Brasil, de seus dilemas e de suas contradições bem como de seu potencial e de suas soluções, Roberto não se afasta de seu País mesmo ao desenvolver outros temas. A comparação com o Brasil é inevitável em suas obras.

O antropólogo revela o Brasil, o seu povo e a sua cultura através de suas festas populares, manifestações religiosas, literatura e arte, desfiles carnavalescos e paradas militares, leis e regras (quando respeitadas e quando desobedecidas), costumes e esportes.

Surge daí um Brasil complexo, que não se submete a uma fórmula ou esquema único. Para Roberto, o Brasil é tão diversificado como diversificados são os rituais, conjunto de práticas consagradas pelo uso ou pelas normas, a que os brasileiros se entregam.

Todos esses temas são abordados em sua relação com duas espécies de sujeito – o indivíduo e a pessoa –, e situados em dois tipos de espaço social, a casa e a rua.

A distinção entre indivíduo e pessoa é bem demarcada em seu original trabalho sobre a conhecida e ameaçadora pergunta: Você sabe com quem está falando?. Os seres humanos que se sentem autorizados a se dirigir dessa forma aos outros, colocam-se na posição de pessoas: são titulares de direito, são alguém no contexto social. Os seres humanos a quem tal pergunta é dirigida são, para as pessoas, meros indivíduos, mais um na multidão, um número.

A rua é o espaço público. Como é de todos, não é de ninguém: logo, tem-se ali um espaço hostil onde não valem as leis e os princípios éticos, a não ser sob a vigilância da autoridade. A convivência na rua depende de uma negociação constante entre iguais e desiguais. A casa, considerada num sentido amplo, é o espaço privado por excelência, onde estão “os nossos”, que devem ser protegidos e favorecidos, e aqui Roberto retoma e atualiza o conceito de homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda.

Obra

  • Índios e castanheiros (com Roque de Barros Laraia) - 1967
  • Ensaios de antropologia cultural - 1975
  • Um mundo dividido: a estrutura social dos índios Apinayé - 1976 (em inglês, 1982)
  • Carnavais, malandros e heróis - 1979 (em francês, 1983; em inglês, 1991)
  • Universo do carnaval: imagens e reflexões - 1981
  • Relativizando: uma introdução à antropologia social, 1981
  • O que faz o brasil, Brasil? - 1984
  • A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil - 1984 (em 2000, foi lançada a 11ª edição)
  • Explorações: ensaios de sociologia interpretativa - 1986
  • Conta de mentiroso: sete ensaios de antropologia brasileira - 1993
  • Torre de Babel: ensaios, crônicas, críticas, interpretações e fantasias - 1996
  • Águias, burros e borboletas: um ensaio antropológico sobre o jogo do bicho - 1999
  • Profissões industriais na vida brasileira - 2003
  • Tocquevilleanas, notícias da América - 2005
  • A bola corre mais que os homens: duas Copas - 2006
  • Fé em Deus e pé na tábua: como e por que o trânsito enlouquece no Brasil - 2011
  • Brasileirismos: Além do jornalismo, aquém da antropologia e quase ficção - 2015
  • Fila e Democracia - 2017

Além de sua obra em livros, Roberto possui centenas de artigos e ensaios em revistas científicas e coletâneas bem como verbetes em dicionários e enciclopédias no Brasil e no exterior, publicados a partir de 1963. Mantém uma coluna semanal no jornal carioca O Globo.

Séries para televisão

  • Os brasileiros (Rede Manchete, 1983, autoria e produção)
  • Nossa Amazônia (Rede Bandeirantes, 1985, autoria) - direção de Cacá Diegues

Referências

  1. «Roberto Augusto DaMatta». Academia Brasileira de Ciências (em português). Consultado em 7 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 20 de dezembro de 2016 
  2. 2,0 2,1 «Roberto DaMatta fala sobre cidadania ativa no TCE Ceará». Tribunal de Contas do Estado do Ceará. Consultado em 7 de dezembro de 2016 
  3. «No esquenta». O Fluminense: 7 
  4. «Manhattan Connection tem utilidade enorme, avalia Roberto DaMatta». Globo News (em português). 25 de março de 2013. Consultado em 10 de dezembro de 2020 
  5. DaMatta, R (2013). «Recordações de como me deparei com e tentei compreender o espaço por meio de uma sociologia» (PDF). Tempo Social. SciELO. Consultado em 7 de dezembro de 2016 

Ligações externas

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