Sérgio Buarque de Holanda | |
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Sérgio Buarque em 1957 | |
Nascimento | 11 de julho de 1902[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] São Paulo, SP |
Morte | 24 de abril de 1982 (79 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] São Paulo, SP |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Heloísa Gonçalves Moreira Buarque de Hollanda Pai: Cristóvão Buarque de Hollanda |
Cônjuge | Maria Amélia Buarque de Hollanda |
Filho(a)(s) | Chico Buarque Miúcha Ana de Hollanda Cristina Buarque |
Alma mater | Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Ocupação | historiador, jornalista, crítico literário |
Prêmios | Prêmio Juca Pato (1979) |
Magnum opus | Raízes do Brasil |
Assinatura | |
Sérgio Buarque de Holanda[nota 1] (São Paulo, 11 de julho de 1902 – São Paulo, 24 de abril de 1982) foi um historiador, sociólogo e escritor brasileiro. Foi também crítico literário, jornalista e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).[1]
Pai dos músicos Chico Buarque, Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina Buarque e também tio do linguista da Academia Brasileira de Letras Aurélio Buarque de Holanda, descendia de portugueses, holandeses, cristãos-novos e afro-brasileiros.
Biografia
Filho do farmacêutico pernambucano Cristóvão Buarque de Hollanda e da dona de casa fluminense Heloísa Gonçalves Moreira Buarque de Hollanda, Sérgio estudou em São Paulo, na Escola Caetano de Campos e no Ginásio São Bento, onde foi aluno de Afonso d'Escragnolle Taunay. Em 1921, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde participou do movimento Modernista de 1922, tendo sido nomeado por Mário de Andrade e Oswald de Andrade representante da revista Klaxon na mesma cidade.[1]
Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), pela qual obteve o título de bacharel em ciências jurídicas e sociais no ano de 1925. Começou a trabalhar como jornalista (no Jornal do Brasil), seguindo para Berlim, como correspondente, nos anos 1929-1931.
De volta ao Brasil no começo dos anos 30, continuou a trabalhar como jornalista. Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito Federal. Neste mesmo ano, casou-se com Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim, com quem teve sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, além dos músicos Ana de Hollanda, Cristina Buarque, Heloísa Maria (Miúcha) e Chico Buarque. Ainda em 1936, publicou o ensaio "Raízes do Brasil", que foi seu primeiro trabalho de grande fôlego e que, ainda hoje, é o seu escrito mais conhecido.
Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito Federal, incorporada depois na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atual UFRJ, não se confundindo com a Universidade do Distrito Federal criada posteriormente e que deu origem a UEG e depois a UERJ. Em 1939, extinta a Universidade do Distrito Federal, passou a trabalhar na burocracia federal. Em 1941, passou uma longa temporada como visiting scholar em diversas universidades dos Estados Unidos.
Reuniu, no volume intitulado "Cobra de Vidro", em 1944, uma série de artigos e ensaios que anteriormente publicara nos meios de imprensa. Publicou, em 1945 e 1957, respectivamente, "Monções" e "Caminhos e Fronteiras", que consistem em coletâneas de textos sobre a expansão oeste da colonização da América Portuguesa entre os séculos XVII e XVIII.
Em 1946, voltou a residir em São Paulo, para assumir a direção do Museu Paulista, que ocuparia até 1956, sucedendo então ao seu antigo professor escolar Afonso Taunay. Em 1948, passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na cátedra de história econômica do Brasil, em substituição a Roberto Simonsen.
Viveu na Itália entre 1953 e 1955, onde esteve a cargo da cátedra de estudos brasileiros da Universidade de Roma. Em 1958, assumiu a cadeira de "História da Civilização Brasileira", agora na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. O concurso para esta vaga motivou-o a escrever "Visão do Paraíso", livro que publicou em 1959, no qual analisa aspectos do imaginário europeu à época da conquista do continente americano. Ainda em 1958, ingressou na Academia Paulista de Letras e recebeu o "Prêmio Edgar Cavalheiro", do Instituto Nacional do Livro, por "Caminhos e Fronteiras".
A partir de 1960, passou a coordenar o projeto da "História Geral da Civilização Brasileira", para o qual contribuiu também com uma série de artigos. Em 1962, assumiu a presidência do recém-fundado Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. Entre 1963 e 1967, foi professor convidado em universidades no Chile e nos Estados Unidos participou de missões culturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura na Costa Rica e Peru. Em 1969, num protesto contra a aposentadoria compulsória de colegas da Universidade de São Paulo pelo então vigente regime militar, decidiu encerrar a sua carreira docente.
No contexto da "História Geral da Civilização Brasileira", publicou, em 1972, "Do Império à República", texto que, a princípio, fora concebido como um simples artigo para a coletânea, mas que, com o decurso da pesquisa, acabou por ser ampliado num volume independente. Trata-se de um trabalho de história política que aborda a crise do Império do Brasil no final do século XIX, explicando-a como resultante da corrosão do mecanismo fundamental de sustentação deste regime: o poder pessoal do imperador.
Permaneceu intelectualmente ativo até 1982, tendo ainda, neste último decênio, publicado diversos textos. De 1975 é o volume "Vale do Paraíba - Velhas Fazendas" e de 1979, a coletânea "Tentativas de Mitologia" [2]. Nestes últimos anos, trabalhou também na reelaboração do texto de "Do Império à República" - que não chegou a concluir.
Recebeu em 1980 tanto o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, quanto o Prêmio Jabuti de Literatura, da Câmara Brasileira do Livro.
Também em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, recebendo a terceira carteira de filiação do partido, após Mário Pedrosa e Antonio Candido.[3] Por sua participação no PT, e na condição de intelectual destacado, o centro de documentação e memória da Fundação Perseu Abramo (fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1996) recebe seu nome: Centro Sérgio Buarque de Holanda: Documentação e Memória Política.
Morreu em São Paulo, vítima de complicações pulmonares, em 24 de abril de 1982.[4]
Seus escritos representam uma importante contribuição ao conhecimento da história nacional e, segundo Voltaire Schilling, é um dos principais intelectuais brasileiros do século XX.[5] Há um navio batizado em homenagem a seu nome, construído em 2012.[6]
Escritos mais importantes
(por ano da 1ª. ed.)
- Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, 1936.
- Cobra de vidro. São Paulo, 1944.
- Monções. Rio de Janeiro, 1945.
- Expansão paulista em fins do século XVI e princípio do século XVII. São Paulo, 1948.
- Caminhos e Fronteiras. Rio de Janeiro, 1957.
- Visão do Paraíso. Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo, 1959.
- História Geral da Civilização Brasileira (em coautoria). 1961.
- Do Império à República. São Paulo, 1972. (História geral da civilização brasileira, tomo II, vol. 5).
- Tentativas de mitologia. São Paulo, 1979.
- Sergio Buarque de Hollanda: História (org. Maria Odila Leite Dias). São Paulo, 1985 (coletânea).
- O extremo Oeste (obra póstuma). São Paulo, 1986.
- Raízes de Sérgio Buarque de Holanda (org. Francisco de Assis Barbosa). Rio de Janeiro, 1988 (coletânea).
- Capítulos de literatura colonial (org. Antonio Candido). São Paulo, 1991 (coletânea).
- O espírito e a letra (org. Antonio Arnoni do Prado), 2 vols. São Paulo, 1996 (coletânea).
- Livro dos prefácios. São Paulo, 1996 (coletânea de prefácios escritos pelo autor).
- Para uma nova história (org. Marcos Costa). São Paulo, 2004. (coletânea de textos publicados, quase todos, em jornais de notícias).
- Escritos coligidos – 1920-1979 (org. Marcos Costa), 2 vols. São Paulo, 2011 (coletânea).
Literatura secundária
- ASSIS, Arthur. A teoria da história como hermenêutica da historiografia. Uma interpretação de 'Do Império à República', de Sérgio Buarque de Holanda. Revista Brasileira de História, v. 30, n. 59, pp. 91–120, 2010.
- CANDIDO, Antônio (org.). Sérgio Buarque e o Brasil. São Paulo, 1998.
- CARVALHO, Raphael Guilherme de. Sérgio Buarque de Holanda: escrita de si e memória. Curitiba: Editora da UFPR, 2021.
- DIAS, Maria Odila. Sergio Buarque na USP. Revista de Estudos Avançados, n. 22, 1994. [1]
- FRANÇOSO, Mariana. Um outro olhar: a etnologia alemã na obra de Sérgio Buarque de Holanda. Campinas, 2004. [2]
- IGLÉSIAS, Francisco. Sérgio Buarque de Hollanda, historiador. In: Vários autores. Sérgio Buarque de Holanda: 3º Colóquio UERJ. Rio de Janeiro, 1992, p. 9-53.
- MONTEIRO, Pedro M. A Queda do Aventureiro: aventura, cordialidade e os novos tempos em Raízes do Brasil. Campinas, 1999.
- NICODEMO, Thiago Lima. Urdidura do Vivido. Visão do Paraíso e a obra de Sérgio Buarque nos anos 1950. Prefácio de Laura de Mello e Souza. São Paulo, EDUSP, 2008>
- ROCHA, João Cezar de Castro. Literatura e cordialidade. O público e o privado na cultura brasileira. Rio de Janeiro, 1998.
- WEGNER, Robert. A conquista do oeste. A fronteira na obra de Sergio Buarque de Hollanda. Belo Horizonte, 2002.
Cinebiografia
- DOS SANTOS, Nelson Pereira (dir.). Raízes do Brasil – Uma cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda. 2 Partes. 2001.
Predefinição:Notas e referências
Ligações externas
- Sítio comemorativo ao centenário de nascimento de Sérgio Buarque de Holanda
- Textos de Sérgio Buarque de Holanda arquivados no banco de dados da Folha de S. Paulo.
- A vida e a obra de Sérgio Buarque de Holanda por Ana L.O.D. Ferreira.
- Análise do pensamento de Sérgio Buarque em Raízes do Brasil e G Freyre em Casa Grande & Senzala, Karoline Biscardi Santos.
- Raízes do Brasil: uma interlocução entre Simmel, Weber e Sérgio Buarque, Edilaine Custódio Ferreira.
- História Cultural de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda e os novos rumos da historiografia brasileira, Cavalcante Junior, I.G. Silva, M. do R. de F.V. da Costa, R. da S.
- Vertentes democráticas em Gilberto Freyre e Sérgio Buarque, Valeriano Mendes Ferreira Costa.
- Sérgio Buarque de Holanda: Visão do Paraíso, Luiz Costa Lima, USP.
- RedirecionamentoPredefinição:fim
Precedido por Afonso d'Escragnolle Taunay |
Diretor(a) do Museu Paulista 1946 — 1958 |
Sucedido por Mário Neme |
Predefinição:Museu Paulista Predefinição:Prêmio Jabuti - Estudos Literários
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correspondente foi encontrada
- ↑ 1,0 1,1 Sérgio Buarque de Holanda, UOL, consultado em 29 de outubro de 2015.
- ↑ Carvalho, Raphael Guilherme de (2017-Sep-Dec). «Tentativas de Mitologia (1979), escrita de si e memória de Sérgio Buarque de Holanda». Estudos Históricos (Rio de Janeiro) (em português): 701–720. ISSN 0103-2186. doi:10.1590/s2178-14942017000300010. Consultado em 24 de março de 2022 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ OGASSAWARA, Juliana Sayuri. "Onde estão os intelectuais brasileiros"[ligação inativa]. Revista Fórum. São Paulo: Publisher, maio de 2009. Página 20.
- ↑ Veja (713), 5 de maio de 1982, p. 124.
- ↑ Schilling, Voltaire. "Sérgio Buarque, o explicador do Brasil". Educa Terra.
- ↑ Transpetro comemora dois anos de operação do navio Sérgio Buarque de Holanda, Transpetro.