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Ramal do Montijo

Ramal do MontijoPredefinição:Info/topo/imagem
Flickr - nmorao - Estação do Montijo, 2009.05.05 (cropped).jpg
Antiga Estação de Montijo, em 2009.
Informações principais
Área de operação Concelhos de Palmela e Montijo
Portugal Portugal
Tempo de operação 1908–1989
Operadora Caminhos de Ferro do Estado
Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
Interconexão Ferroviária Linhas do Alentejo e Sul, no Pinhal Novo.
Extensão 10,6 Km
Especificações da ferrovia
Bitola bitola ibérica
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Ramal do Montijo


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Predefinição:BSrow |} Predefinição:BSrow-sc |} Predefinição:BSrow-sc Predefinição:BS3-replace

Predefinição:BSrow |} |} Predefinição:FerroviasPTmapa |} O Ramal do Montijo, conhecido inicialmente como Ramal de Aldegallega ou Ramal de Aldeia Galega, devido à antiga designação da localidade do Montijo, foi um troço ferroviário, em bitola ibérica, que ligava o Pinhal Novo ao Montijo, em Portugal. Foi inaugurado em 4 de Outubro de 1908[1] e encerrado em 1989.[2] Predefinição:TOC-limitado

Caracterização

Trajecto e vestígios do Ramal

A via partia de Pinhal Novo por Noroeste, contornando o limite urbanizado e descrevendo uma larga curva para Norte e Nordeste, e seguia depois paralelamente à Rua 1.º de Maio e de seguida à EN252, voltando a flectir para Noroeste até e para lá de Jardia. Entrava no Montijo seguindo em paralelo à Rua Vasco da Gama, virando depois para Oeste até atingir a estação. Desta subsiste o depósito de água.

Material circulante

Entre o material circulante utilizado no Ramal do Montijo, estiveram as locotractoras da Série 1100.[3]

Projectos para duas pontes sobre o Tejo, incluindo a Ponte do Beato ao Montijo, à direita. Não está representado o Ramal do Montijo, e ao fundo à direita está a estação do Barreiro.

História

Antecedentes e primeiros projectos

Ao longo da história, o Rio Tejo foi o principal meio de comunicação entre as suas duas margens; no Século XIX, este percurso foi modernizado com a introdução de barcos a vapor.[4] No entanto, estes veículos encontravam grandes dificuldades para atracar, devido à falta de dragagem, pelo que normalmente ficavam parados longe das margens, sendo então o transporte de passageiros e mercadorias até terra feito em barcos pequenos, situação que ainda foi testemunhada em 1901.[4] Além das dificuldades no eixo fluvial, também as vias terrestres na margem Sul estavam pouco desenvolvidas, devido principalmente aos solos da região, compostos principalmente por zonas arenosas, onde era muito difícil construir estradas.[5] Só a partir de Vendas Novas é que se iniciavam as estradas para o Sul do país[5], formando uma grande lacuna em termos de vias terrestres naquela região, constituindo um obstáculo às comunicações entre Lisboa e o Alentejo.[6]

Em 31 de Maio de 1830, inaugurou-se um serviço de diligências entre Aldeia Galega (antiga designação do Montijo) e Badajoz, em Espanha, que por falta de procura foi suspenso em 15 de Fevereiro do ano seguinte.[7]

Em 1854, surgiu pela primeira vez a ideia de construir um caminho de ferro na margem Sul do Tejo, quando foi proposta uma linha de Aldeia Galega até Vendas Novas, que foi alvo de uma consulta do Conselho Superior de Obras Públicas em 19 de Abril desse ano.[8] O principal objectivo desta linha seria facilitar os transportes entre as margens do Tejo e o interior.[5] Uma lei de 7 de Agosto de 1854 autorizou a construção desta linha, embora tenha ordenado a realização de estudos, de forma a averiguar sobre qual seria o melhor traçado e ponto de partida.[9] Apurou-se que existiam grandes dificuldades em construir um cais fluvial em Aldeia Galega[6], além que ficaria demasiado longe de Lisboa.[5] Assim, em 26 de Agosto do mesmo ano, celebrou-se um contrato adicional para a linha, mas com origem no Barreiro.[9] O contrato autorizava igualmente a construção de um ramal até Aldeia Galega.[9] A linha para o Alentejo foi construída a partir do Barreiro, tendo o primeiro troço, até Bombel, sido inaugurado em 15 de Junho de 1857, pela Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo.[6]

Em 1879, o engenheiro Miguel Pais apresentou uma proposta para construir uma ponte rodoferroviária sobre o Rio Tejo, que ligaria a zona do Grilo, em Lisboa, ao Montijo.[10] Posteriormente foram apresentadas outras propostas para a ponte, como em Cacilhas e Almada, tendo o projecto de Miguel Pais sido retomado pela Associação dos Engenheiros Civis aquando da fase da discussão e estudos para a elaboração do Plano da Rede Complementar ao Sul do Tejo.[11]

Inauguração da estação do Montijo.

Planeamento, construção e inauguração

Em 1906, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Francisco da Silva, emitiu um parecer favorável acerca da construção do ramal entre o Pinhal Novo e Montijo, onde classificou este projecto como viável, cuja execução não traria despesas para o governo ou para a autarquia.[12] Propôs várias modalidades de empréstimo como forma de financiar a construção, de forma a que a própria exploração da linha cobrisse as despesas a fazer.[12] Desta forma, fez uma reunião com os quarenta maiores contribuintes do município, de forma a que estes dessem o seu parecer sobre as condições do empréstimo a contrair, cujo valor era estimado em 90 contos de réis, a serem pagos ao longo de 30 anos.[12] Uma parte deste empréstimo, equivalente aos juros de amortização, seria coberto pela Câmara Municipal, tendo proposto que se fosse necessário, podia utilizar a receita vinda do imposto municipal sobre vinho.[13]

Embora a construção do ramal não estivesse enquadrada nos objectivos do Fundo Especial de Caminhos de Ferro, um órgão governamental cujo objectivo era financiar obras ferroviárias, previa-se que este teria um grande movimento, pelo que a Câmara Municipal foi autorizada a contrair um empréstimo para este fim.[14] Esta foi uma das linhas em Portugal que foram construídas por iniciativa das correspondentes autarquias, situação que aconteceu igualmente com os ramais de Tomar[15] e Montemor.[16]

Em 7 de Junho de 1907, um decreto autorizou a autarquia a fazer um empréstimo para a construção do ramal, no valor de 83.000$000, com juro de 7,5%, destinado unicamente à construção, tendo a autarquia acordado em pagar a diferença entre o rendimento bruto anual do Ramal, incluindo os impostos, e o valor do juro e das amortizações.[14] Este empréstimo, que tinha um prazo de 30 anos, foi feito à Caixa Geral de Depósitos.[17] Um dos engenheiros que trabalhou na construção do ramal foi Raul da Costa Couvreur.[18]

O Ramal de Aldegalega foi inaugurado em 4 de Outubro de 1908, sendo a sua exploração feita através da divisão do Sul e Sueste da operadora Caminhos de Ferro do Estado.[14]

Horários em 1914, incluindo de Lisboa (Barreiro) até Aldegallega.

Primeiros anos

Logo em 12 de Outubro de 1908, a Associação Comercial pediu à autarquia para intervir junto do estado, de forma a criar mais dois comboios, que serviriam para transportar o correio proveniente de todo o país.[17] A Associação Comercial também solicitou uma redução nos preços dos bilhetes de ida e volta entre Aldeia Galega e o Pinhal Novo, com paragem nos Sarilhos Grandes, e nas tarifas para o transporte de suínos ao longo do ramal, pedidos estes que foram satisfeitos.[17]

Tal como tinha sido previsto, o ramal teve muito movimento nos primeiros anos, pelo que a autarquia pôde pagar na totalidade o empréstimo, que foi distratado por um decreto de 1 de Maio de 1911.[14]

Obras de via no Pinhal Novo, em 1934.

Décadas de 1920 e 1930

Em 1927, os Caminhos de Ferro do Estado foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que passou a explorar as antigas linhas do estado em 11 de Maio desse ano.[19]

Nesse ano, iniciaram-se os estudos para a revisão do plano da rede ferroviária, tendo sido reavivada a ideia de Miguel Pais para uma ponte do Montijo a Lisboa.[11] O projecto da Linha do Sorraia, proposto pelo engenheiro José Fernando de Sousa, partia de Ponte de Sor e seguia até ao Montijo, onde se ligaria com o ramal, e depois seguia até Lisboa numa ponte rodoferroviária, onde entroncaria com a Linha do Norte na zona dos Grilos.[11] Este projecto foi inserido no Plano Geral da Rede Ferroviária, publicado pelo Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930.[20] Esta linha facilitaria o acesso de Lisboa às linhas ao Sul do país e à fronteira com Espanha, e ajudaria a a desenvolver as zonas da margem Sul do Tejo.[21]

A partir do dia 30 de Maio de 1933, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses passou a transportar os passageiros por autocarros neste ramal, ficando apenas duas composições diárias de mercadorias.[22]

Em 16 de Janeiro de 1935, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que já tinham sido concluídas as obras de expansão da estação do Pinhal Novo, tendo sido modificado o traçado no início do Ramal do Montijo, numa extensão aproximada de 500 metros.[23]

Em 1 de Outubro de 1939, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que, devido ao deflagrar da Segunda Guerra Mundial, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses iria suspender vários comboios nos dias seguintes, incluindo pelo menos um até ao Montijo.[24]

Década de 1950

Um despacho da Direcção-Geral de Transportes Terrestres de 17 de Outubro de 1952, publicado no Diário do Governo n.º 253, II Série, de 25 de Outubro, aprovou os projectos da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de aditamento à tarifa especial n.º 1, para bilhetes de comboios tranvias, e à tarifa especial n.º 4, para bilhetes de assinatura, devido à abertura do Apeadeiro de Jardia, no Ramal do Montijo.[25]

Antigo canal de via junto ao Montijo, em 2009.

Encerramento e conversão em ecopista

A circulação no Ramal foi suspensa em 1989[2], devido principalmente a motivos económicos.[12] O processo de encerramento do ramal não foi alvo de protestos por parte da população.[17]

Em Julho de 2002, previa-se que a Câmara Municipal de Palmela assinasse um acordo com a Rede Ferroviária Nacional, para a instalação da Ecopista de Pinhal Novo, no antigo Ramal de Montijo; este projecto, que seria implementado pela transportadora, com o apoio da autarquia, consistia na construção de uma zona de lazer, para meios de transporte não motorizados, entre a Rua Luís de Camões, no Pinhal Novo, até à fronteira da freguesia, de forma a revitalizar aquela zona.[26]

Movimento de passageiros e mercadorias

Este ramal foi utilizado por composições de mercadorias, como o transporte de gado, especialmente suíno, até à Estação do Montijo.[27] Com efeito, o ramal veio trazer um grande desenvolvimento à indústria do Montijo, ao facilitar o transporte dos suínos, que vinham principalmente do Alentejo.[12]

Ver também

Referências

  1. MARTINS et al, p. 252
  2. 2,0 2,1 REIS et al, p. 150
  3. REIS et al, p. 116
  4. 4,0 4,1 TORRES et al, p. 108
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 GOMES, José de Sousa (16 de Junho de 1935). «Apontamentos para a História dos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1140). pp. 259–261. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  6. 6,0 6,1 6,2 SANTOS, p. 107-108
  7. ABRAGÃO, Frederico de Quadros (16 de Janeiro de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1634). pp. 68–70. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  8. AGUILAR, Busquets de (1 de Junho de 1949). «A Evolução História dos Transportes Terrestres em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1475). pp. 383–393. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  9. 9,0 9,1 9,2 SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1933). «As Linhas Férreas e o Porto de Setúbal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1103). 617 páginas. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  10. MARTINS et al, p. 248
  11. 11,0 11,1 11,2 SOUSA, José Fernando de (1 de Abril de 1934). «A Ponte sobre o Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). pp. 177–183. Consultado em 5 de Fevereiro de 2017 
  12. 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4 TORRES et al, p. 115
  13. TORRES, p. 115-116
  14. 14,0 14,1 14,2 14,3 TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683). pp. 76–78. Consultado em 5 de Fevereiro de 2017 
  15. MARQUES, p. 111
  16. TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684). pp. 91–95. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  17. 17,0 17,1 17,2 17,3 TORRES et al, p. 116
  18. «Concelho Directivo da Gazeta dos Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1628). 16 de Outubro de 1955. pp. 419–423. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  19. REIS et al, p. 63
  20. PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado na Série I do Diário do Governo n.º 83, de 10 de Abril de 1930.
  21. FERREIRA, Armando (1 de Abril de 1934). «Lisboa D' Alem Mar» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 176 páginas. Consultado em 5 de Fevereiro de 2017 
  22. MARTINS et al, p. 259
  23. «Rêde do Sul e Sueste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. 42 páginas. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  24. «A Guerra e os Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1243). 1 de Outubro de 1939. pp. 443–444. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  25. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1559). 1 de Dezembro de 1952. pp. 367–368. Consultado em 6 de Fevereiro de 2017 
  26. «Ecopista na linha do Montijo». Actualidades. Consultado em 13 de Junho de 2011 [ligação inativa]
  27. CAVACO, p. 167

Bibliografia

  • MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no ano da Grande Guerra 1.ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
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  • SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal de Faro. 213 páginas 
  • TORRES, Alcídio; AZEVEDO, Rosa Bela; LEAL, Armando (2007). Montijo (Aldeia Galega): Cem anos de História Municipal 14.ª ed. Lisboa: Âncora Editora. 339 páginas. ISBN 972-780-124-2 

Leitura recomendada

  • BALDRICO, Joaquim (2015). Do sonho à Realidade: o ramal de caminho de ferro da Aldeia Gallega 1854-1911. Santa Maria da Feira: Rainho & Neves. 150 páginas. ISBN 978-989-20-5326-4 
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Ligações externas


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