Rabanada, também conhecida como fatia dourada[1], fatia parida[1] ou fatia de ovo[2], é um doce de pão de trigo (pão-de-forma, baguete ou outro) em fatias que, depois de molhadas em leite, vinho (no Minho usa-se vinho verde tinto ou branco) ou calda de açúcar, são passadas por ovos e fritas ou assadas.
As rabanadas fazem parte de muitas mesas da consoada em Portugal, e em várias ceias do Brasil. São servidas polvilhadas com açúcar de canela ou regadas com calda de açúcar, xarope de bordo ou mel. Outrora, a palavra "rabanada" era apenas utilizada ao norte do rio Mondego e ao mesmo doce atribuía-se, a partir da margem sul do referido rio, o nome de fatia-dourada, ou fatia-de-parida.[3] Em outros países são típicos nas celebrações espanholas da Quaresma e da Semana Santa, assim como em várias partes do México, tal qual Zacatecas. No Brasil, geralmente é servido em festas natalinas.[4]
História
A rabanada aparece documentada no século XV, citado por Juan del Encina: mel e muitos ovos para fazer rabanadas, ao aparecer como prato indicado para a recuperação pós-partos.
As primeiras receitas remontam ao livro de cozinha de Domingo Hernández de Maceras (1607) e "Arte de cozina, pastelería, vizcochería y conservería" de Francisco Martínez Motiño (1611). A rabanada era, no início do século XX, muito comum nas tabernas de Madrid e era servida com jarros de vinho "razos").[5]
A associação das rabanadas à quaresma deve-se provavelmente à necessidade de aproveitar o pão, durante o tempo que não se comia carne, portanto sendo menos consumido, mesmo sendo produzido na mesma quantidade.
Variantes
Existem múltiplas variantes, começando pelo pão, que pode ser corrente ou preparado especialmente para as rabanadas. Hoje em dia é muito habitual encontrar esta opção nas pastelarias que oferecem um pão enorme em forma de barra (pão de forma) feito com farinha refinada (antes denominado pão bimbo). Algumas receitas substituem o vinho por leite, e outras prescindem da água, molhando as rabanadas só com mel quente. Com frequência acompanha-se de canela e cravo da Índia. Outras variantes empregam casca de limão ou de laranja ralada para aromatizar o leite, e para o toque final, um pouco de açúcar de canela.
Mais recentemente apareceram variedades veganas que substituem o leite de vaca por leite de soja e o ovos por farinhas de grão de bico, farinha de soja ou outras leguminosas.
Variantes internacionais
Na França prepara-se com características similares o "pain perdu" ("pão perdido"), não sendo frito em azeite abundante, mas sim em manteiga ou numa chapa. No Reino Unido e em países de língua inglesa, bem como no Japão, é conhecido como "French toast". Em Portugal as rabanadas são preparadas de forma muito similar às torrijas ou torradas da vizinha Espanha.[3] Em Portugal também tem o nome de "Fatias de ovos" ou "Fatias Douradas".
Na Colômbia, Chile e Equador chamam-se "tostadas francesas". Na Guatemala se chamam "tostadas a la francesa"; e na fronteira norte do México "pan francés". Na Argentina e Uruguai existe um modo simples de elaborar rabanadas (que podem ser chamadas nestes países "torrejas": umedece-se com leite migas de pão comum, formando um bolo, que é passado pela gema de ovo batido, depois frito e por fim pode ser polvilhado com açúcar. Na Venezuela as rabanadas já foram conhecidas como "tacones", porém o termo caiu em desuso. No Brasil elas são cozidas especialmente para a temporada natalina, em que, logo depois da fritura, a rabanada é molhada em sumo de fruta ou leite condensado.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 S.A, Priberam Informática. «Consulte o significado / definição de rabanada no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o dicionário online de português contemporâneo.». dicionario.priberam.org (em português). Consultado em 28 de novembro de 2020
- ↑ «Fatias de ovos/ fatias douradas Receita por Sandra Pereira». Cookpad (em português). Consultado em 28 de novembro de 2020
- ↑ 3,0 3,1 Jornal Gazeta do Sul — "Dormiu pão e acordou rabanada"
- ↑ Rabanada, um antigo clássico natalino presente em todo o mundo Petit Gastro Arquivado em 16 de julho de 2018, no Wayback Machine.
- ↑ Antonio Díaz-Cañabate, (1963), "Historia de una taberna", Sec: "Las torrijas", Coleción Austral, 4ª Ed. Nº 711, pp:19-23