Pseudomonas aeruginosa | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Pseudomonas aeruginosa (Schroeter , 1872) |
Pseudomonas aeruginosa (também conhecida como Pseudomonas pyocyanea) é uma bactéria gram-negativa, baciliforme (característica morfotintorial) e aeróbia. Seu ambiente de origem é o solo, mas sendo capaz de viver mesmo em ambientes hostis, sua ocorrência é comum em outros ambientes. É um patogênico oportunista, ou seja, que raramente causa doenças em um sistema imunológico saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro de infecção. Essa característica, associada à sua resistência natural a um grande número de antibióticos e antissépticos a torna uma importante causa de infecções hospitalares.[1]
Patogenia
Patogênico de indivíduos com sistema imunológico comprometido, a P. aeruginosa normalmente infecta o aparelho respiratório, aparelho urinário, queimaduras, e também causa outras infecções sanguíneas.[2] Em raras circunstâncias pode causar pneumonia por contágio entre humanos.[3] É uma causa comum de infecções no ouvido (otite externa), de queimaduras e é frequente colonizador de equipamentos médicos.[4] Se a infecção ocorrer em áreas vitais ela pode ser fatal.
A piocianina é um dos seus fatores de virulência da bactéria, conhecidos, em teste de laboratório, por causar morte em Caenorhabditis elegans por estresse oxidativo. No entanto, pesquisas indicam que o ácido salicílico pode inibir a produção de piocianina.[5]
Outro fator de virulência é exotoxina A, que inibe a capacidade da células eucariotas sintetizarem proteínas, o que causa necrose. Em indivíduos com sistema imunológico saudável a liberação do conteúdo celular resulta em uma resposta imunológica.[6]
Infecção hospitalar
Nos hospitais é uma das bactérias responsáveis pelas infecções hospitalares. A partir de 1991 surgiram as primeiras infecções hospitalares por cepas multirresistentes sensíveis apenas à Colistina.[7] Sua elevada frequência no ambiente hospitalar explica-se parcialmente pela sua resistência a antibióticos e antissépticos leves. Um crescente número de estudos alertam para a relação entre o uso de desinfetantes e o surgimento de bactérias resistentes. Uma das hipóteses levantadas é o uso incorreto desses desinfetantes: lenços usados para limpar mais de uma superfície, diluição incorreta e mesmo os resíduos do desinfetante que ficam na superfície são possíveis causas para o favorecimento do surgimento de populações resistentes da bactéria através de processos como transdução, conjugação e transformação . Um estudo conduzido na Universidade Nacional da Irlanda traz evidências de que o uso de desinfetantes pode fazer com que as bactérias P. aeruginosa manifestem resistência não somente a ele, mas também aos antibióticos do tipo ciprofloxacina.[8]
metabolismo
P. aeruginosa é um anaeróbio facultativo, pois está bem adaptado para proliferar em condições de depleção parcial ou total de oxigênio. Este organismo pode atingir o crescimento anaeróbico com nitrato ou nitrito como aceptor de elétrons terminais. Quando oxigênio, nitrato e nitrito estão ausentes, ele é capaz de fermentar arginina e piruvato por fosforilação em nível de substrato.[9] A adaptação a ambientes microaeróbicos ou anaeróbicos é essencial para certos estilos de vida de P. aeruginosa, por exemplo, durante a infecção pulmonar em fibrose cística e discinesia ciliar primária, onde camadas espessas de muco pulmonar e alginato produzido por bactérias ao redor das células bacterianas mucóides podem limitar a difusão de oxigênio. O crescimento de P. aeruginosa dentro do corpo humano pode ser assintomático até que a bactéria forme um biofilme, que sobrecarrega o sistema imunológico. Esses biofilmes são encontrados nos pulmões de pessoas com fibrose cística e discinesia ciliar primária e podem ser fatais.[10][11]
Um ponto importante da bactéria Pseudomonas aeruginosa é a grande capacidade de formação de biofilmes, principalmente em encanamentos.[12] Quando isso ocorre é necessária a realização da desinfecção pois, a partir deste momento, a água a ser consumida será seriamente contaminada pela bactéria. Quando isso ocorre em hospitais a situação se agrava devido ao risco da ingestão da bactéria por pessoas debilitadas.[13]
Susceptibilidade
Pessoas com fibrose cística, queimados, pacientes com câncer e imunodeprimidos são altamente susceptíveis ao agravamento do quadro de infecção por Pseudomonas aeruginosa. A sepse por pseudomonas tem elevada mortalidade.[14]
Prevenção
É difícil prevenir infecções por pseudomonas porque estão amplamente distribuídas no meio ambiente, principalmente no hospitalar, mas se recomenda[15]:
- Lavar as mãos regularmente.
- Não tocar feridas sem luvas.
- Desinfectar os ar-condicionados, pias e outros equipamentos com umidade.
- Trocar regulamente as sondas e cateteres.
- Isolamento de pacientes imunocomprometidos e queimados.
- A profilaxia com probiótico Lactobacillus pode retardar a infecção por colonização de Pseudomonas nos sistemas respiratório[16] e gástrico.[17]
Tratamento
A P. aeruginosa É naturalmente resistente a muitos tipos de antibióticos, especialmente as penicilinas. Por isso frequentemente é descoberta em um cultivo depois de um tratamento mal sucedido com antibióticos, quando já podem ter resistências adicionais. Em caso de suspeita de multirresistência se recomenda que a eleição do antibiótico seja feita por um antibiograma, um teste de laboratório para descobrir qual antibiótico responde melhor em uma infecção específica.[18]
Os antibióticos mais eficazes no tratamento de infecções por p.aeruginosa são:
- Aminoglicosídeos: Gentamicina ou amicacina, mas não canamicina.
- Quinolonas: Ciprofloxacina, levofloxacina, mas não moxifloxacina.
- Cefalosporinas: Ceftazidima, cefepima, cefoperazona, mas não cefuroxima, cefotaxima ou ceftriaxona.
- Carbapenêmicos: Meropenem, imipenem, doripenem, mas não ertapenem.
- Polimixinas: Colistina e polimixina B.[19][20]
Uma alternativa ao uso de antibióticos é fagoterapia contra P. aeruginosa foi investigada como um possível tratamento eficaz, que pode ser combinado com antibióticos, sem contra-indicações e com efeitos adversos mínimos.[21]
Rápida evolução
Em 2013, João Xavier descreveu um experimento em que P. aeruginosa, quando submetido a repetidas rodadas de condições adversas onde era necessário mais agilidade para conseguir alimentos, as pseudomonas (que normalmente só tem um flagelo) responderam desenvolvendo múltiplos flagelos.[22] É um exemplo altamente replicável da teoria da evolução, útil para prever a evolução de bactérias perigosas.[23]
Interesse Industrial
Apesar de patógeno oportunista, P. aeruginosa tem sido utilizada para a produção comercial de um biossurfactante glicolipídico, os raminilipídeos. O tensoativo é reconhecido como um fator de virulência pela espécie in vivo. Por outro lado, na industria é produzido para aplicação em remoção de metais pesados de solo contaminado, na biorremediação de derramamento de petróleo e até mesmo em composição de fármacos.[24]
Referências
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- ↑ Todar's Online Textbook of Bacteriology
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- ↑ https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterAtividade?cod_oferecimentoatv=43603 USP Digital. Página visualizada em 16/08/2014.]
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