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Movimento nativista

Nativismo é usado de forma variada também no que se refere ao período ao qual ele alude, sendo alocado para explicar movimentos do século XVI e até mesmo do século XIX[1].Os chamados movimentos nativistas constituíram-se em revoltas isoladas ocorridas na então colônia portuguesa do Brasil, em finais do século XVIII, em que se amiudaram as situações de conflito entre os "filhos da terra" e os chamados "reinóis" (imigrantes portugueses), e que compõem um quadro que faz parte do sentimento nacional também presente em vários territórios da América Latina [2], dos quais fizeram parte: a Aclamação de Amador Bueno; a Revolta de Beckman, no Maranhão; a Revolta de Filipe dos Santos, em Vila Rica; a Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates [3] [4]. A Revolta da Cachaça, no entanto, destaca-se por ter sido o primeiro conflito armado surgido entre os colonos contra a metrópole portuguesa.

Nas três primeiras insurreições prevaleceram as razões de ordem econômica, porém, nas seguintes, houve preponderância do sentimento nacional na motivação dos revoltosos[4].

As invasões sofridas pelo território brasileiro no século XVIII, bem como a união dos elementos nativos (nascidos no país) como o branco filho de europeus, o mestiço, o negro e o índio catequizado[4] para a defesa do território, especialmente após as invasões holandesas no Brasil, cresceu paulatinamente entre a população da colônia a ideia de emancipação, de modo local ainda e não generalizado entre as províncias.

Início

A primeira manifestação nativista do Brasil ocorreu em São Paulo de Piratininga no ano de 1640, quando da Restauração Portuguesa, em que este país recobrou a independência de Espanha e aclamou o novo rei, Dom João IV. Na vila paulista alguns elementos julgaram ser a oportunidade para proclamarem a independência, e aclamaram a Amador Bueno da Ribeira como seu rei. O incidente foi logo contornado.

Logo após a expulsão dos holandeses de Pernambuco, em que os "nacionais" tiveram maior importância do que os militares da metrópole, a nomeação de Jerônimo de Mendonça Furtado, apelidado de "Xumberga", gerou um clima de insatisfação pois muitos pernambucanos se julgavam merecedores da governança.[2] Com nítidos componentes nativistas, a revolta contra Mendonça Furtado é considerada a primeira de uma sequência de insurreições que eclodiram a seguir. Neste primeiro caso o Vice-rei não puniu os envolvidos e, com habilidade, nomeou André Vidal de Negreiros - pessoa ligada à terra - como governador da capitania.[2]

Ainda com raiz econômica, ocorre a Revolta de Beckman, contra o monopólio pelos jesuítas do comércio no Maranhão.[4]

A Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais, foi motivada pela disputa pela primazia na exploração do ouro recém-descoberto, entre os chamados "vicentinos" (nativos) e os "emboabas" (forasteiros). Teve por consequência maior a emancipação de Minas e São Paulo do Rio de Janeiro, formando ambas a partir de então uma só capitania.[4]

A Guerra dos Mascates foi a primeira (entre todas) em se falar em república; antes mesmo das lutas, no Senado de Olinda, a 10 de setembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo sugere que Pernambuco proclamasse sua independência, nos moldes da República de Veneza. O tema "república" volta em 1720, na revolta de Vila Rica.[2]

Consequências

Todos esses movimentos conduziram às lutas francamente emancipacionistas do final do século XVIII e começo do século XIX, como as conjurações mineira e baiana, e à própria guerra de independência, iniciada ainda em 1821, na Bahia.[2][4]

Referências

  1. Nicolette, Carlos Eduardo (13 de setembro de 2017). «O NATIVISMO NA AMÉRICA PORTUGUESA: MARCELINO PEREIRA CLETO E SUA DISSERTAÇÃO A RESPEITO DA CAPITANIA DE SÃO PAULO». Revista de História Bilros. História(s), Sociedade(s) e Cultura(s). (em português). 5 (9). ISSN 2357-8556 
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Souto Maior, A. «Unidade X: O Sentimento Nativista». In: Companhia Editora Nacional. História do Brasil. 1968 6ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 181–200 
  3. Aqui foram citados apenas os movimentos nativistas, os demais movimentos separatistas no Brasil pertencem a outro tópico.
  4. 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 Silva, Joaquim; J. B. Damasco Penna. «A Defesa do Território e o Sentimento Nacional». In: Companhia Editora Nacional. História do Brasil. 1967 20ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 165–185 

Ver também

  • Nativismo - fenômeno sociológico de cunho nacionalista e emancipador, ocorrido nas colônias europeias.

Predefinição:Rebeliões do Brasil Colônia

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