Predefinição:Info/Evento histórico
A aclamação de Amador Bueno ou Revolta de Amador Bueno, foi, supostamente, uma revolta nativista arquitetada por colonos espanhóis[1] ocorrida em São Paulo. em 1641 logo após a Aclamação real de João IV, foi considerada uma manifestação de fidelidade de São Paulo a Portugal.
O episódio foi o primeiro gesto de autonomia ocorrido na colônia e, não por acaso, surgiu em São Paulo, terra de pouco contato com Portugal, miscigenação com indígenas e estrangeiros.Predefinição:HarvRef
Antecedentes
Durante a União Ibérica, os moradores da Capitania de São Vicente, principalmente da Vila de São Paulo, puderam ampliar para dentro da América Espanhola (de acordo com o Tratado de Tordesilhas) o território de livre atuação das entradas de apresamento, que inclusive atacavam missões jesuíticas. Nesse período também floresceu o comércio e o contrabando com a região do Rio da Prata.
Em dezembro de 1640, com a coroação de D. João, Duque de Bragança, que marcou a Restauração da Independência portuguesa, os colonos temiam que Portugal destruísse essa fonte de riqueza, impedindo o trânsito livre de mercadorias e proibindo o aprisionamento e a venda de índios capturados depois de intensos combates no sertão, uma vez que, era Portugal que obtinha lucros com a exploração do tráfico humano africano. Ao proibir a escravidão indígena, Portugal estaria forçando os colonos a utilizar mão de obra escrava africana e assim, a família real portuguesa visava lucros, tentando buscar o início de um vantajoso negócio: o tráfico negreiro para o trabalho escravo no Brasil-colônia, e assim sob ordens da coroa portuguesa, aprisionavam e mantinham cativos negros em Angola, Moçambique e demais colônias até o embarque para o Brasil-colônia. Assim, os comerciantes da colônia sabiam que seus negócios com Buenos Aires e bacia do Prata seriam prejudicados por essa inquietante manobra da coroa portuguesa. A aclamação do duque de Bragança como novo rei de Portugal e sua obstinada política de substituir mão de obra indígena por mão de obra escrava africana - negócio lucrativo para Portugal e para a família real portuguesa - representava um duro golpe para os comerciantes da colônia e castelhanos estabelecidos há muito em São Paulo.Predefinição:HarvRef
A revolta
Querendo manter a autonomia da cidade, os colonos não tiveram escolha, e por amor à terra, propuseram aos amigos, aliados e parentes a escolha de um rei, convencendo os da colônia de que eles podiam se recusar a reconhecer o novo rei português, já que ainda não haviam jurado-lhe obediência e que os da colônia ali sediados tinham qualidades pessoais que os habilitavam para maiores impérios e que a vantajosa localização da cidade e o controle que tinham sobre milhares de indígenas os manteriam a salvo de invasores.Predefinição:HarvRef
Escolheram para rei Amador Bueno da Ribeira (que provavelmente viveu entre 1584 e 1649), filho de um espanhol de Sevilha com uma brasileira descendente de indígenas, rico habitante do lugar, proprietário de terras, capitão-mor e ouvidor.[1] [2]
Amador Bueno ponderou mas rejeitou a proposta, mais por temor das consequências sobre seus negócios do que por fidelidade aos portugueses e seu rei. Dizem que foi até ameaçado de morte caso não quisesse empunhar o cetro tendo que sair de casa fugido para esconder-se no Mosteiro de São Bento. Porém, depois de intensas negociações os castelhanos e apoiadores da proposta tiveram garantias de que seus negócios não seriam afetados por Portugal e assim declararam e prestaram juramento ao rei D. João IV.Predefinição:HarvRef
Desfecho
O gesto acabou não tendo consequências sérias, pois São Paulo era uma região marginalizada economicamente e os castelhanos não tinham condições de iniciar uma luta contra Portugal sem apoio de Madrid. O episódio histórico serviu, entretanto, para demonstrar o descontentamento dos paulistas com a dominação portuguesa.
Fontes
Há poucas fontes relativas ao episódio.Predefinição:HarvRef O principal relato conhecido é o de Frei Gaspar da Madre de Deus, "Memórias para a História da Capitania de São Vicente".Predefinição:HarvRef Para Monteiro, a questão indígena foi o motivo básico das ações do movimento.Predefinição:HarvRef Entretanto, outros historiadores têm interpretação distinta. Afonso d'Escragnolle Taunay, nos Ensaios Paulistas, diz à página 631:
“ | Quando D. João IV de Bragança assumiu o trono de Portugal em 1640, no ano seguinte Amador foi aclamado rei em São Paulo pelo poderoso partido de influentes e ricos castelhanos, liderados pelos irmãos Rendon de Quevedo, Juan e Francisco Rendón de Quevedo y Luna naturais de Coria, partido ao qual ainda pertenciam D. Francisco de Lemos, da cidade de Orens; D. Gabriel Ponce de León, de Guaira; D. Bartolomeu de Torales, de Vila Rica do Paraguai, D. André de Zúñega e seu irmão D. Bartolomeu de Contreras y Torales, D. João de Espíndola e Gusmão, da província do Paraguai, e outros que subscreveram o termo de aclamação, a 1º de abril de 1641. Como os espanhóis não queriam ser súditos de D. João IV, que reputavam vassalo rebelde a seu soberano, resolveram provocar a secessão da região paulista do resto do Brasil, esperando talvez anexá-la às colônias espanholas limítrofes. (…) Oferecem o trono ao sogro, ele próprio filho de espanhol e homem do maior prol em sua república pela inteligência, a fortuna, o passado de bandeirante, o casamento, os cargos ocupados. | ” |
Referências
- ↑ 1,0 1,1 Rodrigo Bentes Monteiro (12 de setembro de 2007). «O rei de São Paulo». Revista de História da Biblioteca Nacional. Consultado em 18 de setembro de 2014. Arquivado do original em 4 de julho de 2014
- ↑ Edison Veiga (25 de janeiro de 2021). «Aclamação de Amador Bueno: como São Paulo quase teve um rei em 1641». TAB. Consultado em 25 de janeiro de 2021
Bibliografia
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- Veiga, Edison (2021). «Aclamação de Amador Bueno: como São Paulo quase teve um rei em 1641». TAB. São Paulo: [s.n.]