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Invasão muçulmana da Península Ibérica

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Invasão muçulmana da Península Ibérica
Las Glorias Nacionales, 1852 "Fatal batalla del Guadalete". (4013185227).jpg
Desenho do livro Las Glorias Nacionales (1852) representando a Batalha de Guadalete (711), que marcou o início da invasão islâmica da Península Ibérica
Local Península Ibérica
Desfecho ocupação muçulmana da maior parte da Península Ibérica
Beligerantes
Mouros Reino Visigótico
Comandantes
Tárique
Muça ibne Noçáir
Abdalazize ibne Muça
Rodrigo
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A invasão islâmica da Península Ibérica, também referida como invasão muçulmana, conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma série de deslocamentos militares e populacionais ocorridos a partir de 711 até 713, quando tropas islâmicas oriundas do Norte de África, sob o comando do general berbere Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar e penetraram na península Ibérica. Venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia, na batalha de Guadalete,[1] terminando o Reino Visigótico.[2]

Nos anos seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas na Península, assenhoreando-se do território designado em língua árabe como Al-Andalus,[1] que governaram por quase oitocentos anos.

A conquista Omíada da Hispânia foi a expansão inicial do Califado Omíada sobre a Hispânia, estendendo-se em grande parte de 711 a 788. A conquista resultou na destruição do Reino visigótico e no estabelecimento do Emirado independente de Córdoba Abd ar-Rahman I, que completou a unificação da Ibéria governada por muçulmanos, ou Al-Andalus (711 – 1492). A conquista marca a expansão ocidental tanto do Califado Omíada como do governo muçulmano na Europa.[3]

História

Antecedentes

Boa parte do território da Península era então dominada pelos visigodos. A monarquia dos visigodos era eletiva. Com a morte do rei Vitiza em 710, as cortes reuniram-se para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas facções em disputa pela eleição: o grupo de Ágila II e o de Rodrigo, o último rei visigodo de Toledo.

Os partidários de Ágila II solicitaram apoio ao governador muçulmano de África, Muça Ibne Noçair, abrindo-lhe as portas de Ceuta e incitando-o a enviar uma expedição militar à Península. Quando se deu a invasão em 711, os judeus auxiliaram o exército árabe, muitas vezes guarnecendo cidades capturadas - isso aconteceu em Córdoba, Granada, Toledo e Sevilha. Isto porque sob o reino Visigodo, tinha sido seguida uma política de sistemático antissemitismo, inclusive com batismos forçados e proibição de ritos judaicos. Ao longo do século VII, os judeus tinham sido submetidos a espancamentos, executados, tiveram os seus bens confiscados, taxados, proibidos de comerciar e alguns obrigados a converter-se ao Cristianismo.[4] Os judeus sabiam ser melhor tratados pelos invasores, apesar do estatuto de dhimmis, e apesar também do que está escrito no próprio Alcorãoː Ó fiéis, não tomeis por amigos os judeus nem os cristãos; que sejam amigos entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por amigos, certamente será um deles; e Alá não encaminha os iníquos.[5]

A resistência asturiana

Ver artigo principal: Reino das Astúrias
Série
História da península Ibérica
Portugal Espanha
Pré-História
Período pré-romano
Invasão romana
Hispânia: Citerior e Ulterior
Bética; Cartaginense; Galécia; Lusitânia e Tarraconense
Migrações bárbaras: Suevos e Visigodos
Invasão e domínio árabe
Período das taifas
A Reconquista e o Reino das Astúrias
Reino de Leão
Portucale   Aragão; Castela-Leão e Navarra

Abdalazize ibne Muça subjugou a Lusitânia e a Cartaginense, saqueando as cidades do Norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que lhe tentaram resistir.

Às suas investidas escapou, porém, uma parte das Astúrias, no Norte, onde se refugiou um grupo de visigodos sob o comando de Pelágio. Uma caverna nas montanhas servia simultaneamente de paço ao rei e de templo de Jesus Cristo. Por vezes, Pelágio e os seus companheiros desciam das montanhas em surtidas para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias despovoadas de cristãos. Um desses ataques, historiograficamente designado de batalha de Covadonga (722), marcou, segundo muitos historiadores, o início do longo processo de retomada dos territórios ocupados, ao qual se deu o nome de Reconquista.[6]

A partir do pequeno território, que Pelágio designou como Reino das Astúrias, os cristãos (hispano-godos e lusitano-suevos), acantonados nas serranias do Norte e noroeste da Península, foram gradativamente formando novos reinos, que se estenderam para o Sul.[7] Surgiram os reinos de Castela, Leão (de onde derivou mais tarde o Condado Portucalense e, subsequentemente, Portugal), Pamplona e Aragão.

O reino das Astúrias durou de 718 a 925, quando Fruela II ascendeu ao trono do Reino de Leão.

A Reconquista

Ver artigo principal: Reconquista

A Reconquista durou toda a Idade Média e só terminou no início da Idade Moderna, em 1492, quando os muçulmanos foram definitivamente expulsos pelos Reis Católicos, Fernando e Isabel.[8]

A influência deixada pelos muçulmanos ainda pode ser percebida nas inúmeras palavras do português e do castelhano que vieram do árabe, como "açúcar" (azúcar), "alcaide", "almirante". Segundo o dicionário Houaiss, existem na língua portuguesa cerca de 700 palavras de origem árabe.

Cronologia

O domínio muçulmano na Península Ibérica, então denominada al-Andalus, durante a Idade Média pode ser dividido nas seguintes fases:

1.º período (711 - 756): Invasão muçulmana da Península Ibérica e estabelecimento de um emirado dependente do Califado de Damasco;

2.º período (756 - 1031): O emirado tornou-se independente, sob Abderramão I, em 756. Estabeleceu-se a capital em Córdova. Posteriormente os emires tomaram o título de califas, ao ser fundado o Califado de Córdova, em 929:

3.º período (1031 - 1492): finda a hegemonia da família do primeiro-ministro Almançor, o vitorioso, iniciou-se um período de anarquia (fitna de Al-Andalus), alimentado pela ambição dos generais. Córdova aboliu o califado, estabelecendo uma República. Com a desagregação do Califado, formaram-se por toda a Hispânia variadíssimos pequenos estados independentes e rivais: as taifas. Aproveitando-se de tal desordem, os cristãos apressaram o movimento da Reconquista:

Aspectos populacionais

A população sob o domínio muçulmano era muito heterogénea e constituída por árabes e berberes, uns e outros muçulmanos, moçárabes (hispano-godos que, sob o domínio muçulmano conservaram a sua religião, mas adotaram as formas de vida exterior dos muçulmanos), cristãos arabizados e judeus.

Os moçárabes, que constituíam a maioria da população, gozavam de liberdade de culto e tinham leis próprias, mas a troco dessas vantagens eram obrigados ao pagamento de dois tributos: o imposto pessoal de captação e imposto predial sobre o rendimento das terras.

Referências

  1. 1,0 1,1 «Batalha de Guadalete e o domínio mouro. Batalha de Guadalete». Brasil Escola (em português). Consultado em 5 de abril de 2021 
  2. Welle (www.dw.com), Deutsche. «711: Árabes invadem a Espanha | DW | 28.04.2020». DW.COM (em português). Consultado em 4 de abril de 2021 
  3. Infopédia. «Dinastia Omíada - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora (em português). Consultado em 5 de abril de 2021 
  4. Johnson, Paul (1987). A History of the Jews. Reino Unido: [s.n.] pp. 177–178 
  5. Alcorão, Surata 5,51
  6. «Pelayo e a Batalha de Covadonga. Batalha de Covadonga, 722 a.C.». Brasil Escola (em português). Consultado em 5 de abril de 2021 
  7. «Visão | 'A Grande Aventura do Reino das Astúrias': Antes de Dom Afonso Henriques». Visão (em português). 19 de setembro de 2016. Consultado em 5 de abril de 2021 
  8. «Reconquista da Península Ibérica». Toda Matéria (em português). Consultado em 5 de abril de 2021 

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