O Instituto de Artes é uma unidade de ensino da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua sede está na rua Senhor dos Passos, 248, em Porto Alegre.
Histórico
O Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul nasceu em 22 de abril de 1908 por iniciativa do Presidente do Estado, Carlos Barbosa, através de seu instrumento fundador e primeiro Presidente, o médico Olinto de Oliveira, e com o apoio de 65 Comissões Regionais do Rio Grande do Sul, sendo regido por uma Comissão Central. Foi um passo importante num "projeto civilizatório destinado à conquista da autonomia no campo simbólico estadual", numa época em que "Porto Alegre reforçava a sua posição de liderança regional" e sanava assim parte das deficiências culturais sentidas durante o Império, "num verdadeiro projeto compensatório civilizatório regional republicano" que envolveu a criação de outras instituições de ensino avançado no estado espelhando movimento semelhante em outras partes do país.[1] Apesar deste projeto invocar o apoio de toda comunidade gaúcha, pouco foi conseguido de início e os recursos humanos e materiais permaneceram escassos [2].
Em julho de 1909 este Instituto criou o seu Conservatório de Música, dirigido pelo próprio Presidente do IBA, Olinto de Oliveira, com os cursos básico, fundamental e superior de "teoria da música, a composição e a música vocal e instrumental", conforme o seu estatuto. Em 10 de fevereiro de 1910 foi a vez da criação da Escola de Artes, tendo como primeiro diretor Libindo Ferrás, que até 1936 contou com o auxílio estável apenas de Francis Pelichek na ministração dos cursos da Escola, mas contou com voluntários e contratados temporários. Apesar de uma variedade de disciplinas estar prevista desde o início, Libindo só paulatinamente pôde introduzí-las na prática. Iniciou com o curso de Desenho (Desenho Geométrico, Perspectiva e Sombras e Desenho de Anatomia Artística), remetendo a professores independentes as disciplinas de Desenho Figurado. Depois instituiu as demais cadeiras, como Modelo Vivo em 1918, e Pintura em 1926.
Em 1915 a dotação orçamentária foi aumentada por Borges de Medeiros, possibilitando uma melhoria nas condições gerais de funcionamento da instituição. Depois da aposentadoria de Olinto de Oliveira como Presidente em 1930, o Instituto foi um dos seis cursos superiores que formaram, em 1934, a Universidade de Porto Alegre (UPA). Após breve interregno, assumiu em 1936 a direção executiva do IBA Tasso Corrêa, que viria a imprimir uma linha de ação diferente, que se orientava pelos decretos que governavam o novo sistema universitário brasileiro e que era "radicalmente distinto do modelo do estatuto da Comissão Central [...] evidenciando que o tempo dos amadores de arte havia terminado e que viera a competência dos profissionais da arte. [...] O idealismo e abnegação da antiga Comissão Central foram substituídos pelo profissionalismo e pelos gestos codificados em novos manuais do administrador da universidade getulista. [...] Nesse espaço, qualquer expressão de autonomia do artista, não só era vista com desconfiança, mas também como um desafio ao poder político institucional".[3]
Neste mesmo ano a Escola de Artes do Instituto passou a ser chamada de Curso de Artes Plásticas (CAP), sendo introduzidas novas disciplinas como Modelagem e a Escultura e reforçando com novos profissionais as de Desenho, Artes gráficas, História da Arte e Estética.
Nesta época iniciou uma maior participação discente com a formação de um Grêmio Estudantil e o ensino se caracterizava por aulas de freqüência livre com o esforço docente se concentrando na preparação dos alunos para as bancas de fim de ano, regidas por artistas convidados. A administração de Tasso Corrêa (1936-1958), que extinguiu os cargos de diretores da Escola de Artes e do Conservatório de Música que pertenciam respectivamente ao Presidente e ao Vice-presidente da Comissão Central, concentrando em si como Diretor do IBA todo o poder administrativo, "consagrou-o como líder inconteste do Instituto e o projetou ao primeiro plano entre as instituições nacionais voltadas para a arte no Brasil".[4] O currículo que ele implantou em 1939, apenas para graduação, sem licenciatura, perdurou em vigor até 1965.[5]
O Instituto foi desvinculado da UPA em 1939, por falta de reconhecimento federal e de instalações adequadas. O reconhecimento dos cursos superiores de Música e de Artes Plásticas ocorreu em 1941, e logo depois foi lançada uma campanha para construção de uma nova sede, mais conforme à instituição que crescia. Sendo insuficiente o valor arrecadado, quatro professores hipotecaram os seus bens pessoais para garantir o empréstimo junto ao banco financiador, conseguindo a conclusão do edifício em 1943.
No ano seguinte foi criado o curso de Arquitetura e em 1947 o de Urbanismo, reunidos em 1952 na nova Faculdade de Arquitetura. Em 1957 surgiu o curso de Arte Dramática, vinculado à Faculdade de Filosofia, depois transformado em Centro de Arte Dramática.
A reincorporação à Universidade, agora a UFRGS, se deu por decreto de 1962, ampliando-se o quadro docente e reorganizando os serviços administrativos. Em 1968 sua administração foi dividida em três Departamentos: Artes Cênicas, Artes Visuais e Música, o que permanece até o presente.
Atualidade
Nas décadas de 80 e 90 foram estruturados os cursos de mestrado e doutorado em Música e Artes Visuais, o mesmo ocorrendo em 2006 com as Artes Cênicas. Acompanhando a evolução estética e técnica nas artes, é uma política do atual IA estimular a pesquisa e as iniciativas inovadoras no campo teórico e prático, com o auxílio de equipamentos modernos como os laboratórios de produção de vídeo digital, de computação gráfica e multimídia, e de música eletrônica. Também há investimentos no ensino à distância, uma área em rápido crescimento.
O Instituto também abriga uma galeria de arte e mantém uma importante coleção na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, com obras de antigos professores e alunos, premiados em salões e outros artistas. É uma das primeiras coleções públicas de arte do estado do Rio Grande do Sul, fundada juntamente com o Instituto de Artes com a aquisição das primeiras peças de pintura e de duas grandes estátuas em gesso, cópias do Apolo Belvedere e da Vênus de Milo, com o intuito de servirem de modelo e estudo para os alunos.
Professores ilustres
Artes Plásticas / Artes Visuais
- Libindo Ferrás
- João Fahrion
- Francis Pelichek
- Ado Malagoli
- Aldo Locatelli
- Alice Soares
- Ângelo Guido
- Fernando Corona
- Benito Castañeda
- Joseph Franz Seraph Lutzenberger
- Luís Maristany de Trias
- Oscar Boeira
- Eugenio Latour
- Nayá Corrêa dos Santos
Música
- José de Araújo Vianna
- Léo Schneider
- Olga Fossati
- Guilherme Fontainha
- Armando Albuquerque
- Bruno Kiefer
- Nestor Wennholz
- Antonio Carlos Borges-Cunha
- Celso Loureiro Chaves
- Hubertus Hofmann
- Max Brückner
- Tasso Corrêa
Teatro
- Ines Marocco
- Ivo Bender
- Luiz Arthur Nunes
- Mirna Spritzer
- Graça Nunes
- Sérgio Silva
- Maria Helena Lopes
- Irion Nolasco
- Luiz Paulo Vasconcelos
- Sandra Dani
- Maria Lúcia Raimundo
Ver também
- História da música erudita em Porto Alegre
- Pintura no Rio Grande do Sul
- Instituto de Artes
- Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais