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Governo Ernesto Geisel

Predefinição:Info/Governo

O Governo Ernesto Geisel, também conhecido como Governo Geisel, teve início com a posse do General Ernesto Geisel como presidente da República em 15 de março de 1974 e terminou em 15 de março de 1979 quando assumiu a presidência da República o General João Figueiredo.[1]

Ernesto Geisel foi o 4° presidente da ditadura militar brasileira. Foi durante o seu governo que se deu o início do processo de redemocratização do país. No âmbito econômico, seu governo esteve marcado por uma redução do crescimento. O chamado milagre econômico e o Ato Institucional nº 5 - AI-5 foram extintos. Também durante seu governo, a Guanabara foi anexada ao Rio de Janeiro e o estado de Mato Grosso foi dividido também em Mato Grosso do Sul.

O governo Ernesto Geisel foi marcado pelo crescimento de 31,88% do PIB (média de 6,37%) e 19,23% da renda per capita (média de 3,84%)[2], números porém que desaceleraram os conquistados pelo milagre econômico brasileiro e puseram fim a este, em virtude da Crise petrolífera de 1973. Geisel assumiu com a inflação em 15,54% e entregou a 40,81%. [3]

O presidente

Ernesto Geisel iniciou sua carreira em 1921 como aluno do Colégio Militar de Porto Alegre e atingiu seus cargos políticos de maior relevo durante o Regime Militar de 1964 como chefe do Gabinete Militar no governo Castelo Branco, ministro do Superior Tribunal Militar no governo Costa e Silva e ocupou a presidência da Petrobrás no governo Médici. Apontado pelo presidente como candidato à sua sucessão em 18 de junho de 1973, deixou a estatal petrolífera um mês depois e foi referendado candidato a presidente da República na convenção nacional da ARENA em 14 de setembro tendo o General Adalberto Pereira dos Santos como companheiro de chapa. Em 15 de janeiro de 1974 os candidatos arenistas venceram a chapa do MDB formada por Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho por um placar de 400 votos a 76[nota 1] na primeira eleição realizada por um Colégio Eleitoral.[nota 2] O novo presidente foi empossado em sessão solene do Congresso Nacional presidida pelo senador Paulo Torres (ARENA-RJ).

Ernesto Geisel pertencia à linha moderada das forças armadas, pois concebia o regime militar como transitório para assegurar o liberalismo no país. [4]

Ministros e auxiliares

Presidente da República

  • Ernesto Geisel, militar (1907-1996)
    • Idade ao assumir: 66 anos
    • Tipo de eleição: indireta
    • Votos recebidos: 400 (Colégio Eleitoral)

Vice-presidente da República

  • Adalberto Pereira dos Santos, militar (1905-1984)
    • Idade ao assumir: 69 anos
    • Tipo de eleição: indireta
    • Votos recebidos: 400 (Colégio Eleitoral)

Ministros de Estado

Pasta ministerial Incumbente Período
Ministério da Justiça Armando Ribeiro Falcão (1919-2010) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Marinha Geraldo Azevedo Henning, almirante-de-esquadra (1917-1995) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério do Exército Vicente de Paulo Dale Coutinho, general-de-exército (1910-1974) 15 de março de 1974 a 27 de maio de 1974
Sílvio Couto Coelho da Frota, general-de-exército (1910-1996) 28 de maio de 1974 a 12 de outubro de 1977
Fernando Belfort Bethlem, general-de-exército (1914-2001) 12 de outubro de 1977 a 15 de março de 1979
Ministério das Relações Exteriores Antônio Francisco Azeredo da Silveira (1917-1990) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Fazenda Mário Henrique Simonsen (1935-1997) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério dos Transportes Dirceu Araújo Nogueira, general-de-exército (1912-2002) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Agricultura Alysson Paulinelli (1936-...) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Educação e Cultura Ney Amintas de Barros Braga (1917-2000) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério do Trabalho e Previdência Social Arnaldo da Costa Prieto (1930-2012) 15 de março de 1974 a 2 de maio de 1974
Ministério do Trabalho Arnaldo da Costa Prieto (1930-2012) 2 de maio de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Aeronáutica Joelmir Campos de Araripe Macedo, tenente-brigadeiro-do-ar (1909-1993) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Saúde Paulo de Almeida Machado (1916-1991) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Indústria e do Comércio Severo Fagundes Gomes (1924-1992) 15 de março de 1974 a 8 de fevereiro de 1977
Ângelo Calmon de Sá (1935-2013) 9 de fevereiro de 1977 a 15 de março de 1979
Ministério das Minas e Energia Shigeaki Ueki (1936-...) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério do Planejamento e Coordenação Geral João Paulo dos Reis Veloso (1931-2019) 15 de março de 1974 a 2 de maio de 1974
Ministério do Interior Maurício Rangel Reis (1922-1986) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério das Comunicações Euclides Quandt de Oliveira, capitão-de-mar-e-guerra (1919-...) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979
Ministério da Previdência e Assistência Social Arnaldo da Costa Prieto (1930-2012) 2 de maio de 1974 a 4 de julho de 1974 (cumulativamente)
Luís Gonzaga do Nascimento e Silva (1915-2003) 4 de julho de 1974 a 15 de março de 1979

Órgãos de assessoramento

Pasta Incumbente Período
Gabinete Militar Hugo de Andrade Abreu, general-de-brigada (1916-1979) 15 de março de 1974 a 6 de janeiro de 1978Predefinição:Nota de rodapé
Gustavo Morais Rego Reis, general-de-brigada (1920-...) 6 de janeiro de 1978 a 15 de março de 1979
Gabinete Civil Golbery do Couto e Silva, general-de-divisão (1911-1987) 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979[nota 3]
Serviço Nacional de Informações João Batista de Oliveira Figueiredo, general-de-brigada (1918-1999) 15 de março de 1974 a 14 de junho de 1978
Estado-Maior das Forças Armadas Humberto de Sousa Melo, general-de-exército (1908-1974) 15 de março de 1974 a 27 de setembro de 1974[nota 3]
Antônio Jorge Correia, general-de-exército (1912-...) 4 de outubro de 1974 a 3 de agosto de 1976
Moacir Barcelos Potiguara, general-de-exército (1911-...) 5 de agosto de 1976 a 27 de outubro de 1977
Tácito Teófilo Gaspar de Oliveira, general-de-exército (1914-...) 27 de outubro de 1977 a 19 de dezembro de 1978
José Maria de Andrada Serpa, general-de-exército (1915-1979) 20 de dezembro de 1978 a 15 de março de 1979

Abertura política

Penúltimo presidente da República do Regime Militar de 1964, Ernesto Geisel assumiu sob a promessa de uma abertura política "lenta, gradual e segura" de modo a atender as reivindicações da Sociedade Civil Organizada sem, contudo, interromper a continuidade do regime. Em seu governo diminuíram as denúncias a respeito da morte, tortura e desaparecimento de presos políticos[5] e também houve enfrentamento com a Linha Dura, grupo contrário às diretrizes do governo. O Ato Institucional Número Cinco foi utilizado para decretar intervenção federal em Rio Branco em 1975 mediante a recusa dos vereadores do MDB em ratificar o indicado a prefeito e também para cassar o mandato de alguns parlamentares.[nota 4] O AI-5, no entanto, foi progressivamente substituído por "salvaguardas constitucionais".

Posse do presidente Ernesto Geisel e de seu vice Adalberto Pereira, em sessão conjunta do Congresso Nacional.

Na campanha visando as eleições de 1974 os candidatos do MDB fizeram bom uso dos meios de comunicação e impuseram uma derrota avassaladora ao governo ao ficarem com dezesseis das vinte e duas vagas em disputa para o Senado Federal além de ver aumentada a sua bancada na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas. Temendo que tal quadro se repetisse em 1978 o governo sancionou a Lei Falcão[nota 5] que permitia apenas a leitura do currículo dos candidatos quando do horário eleitoral no rádio e na televisão.

Outra medida tomada para impedir um novo revés à ARENA aconteceu na outorga do Pacote de Abril em 8 de abril de 1977 cujo receituário incluía o aumento do mandato presidencial de cinco para seis anos, a criação do senador biônico, a manutenção das eleições indiretas para governador e o aumento da bancada de deputados federais nos estados onde o governo era maioria.[nota 6] Tais medidas geraram críticas da oposição mas garantiram a eleição do general João Figueiredo como sucessor de Ernesto Geisel em 15 de outubro de 1978. Em 31 de dezembro o Ato Institucional Número Cinco foi revogado. Arquivo:Discurso do presidente Ernesto Geisel sobre as ações do governo em 1975.wav Em meio aos acontecimentos políticos o Planalto teve que debelar a ação da linha dura após as mortes do jornalista Vladmir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho nas dependências do DOI-CODI também conhecido como DOPS - paulista entre outubro de 1975 e janeiro de 1976, episódios que culminaram com a troca do general Sylvio Frota pelo general Fernando Belfort Bethlem no Ministério do Exército, devido a crítica ao chamado Alto-comando das Forças Armadas e ao Comando - Geral do Sistema Nacional de Informações (SNI), por deixar que comunistas, infiltrados pudessem "queimar arquivos", nas dependências desses órgãos regionais (nas palavras do general João Figueiredo, que era o comandante, para Figueiredo, foi um vacilo da Segurança sob todos os aspectos, tanto em termos - médicos, como de segurança mesmo, permitir que comunistas ou nazistas queimassem arquivos Policiais, de alto valor para a Informação". Medida que simbolizou uma vitória contra os setores "ditos - radicais" das Forças Armadas. Outro assunto de mesma situação e quilate, criticada também por Figueiredo, e igualmente inquietante e grave, com a referência ao terrorismo, de grande preocupação de Figueiredo, foi a ocorrência de atentados a bomba, inclusive contra a Associação Brasileira de Imprensa, Ordem dos Advogados do Brasil, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e a residência do jornalista Roberto Marinho.[nota 7]

Durante o Governo Geisel houve a fusão entre os estados do Rio de Janeiro e da Guanabara[nota 8] e a criação do estado de Mato Grosso do Sul.[nota 9] Ao longo de seu mandato faleceram os ex-presidentes Eurico Gaspar Dutra, Ranieri Mazzilli,[nota 10] Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Sociedade

Foi sancionada a Lei do Divórcio em 26 de dezembro de 1977 sob o número 6.515,[6] a partir da adoção do quórum de maioria simples para a aprovação de emendas constitucionais.[nota 11] A adoção do divórcio foi uma causa defendida por Nelson Carneiro durante anos.

Panorama econômico

A administração Geisel coincidiu com o fim do chamado Milagre econômico brasileiro e o encerramento desse ciclo coincidiu com a Crise do Petróleo e o aumento tanto da inflação quanto da dívida externa.[7] Para enfrentar as adversidades o governo determinou a elaboração do II Plano Nacional de Desenvolvimento e instituiu o Programa Nacional do Álcool de modo a diversificar nossa matriz energética. Nesse último caso foi iniciada a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu em parceria com o Paraguai e a assinatura de um acordo de cooperação na qual a Bolívia ofertaria gás ao Brasil em 1974 e no ano seguinte foi firmado um acordo nuclear com a então Alemanha Ocidental.

Mediante o aumento do custo de vida e da inflação os trabalhadores passaram a se organizar e protestar com mais ênfase e nisso o movimento sindical na Região do Grande ABC ganhou destaque e projetou nacionalmente a figura de Luiz Inácio Lula da Silva.[8] A repercussão do movimento levou o governo a proibir greves em setores essenciais.[nota 12]

Relações exteriores

O Brasil estabeleceu relações diplomáticas com a China e com países da Europa Oriental como Bulgária, Hungria e Romênia sendo o primeiro país a reconhecer a independência de Angola. Por outro lado as relações com os Estados Unidos foram reduzidas a um nível mínimo durante a administração Jimmy Carter, 39º presidente dos EUA, mediante denúncias de violação dos direitos humanos.

Geisel estreitou laços diplomáticos com a China, e com a Alemanha realizou um acordo nuclear.

Predefinição:Notas e referências

Predefinição:Ditadura militar no Brasil (1964–1985)Predefinição:Ernesto Geisel

  1. «Ernesto Geisel». Biblioteca da Presidência da República. Consultado em 18 de janeiro de 2012 .
  2. «GDP growth (annual %) | Data». data.worldbank.org (em English). Consultado em 16 de junho de 2017 
  3. «Inflação e Dívida Pública». R7. Consultado em 26 de fevereiro de 2018 
  4. «Governo Geisel: a abertura lenta, gradual e segura. Governo Geisel». Alunos Online (em português). Consultado em 7 de janeiro de 2020 
  5. Almanaque Abril 1986, p. 130.
  6. «Presidência da República: Lei do Divórcio». Consultado em 19 de janeiro de 2012 .
  7. «O Estado de S. Paulo: governos brasileiros de Deodoro a Dilma». Consultado em 19 de janeiro de 2012 .
  8. «UOL Educação: "Distensão", oposições e crise econômica». Consultado em 19 de janeiro de 2012 .


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