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Günter Grass

Günter Grass Medalha Nobel
Günter Grass, na Feira do Livro de Frankfurt, em 9 de outubro de 2004
Nascimento 16 de outubro de 1927[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Gdansk flag.svg Cidade Livre de Danzigue Danzigue
Morte 13 de abril de 2015 (87 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Lübeck
Nacionalidade Predefinição:DEUn
Prêmios Prêmio Georg Büchner 1965

Nobel prize medal.svg Nobel de Literatura (1999)
Prémio Princesa das Astúrias (1999)

Obras destacadas O linguado
Günter Grass casa pré-guerra em Gdańsk durante uma tempestade de neve pequena

Günter Wilhelm Grass (Danzigue, 16 de outubro de 1927Lübeck, 13 de abril de 2015) foi um autor, romancista, dramaturgo, poeta, intelectual, e artista plástico alemão.[1][2] Sua obra alternou a atividade literária com a escultura, enquanto participava de forma ativa da vida pública de seu país. Recebeu o Nobel de Literatura de 1999. Também é reconhecido como um dos principais representantes do teatro do absurdo da Alemanha. Seu nome é por vezes grafado Günter Graß.

Biografia

Günter Wilhelm Grass nasceu em Danzigue (hoje Gdańsk, Polónia), de pais católicos polaco-alemães[3] e, aos dezessete anos, foi convocado a servir nas forças armadas da Alemanha nazista na Waffen-SS. Ferido na guerra em 1945, foi preso em Marienbad, então Checoslováquia, e libertado no ano seguinte.[4][5] Trabalhou em minas e fazendas e como aprendiz de pedreiro. Estudou desenho e escultura na Academia de Arte de Düsseldorf no final da década, frequentando a Academia de Artes de Berlim de 1953 a 1955.

Já escrevia poemas, lidos para um grupo de escritores influentes, o Grupo 47, mas só depois de mudar para Paris, em 1956, passou a se dedicar à literatura e publicou seu primeiro êxito como escritor, o romance de crítica social "Die Blechtrommel" (O tambor, 1956). Seguiram-se "Katz und Maus" (1961) e "Hundejahre" (1963). Também escreveu poesias e peças de teatro, como em "Noch zehn Minuten bis Buffalo" (1957) e "Die Plebejer proben den Aufstand" (1965). De ideais políticos de esquerda, participou de forma ativa da vida pública de seu país e provocou polêmica em torno de sua produção, renovou a literatura alemã do pós-guerra por meio de textos de ironia e do grotesco, especialmente satirizando a complacente atmosfera do milagre econômico da reconstrução pós-nazista. Entre essas obras de produção mais recente está "Unkenrufe" (1992), traduzido no Brasil como Maus Presságios.

Com uma obra que contesta, desde o início, as ideias nazistas que o atraíram na juventude, hoje é considerado o porta-voz literário da geração alemã que cresceu durante o nazismo, e descreve a si mesmo como um Spätaufklärer, um devoto da iluminação em uma era cansada da razão. Ainda destacam-se as novelas "Der Butt" (O linguado) (1977), "Das Treffen in Telgte" (1979) e "Die Rättin" (A ratazana) (1986).

Grass casou-se com a dançarina Anna Margareta Schwarz em 1956, da qual se divorciou em 1978. Casou-se novamente em 1979, em Calcutá, com a organista Ute Grunert.[6]

Morreu na manhã de 13 de abril de 2015 em Lübeck, em decorrência de infecção pulmonar.[7]

Günter Grass e sua participação na Waffen-SS

Recentemente o mundo se chocou com a declaração de Grass, no seu novo livro "Descascando a cebola", de caráter autobiográfico, de sua participação como membro das Waffen-SS (braço militar das SS). Esta revelação fez muitos escritores e jornalistas posicionarem-se a respeito. Alguns desses posicionamentos foram publicados no jornal "O Estado de S. Paulo", no dia 27 de agosto de 2006. Os argumentos dividiram-se basicamente em dois, de um lado estavam os que declaravam que isso não invalidava o valor de seus romances, e que é preciso separar o escritor de sua obra, além de considerarem a pouquíssima idade de Grass quando atuou na Waffen-SS. Do outro, questionaram a demora de Grass em revelar esta participação.

O escritor português José Saramago declarou: "Nunca separei o escritor da pessoa que o escritor é. A responsabilidade de um é a responsabilidade de outro". Já o editor brasileiro Luiz Schwarcz comentou: "Não se pode confundir obra e autor." John Berger, escritor, em um texto originalmente publicado pelo jornal The Guardian, questiona o julgamento a Günter Grass: "A ética determina escolhas e ações e sugere prioridades difíceis. Nada tem a ver com o julgamento das ações dos outros. Tais julgamentos são prerrogativa dos moralistas. Na ética existe humildade; os moralistas acham que estão certos." Em uma entrevista concedida a Der Spiegel, Grass comenta a repercussão que sua atuação na tropa nazista teve e explica-se diante de alguns questionamentos.

Ao ser indagado quanto a demora para a revelação, o escritor alemão declarou: "acreditava que minha obra como escritor e cidadão era suficiente", e acrescentou que sempre sentiu vontade de escrever sobre suas experiências, mas num contexto adequado.

O entrevistador da revista Der Spiegel, Ulrich Wickert faz ainda uma relação com um trecho do livro autobiográfico Descascando a Cebola e o romance O Tambor, buscando no romance um sentimento já revelador desta culpa de atos passados e sua justificação pela pouca idade: "No instante em que invoco o garoto de treze anos que eu era na época, em que o tomo como incumbência, e me sinto tentado a julgá-lo, ele me escapa. Ele não quer ser avaliado ou julgado. Foge para o colo da mãe e diz: 'eu era apenas um garoto, apenas um garoto'" (Descascando a Cebola).

"Não sou responsável pelas coisas que fiz quando criança." (Personagem Oskar em O Tambor).
Sepultura de Günter Grass no cemitério de Behlendorf (Ducado de Lauemburgo)

Em um outro romance ainda podemos verificar o aparecimento de um possível traço autobiográfico e sua relação com este sentimento de culpa, trata-se de Maus presságios. É revelado sobre os protagonistas Alexandre e Alexandra: "Não era necessário remexer no passado, porque as poucas aventuras à margem traziam lembranças inexatas ou mal ordenadas. E o fato de que ele, aos quatorze anos e meio, tivesse sido soldado e ela, aos dezessete, membro entusiasta da organização das juventudes comunistas era perdoado aos dois, mutuamente, como defeitos congênitos de sua geração; não era preciso descer a nenhum abismo; até porque ele, nos momentos em que duvidava de si próprio, dizia que tinha de lutar continuamente contra o jovem hitlerista que tinha dentro de si…"

Em 2012, tornou a atrair críticas ao publicar um poema em quem questionava a disposição do Ocidente em ignorar o programa nuclear de Israel e definia o país como uma ameaça à paz mundial. Por suas declarações, foi considerado persona non grata em Israel.[8]

Prêmios (seleção)

Obras

1986
  • Die Vorzüge der Windhühner (poemas, 1956); Steidl, 2007
  • Die bösen Köche. Ein Drama (peça de teatro, 1956)
  • Hochwasser. Ein Stück in zwei Akten (peça de teatro, 1957)
  • Onkel, Onkel. Ein Spiel in vier Akten (peça de teatro, 1958)
  • Danziger Trilogie
    • O tambor - no original Die Blechtrommel (1959)
    • O gato e o rato - no original Katz und Maus (1961)
    • O cão de Hitler - no original Hundejahre (1963)
  • Gleisdreieck (poemas, 1960)
  • Die Plebejer proben den Aufstand (peça de teatro, 1966)
  • Ausgefragt (poemas, 1967)
  • Über das Selbstverständliche. Reden – Aufsätze – Offene Briefe – Kommentare (discursos, ensaios, 1968)
  • Örtlich betäubt (1969)
  • Davor (peça de teatro, 1970)
  • Aus dem Tagebuch einer Schnecke (1972)
  • Der Bürger und seine Stimme. Reden Aufsätze Kommentare (discursos, ensaios, 1974)
  • Denkzettel. Politische Reden und Aufsätze 1965–1976 (ensaios políticos e discursos, 1978)
  • O linguado - no original Der Butt (1977)
  • Das Treffen in Telgte (1979)
  • Kopfgeburten oder Die Deutschen sterben aus (1980)
  • Widerstand lernen. Politische Gegenreden 1980–1983 (discursos políticos, 1984)
  • A ratazana - no original Die Rättin (1986)
  • Zunge zeigen. Ein Tagebuch in Zeichnungen
  • Mau agoiro - no original Unkenrufe (1992)
  • Uma longa história - no original Ein weites Feld (1995)
  • O meu século - no original Mein Jahrhundert (1999)
  • Passo de Caranguejo - no original Im Krebsgang (2002)
  • Letzte Tänze (poemas, 2003)
  • Descascando a cebola - no original Beim Häuten der Zwiebel (2006)
  • Dummer August (poemas, 2007)
  • A caixa - no original Die Box (2008)
  • Em viagem de uma Alemanha à outra: Diário, 1990 - no original Unterwegs von Deutschland nach Deutschland. Tagebuch 1990. (2009)
  • Grimms Wörter (2010)

Referências

  1. «Outrage in Germany» (em English). Der Spiegel. 4 de abril de 2012. Consultado em 16 de outubro de 2012. Günter Grass, Germany's most famous living author and the 1999 recipient of the Nobel Prize in literature... 
  2. «Yishai: Günter Grass not welcome in Israel» (em English). The Jerusalem Post. 4 de abril de 2012. Consultado em 16 de outubro de 2012. Germany’s most famous living writer, the Nobel literature laureate Günter Grass... 
  3. Revista COLÓQUIO/Letras n.º 7. Maio de 1972, pág. 12.
  4. Garland, The Oxford Companion to German Literature, p. 302.
  5. "The Literary Encyclopedia", Günter Grass (b. 1927). Página visitada em 16 de outubro de 2012.
  6. «Günter Grass morre após 60 anos de produção literária». Terra (em português). Consultado em 12 de outubro de 2021 
  7. «Morre o escritor alemão Günter Grass, prêmio Nobel de Literatura - Cultura». Estadão (em português). Consultado em 12 de outubro de 2021 
  8. «Época - Morre o escritor alemão Günter Grass vencedor do Nobel de Literatura». 13 de abril de 2015. Consultado em 13 de abril de 2015 

Ligações externas

Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Günter Grass


  1. RedirecionamentoPredefinição:fim


Precedido por
José Saramago
Nobel de Literatura
1999
Sucedido por
Gao Xingjian

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