Os incêndios florestais em Portugal são numerosos e são uma emergência que se atende hoje em dia mediante os planos de emergências para incêndios florestais. Informação geral sobre os incêndios florestais pode ser consultada na página oficial do Ministério do Ambiente.[1]
Este artigo pretende estabelecer uma cronologia dos incêndios florestais que assolam Portugal todos os anos, especialmente durante o Verão.
Caraterização
São das catástrofes naturais mais graves em Portugal, não só pela elevada frequência com que acontecem e dimensão que alcançam, como pelos efeitos destruidores que causam. Para além dos prejuízos económicos e ambientais, podem criar uma fonte de perigo para as populações e bens.
Os incêndios florestais são considerados catástrofes naturais, mais pelo facto de se desenvolverem na natureza e por a sua possibilidade de acontecimento e características de divulgação dependerem de fatores naturais, do que por serem causados por fenómenos naturais. A intervenção humana pode desempenhar um papel decisivo na sua origem e na limitação do seu desenvolvimento. A importância da ação humana nestes fenómenos diferencia os incêndios florestais das restantes catástrofes naturais.
Os anos de 2003 e 2005 foram os anos mais trágicos em Portugal, arderam 425.839 e 339.089 hectares respetivamente. Em 2014, por contraste, arderam somente 19.930 hectares. Em 2016, os incêndios voltaram a Portugal com grande intensidade, após um ano chuvoso, devido às condições climatéricas extremas (temperaturas acima dos 40 graus em todo o país).[1] Até, 12.08.2016 já tinham ardido mais de 100.000 hectares, uma área superior a metade de toda a área ardida na Europa nesse ano.[2]
Vários estudos apontam para que as causas humanas sejam prevalecentes. No estudo efetuado em 2012, que analisa as causas de incêndios florestais em Portugal continental, entre 1996 e 2010, verifica-se que 90% dos casos "tem origem em atos humanos, negligentes e intencionais". Observa-se que o "incendiarismo" (885) e o acidente/negligência"[2] (866) são apontados como responsáveis pelo mesmo número de ocorrências, nos fogos cuja causa foi determinada. Contudo, a amostragem não é aleatória dado que todos os incêndios com suspeita de origem criminosa têm prioridade na investigação. Assim, os autores do estudo concluem que a "origem criminosa" enquanto causa de incêndios florestais está empolada.
Contudo, e numa base opinativa, o presidente da Liga dos Bombeiros, em 2015, afirmava que cerca de 75% dos incêndios florestais em Portugal são de origem criminosa e os restantes 25% são devidos a casos de negligência.[3]
1966
Em 6 de Setembro de 1966 um fogo na serra de Sintra causou a morte de 25 militares do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Fixa de Queluz, quando tentavam combater as chamas.[4]
1985
Em 8 de setembro de 1985, em Armamar um incêndio matou 14 bombeiros.[5]
1986
Na noite de 14 de junho de 1986, num incêndio em Águeda perderam a vida 16 pessoas: 13 Bombeiros das Corporações de Bombeiros Voluntários de Águeda e de Anadia e três Civis da região de Águeda.[6]
Campanha de prevenção (2007)
Portugal sem fogos depende de todos é uma campanha lançada em 2007 para lutar contra os fogos em Portugal.
Até 30 de Setembro,[7] em zonas florestais é absolutamente proibido:
- Fumar ou fazer lume de qualquer tipo
- Lançar foguetes ou balões de mecha acesa
- Realizar queimadas para renovação de pastagens
- Queimar sobrantes agrícolas ou florestais
Porque Portugal sem fogos depende mesmo de todos, foi recentemente aprovado um Despacho Conjunto, da responsabilidade dos Ministérios da Administração Interna e do Trabalho e Solidariedade Social, que permite o recrutamento de cidadãos em situação de desemprego para trabalhos de prevenção e detecção de incêndios florestais.
Evolução da área florestal ardida anualmente em Portugal
2008 foi o ano em que a área ardida foi menor desde 1980. O pior ano foi 2017[8]. O gráfico apresenta a evolução da área de floresta ardida em virtude de incêndios florestais em território nacional desde 1980.
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fontsize:S pos:(8,8) text:"Os dados foram recolhidos dos RELATÓRIOS ANUAIS DE ÁREAS ARDIDAS E OCORRÊNCIAS relativos a cada ano e editados pela Autoridade Florestal Nacional - https://web.archive.org/web/20120725081906/http://www.afn.min-agricultura.pt/"
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2004
Data | Duração | Zonas afectadas | Unidades de combate | Área ardida |
Fonte | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Homens | Veículos | Meios aéreos | Outros | |||||
25 de Julho de 2004 | Serra de Montaria, Viana do Castelo | 44 | 13 | 1 | 1 | [3] | ||
18 de Julho | Vila Seca, Tábua | 68 | 17 | 4 | [4] | |||
27 de Junho | algumas horas | Covão, em Colares | 36 | 11 | 0 | |||
até 25 de Julho | Évora | 52 | 16 | [5] |
2005
Data | Duração | Zonas afectadas | Unidades de combate | Área ardida |
Fonte | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Homens | Veículos | Meios aéreos | Outros | |||||
Julho | Vários dias | Albergaria-a-Velha | ? | ? | ? | ? | 1201 ha | |
~17.07 | Casais Velhos (Montemor-o-Velho) | 14 | 4 | 4 | - | [6] | ||
~17.07 | Ferrugenta (Figueira da Foz) | 52 | 17 | - | - | [7] | ||
~17.07 | Alvega (Ourém) | 43 | 11 | 2 | - | [8] | ||
~17.07 | Muge (Salvaterra de Magos) | 86 | 26 | - | - | [9] | ||
~17.07 | Lavegada (Tomar) | 24 | 6 | - | - | [10] | ||
~17.07 | Sabugal | 51 | 11 | - | - | [11] | ||
~17.07 | Paços (Sabrosa) | 20 | 4 | - | - | [12] | ||
~05.08 | Valongo | 22 | 6 | - | [13] | |||
~05.08 | Paredes | 40 | 11 | - | - | [14] | ||
~05.08 | Arouca | 60 | 20 | - | - | [15] | ||
~05.08 | Vale de Cambra | 118 | 31 | - | - | [16] | ||
~05.08 | Oliveira de Azeméis | 20 | 5 | - | - | [17] | ||
~05.08 | Vagos | 46 | 14 | - | - | [18] | ||
~05.08 | Sever do Vouga | 30 | 7 | - | - | [19] | ||
~05.08 | Cantanhede | 126 | 31 | - | - | [20] | ||
~05.08 | Almagreira (Pombal) | 28 | 8 | - | - | [21] | ||
~05.08 | Chão de Gaia (Pombal) | 21 | 5 | - | - | [22] | ||
~05.08 | Leiria | 1 | 1 | 3 | - | [23] | ||
~05.08 | Baião | 11 | 3 | - | - | [24] | ||
~05.08 | Ponte de Lima | 47 | 14 | - | - | [25] | ||
~05.08 | Amial (Castro Daire) | 20 | 6 | - | - | [26] | ||
~05.08 | Farejinhas (Castro Daire) | 65 | 20 | - | - | [27] | ||
~05.08 | Antas (Penalva do Castelo) | 65 | 20 | - | - | [28] | ||
~05.08 | Campina (Penalva do Castelo) | 67 | 16 | - | - | [29] | ||
~05.08 | Castelo Novo, Fundão | 47 | 11 | 1* | - | [30] | ||
~05.08 | Cavernães (Viseu) | 39 | 12 | - | - | [31] | ||
~05.08 | Tomar | 15 | 5 | - | - | [32] | ||
~05.08 | Marvão | 137 | 39 | 1 | - | [33] | ||
~05.08 | Olival (Ourém) | 84 | 25 | - | - | [34] | ||
~05.08 | Resouro (Ourém) | 136 | 38 | - | - | [35] | ||
~05.08 | Alcanena | 144 | 43 | - | - | [36] |
Distrito do Porto
A 18 de Julho de 2005 a zona mais atingida por incêndios é o distrito do Porto, com 527 incêndios, 2902 fogachos e 3890 ha de zona ardida.
Período | Nº de fogos | Área ardida (ha) | Detalhes |
---|---|---|---|
1987 | 7705 | 76268 | Povoamentos: 49848 ha, Mato: 26420 ha |
1988 | 6131 | 22434 | Povoamentos: 8627 ha, Mato: 13807 ha |
1989 | 21896 | 126237 | Povoamentos: 62166 ha, Mato: 64071 ha |
1990 | 10745 | 137252 | Povoamentos: 79549 ha, Mato: 57703 ha |
1991 | 14327 | 182486 | Povoamentos: 125488 ha, Mato: 56998 ha |
1992 | 14954 | 57012 | Povoamentos: 39701 ha, Mato: 17311 ha |
1993 | 16101 | 49963 | Povoamentos: 23839 ha, Mato: 26124 ha |
1994 | 19983 | 77323 | Povoamentos: 13487 ha, Mato: 63836 ha |
1995 | 34179 | 166330 | Povoamentos: 85246 ha, Mato: 81084 ha |
1996 | 28626 | 83045 | Povoamentos: 10574 ha, Mato: 72471 ha |
01.01.2004—10.07.2004 | 20039 | ||
01.01.2005—10.07.2005 | 29580 |
2013
A 8 de Julho de 2013, na aldeia de Cilhade, no concelho de Torre de Moncorvo, ás 14:45 inicia-se um foco de incêndio que foi dominado, ás 21:34.
A 9 de Julho de 2013, na aldeia de Picões, no concelho de Alfândega da Fé, ás 13:47 o incêndio reacende, e de forma explosiva, passa o Rio Sabor, até ao concelho de Mogadouro, cercando várias aldeias, como na aldeia de Quintas das Quebradas onde se juntão duas frentes, e obrigando á evacuação de algumas casas na aldeia de Estevais (Mogadouro) e á evacuação total da aldeia de Minas de Fonte Santa (Freixo de Espada á Cinta). Esta frente continua entre os concelhos de Freixo de Espada á Cinta e Mogadouro, chega até ás arribas da Barragem de Aldeadávilla. O incêndio continua em Carviçais (Torre de Moncorvo) e ás 7:00, já no dia 12 de Julho de 2013, o incêndio é dado como extinto em Mós (Torre de Moncorvo).[9]
As freguesias mais afectadas foram Meirinhos (Mogadouro) com 74.7% de área total ardida, Lagoaça (Freixo de Espada á Cinta) com 54.9% de área total ardida, Carviçais (Torre de Moncorvo) com 47.5% de área total ardida, Castelo Branco (Mogadouro) com 35.9% de área total ardida, Cerejais (Alfândega da Fé) com 33.5% de área total ardida, Ferradosa (Alfândega da Fé) com 32.5% de área total ardida, Parada (Alfândega da Fé) com 29.3% de área total ardida e Bruçó (Mogadouro) com 28.9% de área total ardida.
No total arderam 14135.7 hectares, dos quais 6854.4 em Mogadouro, 3752.1 em Torre de Moncorvo, 2099.5 em Freixo de Espada á Cinta e 1430 em Alfândega da Fé.
Este incêndio foi considerado o maior registado em Portugal, no ano de 2013, e o maior de sempre naquela região transmontana.
Para ajudar no combate estiveram mais de 700 bombeiros, quase 200 veículos e 9 meios aéreos, no terreno.[10]
2017
Predefinição:VT O Incêndio florestal de Pedrógão Grande em 17 de junho de 2017, causa 64 mortos e cerca de 200 desalojados.
Em 15 de Outubro de 2017 foram registados, num dia, 523 incêndios, que causaram 50 mortos[11] e cerca de 70 feridos. Este foi considerado o pior dia de incêndios de sempre em Portugal. Os piores fogos foram registados na região Centro e Norte, nomeadamente Viseu (distrito mais fustigado) e Coimbra, e entraram dentro de diversas cidades, vilas e aldeias acabando por destruir dezenas de casas e indústrias.
Os dados oficiais do ICNF indicam que até 30 de setembro havia 215 988 hectares de área ardida.[12]
Entre o início do ano e o final de outubro, arderam em Portugal mais de 440 mil hectares de floresta e povoamentos — o que corresponde a quatro vezes mais do que a média registada nos dez anos anteriores.
Ardeu mais 428% do que arde, por norma, em anos anteriores (mais 358 mil hectares, totalizando um número superior à área total do distrito de Coimbra), o maior número registado desde 2006.[13]
2018
Em 3 de agosto deflagrou um incêndio na Serra de Monchique que durou até 17 de agosto, consumindo 27 000 hectares de floresta.[14]
Referências
- (*) Outra fonte, adaptação por confirmação pessoal, etc.
- ↑ Correio da Manhã, 17 de Julho de 2005
- ↑ Correio da Manhã, 6 de Agosto de 2005, situação às 21h30
- ↑ http://www.prociv.pt/pt-pt/Paginas/default.aspx
- ↑ Lourenço, Lucana (2012). Causas de incêndios florestais em Portugal continental. Coimbra: Universidade de Coimbra. 70 páginas
- ↑ «75% dos incêndios florestais são de origem criminosa»
- ↑ «Da tragédia de Sintra em 66, aos fogos na Madeira: os incêndios mais mortíferos»
- ↑ «Investigador lança livro sobre incêndio de Armamar que matou 14 bombeiros»
- ↑ «Lançamento de Livro sobre o acidente ocorrido em Águeda em 1986»
- ↑ Decreto-Lei 124/2006
- ↑ Correio da Manhã (19 de Março de 2018). «Em 2017 arderam mais 100 mil hectares do que se pensava». 19 de Março de 2018. Consultado em 19 de Março de 2018
- ↑ «RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE ESPAÇOS FLORESTAIS, DECORRENTES DO INCÊNDIO FLORESTAL DE PICÕES (ALFÂNDEGA DA FÉ)» (PDF). 5 de agosto de 2013 line feed character character in
|titulo=
at position 27 (ajuda);|nome1=
sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda) - ↑ «Bombeiros dominaram incêndios em Trancoso e Bragança». Jornal Público
- ↑ «Incêndios: Número de vítimas mortais dos fogos de outubro de 2017 sobe para 50»
- ↑ Departamento de Gestão de Áreas Públicas e de Proteção Florestal (2 de outubro de 2017). 8º Relatório Provisório de Incêndios Florestais –2017 (PDF). 1 de janeiro a 30 de setembro. [S.l.]: Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
- ↑ «2017 foi o ano em que mais ardeu nos últimos dez anos — quatro vezes mais que o habitual»
- ↑ «Cinco dias de fogo e muitas questões por responder em Monchique». Euronews. 7 de agosto de 2018. Consultado em 8 de agosto de 2018
Ligações externas
- Fogos.pt Mapa com incêndios em tempo real
- Mapa de área ardida e agregador de notícias – Aplicação do European Forest Fire Information System da Comissão Europeia
- Bombeiros Portugueses
- [37] Pordata - Base de Dados