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Escolástica

Predefinição:Escolástica-Caixa lateral Escolástica, escolasticismo (do latim scholasticus, derivado do grego σχολαστικός, "pertence à escola", "instruído", "sábio") ou Filosofia Escolástica, é um método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem, com origem nas escolas monásticas cristãs,[1] que concilia a cristã com um sistema de pensamento racional, especialmente o da filosofia grega (razão aristotélica e platônica).[2][3] Colocando ênfase na dialética para ampliar o conhecimento por inferência e resolver contradições.

Escolástica foi o método crítico dominante no ensino nas universidades medievais europeias no período dos séculos IX ao XVI, que surgiu da necessidade de responder às exigências da . É mais um método de aprendizagem do que uma teologia. A obra-prima de Tomás de Aquino, denominado Summa Theologica, é, frequentemente, vista como exemplo maior da escolástica.

Um trabalho importante na tradição escolar tem sido realizado desde a época de Tomás de Aquino, por exemplo, por Francisco Suárez e Luis de Molina e também entre pensadores luteranos e reformados. O legado histórico do escolasticismo não reside em descobertas científicas específicas, mas em lançar as bases para o desenvolvimento das ciências naturais.[4]

Pensamento escolástico

De acentos notadamente cristãos, a escolástica surgiu da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. Essa linha vai do começo do século IX até ao fim do século XVI, ou seja, até ao fim da Idade Média. Esse pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas na altura pelos académicos (escolásticos) nas escolas medievais. Essas artes podiam ser divididas em Trivium (gramática, retórica e lógica) e Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escolástica resulta essencialmente do aprofundar da filosofia.[5]

A filosofia, que, até então, possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos, sofreu influências da cultura judaica e da cristã a partir do século V, quando pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, em uma tentativa de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como Providência e Revelação Divina e Criação, passaram a fazer parte de temáticas filosóficas. A escolástica possui uma constante de natureza neoplatônica, que conciliava elementos da filosofia de Platão com valores de ordem espiritual, reinterpretadas pelo Ocidente cristão. E mesmo quando Tomás de Aquino introduz elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento escolástico, essa constante neoplatônica ainda é presente.[6]

Basicamente, a questão-chave que vai atravessar todo o pensamento escolástico é a harmonização de duas esferas: a fé e a razão. O pensamento de Agostinho, mais conservador, defende uma subordinação maior da razão em relação à fé, por crer que esta venha restaurar a condição decaída da razão humana. Enquanto que a linha de Tomás de Aquino defende uma certa autonomia da razão na obtenção de respostas, por força da inovação do aristotelismo, apesar de em nenhum momento negar tal subordinação da razão à fé.[7]

Para a escolástica, algumas fontes eram fundamentais no aprofundamento de sua reflexão, por exemplo os filósofos antigos, a Bíblia e os Padres da Igreja, autores dos primeiros séculos cristãos que tinham sobre si a autoridade de fé e de santidade.

Principais representantes

O pensador máximo da Escolástica claramente é São Tomas de Aquino, podemos deixar isso em evidencia pelo fato de dividirmos a Escolástica em pré-tomistas e pós-tomistas.[carece de fontes?]

Os principais pré-tomistas são: João Escoto Erígena (que criou uma estrutura quaternária da natureza para provar a existência de Deus) e Anselmo de Cantuária (este afirmava que se podemos imaginar no nosso intelecto algo perfeito como Deus, isso em si já é prova de que ele exista de fato - Pensamento muito polêmico e refutado, principalmente por Gaunilode Marmoutiers, este afirmava que se somos capazes de imaginar uma ilha maior do que todas as ilhas, isso não quer dizer que ela necessariamente exista).[carece de fontes?]

O principal pós-tomista certamente foi Guilherme de Ockham.[carece de fontes?]

Outros nomes da escolástica são: Anselmo de Cantuária, Alberto Magno, Robert Grosseteste, Roger Bacon, Boaventura de Bagnoreggio, Pedro Abelardo, Bernardo de Claraval, João Escoto Erígena, João Duns Escoto, Jean Buridan, Nicole Oresme.[carece de fontes?]

*É importante termos em mente que Agostinho de Hipona não fez parte da escola escolástica, como constante e erroneamente é ensinado — Agostinho era por certo o maior nome da escola filosófica patrística (a qual teve sua existência bem antes do que a escolástica).[carece de fontes?]

Neoescolástica

Ver artigo principal: Neoescolástica

Neoescolástica ou neotomismo é a revitalização da filosofia escolástica, da Idade Média, que ocorreu a partir da segunda metade do século XIX. Não é só a ressurreição de uma filosofia, mas sim uma regeneração da philosophia perennis (ou metafísica), que surgiu na Grécia Antiga e, nunca deixou de existir. Às vezes, chamada de "o tomismo neoescolástico", em parte porque foi Tomás de Aquino que deu forma final à escolástica no século XIII, devido a ideia de que só o tomismo poderia infundir vitalidade na escolástica do século XX. Na primeira metade do século XX, importantes escolas neotomistas foram criadas, entre as quais estão as de Leuven (Bélgica), Laval (Canadá) e de Washington (EUA).

Também é comum usar o termo "neoescolástica" para qualificar a escola do século XVI, em Salamanca (Francisco de Vitória, Domingo de Soto, Luis de Molina, Francisco Suárez etc.), uma corrente de pensamento de grande influência na história da teologia, filosofia, direito e economia e crucial para a compreensão da cultura espanhola posterior, sendo que inclusive a grande crítica que a Igreja fará do juros se fará a partir de textos de Aristóteles[8].

É necessário distinguir dois sentidos do termo "neoescolasticismo": a tentativa de reviver a tradição da escolástica medieval e seus conceitos fundamentais e, por outro lado, uma escola de pensamento ligada à Igreja Católica que se propunha a realização de uma nova síntese de fé cristã e de racionalidade moderna. A esse respeito, o papa Leão XIII, em sua encíclica Aeterni Patris (1879), afirmou que a doutrina tomista, desenvolvida por Tomás de Aquino, deve ser a base de toda a filosofia que é considerada cristã.

Com ela, o Papa deu o apoio incondicional da Igreja Católica para o tomismo, promovendo o aparecimento de neoescolástica. Essa encíclica foi parte do movimento realizado pelo Vaticano que abordou os problemas de seu tempo em muitas áreas. Foi colocada, então, a necessidade de construir uma nova filosofia cristã, pretendendo-se retornar à velha filosofia escolástica. Assim, a neoescolástica tentou resgatar o valor da objetividade contra o relativismo, destacando o valor do realismo contra o idealismo e promover o valor do personalismo.

Corrente tradicional

Os representantes desse movimento não pretenderam enriquecer a doutrina tomista, mas mostrar aquilo que é eternamente durável em metafísica. Assim, adotaram uma atitude defensiva e desafiante contra os "erros" da modernidade, contra a qual o tomismo ergueu um infalível bastião. A maioria das obras desse fluxo são escritas em latim, como é o caso de:

1- Tommaso Maria Zigliara (1833-1893), autor italiano de Summa philosophica, em 3 volumes. O Papa Leão XIII nomeou-o cardeal e presidente da Academy of St. Thomas;

2- Albert Farges, autor de Estudos filosóficos, em 9 volumes e um curso de filosofia, adotado como livro-texto para muitos seminários;

3- Reginald Garrigou-Lagrange (1877-1964), autor de Uma síntese tomista e Deus;

4- O cardeal Louis Billot (1846-1931), cujo retorno ao St. Thomas manifestou a sua independência em face de Francisco Suárez (que tem grande influência sobre a neoescolástica alemã).

Corrente progressista

Essa corrente não se contenta em restaurar as antigas doutrinas tomistas, mas tenta incorporar todo o lado bom do pensamento moderno, visando enriquecer o tomismo (severa contra os "erros" do pensamento moderno). A figura central dessa corrente é o cardeal Désiré Félicien-François-Joseph Mercier. Muitas escolas afirmam pertencer a essa tendência.

Escolas

Histórica

A escola histórica do tomismo foi aplicada ao estudo da filosofia medieval e contribuiu para redescobri-la usando os métodos de crítica moderna:

1- Na Bélgica: Maurice De Wulf;

2- Na Alemanha: Martin Grabmann;

3- Na França: Pierre Mandonnet, fundador da Bibliothèque thomiste, Étienne Gilson e Marie-Dominique Chenu;

4- Em Espanha: Miguel Asin Palacios, autor de Estudos comparativos de espiritualidades cristãs e muçulmanas.

Progressista

A escola tem como objetivo enriquecer e renovar o tomismo progressiva. O pensamento escolástico se expandiu em todas as áreas, da política à metafísica, da epistemologia à moral. O principal representante francês dessa tendência, assim como Antonin Sertillanges, é Jacques Maritain. Ele também destaca o cardeal Joseph Désiré-Félicien-François Mercier, fundador do Instituto Superior de Filosofia da Universidade Católica de Leuven, onde ensinou Joseph Maréchal.

Finalmente, a neoescolástica italiana da Escola de Milão, fundada por Agostino Gemelli, fundador da Revue de filosofia escolástica. Enfrentaram o positivismo científico e o idealismo hegeliano de Benedetto Croce e Giovanni Gentile. Atualmente, o trabalho dessa escola é centrado em torno das ligações entre tomismo e as tendências atuais, como a fenomenologia, particularmente a obra de Emmanuel Falque.

Elementos tradicionais

A neoescolástica procura restaurar as doutrinas orgânicas fundamentais consagradas na escolástica do século XIII. Ela argumenta que a filosofia não varia de acordo com cada fase da história e que, se os grandes pensadores medievais (Tomás de Aquino, Boaventura e João Duns Escoto) conseguiram construir um sistema filosófico sólido sobre as informações fornecidas pelos gregos, especialmente Aristóteles, deve ser possível elevar o espírito da verdade que contém a especulação da Idade Média.

Visões externas

Émile Boutroux pensou que o sistema aristotélico poderia servir como uma compensação ao kantismo. Paulsen e Rudolf Christoph Friedrich declararam a neoescolástica como o rival do kantismo e afirmaram o conflito entre eles como o "choque de dois mundos". Adolf von Harnack, Seeberg e outros argumentaram contra subestimar o valor da doutrina escolástica. No final do século XIX, a neoescolástica ganhou terreno entre os católicos contra outros pontos de vista, como o tradicionalismo, o ontologismo, o dualismo de Anton Günther e o pensamento cartesiano. Foi aprovada em quatro congressos católicos: Paris (1891), Bruxelas (1895), Freiburg (1897) e Munique (1900).

Ver também

Referências

  1. Steven P. Marone, "Medieval philosophy in context" in A. S. McGrade, ed., The Cambridge Companion to Medieval Philosophy (Cambridge: Cambridge University Press, 2003); Jean Leclerq, The Love of Learning and the Desire for God (New York: Fordham University Press, 1970) esp. 89; 238ff.
  2. SPINELLI, Miguel. Herança Grega dos Filósofos Medievais São Paulo: Hucitec, 2013.
  3. «Escolástica». Dicio (em português) 
  4. Colish, Marcia L. Medieval foundations of the western intellectual tradition, 400–1400. Yale University Press, 1999, 317–351
  5. Escolástica e Idade Média. UOL, página acessada em 30 de abril de 2013.
  6. Síntese da escolástica. Consciência.org, página acessada em 30 de abril de 2013.
  7. Filosofia medieval. Sua Pesquisa, página acessada em 30 de abril de 2013.
  8. Removing Structural Injustices From our Money System The Usury Problem Remains. Discurso de Stephen Zarlenga no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos (4 de dezembro de 2003).

Ligações externas

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