Predefinição:Sem notas Patrística é a filosofia cristã nos três primeiros séculos, elaborada pelos primeiros Pais Apostólicos da Igreja ou Santos Padres; consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do cristianismo e, na sua defesa contra os ataques dos pagãos e dos hereges.
Foram os pais da Igreja responsáveis por confirmar e defender a fé católica, a liturgia, a disciplina, criar os costumes e decidir os rumos da Igreja cristã, ao longo dos sete primeiros séculos do cristianismo. Basicamente, patrística é a filosofia responsável pela elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de tradição católica.
Quando o clero, para se defender de ataques polêmicos, teve de esclarecer os próprios pressupostos, apresentou-se como a expressão terminada da verdade que a filosofia grega havia buscado, mas não tinha sido capaz de encontrar plenamente, enquanto a Verdade mesma não tinha ainda se manifestado aos homens, ou seja, enquanto o próprio Deus não havia ainda encarnado.
De um lado, se procura interpretar o cristianismo mediante conceitos tomados da filosofia grega, do outro reporta-se ao significado que esta última dá ao cristianismo. Os primeiros pensadores cristãos, ao mesmo tempo em que se valeram, também se debateram com os filósofos Platão e com Aristóteles, que, sobretudo, com os estoicos e com os epicuristas. Reforçando os ideais da doutrina cristã primitiva, eles buscaram encontrar, frente à filosofia e aos filósofos, o lugar apropriado da reflexão filosófica e do pensar cristão.
A figura de maior destaque dessa corrente de pensamento cristão é Agostinho de Hipona.
Pessoas chaves
Pais da Igreja nos seus primeiros séculos, cujos escritos formam a base da compreensão patrística.
- Inácio de Antioquia (35 – 108)
- Papa Clemente I (35 – 100 ou 101)
- Policarpo de Esmirna (69 – 155)
- Justino (100 – 165)
- Ireneu de Lyon (120 – 202)
- Clemente de Alexandria (150 – 215)
- Tertuliano (160 – 225)
- Orígenes (185 – 254)
- Cipriano de Cartago (210 – 258)
- Atanásio de Alexandria (296 – 373)
- Basílio de Cesareia (330 – 379)
- Gregório de Nazianzo (329 – 389)
- Gregório de Níssa (330 – 395)
- Jerônimo (347 – 430)
- Agostinho de Hipona (354 – 430)
- Vicente de Lérins († 445)
- Cirilo de Alexandria (375 ou 378 – 444)
- Máximo, o Confessor (580 – 662)
- Isaque de Nínive (613 – 700)
- João Damasceno (675 – 749)
Agostinho de Hipona
Um dos mais respeitados filósofos da época Patrística, e mais importante filósofo africano do período medieval.[1] Ele defendia a igreja contra os seus adversários pagãos.
A vida de Agostinho pode ser dividida em duas partes: antes da conversão e depois da conversão. De acordo com Jerônimo, seu contemporâneo, Agostinho "restabeleceu a antiga fé". Em seus primeiros anos, Agostinho foi muito influenciado pelo maniqueísmo e, logo depois, pelo neoplatonismo de Plotino. Depois de se converter ao cristianismo e aceitar o batismo (387), Agostinho desenvolveu uma abordagem original à filosofia e teologia, acomodando uma variedade de métodos e perspectivas de uma maneira até então desconhecida. Acreditando que a graça era indispensável para a liberdade humana, ajudou a formular a doutrina do pecado original deu contribuições seminais ao desenvolvimento da doutrina da guerra justa.
Quando o Império Romano do Ocidente começou a ruir, Agostinho desenvolveu o conceito de "Igreja Católica" como uma "Cidade de Deus" espiritual (na obra homônima) distinta da cidade terrena e material de mesmo nome. "A Cidade de Deus" estava também intimamente ligada ao segmento da Igreja que aderiu ao conceito da Trindade como postulado pelo Concílio de Niceia e pelo Concílio de Constantinopla.hoje
Na Igreja Católica e na Comunhão Anglicana, Agostinho é venerado como um santo, um proeminente Doutor da Igreja e o patrono dos agostinianos. Sua festa é celebrada no dia de sua morte, 28 de agosto. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas, consideram Agostinho como um dos "pais teológicos" da Reforma Protestante por causa de suas doutrinas sobre a salvação e graça divina.
Na Igreja Ortodoxa, algumas de suas doutrinas não são aceitas, como a da cláusula Filioque, do pecado original e do monergismo. Ainda assim, apesar destas controvérsias, é considerado também um santo, sendo comemorado como Abençoado Santo Agostinho no dia 15 de junho. Ainda assim, numerosos autores ortodoxos advogaram a favor de suas obras e de sua personalidade, como Genádio II de Constantinopla e Seraphim Rose.
Agostinho defendia a ideia de que a Fé e a Razão não sobrevivem sem uma à outra, pois até esse momento o mundo era dividido entre a razão (Filosofia) e a Fé (Igreja). Defendia ainda que não é possível ter Fé sem Compreender algo, tampouco compreender algo sem ter Fé.
Agostinho também acreditava na inexistência de um mal, onde só o bem existe. Uma vez que, o mal é constituído pela falta do bem, um exemplo prático seria da luz e da escuridão, na verdade a escuridão não existe, existe é a falta de luz que traz a escuridão. Com essa afirmação podemos compreender que uma pessoa não é maligna por possuir algum mal, mas sim por não possuir o bem.
Divisão didática
A patrística divide-se geralmente em três períodos:
- até ao ano 200 dedicou-se à defesa do cristianismo contra seus adversários (padres apologistas, como São Justino Mártir);
- até ao ano 450 é o período em que surgem os primeiros grandes sistemas de filosofia cristã (Santo Agostinho, Clemente de Alexandria e outros);
- até ao século VIII reelaboram-se as doutrinas já formuladas e de cunho original (Boécio, etc.).
Esta divisão da literatura patrística em três períodos é geralmente feita, mais didaticamente, da seguinte forma:
- Período pré-niceno - corresponde ao período anterior ao concílio ecumênico de Niceia (Predefinição:DC). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o século I e início do século IV;
- Período niceno alguns imediatamente posteriores ao concílio ecumênico de Niceia (Predefinição:DC). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o início do século IV até o final deste;
- Período pós-niceno - corresponde ao período compreendido entre os séculos V e VIII.
O legado da patrística foi passado à Escolástica.
Ver também
Bibliografia
- KERKER, Berthold; STUIBER Alfred. Patrologia. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.
- DROBNER, Hubertus. Manual de Patrologia. Petrópolis: Vozes, 2003.
- HAMMAN, Adalbert G. Para ler os Padres da Igreja. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1997.
- HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia na Idade Média. Trad. Alexandre Correia. São Paulo: Herder, 1966.
- SPINELLI, Miguel. Helenização e recriação de sentidos: a filosofia na época da expansão do cristianismo, séculos II, III, e IV. 2ª Edição Revisada e Ampliada. Caxias do Sul: EDUCS (Editora Universidade de Caxias do Sul), 2015.
- Soares , Beatriz. filosofia dos pensamentos compreensivos ; filosofia na época do cristianismo , século III , e IV . Angra Dos Reis ; recebido 2014
Ligações externas
Referências
- ↑ Tamosauskas, Thiago (2018). Filosofia Africana: pensadores africanos de todos os tempos. [S.l.: s.n.] p. 27