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Pedro Afonso, conde de Barcelos

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Dom Pedro Afonso de Portugal, 3.º Conde de Barcelos ou simplesmente Pedro de Barcelos como é internacionalmente conhecido[1] (1287 - Lalim, entre 2 de fevereiro e 5 de julho de 1354) foi, segundo algumas fontes, o primeiro filho natural de D. Dinis e de D. Grácia Froes (de identificação insegura). Poeta e trovador como seu pai, teve um papel de relevo na vida política e sobretudo cultural do seu tempo, a ele se ficando a dever uma boa parte dos mais importantes textos da literatura medieval portuguesa.

Vida

O nome de Pedro Afonso surge pela primeira vez a 10 de Dezembro de 1289, na carta de doação de bens localizados em Estremoz que o pai lhe fez em Évora.[2] Recebeu de D. Dinis I vários bens em Estremoz, Évoramonte, Sintra e Tavira, bem com a terra de Gestaçô e, em 1314, da vila de Barcelos, juntamente com o título de conde de Barcelos.[3]

Acompanhou seu pai e a rainha Santa Isabel a Aragão (1304) quando o rei de Portugal foi chamado a mediar o conflito entre Fernando IV de Castela e Jaime II de Aragão.[2]

O túmulo de Pedro Afonso de Portugal, conde de Barcelos, tem uma cena de caça a javalis com cães.

Em 1307 foi nomeado mordomo-mor da então infanta Beatriz de Castela, mulher do futuro Afonso IV de Portugal,[2] e em 1315 é nomeado Alferes-mor.[3]

O seu primeiro e breve casamento (cerca de 1300) com D. Branca Peres de Sousa, herdeira de grande parte da fortuna dos Sousa, tornou-o, à sua morte (1305 ou 1307[3]), um dos homens mais ricos do reino. Esse estatuto foi consolidado com o segundo casamento (entre Outubro de 1308 e Janeiro de 1309), promovido por D. Dinis I e a rainha D. Isabel junto dos reis de Aragão,[2] com a aragonesa D. Maria Ximenes Coronel (filha de Pedro Cornell e de D. Urraca Artal de Luna[2]), de quem no entanto se separaria a curto prazo, por desentendimentos vários. Viveu o resto da sua vida com D. Teresa Anes de Toledo (†1350), sua concubina e dama da casa da rainha Beatriz de Castela, não tendo tido descendência.

Nas dissensões entre D. Dinis I, o príncipe herdeiro Afonso e os irmãos Afonso Sanches (por quem foi designado herdeiro do senhorio de Albuquerque em 1308 e 1310[3]) e João Afonso, procurou manter-se em difícil equilíbrio.

Exilado em Castela em 1317 por motivos relacionados com o conflito que opôs D. Dinis ao príncipe herdeiro D. Afonso, tomou contacto com as actividades culturais da corte castelhana, que prolongava o intenso labor do seu bisavô Afonso X de Leão e Castela, o Sábio.

Regressado do exílio em 1322 a pedido do infante D. Afonso, envolveu-se na guerra civil ao lado do príncipe herdeiro, quem lhe confiou a protecção da mulher, Beatriz. Finalmente retomou a posse de todos os seus bens (1324), que lhe tinham sido confiscados, após ter procurado estabelecer a concórdia entre as partes em conflito, apoiando os esforços da Rainha Santa.[3] Pouco depois da morte de seu pai (1325), afastou-se gradualmente da corte do meio-irmão, com quem entra em dissidência (muito embora tenha sido escolhido por Afonso IV como embaixador junto de Afonso XI de Castela aquando do conflito de 1336-1339, tendo Pedro Afonso participado a seu lado na Batalha do Salado em 1340). Refugiou-se nos seus paços de Lalim, que transformou num centro cultural importante. É daí que está datado o seu testamento (Março de 1350) e onde morreu, em 1354. Jaz sepultado no Mosteiro de São João de Tarouca, em um túmulo com jacente decorado nas laterais com cenas de caça ao javali com cavalos e com cães provavelmente do tipo Alão.

Legado

O legado cultural do Conde de Barcelos é um dos mais importantes da Idade Média peninsular. D. Pedro foi certamente o compilador (ou pelo menos o último compilador) das cantigas dos trovadores galego-portugueses. No seu testamento deixa um Livro de Cantigas ao seu sobrinho, Afonso XI de Castela, que se pensa ser o arquétipo dos cancioneiros manuscritos que chegaram até nós; esse cancioneiro nunca chegou à posse de Afonso XI e não se sabe do seu paradeiro. Excelente trovador, D. Pedro deixou quatro cantigas de amor e seis cantigas de escárnio, onde o humor (com a malícia característica do género) se alia a um notável sentido rímico e musical.

De Lalim teriam ainda saído duas outras obras fundamentais da história e cultura portuguesas. Uma é o chamado Livro de Linhagens do conde D. Pedro (1340-1344), uma recompilação da genealogia das principais famílias nobres de Portugal inseridas no contexto hispano e universal. A outra obra devida ao conde é a Crónica Geral de Espanha de 1344, uma crónica histórica em que é descrita a história dos vários reinos hispanos e da Reconquista, enfatizando-se o papel dos reis portugueses na cruzada contra o Islão. Os dois livros são de alta qualidade narrativa e representam pontos altos da prosa medieval portuguesa.

O reconhecimento da qualidade da obra de D. Pedro na Idade Média é evidenciado pelo facto de que tanto o Livro de Linhages como a Crónica sofreram vários acrescentos posteriores em Portugal e foram traduzidas várias vezes ao castelhano. Até os dias de hoje os pesquisadores continuam estudando a obra do conde tanto pelos dados historiográficos como pelo seu nível narrativo.

Ver também

Referências

  1. O projeto de escrita de Pedro de Barcelos, por José Carlos Ribeiro Miranda e Maria do Rosário Ferreira. População e Sociedade, Homens de oração e homens de ação: da matriz fundadora aos compromissos dos mestres no séc. XIV, nº 23 (junho, 2015), CEPESE, Porto, p. 25
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 CRUZ PARRA, Ana Raquel (2017–2018). A Paternidade na Idade Média: o caso de D. Dinis (Tese de Mestrado). Lisboa: Universidade de Lisboa. Faculdade de Letras. 
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 SOTTO MAYOR PIZARRO, José Augusto de (1997). Linhagens Medievais Portuguesas. Genealogias e Estratégias (1279-1325). Volume I. Porto: [s.n.] 

Ligações externas

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Precedido por
Martim Gil de Riba de Vizela
Conde de Barcelos
c. 1312-1354
Sucedido por
João Afonso Telo
de Meneses

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