Predefinição:Info/Prelado da Igreja Católica Cláudio Hummes, O.F.M. • GOMM (Montenegro, 8 de agosto de 1934 - São Paulo, 4 de julho de 2022), foi um frade franciscano, sacerdote católico brasileiro. Foi o décimo oitavo bispo de São Paulo, sendo seu sexto arcebispo e quarto cardeal. Na Cúria Romana foi prefeito da Congregação para o Clero.
Biografia
Nasceu em Salvador do Sul, então território de Montenegro,[1] com os prenomes "Auri Afonso", filho de Pedro Adão Hummes e Maria Frank Hummes, teuto-brasileiros. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1º de fevereiro de 1952, onde emitiu os primeiros votos no dia 2 de fevereiro de 1953 e professou solenemente no dia 2 de fevereiro de 1956, quando então mudou seu nome para "Cláudio".[2][3]
Estudos
- Ensino fundamental e básico no Seminário Seráfico São Francisco de Assis, Taquari, Rio Grande do Sul (1944-1949) e na Escola Paroquial Santo André (1941-1943)
- Ensino médio no Seminário Seráfico São Francisco de Assis, Taquari, Rio Grande do Sul (1950-1951).
- Graduação em Filosofia (Garibaldi, Rio Grande do Sul, 1953-1954).
- Graduação em Teologia (Divinópolis, Minas Gerais, 1955-1958).
- Especialização em Ecumenismo, no Instituto Ecumênico de Bossey (Genebra, Suíça, 1968).
- Doutorado em Filosofia (Pontifícia Universidade Antonianum, Roma, 1959-1962), com a tese “Renovação das provas tradicionais da Existência de Deus por Maurice Blondel em L'Action (1893)”.[2]
Presbiterado
Foi ordenado presbítero no dia 3 de agosto de 1958, em Divinópolis, por Dom João Resende Costa, então arcebispo-coadjutor de Belo Horizonte.[2][3]
- Atividades antes do episcopado
- Professor de Filosofia no Seminário de Garibaldi, 1963-1968
- Assessor para Ecumenismo da CNBB, 1965-1968
- Professor e Reitor da Faculdade de Filosofia de Viamão, RS, (1969-1972)
- Professor da Faculdade de Filosofia de Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), (1969-1972)
- Formador dos seminaristas Franciscanos (Filosofia).
- Ministro Provincial da Província Franciscana do Rio Grande do Sul (1972-1975)
Episcopado
Em 22 de março de 1975 foi eleito bispo-titular de Carcábia e bispo-coadjutor de Santo André, com direito à sucessão. Em 25 de maio de 1975, aos quarenta anos de idade, recebeu a ordenação episcopal, na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, sendo sagrante principal Dom Frei Aloísio Leo Arlindo Cardeal Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza, e consagrantes Dom Mauro Morelli, então bispo-auxiliar de São Paulo, e Dom Urbano José Allgayer, então bispo-auxiliar de Porto Alegre.[2][3] Tomou posse a 29 de junho de 1975 e, a 29 de dezembro do mesmo ano, assumiu como bispo diocesano de Santo André, sucedendo a Dom Jorge Marcos de Oliveira.[4] Foi ali que começou a ter contato com o movimento sindical da região, que se organizava contra a Ditadura Militar. Tornou-se amigo do futuro presidente Lula e aproximou-se da Teologia da Libertação. Com a redemocratização, passou a criticar os abusos do capitalismo e da globalização.[5] No entanto, manteve-se próximo da doutrina tradicional da Igreja em temas sexuais, como o aborto e o uso de anticoncepcionais.[5]
Em 29 de maio de 1996 foi nomeado arcebispo de Fortaleza, quando pastoreou a Arquidiocese de Fortaleza, Dom Cláudio criou duas paróquias e no campo social, apoiou a demarcação das terras indígenas dos índios Tapebas, bem como interviu em favor dos sem terra em conflito com o governo local. Em 15 de abril de 1998 foi transferido para a Sé de São Paulo, tomando posse em 23 de maio.[2][3]
É considerado moderado, sendo preocupado com as questões sociais e zeloso em relação à doutrina da Igreja. Defensor dos direitos dos trabalhadores, foi uma voz de contestação ao regime militar brasileiro. Em 2003, foi admitido pelo presidente da época, Luiz Inácio Lula da Silva, à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[6]
Polêmica com Wikileaks
Junto aos telegramas diplomáticos divulgados pela Wikileaks consta que, em reunião com a embaixada americana, da qual também participou o cardeal Juan Sandoval Íñiguez, estes expressaram preocupação quanto "aos pobres na América Latina não entenderem os benefícios potenciais do livre mercado e pediu ajuda a USG, reconhecendo que a Igreja, embora necessariamente cautelosa, também pode vir a desempenhar um papel mais importante".[7]
Cardinalato
Em 21 de janeiro de 2001, foi anunciada a sua criação como cardeal pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 21 de fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de Santo Antônio de Pádua na Via Merulana.[2][3] Em 2002, Hummes foi o orientador dos exercícios espirituais (retiro) que o Papa João Paulo II e a Cúria Romana participaram em fevereiro. Foi um dos cardeais eleitores do Conclave de 2005, tendo sido considerado papabile pela imprensa mundial.
Em 31 de outubro de 2006 foi nomeado prefeito da Congregação para o Clero, função que exerceu até o dia 7 de outubro de 2010, quando foi aceita sua renúncia pelo Papa Bento XVI.[8]
Aos 18 de abril de 2011 o Cardeal Arcebispo Metropolitano de São Paulo Dom Odilo Scherer o nomeou Vigário-Geral da Arquidiocese de São Paulo e orientador das Pastorais do Mundo do Trabalho, dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades.
No dia 25 de junho de 2011 foi nomeado pela Presidência da CNBB como presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia.
O Papa Bento XVI o nomeou membro da Pontifícia Comissão para a América Latina no dia 19 de julho de 2011.[9]
Quando da eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa, influenciou decisivamente na sua escolha de um nome papal, com a frase dita ao recém-eleito, ainda na Capela Sistina: "Não esqueça dos pobres".[10][11][12] Tendo sido cotado como possível sucessor de João Paulo II e Bento XVI, foi considerado o principal articulador da eleição de Bergoglio, junto de quem havia sido nomeado cardeal.[1][13][5]
Em 4 de maio de 2019, foi nomeado pelo Papa Francisco relator do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica.[2] Em 29 de junho de 2020, foi eleito Presidente da recém-fundada Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).[2][14] Em 26 de março de 2022, alegando problemas de saúde, renunciou à presidência da CEAMA.[15]
Morreu em 4 de julho de 2022, aos 87 anos, na cidade de São Paulo, em decorrência de um câncer no pulmão.[16]
Conclaves
- Conclave de 2005 - participou da eleição de Joseph Ratzinger como Papa Bento XVI.
- Conclave de 2013 - participou da eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa Francisco.
Brasão e lema
Descrição: Escudo eclesiástico, partido: o 1º de sépia com um in-fólio aberto de argente, tendo uma espada e uma pena do mesmo, postas em aspa e brocantes sobre o livro. O 2º de argente, com um braço humano vestido de sépia, movente do flanco dextro, e outro de carnação, movente do flanco senestro, passados em aspa e com ambas as mãos chagadas de goles, encimados de uma cruz latina de sépia – modificado das Armas da Ordem Franciscana. Chefe de blau com uma estrela de doze pontas, de sépia, perfilada de jalde. O escudo está assente em tarja branca, na qual se encaixa o pálio branco com cruzetas de sable. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de duas travessas de ouro. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por quinze borlas cada um, tudo de vermelho. Brocante sob a ponta da cruz um listel de blau com a legenda: OMNES VOS FRATRES, em letras de argente.
Interpretação: O escudo obedece as regras heráldicas para os eclesiásticos. No 1º, o campo sépia representa a cor do hábito franciscano, à qual pertence o cardeal, sendo equivalente ao sable (negro), que simboliza: a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência ao Sucessor de Pedro. O in-fólio com a espada e a pena representam São Paulo Apóstolo, numa referência ao padroeiro do Estado, da cidade e da Arquidiocese, sendo de argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a pureza e a eloquência, virtudes essenciais num bispo.
No 2º, o metal argente (prata) com seu significado já descrito, substituiu o blau (azul) do brasão original franciscano; os braços representam os membros de Nosso Senhor Jesus Cristo e de São Francisco de Assis, na recepção das chagas; a cruz é o sinal da fé cristã e da salvação. O chefe em blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima, sob cuja proteção o cardeal pôs sua vida sacerdotal, e, heraldicamente, significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza; a estrela de doze pontas representa Nosso Senhor Jesus Cristo e seus doze apóstolos, sendo de sépia simboliza: a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência e seu perfilado de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. O lema é tirado da Bíblia (Mt 23,8): "Vós sois todos irmãos", sendo bem apropriado para um frade franciscano.
Atividades e contribuições
- Membro da Comissão Episcopal da CNBB para o Ecumenismo, para os Leigos e Pastoral Operária, (1979-1983
- Membro da Comissão Episcopal da CNBB para a família e a cultura, (1995-1998
- Assessor Nacional da Pastoral Operária (1979-1990
- Foi um dos organizadores do II Encontro Mundial das Famílias com o Papa João Paulo II, no Rio de Janeiro, (1997)
- Foi quem concedeu o Reconhecimento à nível Arquidiocesano a Comunidade Católica Shalom em 1998
- Aprovou os estatutos da Aliança de Misericórdia na Arquidiocese de São Paulo em 2005
- Em São Paulo deu muita atenção às obras das vocações, à formação do clero e à evangelização da cidade.
- Relator Geral do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica.
Atividade na Cúria Romana
Membro de:
- Congregação para a Doutrina da Fé
- Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos
- Congregação para os Bispos
Membro dos:
- Pontifício Conselho para a Cultura
- Pontifício Conselho para os Leigos
- Pontifício Conselho para a Família
- Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso
- Pontifício Conselho Cor Unum
- Pontifícia Comissão para a América Latina
- Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos
Obras publicadas
- Hummes, Cláudio. Renovação das provas tradicionais da existência de Deus por Maurice Blondel em L'Action (1893). Tese (Doutorado). Braga: Tip. Editorial Franciscana, 1964.
- Fé e compromisso político. São Paulo: Paulinas, 1982.
- Betto, Frei (org.). Desemprego, causas e conseqüências. São Paulo: Paulinas, 1984. 96 p. (Autores: Frei Betto, Paul Singer, José de Souza Martins, Luiz Inácio Lula da Silva, Cláudio Hummes.)
- Hummes, Cláudio. Sempre discípulos de Cristo: retiro espiritual do Papa e da Cúria Romana. São Paulo: Paulus, 2002. 184 p.
- Hummes, Cláudio. Diálogo com a cidade. São Paulo: Paulus, 2005. 408 p.
Bispos ordenados
Ordenou diácono:
Ordenou padre:
O Cardeal Hummes foi o principal celebrante da ordenação episcopal dos seguintes bispos:
- Dom Aldo de Cillo Pagotto, S.S.S.
- Dom Fernando Mason, O.F.M.Conv.
- Dom Mílton Antônio dos Santos, S.D.B.
- Dom Manuel Parrado Carral
- Dom Pedro Luís Stringhini
- Dom José Benedito Simão
- Odilo Pedro Cardeal Scherer
- Dom Benedito Beni dos Santos
- Dom Caetano Ferrari, O.F.M.
- Dom Pedro Sbalchiero Neto, M.S.
- Dom José Soares Filho, O.F.M.Cap.
- Dom Joaquim Justino Carreira
- Dom João Mamede Filho,O.F.M.Conv.
- Dom Tomé Ferreira da Silva
- Dom João Bosco Barbosa de Sousa, O.F.M.
- Dom João Alves dos Santos, O.F.M.Cap.
- Dom Fernando José Monteiro Guimarães, C.Ss.R.
- Dom Irineu Gassen,O.F.M.
- Dom Jorge Alves Bezerra,S.S.S.
- Dom João Inácio Müller, O.F.M.
E foi concelebrante da ordenação episcopal de:
Referências
- ↑ 1,0 1,1 «Morre Cláudio Hummes, cardeal gaúcho que inspirou o papa a escolher o nome Francisco». GZH. 4 de julho de 2022. Consultado em 4 de julho de 2022
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 The Cardinals of the Holy Roman Church
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 Catholic Hierarchy
- ↑ «Cláudio Cardinal Hummes, O.F.M.» (em inglês). Consultado em 9 de outubro de 2010
- ↑ 5,0 5,1 5,2 Lopes, Reinaldo José (4 de julho de 2022). «Morre dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, aos 87 anos». Folha de São Paulo. Consultado em 4 de julho de 2022
- ↑ Predefinição:Citar lei
- ↑ «Vatican and archbishops sought U.S. support to undermine left-wing leaders in South America»
- ↑ «Papa Bento XVI aceita renuncia de dom Cláudio Hummes do cargo de prefeito da Congregação para o Clero». CNBB. Consultado em 9 de outubro de 2010. Arquivado do original em 11 de outubro de 2010
- ↑ «Cardeal dom Cláudio Hummes é nomeado membro da Pontifícia Comissão para a América Latina». Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Consultado em 19 de julho de 2011. Arquivado do original em 21 de agosto de 2011
- ↑ CARDILLI, Juliana (16 de março de 2013). «Papa diz que decidiu nome após frase de cardeal brasileiro». G1. Consultado em 16 de março de 2013
- ↑ publico.pt (16 de março de 2013). «Foi por causa dos pobres que pensei em Francisco». Publico.pt. Consultado em 16 de março de 2013
- ↑ Agência Ecclesia. «Papa quer uma «Igreja pobre e para os pobres»-16/mar/2013». Consultado em 16 de março de 2013
- ↑ «Dom Cláudio Hummes morre aos 87 anos em São Paulo». Correio do Povo. 4 de julho de 2022. Consultado em 4 de julho de 2022
- ↑ «Comunicado Oficial da Assembleia do Projeto de Constituição da Conferência Eclesial da Amazônia» (PDF) (em português)
- ↑ «Dom Cláudio Hummes renunciou à presidência da CEAMA». Vatican News. 28 de março de 2022. Consultado em 28 de março de 2022
- ↑ «Morre Cardeal Cláudio Hummes, franciscano que defendeu povos indígenas e influenciou escolha do nome do Papa». G1, 4 e julho de 2022
Ligações externas
- «Biografia no site The Cardinals of the Holy Roman Church» (em English)
- Dom Cláudio Hummes – nota biográfica
- Intervenção do Cardeal Cláudio Hummes, numa sessão plenária da ONU sobre a SIDA (AIDS)
- «Perfil em Catholic Hierarchy» (em English)
- «Biografia no GCatholic.com» (em English)
- RedirecionamentoPredefinição:fim
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