As catedrais da Espanha são os templos católicos diocesanos[1] do território espanhol. Possuem grande valor histórico, religioso e arquitectónico, sendo parte importante do Património Histórico Espanhol. Durante séculos, conformaram as suas cidades convertendo-se em seu referente. Assim se assinala no Plano Nacional de Catedrais, que pretende proteger e conservar 91 templos, entre catedrais, concatedrais[2], antigas catedrais e duas igrejas significativas, a Basílica do Pilar e a Sagrada Família[3].
Estes templos têm grandes dimensões e precisaram enormes recursos para sua construção. Habitualmente sua edificação durou vários séculos, pelo qual costumam ser o resultado de diferentes épocas e estilos arquitetônicos. [4]
A construção era começada pela cabeceira do templo e consagrava-se o altar-mor para a celebração do culto. Depois continuava com o cruzeiro e as naves. Assim os estilos mais tardios (barroco e neoclássico) desenvolveram-se com a edificação muito avançada, e dada a necessidade de manter o estilo arquitetônico do projeto primitivo, os arquitetos dos estilos tardios ampliaram-nas desenhando estâncias completas e fachadas novas, para projetar com maior liberdade e sem condicionantes.[7]
A construção era financiada quer com recursos da diocese através do cabido, quer com recursos do bispo, quer com contribuições reais ou com doações dos fiéis. Portanto a maior diocese e significação da cidade correspondia habitualmente uma catedral mais importante.
História
Hispânia visigoda
O cristianismo assentou-se cedo na Hispânia: por volta de 300 a Igreja já estava organizada, celebrando-se um concílio em Elvira (Granada). Mais tarde, os visigodos mantêm a fé ariana, a princípio sem grandes confrontos com os cristãos ortodoxos, até os Concílios de Toledo e a conversão de Recaredo em 587. Este processo, não sem oscilações, levaria à unificação de ambas as confissões.[8]
Durante este período construiu-se toda uma infraestrutura eclesiástica de igrejas e catedrais, das quais hoje em dia apenas ficam vestígios já que, como era costume, seus materiais eram reutilizados quando se construía uma igreja ou uma mesquita. Alguns edifícios que tomaram materiais de igrejas visigodas foram a antiga Catedral de Barcelona de estilo românico,[9] ou a Mesquita de Córdoba. Mesmo a Catedral de Palência tem seu origem na cripta de Santo Antolín, que foi edificada na segunda metade do século VII, em época visigoda.
Os reinos cristãos: O Românico
Com a rápida conquista muçulmana da Península Ibérica (710-718), os reinos cristãos ficaram reduzidos a uma estreita faixa na região Cantábrica e nos Pirenéus. A aparição da arquitetura românica na Península Ibérica coincidiu com as primeiras vitórias importantes da Reconquista.[10]
A suposta descoberta da tumba do Apóstolo Santiago, a princípios do século IX, provocou que Santiago de Compostela se tornasse num centro importantíssimo de peregrinação na Europa nos séculos X e XI[10], e através do Caminho de Santiago penetrou a cultura arquitetônica europeia do românico, especialmente de influência francesa.[10]
Em Santiago de Compostela foi construído um santuário, que foi um dos mais imponentes edifícios da sua época, para albergar as relíquias do Apóstolo. Os seus artistas construtores foram francos e a criaram num período curto, começando em 1075/1078 e concluindo-se na sua primeira fase em 1122. Esta catedral é a mais importante das românicas que se conservam.[11]
O templo tem três naves com muros de dois pisos, pilares cruciformes com abóbadas de berço e abóbada de canhão na nave central, e nas duas laterais com abóbada de aresta, cruzeiro, charola e capelas absidais. A única fachada românica que se conserva é a de Pratarias, construída pelo Mestre de Pratarias em 1103. Os peregrinos entravam pela porta Norte como símbolo do preto e saíam já purificados pela porta Sul de Pratarias, como símbolo do branco. Em escultura, salienta o Pórtico da Glória, obra fundamental da escultura românica concluída pelo Mestre Mateus em 1188.
Catedral de Santiago de Compostela
Durante o período de arquitetura românica, o território correspondente à atual Espanha estava formada pelos reinos cristãos de Leão, Castela, Navarra e Aragão na metade Norte, enquanto os muçulmanos dominavam a metade sul (o Al-Andalus). Em consequência, somente há arquitetura românica na metade norte da Espanha.[12]
Das catedrais construídas na reconquista cristã somente ficam algumas, poucas completas e fragmentadas a maioria delas. Das românicas, a maioria foram terminadas ou em parte reconstruídas no período gótico. Sobressaem deste período, além de Santiago, Sé de Urgel, Jaca, Tarragona, Tui, Ourense, Lugo, Zamora, a velha de Salamanca e Cidade Rodrigo.[13] Normalmente têm planta de cruz latina com 1 ou 3 naves, cruzeiro, cúpula, absides (1,3 ou raramente 5), claustro, torre, abóbada de canhão ou de aresta, contrafortes exteriores e capitéis de flora ou historiados.[13]
A catedral de Jaca pode ser considerado o primeiro edifício românico do Caminho de Santiago; na sua construção trabalharam mestres italianos no último quartel do século XI. Consta de três naves alternando colunas e pilares segundo as características da arquitetura lombarda. É importante a decoração em portadas e capitéis.[14]
Na zona sul do reino de Leão foi desenvolvida uma tendência regional nas catedrais de Zamora e Salamanca (velha), bem como na colegiada de Toro, observando-se uma emancipação das formas que predominavam em Leão.[15] Existem coincidências importantes nas plantas e nas abóbadas de berço, mas sobretudo nos zimbórios, umas torres lanterna que se dispunham no nascimento das cúpulas.[16] As três torres lanterna destas igrejas, com a sua forma característica, formam um caso excepcional no românico espanhol e só se construíram outras similares na cidade portuguesa de Évora e na Capela de São Pablo da Catedral Velha de Plasencia.[17] Talvez a influência proviesse de Poitou, na França, onde há edifícios com alguma similitude (Notre Dame de Poitiers).[17]
Na Catalunha, as obras principais do românico tardio são a catedral de Lérida e a de Tarragona.[18] Na data de construção de ambas, no século XIII, na França já se construíam as grandes catedrais do gótico, apresentando claras afinidades com o gótico francês; porém, a distribuição de espaços interiores assemelha-se a Zamora e Salamanca.[19]
Vários templos dos citados têm abóbada proto-gótica, correspondente ao começo do gótico, com arcos apontados muito abertos, tendendo ao triângulo equilátero, do período dos mosteiros cistercienses. Neste caso está Zamora, Salamanca, Ciudad Rodrigo e Tarragona[20].
A Reconquista: o mudéjar
Com a chamada Reconquista ocorreu um dos fenômenos nativos mais importantes da arte espanhola, o surgimento da arte mudéjar. A palavra mudéjar provém do árabe مدجّن Predefinição:Langp e significa "ao que lhe foi permitido ficar", referindo-se aos muçulmanos que continuaram vivendo nos reinos cristãos quando suas terras passaram ao controlo destes.
A arte mudéjar começa seu desenvolvimento a partir do século XII. Sua constituição levou-se a cabo mediante a fusão de elementos da arte islâmica com os da cristã, quer românico, com o que coincidiu seu nascimento, quer o gótico, quer o do Renascimento, até o qual se estendeu.[21]
O nascimento do mudéjar pode situar-se em Castela e Leão, a partir do românico, constituindo o chamado mudéjar castelhano-leonês.[21] Apesar de este estilo ter tido um âmbito de desenvolvimento bastante popular, também chegaram amostras a edifícios religiosos de importância. Tal é o caso da torre Noroeste da Catedral de Getafe,[22] reminiscência de um templo anterior; a Concatedral de Guadalajara ou alguns elementos Catedral de Sigüenza, como a Porta de São Valero ou a Capela da Anunciação. Com o avanço cristão para Sul, nasceu o chamado mudéjar toledano, com um caráter ainda mais arábigo. Observa-se este estilo em certas partes da Catedral de Toledo (Capela de Santo Eugênio, Sala Capitular e alguns elementos da torre).
Outro foco da arte mudéjar localizou-se no Reino de Aragão, constituindo o chamado mudéjar aragonês. Diferencia-se da variante castelhano-leonesa em alguns traços característicos, como são uma maior decoração exterior, maior influência da arquitetura cisterciense, emprego de cerâmica vidrada e os característicos campanários que recordam o estilo alminar. Algum dos melhores exemplos desta vertente são a Catedral de Tarazona, alguns elementos da Catedral de Saragoça (fachada da Parroquieta de San Miguel, absides e zimbório) ou a Catedral de Santa María de Teruel, que é considerada um dos melhores exemplos do mudéjar na Espanha.[21] Em Teruel trabalhou o muçulmano saragoçano Mestre Yusuf e interessa especialmente pela sua sólida torre, que foi modelo no seu gênero, bem como pelo seu zimbório do século XVI, versão renascentista do mudéjar, e inspirado no da catedral de Saragoça.[23]
A Baixa Idade Media: O Gótico
O período gótico teve uma longa vigência na Espanha, de meados do século XII até ao século XVI[24]. Espanha, no século XIV, estava constituída por grande quantidade de reinos cristãos: Castela, Navarra, enquanto os reinos de Aragão e Valência, o principado de Catalunha e o Reino de Maiorca formavam a Coroa de Aragão.[25] O Islão, desde o século XIV, apenas dispunha do Reino de Granada[26]
O gótico chegou cedo a Espanha desde França através do caminho de Santiago[27]. Na zona de influência do caminho combinaram-se os novos elementos franceses com as formas tradicionais espanholas sem alcançar, como em outros países, uma variante espanhola do gótico, pois o interesse dos monarcas hispânicos pela cultura francesa implicou assumir suas inovações arquitetônicas, mantendo a influência francesa.[27]
Cerca de 1170 começou o ambicioso projeto da catedral de Ávila, com uma dupla charola, disposição que unicamente tinha em toda a Europa Saint-Denis, mausoléu dos monarcas franceses.[27]
A catedral de Cuenca foi outra das primeiras góticas. Começada em 1196, tinha a mais avançada técnica da época, seguia as formas do domínio real francês da Île-de-France com evidentes influências normandas, que se manifestam no emprego de abóbadas sexpartidas.[28]
Sobre 1225, começou a chamada etapa clássica, com a introdução em Castela das formas clássicas que triunfaram nas catedrais francesas de Chartres, Reims, Amiens, Bourges e Le Mans. As grandes catedrais de Burgos, Toledo e Leão conformaram-se segundo o modelo francês, que se caracterizava por um importante desnível entre naves.[29]
A de Burgos começou-se em 1221. Em princípio tinha três naves com transepto único e cinco capelas em cabeceira. O segundo arquiteto dispôs uma charola, com deambulatório e cinco capelas.[29] Do século XIII há três partes essenciais: a cabeceira, finalizada em 1230; logo o transepto e a nave, terminados em 1260, com algumas diferenças de estilo respeito da anterior; por último as ambiciosas ampliações do final do XIII, com as fachadas, as torres e a charola com diferenças de estilo acusadas sobre o anterior.[30] As esbeltas agulhas das torres foram acrescentadas no século XV, e o zimbório do cruzeiro no século XVI.[31] As agulhas de pedra das torres, com grande riqueza de calados em gótico flamígero, foram construídas por Hans von Köln (Juan de Colonia), e são similares às terminações das torres do gótico tardio do Sul da Alemanha.[32]
As catedrais de Burgos e Toledo estão inspiradas ambas na de Bourges da França; foram começadas ao mesmo tempo. Os seus dois promotores eram amigos e apoiavam a política de Fernando III. Toledo construiu-se mais devagar porque estava concebida com critérios mais ambiciosos: era a igreja do primado da Espanha. A redução efetuada em Burgos, respeito do modelo francês de Bourges, de três naves, deambulatório simples e transepto de uma nave, contrasta com a ampliação tipológica de Toledo, com cinco naves, duplo deambulatório e transepto de três naves.[33] Para construir Toledo foi derribada a mesquita, que estava em estado de ruína[34] e que pela sua vez fora construída sobre um templo cristão visigodo. Uma das características mais significativas da catedral de Toledo, e caso singular da arquitetura gótica europeia, é a forma de resolver a abóbada do deambulatório, que passa de cobrir 5 arcos na zona interior a 17 no muro exterior. A multiplicação das abóbadas para o exterior foi resolvida segundo o modelo de Le Mans, correspondendo a cada coluna interior duas exteriores. Em Toledo os dois deambulatórios bifurcam-se duas vezes.[35] Por último assinalar várias formas decorativas de inspiração islâmica empregadas em Toledo.[36]
A catedral de Leão começou-se em 1250 e no essencial estava concluída em 1300. O arquiteto foi o mestre Enrique, segundo arquiteto de Burgos, e está inspirada em Amiens e Reims. As proporções são um pouco mais reduzidas que as gigantescas catedrais de Burgos e Toledo, pois a diocese tinha menos recursos, porém suas afiadas torres e leves decorações exteriores a fazem parecer maior e imponente[37].
Os muros góticos facilitavam a colocação de grandes vitrais com extensos vitrais policromados. Na Espanha com a Catedral de Leão começa realmente o desenvolvimento desta arte, os seus numerosos vitrais igualam-se com as das catedrais de Chartres, Reims ou Amiens. Os vitrais leoneses foram atribuídos a uma oficina hispano-francesa.[38]
O século XIV, maneirista, salienta sobretudo em Catalunha. A importância do senso espacial manifestou-se na proliferação de templos de uma nave (quando eram três tendia-se a igualar as alturas das naves), pilares delgados, grande amplitude[39] A catedral de Barcelona, iniciada em 1298 e com a abóbada terminada em 1448, tem uma larga nave central e as laterais quase da mesma altura. Seu principal arquiteto foi o mestre Jaume Fabré. A impressão de espaço é aumentada pelas tribunas sobre as capelas laterais, que dão maior largura ao já amplíssimo interior.[40]
O recurso visual empregado para dar a sensação de se encontrar num espaço maior foi o de incluir os contrafortes dentro da nave, cerrando o muro pela parte externa dos mesmos, entre os que se dispuseram as capelas laterais e em cima apareceram as tribunas.[41] Exteriomente ocorre o contrário: os contrafortes ficam fora da vista do espectador, encerrados no seu interior.[42]
O abobadamento da nave central da catedral de Gerona é um dos casos mais brilhantes da arquitetura medieval. Construída a cabeceira, decidiu-se, após uma longa discussão técnica, cobrir com uma só nave em lugar de com três. Guillem Bofill foi encarregue de construir a maior abóbada do gótico com cerca de 23 metros de largo e 34 metros de altura. Foi baseado no modelo de Barcelona que aperfeiçoou: a pressão da abóbada transmitia-se aos contrafortes interiores, colocando-se entre eles as capelas laterais. Começada a nave central em 1417, não se pôde terminar até 1604.[43]
Também resolveu brilhantemente a catedral de Palma de Maiorca. As naves estão articuladas por apertados muros contrafortes que lhe dão uma visão externa muito característica. O interior formam-no três naves de 42 metros de altura apoiadas em delgadas colunas e duas capelas laterais. A concepção técnica do sistema de apoios pressupõe que trabalhou o arquiteto catalão Berenguer de Montagut, artífice de Santa Maria do Mar de Barcelona. Este interior está à altura de Bourges, Beauvais e Milão[44].
A imensa Catedral de Sevilha foi o maior projeto da Europa. Sua construção começou em 1401 e concluiu em 1506, demolindo a mesquita almóada que se vinha usando de igreja de 1248. Foi conservada a base da alta torre almóada, a Giralda, como campanário da nova catedral. Seu primeiro arquiteto pôde ser Charles Galter de Rouen e o desenho está influenciado por modelos franceses. Impressionam as suas sete naves, a grande altura (44 metros na nave) e seus cerca de 100 vitrais[45]. É uma construção de naves escalonadas, exteriormente apoiadas em múltiplos arcobotantes e contrafortes coroados por pináculos[46].
No século XVI, em Roma surgia o estilo renascentista com a construção da Basílica de São Pedro. Na Espanha conviveram por muito tempo (como sucedia na Europa do Norte), o estilo anterior e o novo, em plano de igualdade. O gótico continuava sendo o estilo de representação nacional e era visto como moderno e "espanhol", enquanto o estilo renascentista era chamado romano ou italiano. Neste período foram construídas novas e impressionantes catedrais tardo-góticas em Salamanca, Segóvia, Plasência e Astorga|. Altíssimos pilares tornam-se, sem interrupção, em abóbadas com nervuras estreladas de múltiplos argumentos. Trata-se de um período muito brilhante, de grandes obras e inovações góticas ainda pouco estudado.[47].
A unificação e a expansão: O Renascimento
O estilo do renascimento tardou em chegar a Espanha, pois os Reis Católicos, mantiveram o gótico para os edifícios eclesiásticos enquanto nos civis introduzia-se gradualmente o estilo clássico plateresco.[48]
A influência do Renascimento, combinado com elementos flamencos e hispânicos, originou o estilo plateresco. Chamado assim pela similitude dos ornamentos arquitetônicos com as filigranas dos prateiros. Momentos culminantes do plateresco foram as obras dos mestres da segunda parte do século XVI, Juan e Rodrigo Gil de Hontañón, arquitetos da Catedral Nova de Salamanca e da de Segóvia. Ao refinamento final do plateresco, simplificadas suas amplas filigranas, corresponde a nova catedral de Granada.[49]
A Catedral de Granada projetou-se com a escala grandiosa da de Sevilha. Quando Diego de Siloé tomou em 1518 a direção das obras, transformou o começado edifício gótico num de estilo clássico. Para isso, substituiu os pilares por colunas clássicas sobre bases cilíndricas, e o problema da união do capitel com a abóbada resolveu-o adicionando sobre o capitel uma nova ordem de pilastras para chegar à abóbada gótica.[50]
Este uso do duplo capitel de Siloé influiu nas catedrais de Málaga, Guadix e Baeza. Também Andrés de Vandelvira adotou o sistema de Siloé para a Catedral de Jaén, iniciada em 1548. As catedrais de Siloé e Valdelvira são brilhantes combinações do gótico e do clássico.[50]
Para a catedral de Valladolid, Juan de Herrera preparou desenhos entre 1578 e 1582. Projetou uma catedral que era um enorme quadrilátero gigante flanqueado por quatro torres nas esquinas, recusando totalmente o sistema gótico. Os construtores fizeram por ser fiéis aos planos de Herrera, mas a partir de 1650 foram-se afastando das suas traças. A segunda metade da igreja não chegou a construir-se, ficando inacabada.[51]
Juan de Herrera é o arquiteto espanhol mais conhecido anterior a Gaudí, e sua obra o Mosteiro do Escorial é o monumento máximo do Renascimento espanhol. Há controvérsia sobre se as traças de Valladolid são um reflexo da basílica do Escorial. A influência deste edifício inacabado foi importante na América.[52]
Império e decadência: o Barroco
Na Espanha, como em outros países, a época do barroco corresponde ao século XVII e à primeira metade do século XVIII.[54]
O barroco foi a resposta dos arquitetos e artistas à nova missão dada à arquitetura no Concílio de Trento[55], e portanto participou no movimento contra-reformista, que se opunha às ideias luteranas e calvinistas. Inicialmente, partindo do estilo herreriano, manteve-se a sobriedade ornamental e a estrutura clássica nas construções. Uma das exceções é o presbitério da Catedral de Santa María de Valencia de Juan Bautista Pérez, realizado entre 1674 e 1682, e a fachada principal, começada em 1703 por Conrado Rudolf e prosseguida por Fernando Vergara el Viejo. Foi um dos primeiros exemplos do emprego das formas curvas do barroco, embora devido à tardança na sua conclusão (1740) apresente também elementos do rococó.[56]
Durante o século XVII a fazenda espanhola declarou-se em bancarrota até em seis ocasiões.[57] A falta de recursos conseguinte, provocou a proliferação de construções baseadas em materiais mais baratos, que deu à maior parte das construções desta etapa um aspeto sóbrio e apagado.[58] Contudo, as economias de duas zonas da Península permitiram a evolução do barroco para um estilo mais ornamentado e que se afastou das concepções herrerianas. Foram a galega e a andaluza.[59]
Na Galiza, a obra mais característica foi a reforma empreendida pelo cônego Xosé de Vega e Verdugo na catedral de Santiago de Compostela. O ambicioso projeto foi plasmado no inventário Memória sobre as obras na catedral de Santiago (1657 – 1670) do qual somente foram realizadas atuações isoladas como a construção de um tabernáculo baldaquino sobre o altar-mor do templo e o pórtico Real da Quintana construído por Xosé Peña do Toro entre 1658 e 1666.[56] Continuou as obras Domingo de Andrade, discípulo de Toro, construindo sobre o núcleo anterior do gótico tardio a torre do relógio em 1680.[59] Em 1672, Fernando de Casas e Novoa, mais próximo ao rococó e havendo realizado o claustro da catedral de Lugo, assumiu a reforma do templo de Compostela com a construção da torre Norte, à imagem da sua gêmea. Contudo, seu maior reto foi a construção da nova fachada, que devia ao mesmo tempo cobrir e proteger o românico Pórtico da Glória respeitando a escada que já fora iniciada. Está fachada seria chamada posteriormente do Obradoiro por dar à praça onde os canteiros trabalhavam a pedra.[59]
Um segundo centro do barroco espanhol desenvolveu-se na Andaluzia, que foi financiada pela importância da região com os benefícios do comércio com as posses coloniais espanholas na América. Um dos primeiros exemplos do barroco na zona o constitui a fachada da Catedral de Granada, desenhada em 1664 por Alonso Cano e construída após a morte deste, entre 1667 e 1684.
A construção de novas estâncias permitiu aos arquitetos maior liberdade e refletirem plenamente o estilo barroco, sobretudo nas novas fachadas que se desenharam. Os exemplos mais salientados, além de Granada, são a fachada da catedral de Múrcia (1742 – 1754), construída por Jaume Bort i Meliá (com todos os elementos do barroco e um dos melhores exemplos da Espanha), a fachada de Guadix, projetada por Eufrasio López de Rojas e a já mencionada de Valência.[60]. O modelo habitual é o de fachadas entre torres, com um pano central estruturado com colunas de ordem gigante, que as dota de uma grande monumentalidade. As portadas de Múrcia e Guadix têm um grande movimento que culmina na fachada côncava de Valência.[60]
Mencionar também as fachadas das catedrais de Gerona, Astorga e Burgo de Osma.[61]
Menor envergadura, mas grande importância, têm as reformas barrocas ornamentais nos templos românicos e góticos. Os lugares que receberam maior ornamentação são os altares-mores, com sacrários, retábulos ou camarins e os trascoros.[61]
Sobressai entre eles, "a obra mais espetacular do barroco espanhol", o "Transparente" da Catedral de Toledo, obra de Narciso Tomé, construído entre 1721 e 1732. É uma construção situada detrás do altar-mor e onde os fiéis podem contemplar o Santíssimo desde a charola. Um retábulo côncavo de dois corpos, o inferior com a Virgem e o Menino e o superior com A Última Ceia. Uma abertura na abóbada deixa passar a luz. A arquitetura, a escultura e a pintura fundem-se de forma mestra[62].
Anterior, entre 1625 e 1632, é o retábulo de madeira com esculturas policromadas da catedral de Plasencia, realizado por Gregorio Fernández e sua oficina, considerado o mais destacável da primeira metade do século XVII[63].
Outra atuação de grande interesse é o espaço, em forma de "pavilhão", para a Virgem na Catedral de Saragoça, concebido por Ventura Rodríguez; trata-se de uma elipse em planta terminada por uma cúpula, com quatro absides nos eixos, abertos em três lados e no quarto fechado foi colocado o altar, onde a Virgem está descentrada.[64] Este pavilhão está disposto na nave central do templo encaixado num vão entre quatro colunas. Ventura Rodríguez reformou também o restante do templo, que iniciara Francisco Herrera, o Moço.[64]
Por último, assinalar a influência que a arquitetura barroca teve na América Latina e em algumas regiões da Ásia.[65]
Absolutismo e iluminismo: O neoclássico
O começo do neoclassicismo na Espanha coincidiu com a fundação em 1752, pelo rei Fernando VI da Espanha, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, tornando-se este estilo na arte estatal e determinando o estilo do país até 1840.[66]
Durante a segunda metade do século XVIII, as catedrais góticas foram objeto de numerosas reformas tanto interiores como exteriores. O objeto era variado, quer ocultar o templo anterior que se acreditava velho e inapropriado, quer incluir elementos artísticos compartilhados nas capelas, quer atuações em contraste com o templo anterior[67]. No primeiro caso encontra-se a fachada principal da Catedral de Pamplona, realizada por Ventura Rodríguez, considerada a obra mais importante da sua última época.[68] No terceiro caso, está a capela de Juan de Palafox e Mendoza na catedral do Burgo de Osma. Construída num espaço diferente detrás do altar-mor, contrapõem o novo e o velho, como se se tratar de dois templos diferentes de épocas diferentes. A Coroa aportou à capela os arquitetos mais prestigiosos do momento, Juan de Villanueva que a projetou e Sabatini que desenhou um plano para concluí-la.[69]
O Terremoto de Lisboa de 1755 afetou consideravelmente à fachada principal da Catedral de Lugo, o que motivou uma nova fachada de Julián Sánchez Bort, com a supervisão de Ventura Rodríguez. Está inspirada em elementos românicos e góticos.[67]
Século XIX: historicismo e ecleticismo
O historicismo acredita-se que é a aplicação do romantismo na arquitetura. Sua característica principal é o seguimento de tendências arquitetônicas do passado, especialmente da Idade Média, como o românico, o gótico e, na Espanha, o mudéjar. De forma similar, o ecleticismo, combina diferentes estilos históricos entre sim, na arquitetura do seu tempo. Historicamente, este período corresponde-se com a época do auge dos nacionalismos e o imperialismo. Em arquitetura eclesiástica, os estilos mais utilizados foram o neogótico e o neorromânico. Podemos encontrar ambos na Catedral da Almudena de Madrid, começada em 1883 por Francisco de Cubas. A cripta, de 1911, é de estilo neorromânico; o exterior continua a tendência neoclássica; e o interior responde ao modelo neogótico. Outro exemplo amostra-se na Catedral de La Laguna em Tenerife, construída entre 1904 e 1916, em estilo neogótico. Também neogóticos são o adro da Catedral de Terrassa de 1918, a fachada da Catedral de Barcelona de 1888 e a conclusão da Catedral de Sevilha dentre 1825 e 1928.
Século XX: modernismo e racionalismo
No fim do século XIX surgiram na Europa tendências arquitetônicas que rompiam com os critérios tradicionais e buscavam novas formas dando grande relevância à estética. Na Espanha, salientou o modernismo catalão que se desenvolveu nomeadamente em Barcelona, entre 1880 e 1930, adquirindo pessoalidade própria. Dentro deste movimento foi construído o templo da Sagrada Família em Barcelona[70]
A construção do edifício começou em estilo neogótico, mas com a assunção do projeto por Antoni Gaudí em 1883, foi completamente replanificado. Gaudí, seguindo seu método habitual, não elaborou o desenho de antemão, senão que realizou esboços com a forma geral do edifício e logo improvisava a construção à medida que avançava. Uma das suas ideias mais inovadoras foi o desenho das elevadas torres cônicas.[71]
As torres, em princípio, estavam previstas de planta quadrada, mas quando se decidiu que deviam sobressair apontadas sobre os portais, Gaudí decidiu transformá-las e adotar a forma redonda. Além disso, estreitou as torres à medida que cresciam em altura. Fez uso das formas que utilizara no Colégio Teresiano de Barcelona. Projetou-as com uma torção parabólica que sugere uma tendência ascendente para toda a fachada. As janelas que perfuram as torres tomam uma ordenação em espiral, impulsionando também para o alto[72].
Só se tinham construído três torres quando Gaudi faleceu em 1926. Do projeto do edifício apenas se conservavam planos e um modelo em gesso que resultou muito danificado durante a Guerra Civil espanhola.[72]
Em 1940 o arquiteto Francesc Quintana assumiu o projeto. Hoje dia a construção continua, trabalhando-se sobre esses planos.
Listagem de catedrais
Referências
- ↑ onde o bispo tem a sua sede, a sua cátedra.
- ↑ Chama-se concatedral ao templo da segunda cidade diocesana, quando a sede episcopal está compartilhada entre duas cidades.
- ↑ «Edifícios incluídos no Plano de Catedrais» do Ministério de Cultura da Espanha.
- ↑ Díaz Muñoz, M. Pilar. Catedrales en el Barroco, pág.7. Madrid: Ediciones Jaguar. [S.l.: s.n.] ISBN 978-84-95537-54-6
- ↑ «Listado de las diócesis de España y sus obispos». www.conferenciaepiscopal.es/ (em español). Consultado em 18 de março de 2007
- ↑ «Mapa de las diócesis de España». www.conferenciaepiscopal.es/ (em español). Consultado em 18 de março de 2007
- ↑ Díaz Muñoz, M. Pilar. Catedrales en el Barroco, pág.8. Madrid: Ediciones Jaguar. [S.l.: s.n.] ISBN 978-84-95537-54-6
- ↑ «As Espanhas visigodas» em Artehistória.
- ↑ «Catedral de Barcelona» em bcn.es.
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- ↑ Bango, Isidro G. (1992). El Románico en España, Pág. 381/383. Madrid: Espasa Calpe. [S.l.: s.n.] ISBN 84-239-5295-9
- ↑ Cfr. pp. 179 e 462 de Klein, Bruno (1996). La arquitectura románica en España y Portugal. Colônia: Könemann Verlagsgesellschaft mbH. [S.l.]: El románico. Arquitectura, escultura, pintura. ISBN 3-89508-547-2
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