Boeing 767 é uma aeronave widebody bimotor turbofan desenvolvida e fabricada pela Boeing. Foi o primeiro avião bimotor widebody (corredor duplo) e equipado com glass cockpit (painéis totalmente digitais) da Boeing. Projetado como um avião menor e mais econômico que o Boeing 747 para ser utilizado em rotas internacionais médias e longas, possui capacidade de 181 a 375 passageiros, divididos de 1 a 3 classes, com um alcance de 3 850 a 6 385 milhas náuticas (7 130 a 11 825 quilômetros). O avião foi desenvolvido juntamente com o Boeing 757, que atuaria em rotas nacionais e internacionais curtas.
O avião possui três variantes principais, a variante -200 entrou em serviço em 1982, seguido das variantes -300 em 1986 e -400ER, em 2000. Foram desenvolvidas também variantes de maior alcance, como o -200ER e -300ER, que entraram em serviço em 1984 e 1988, respectivamente, enquanto uma versão cargueira, -300F, entrou em serviço em 1995. Foram desenvolvidos modelos militares, como o E-767 (controle aéreo), KC-767 e KC-46. Os aviões são equipados com dois motores Pratt & Whitney PW4000-94 ou General Electric CF6-80C2.
O avião entrou em serviço comercial com a United Airlines em 1982, onde foi utilizado inicialmente para rotas nacionais e internacionais. Em 1985, tornou-se o primeiro avião bimotor a receber certificação ETOPS para voos intercontinentais sem escalas. Em 1986, a Boeing iniciou estudos para desenvolver uma versão com maior capacidade, o que originou o Boeing 777. Na década de 1990, o avião era utilizado principalmente em rotas entre os Estados Unidos e a Europa.
Até junho de 2017, a Boeing recebeu 1 204 pedidos através de 74 companhias, com 1 101 aviões entregues.[1] Até julho de 2016, 742 aviões estavam em operação. A Delta Air Lines é a companhia com mais aviões em serviço, com 91 aeronaves. As aeronaves concorrentes são o Airbus A300, A310 e A330-200, enquanto o sucessor Boeing 787 Dreamliner entrou em serviço em outubro de 2011.
Desenvolvimento
Em 1970, o 747 da Boeing tornava-se o primeiro avião a jato de fuselagem larga a entrar em serviço.[2] O 747 foi o primeiro avião a jato de passageiros largo o suficiente para apresentar uma cabine com corredor duplo.[3] Dois anos depois, a fabricante iniciou um estudo de desenvolvimento com o codinome 7X7, para uma nova aeronave de fuselagem larga destinada a substituir o 707 e outros jatos de fuselagem estreita de primeira geração.[4][5] A aeronave também forneceria corredor duplo, mas em uma fuselagem menor do que a existente nos 747, McDonnell Douglas DC-10 e Lockheed L-1011 TriStar.[4] Para custear o alto investimento, a Boeing assinou acordos de compartilhamento de riscos com a empresa italiana Aeritalia e a Corporação Civil de Desenvolvimento de Transportes (CTDC), um consórcio de empresas aeroespaciais japonesas.[4] Isso marcou o primeiro grande empreendimento conjunto internacional da fabricante, e tanto a Aeritalia quanto a CTDC receberam contratos de fornecimento em troca de sua participação antecipada.[4] O 7X7 inicial foi concebido como um avião comercial de decolagem e pouso curto, destinado a voos de curta distância, mas os clientes não estavam entusiasmados com o conceito, levando à sua redefinição como um avião comercial de médio porte e alcance transcontinental.[4] Nesta fase, a aeronave proposta apresentava dois ou três motores, com possíveis configurações como motores sobre a asa e cauda em T.[2]
Em 1976, um projeto de jato bimotor, semelhante ao recém lançado Airbus A300, tornou-se a configuração base da nova aeronave.[6] A decisão de usar dois motores refletiu o aumento da confiança do setor na confiabilidade e economia dos motores a jato de nova geração.[6] Enquanto os requisitos das companhias aéreas para novas aeronaves de fuselagem larga continuavam ambíguos,[6] o 7X7 era geralmente focado em mercados de médio porte e alta densidade.[2] Como tal, pretendia-se transportar um grande número de passageiros entre as principais cidades.[2] Os avanços na tecnologia aeroespacial civil, incluindo motores turbofan de alta taxa de derivação, novos sistemas para as cabines de pilotagem, melhorias aerodinâmicas e materiais de construção mais leves seriam aplicados ao 7X7.[4] Muitos desses recursos também foram incluídos em um esforço paralelo de desenvolvimento de um novo avião de médio porte e fuselagem estreita, com codinome 7N7 e que se tornaria o 757.[6] O trabalho em ambas os projetos prosseguiu com a recuperação do setor de aviação no final da década de 1970.[7][4]
Em janeiro de 1978, a Boeing anunciou uma grande extensão de sua fábrica em Everett - que era então dedicada à fabricação do 747 - para acomodar sua nova família de fuselagem larga.[8] Em fevereiro de 1978, o novo avião recebeu a designação de modelo 767[9] e três variantes foram planejadas: um 767-100 com 190 assentos, um 767-200 com 210 assentos e uma versão trimotor 767MR/LR com 200 assentos, destinado a rotas intercontinentais.[6][10] O 767MR / LR foi posteriormente renomeado 777 para fins de diferenciação.[4][11] O 767 foi lançado oficialmente em 14 de julho de 1978, quando a United Airlines encomendou 30 aeronaves da variante 767-200, seguidos por mais 50 pedidos de 767-200 para a American Airlines e Delta Air Lines no final daquele ano.[4] No final das contas, o 767-100 não foi oferecido para venda, pois sua capacidade de assentos estava muito próxima à capacidade do 757,[4] enquanto que o 777 trimotor acabou sendo descartado em favor da configuração de jato bimotor.[6]
No Brasil
A primeira companhia aérea do Brasil a operar o 767 foi a Transbrasil em 1982 com o modelo 200, a versão 300ER começou a operar em 1994, no total a empresa operou 14 modelos da aeronave. A Varig começou a operar o avião em 1986 na versão 200ER, em 1997 começou a operar a versão 300ER, no total operou 18 aeronaves, com a falência da empresa, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes passou a operar 9 aeronaves remanescentes. A BRA Transportes Aéreos também operou dois modelos nas versões 200ER e 300ER, a OceanAir operou três modelos, sendo um deles da antiga BRA, a TAM (atual LATAM) operou seis modelos. Hoje são 13 operantes pela LATAM Brasil. As versões cargueiras também foram operados pela ABSA Cargo, TAM Cargo e RIO Linhas Aéreas.[12]
Variantes
O 767 foi produzido em três comprimentos de fuselagem.[13] Estes foram apresentados progressivamente, como 767-200, 767-300, e 767-400ER, respectivamente.[13][14] Versões de maior alcance incluem o 767-200ER e o 767-300ER,[14] enquanto modelos cargueiros incluem o 767-300F, um cargueiro de produção,[15] e conversões de versões de passageiros do 767-200 e do 767-300.[16]
Quando referindo às variantes, a Boeing e as empresas aéreas normalmente fundem o número do modelo (767) e o designador de variante (ex. –200 ou –300) em uma forma única (ex. "762" ou "763"[17]). O sistema de designação de aeronaves da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) utiliza um modelo parecido de numeração, mas adiciona uma letra do fabricante;[18] todas as variantes baseadas no 767-200 e 767-300 são classificados pelos códigos "B762" e "B763", respectivamente, enquanto o 767-400ER recebe a designação de "B764."[18]
767-200
O primeiro modelo do 767, foi lançado em 1978 e entrou em serviço em 1982 com a United Airlines. Este modelo é usado principalmente em rotas continentais como Nova York-Los Angeles. O 767-200 geralmente é encontrado na configuração de 181 passageiros divididos em três classes ou 224 divididos em duas classes. Todos os modelos da série -200 tem capacidade de carregar 225 devido as limitadas saídas de emergência. Uma saída de emergência adicional possibilita a acomodação de até 290 passageiros na configuração 2+4+2.
767-200ER
A variante 767-200ER(Extended Range), teve como o primeiro cliente a El Al em 1984. Tornou-se o primeiro 767 a completar um voo transatlântico, e quebrou o recorde de maior distancia voada sem conexões de um bijato. O substituto do 767-200ER é o Boeing 787-8. O operador no Brasil é a LATAM Airlines Brasil com Boeings 767-300ER (Extended Range) e pela ABSA Cargo Brasil.
Em dezembro de 2006, um total de 249 Boeing 767-200/-200ER foram entregues.
No Brasil o Boeing 767-200ER foi operado pela Varig, Gol, Transbrasil e RIO Linhas Aéreas.
767-200BDSF
Modelo convertido do 767-200 pela IAI, com certificação pelas principais autoridades de aviação civil do mundo, como a FAA, EASA e ANAC. Seu Peso Máximo de Decolagem (MTOW) é aumentado para 159 210 kg (351 000 lb), maximizando desta forma a utilização do avião na função cargueiro.[19]
767-300ER
O 767-300ER (Extended Range) é a versão de alcance estendido da versão -300. Voou pela primeira vez em 1986 e recebeu os primeiros pedidos quando a American Airlines encomendou muitas unidades em 1987. A aeronave entrou em serviço na AA em 1988. Em 1995, a EVA Air usou um 767-300ER para inaugurar a primeira rota transpacífica com um 767.
Já foi operado também pela Varig, Transbrasil, Oceanair e pela BRA.
Atualmente, o B767-300ER é operado em Portugal pela EuroAtlantic Airways e no Brasil pela LATAM Airlines Brasil.[20]
Companhia | Quantidade |
---|---|
LATAM Airlines Brasil | 13 |
LATAM Cargo Brasil | 3 |
TOTAL | 16 |
767-400ER
A última versão estendida do 767, foi lançada em 1997 com pedidos da Delta Airlines e Continental Airlines para substituir os velhos Lockheed L-1011 e McDonnell Douglas DC-10 das frotas. Pedidos também foram feitos pela Kenya Airways e a ILFC, porém foram cancelados. A Kenya Airways e a ILFC preferiram converter os pedidos para Boeings 777. O -400ER (Extended Range) foi alongado em 6,5 m do -300. A envergadura também aumentou em cerca de 4,3 m diante dos outros 767, e também asas mais aerodinâmicas foram adicionadas ao conjunto para melhor performance e economia de combustível. É o modelo de menor alcance, embora seja o maior de todos.
Outros Modelos
- E-767
- KC-767 Tanker Transport
- E-10 MC2A
Especificações
767-200 | 767-200ER | 767-200BDSF | 767-300 | 767-300ER | 767-300F | 767-400ER | |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Tripulação de cockpit | 2 | ||||||
Capacidade |
181 (3 classes) 224 (2 classes) 255; opcional 290 (1 classe) |
N/A | 218 (3 classes) 269 (2 classes) 350 (1 classe) |
N/A | 245 (3 classes) 304 (2 classes) 375 (1 classe) | ||
Capacidade de Carga | 2,875 ft³ (81.4 m³) 22 LD2s |
3,770 ft³ (106.8 m³) 30 LD2s |
15,469 ft³ (438 m³) 30 LD2s + 24 pallets |
4,580 ft³ (129.6 m³) 38 LD2s | |||
Comprimento | 159 ft 2 in (48.5 m) |
180 ft 3 in (54.9 m) |
201 ft 4 in (61.4 m) | ||||
Envergadura | 156 ft 1 in (47.6 m) |
170 ft 4 in (51.9 m) | |||||
Superfície da asa | 3,050 ft² (283.3 m²) | 3,130 ft ² (290.7 m²) | |||||
Altura da Fuselagem | 17 ft 9 in (5.41 m) | ||||||
Largura da Fuselagem | 16 ft 6 in (5.03 m) | ||||||
Largura da Cabine (interior) |
15 ft 6 in (4.72 m) | ||||||
Capacidade Máxima de Combustível |
63.216 Litros | 91.228 Litros | 67.045 Litros | 63.216 Litros | 91.228 Litros | ||
Peso Básico Operacional | 176.650 lb (80.130 kg) |
181.610 lb (82.380 kg) |
166.013 lb (75.302 kg) |
189.750 lb (86.070 kg) |
198.440 lb (90.010 kg) |
190.000 lb (86.180 kg) |
229.000 lb (103.870 kg) |
Peso Máximo de Descolagem (MTOW) | 315.000 lb (142.880 kg) |
395.000 lb (179.170 kg) |
351.000 lb (159.210 kg) |
350.000 lb (158.760 kg) |
412.000 lb (186.880 kg) |
412.000 lb (186.880 kg) |
450.000 lb (204.120 kg) |
Alcance Máximo no MTOW | 3.850 nm (7.300 km) |
6.385 nm (11.825 km) |
4.260 nm (7.900 km) |
5.990 nm (11.065 km) |
3.255 nm (6.032 km) |
5.625 nm (10.415 km) | |
Velocidade de Cruzeiro | Mach 0.80 (470 knots, 530 mph, 851 km/h at Predefinição:Convert/ftPredefinição:Convert/test/Aon cruise altitude) | ||||||
Velocidade Máxima de Cruzeiro | Mach 0.86 (493 knots, 567 mph, 913 km/h at Predefinição:Convert/ftPredefinição:Convert/test/Aon cruise altitude) | ||||||
Distância de Decolagem no MTOW (nível do mar, Atmosfera padrão) | 5,800 ft (1,768 m) | 9,000 ft (2,743 m) | 7,900 ft (2,410 m) | 8,300 ft (2,530 m) | 8,600 ft (2,621 m) | 10,200 ft (3,109 m) | |
Motorização (x2) | P&W JT9D-7R4 P&W PW4000-94 GE CF6-80A GE CF6-80C2 |
P&W PW4000-94 GE CF6-80C2 |
GE CF6-80A | P&W JT9D-7R4 P&W PW4000-94 GE CF6-80A GE CF6-80C2 |
P&W PW4000-94 GE CF6-80C2 RR RB211-524H |
P&W PW4000-94 GE CF6-80C2 | |
Potência (x2) | GE: 50,000 lbf (222 kN) | PW: 63,300 lb (282 kN) GE: 62,100 lbf (276 kN) |
GE: 50,000 lbf (222 kN) | PW: 50,000 lbf (220 kN) | PW: 63,300 lbf (282 kN) GE: 62,100 lbf (276 kN) RR: 59,500 lbf (265 kN) |
PW: 63,300 lbf (282 kN) GE: 63,500 lbf (282 kN) |
Fontes: Boeing 767 airport planning report,[13] Boeing 767 specifications[21][22][23][24][25] e outras fontes[26]
Ver também
- Desenvolvimento relacionado
- Aeronaves semelhantes
Referências
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- ↑ 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8 4,9 Norris, Guy; Wagner, Mark (1998). Boeing. Osceola, Wisconsin: MBI Publishing. ISBN 0-7603-0497-1
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