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Alain Oulman

Alain Oulman

Alain Robert Oulman ComIH (Oeiras, Cruz Quebrada, 15 de junho de 1928Paris, 29 de março de 1990) foi o grande responsável por alguns dos maiores sucessos de Amália Rodrigues. Foi também o editor do livro "Le Portugal Baillonné - témoignage" ("Portugal Amordaçado") de Mário Soares.

Biografia

Alain Oulman nasceu a 15 de junho de 1928, na Cruz Quebrada, distrito de Lisboa, no seio de uma família judaica tradicional.[1][2]

Era um apaixonado pelos livros, pela música e por Amália Rodrigues, a quem foi apresentado em 1962 por Luís de Macedo, diplomata em Paris, durante umas férias na Praia do Lisandro, perto da Ericeira. Oulman mostrou a Amália uma música que tinha composto ao piano, sobre o poema Vagamundo de Luís de Macedo.

O álbum Busto, editado em 1962, marcou o início de colaboração de Alain Oulman com Amália. Foi ele quem levou os poetas portugueses, como Luís de Camões, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill ou Manuel Alegre, para dentro de casa de Amália. Alain Oulman é também considerado o principal responsável por uma profunda alteração na música que a acompanhava.

Foi também ele que compôs a música do conhecido fado A Minha terra é Viana do poeta Pedro Homem de Mello, do álbum Cantigas numa língua Antiga.

Oulman, pessoa de esquerda, é perseguido e preso pela PIDE. Amália tudo fez para o apoiar aquando da sua prisão. É deportado para França. "A sua activa solidariedade com a luta antifascista portuguesa levou-o a ser preso pela PIDE, sendo expulso de Portugal e fixando-se definitivamente em Paris", lê-se no 'site' oficial do Partido Comunista Português.

Oulman escreveu a música para Meu Amor é Marinheiro, com base em A Trova do Amor Lusíada, que Manuel Alegre escreveu quando esteve preso em Caxias.

No disco Com Que Voz, gravado em 1969 mas editado apenas no ano seguinte, Amália canta nomes como Cecília Meireles, Alexandre O'Neill, David Mourão-Ferreira, Manuel Alegre, Camões, Ary dos Santos e Pedro Homem de Mello. O disco receberá o IX Prémio da Crítica Discográfica Italiana (1971), o Grande Prémio da Cidade de Paris e o Grande Prémio do Disco de Paris (1975).

Após o 25 de Abril de 1974, Alain Oulman fez parte da minoria que defendeu Amália, quando esta foi acusada de estar ligada ao anterior regime, escrevendo cartas para os jornais "República" e "O Século".

Alain Oulman morreu, na cidade de Paris, a 29 de março de 1990, quando contava 61 anos de idade.

A 9 de junho de 1993, foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.[3]

Casamento e descendência

Casou com Felicity Harrington, nascida em 1938,[4] da qual teve dois filhos:

  • Nicholas Oulman (1967), casado com Beth Anne Calabro (1970), da qual tem uma filha e um filho:
    • Thomas Oulman (1992)
    • Katherine Nicole Oulman (2004)
    • Dylan Anthony Oulman (2006)

Comentários

"Cantei porque para mim era fado. A nobreza que está lá dentro é que conta. Se não tem fado para os outros, para mim tem" (Amália)

"Alain Oulman, que em sucessivos discos publicados nos anos 1950 e 1960 soube transformar a fadista Amália Rodrigues — cuja popularidade era incontestada desde o final da Segunda Guerra Mundial — na «Amalia», sem acento, que se tornou diva internacional. Oulman divulgou a voz, mas soube renovar-lhe a cada passo os atributos com desafios ousados: primeiro, já não apenas a guitarra e a viola, mas também os acompanhamentos orquestrais, depois as variações sobre estes, conduzindo-a ao extremo de um «jazz combo»." (Jorge P. Pires, Expresso, 1998)

"eu tenho uma proximidade muito maior com a Amália dos anos 1960, do período do Oulman. Cabe tudo ali — e é isso que lhe dá dimensão. Nós não podemos reduzi-la — como ela nunca se quis reduzir — a um qualquer sub-género do seu repertório." (Rui Vieira Nery, DN, 2002)

Legado

Em 2002, Ruben de Carvalho convidou Katia Guerreiro para fazerem uma homenagem a Alain Oulman: um marinheiro que estando triste cantava (Alain Oulman e o Fado Português). Fizeram seis meses de trabalho de pesquisa e ensaios. E assim Oulman acabou por fazer parte do repertório da fadista.

Mísia foi convidada para participar no projeto "A Cantora, o Compositor, a Estilista e o Convidado dela". Pensou num compositor de fado como o Armandinho, mas considerou que não existia obra para fazer um espetáculo. Outra hipótese era Alain Oulman, mas ainda há pouco tempo tinha sido feita uma coisa com ele por parte da Katia Guerreiro. E depois decidiu-se, finalmente, por Carlos Paredes.

No projeto inicial do disco "Transfado" de Anamar havia alguns fados de Alain Oulman com letras diferentes. Mas não foi possível usá-los por uma questão de direitos, já que na obra de Oulman, segundo os seus herdeiros, músicas e letra serão indissociáveis.

O registo dos ensaios que foram encontrados nas residências dos herdeiros de Oulman e de Rui Valentim de Carvalho, foram publicados na edição que juntou os álbuns "Busto" e "For Your Delight", dois discos que foram gravados nas mesmas sessões de gravação.

Em 2006 há uma homenagem de três jovens fadistas que interpretaram uma seleção de temas de Alain Oulman: Carla Pires, António Zambujo e Liana.

Referências e notas

  1. Foi circuncidado a 22 de junho de 1928 pelas 11 horas na Quinta de São Mateus, ao Dafundo, em Lisboa, pelo Dr. Elias Baruel e pelo Rev. Abraham Castel, tendo sido seu Padrinho Robert Calmann-Levy e sua Madrinha Jacqueline Natahn.
  2. Abecassis, José Maria Raposo de Sousa (1990). Genealogia Hebraica. I 1.ª ed. Lisboa: Edição do Autor. p. 252 
  3. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Allain Oulman". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 25 de julho de 2019 
  4. Abecassis 1990, p. 253.

Ligações externas


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