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Anarquismo

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O anarquismo é um termo amplo que abrange desde teorias políticas a movimentos sociais que advogam a abolição do Estado como autoridade imposta e detentora do monopólio do uso da força. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de hierarquia, defendendo uma forma de organização horizontal e libertária. A palavra anarquismo deriva da raiz grega an (não, sem) e archos (governador).

A própria definição adotada pela maioria dos dicionários, mostra a deturpação etimológica que a palavra anarquismo sofreu durante o tempo.

Uma das visões do senso comum sobre o tema é na verdade o que se considera "anomia", ou seja, ausência de leis. O anarquismo não se relaciona com a prática da anomia. Os anarquistas rejeitam esta denominação, e o anarquismo enquanto teoria política nada tem a ver com o caos ou a bagunça.

Grupos distintos têm compreensões diferentes quanto à abolição do governo e também à manutenção dessa ordem: socialistas libertários reconhecem o modo de produção socialista, como a coletivização dos bens, bem como a organização social feita horizontalmente (diferenciando-se assim dos socialismos científico, utópico e real); anarquistas invidualistas não teorizam sobre a coletividade, acreditam que o anarquismo só é e será possível com a conscientização e transformação individual e pessoal.

Socialismo libertário

Os anarquistas socialistas libertários acreditam que a função de qualquer governo é a manutenção do domínio de uma classe social sobre outra. Eles acreditam que, no sistema capitalista, o Estado mantém a desigualdade social através da força, ao garantir a poucos a propriedade sobre os meios de subsistência de todos.

Esta teoria clama por um sistema socialista, onde a posse dos meios de produção seja garantida a todos os que trabalham. Neste sistema, não haveria necessidade de nenhuma autoridade e/ou governo, visto que não haveria necessidade de impôr privilégios de uma classe sobre outra. A sociedade seria gerida por associações democráticas, formadas por todos, e dividindo-se livremente (ou seja, com entrada e saída livre) em cooperativas e estas, em federações.

A origem da tradição socialista libertária está nos séculos XVIII e XIX. Talvez o primeiro anarquista (embora não tenha usado o termo em nenhum momento) foi William Godwin, inglês, que escreveu vários panfletos defendendo uma educação sem a mão do Estado, observando que esta tornava as pessoas menos propensas a ver a liberdade que lhes era tirada. O primeiro a se auto-intitular anarquista e a defender claramente uma visão mais socialista, foi Joseph Proudhon, seguido por Bakunin que levou e elaborou as idéias de Proudhon à primeira Associação Internacional de Trabalhadores (AIT). Mais tarde, Kropotkin desenvolve a vertente comunista do anarquismo, enquanto Nestor Makhno tenta implantar o anarquismo em plena revolução russa na Ucrânia, com apoio de várias comunidades camponesas, mas que acabam massacradas pelos revolucionários leninistas e trotskistas. (ver Godwin, Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Makhno, etc).

Poucos anarquistas defendem a violência contra indivíduos. Durante o fim do século XIX e início do século XX, o anarquismo era conhecido como uma ideologia que pregava os assassinatos e explosões, devido a ação de pessoas como o russo Nechaiev, o francês Ravachol e à influência dos meios de comunicação da época. A maioria dos anarquistas acretitam que a violência contra indivíduos é inútil, já que mantém intactas as relações sociais de exploração e as instituições que a mantém. Entretanto, os anarquistas acreditam ser inevitável o recurso à violência como legítima defesa à violência do Estado ou de instituições coercivas. Anarquistas como Errico Malatesta publicaram célebres debates e publicações, condenando o individualismo-terrorista de alguns anarquistas.

Existiram, no entanto, outros anarquistas, como Leon Tolstoi, que acreditavam que o caminho da anarquia era a não-violência. Tolstoi, inclusive, manteve contato com Gandhi.

Anomia

A idéia popular de anarquismo como absoluto caos e desordem, que os estudiosos chamam de anomia (ausência de normas) é rejeitada por todos anarquistas tradicionais citados acima. Os anarquistas concebem os governos como as atuais fontes de desordens defendendo, portanto, que a sociedade estaria melhor ordenada sem eles.

Esta convenção tem fortes conotações e historicamente tem sido usadas como uma deficiência por grupos políticos contra seus oponentes, mais notavelmente os monarquistas contra os republicanos nos últimos séculos. Entretanto, a anomia tem sido abraçada por movimentos de contracultura.

Histórico dos movimentos anarquistas

Anarquismo no Brasil

Talvez uma das primeiras experiências anarquistas do mundo, antes mesmo de ter sido criado o termo, tenha ocorrido às margens da Baía de Babitonga, próximo à cidade histórica de São Francisco do Sul. Em 1842 o Dr. Benoit Jules Mure, inspirado na teorias de Fourier, instala o Falanstério do Saí ou Colônia Industrial do Saí, com os colonos chegados da França ao Rio de Janeiro em 1841. Houve dissidências e um grupo dissidente, à frente do qual estava Michel Derrion, constituiu outra colônia a algumas léguas do Saí, num lugar chamado Palmital: a Colônia do Palmital. Mure conseguiu apoio do Coronel Oliveira Camacho e do presidente da Província de Santa Catarina, Antero Ferreira de Brito. Este apoio foi-lhe fundamental para posteriormente conseguir a ajuda financeira do Governo Imperial do Brasil para seu projeto.

O anarquismo no Brasil ganhou força com a grande imigração de trabalhadores europeus entre fins do século XIX e início do XX. Em 1889 Giovani Rossi tentou fundar em Palmeira, no interior do Paraná, uma comunidade baseada no trabalho, na vida e na negação do reconhecimento civil e religioso do matrimônio, o que não significa, necessariamente, "amor livre", a Colônia Cecília. A experiência teve curta duração.

No início do século XX, o anarquismo e o anarcossindicalismo eram tendências majoritárias entre o operariado, culminando com as grandes greves de 1917, em São Paulo, e 1918-1919, no Rio de Janeiro. Alguns acreditam que a decadência do movimento anarquista se deveu ao fortalecimento das correntes do socialismo autoritário, ou estatal, i.e., marxista-leninista, com a criação do Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1922 feita, inclusive, por ex-integrantes do movimento anarquista que influenciados pelo sucesso da revolução Russa, decidem fundar um partido, aos moldes do partido bolchevique russo. Porém, esta posição, sustentada por muitos historiadores, foi contestada pelos recentes estudos do historiador Alexandre Samis, que afirma que a influência anarquista no movimento operário cresceu mais durante este período do que o já fundado (PCB) e só a repressão do governo Artur Bernardes, viria diminuir a influência das idéias anarquistas no seio do movimento grevista. Interessante afirmar que, devido aos problemas de comunicação resultantes da tecnologia da época, os anarquistas só foram compreender a revolução russa de uma maneira ideológica mais clara, a partir das notícias de célebres anarquistas, como a estadunidense Emma Goldman, que denunciara as atrocidades cometidas na Rússia em nome da ditadura do proletariado. Foi a partir deste momento histórico que se definiu a posição tática do anarquismo perante os socialistas autoritários no Brasil, separando a confusão ideológica que reinava em torno da revolução russa. Identificada pelos anarquistas inicialmente como uma revolução libertária (devido aos problemas de comunicação da época), fora desmistificada pelos anarquistas, que acreditam no socialismo sem ditadura, defendendo a abolição do Estado e a liberdade.

Anarquismo na Espanha

  • Revolução Espanhola - Durante a Guerra Civil Espanhola, as forças anti-fascistas eram formadas por várias facções, incluindo Comunistas e anarquistas. Grupos anarquistas controlaram o território e autogestionaram as fábricas por um tempo durante a guerra. Lutas foram travadas entre comunistas e anarquistas em algumas cidades. Um dos grupos anarquistas desse tempo, a CNT (Confederación Nacional del Tabajo), que é uma central sindical, ainda existe na Espanha e tem um site.

Anarquistas mais conhecidos

Aqui está uma pequena seleção dos mais famosos anarquistas. Para obter mais, veja em várias categorias.

Internacionalmente conhecidos

Anarquistas brasileiros

Anarquistas portugueses


Ver também

Ligações externas

  • Sobre Michel Derrion (um dos diretores da Union Industrielle), Benoit Jules Mure e as Colônia do Palmital e do Sahí:Michel Derrion

Web sites com uma clara tendência social libertária:

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