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Homossexualidade


Zephyrus e Hyacinthus

A homossexualidade define-se pela atração emocional, sexual e estética exclusivamente por pessoas do mesmo sexo. O termo homossexual foi criado em 1869 pelo escritor e jornalista austro-húngaro Karoly Maria Kertbeny. Deriva do gr. homos, que significa "semelhante", "igual". O homossexual masculino costuma ser chamado de gay, enquanto o feminino, é chamado de lésbica. Mais recentemente passou-se a denominar gay qualquer homossexual, independentemente do sexo.

Antigamente, a homossexualidade era conhecida como homossexualismo, termo que foi abandonado pela conotação de doença ou distúrbio que contem, tendo em conta que a maior parte das palavras com a terminação ismo denotam, precisamente, problemas de saúde ou mentais. Em alguns léxicos, o homossexualismo aparece definido por prática de actos homossexuais, enquanto o termo homossexualidade é aplicado a atracção sentimental e sexual. Também por isso, considera-se que o termo homossexualismo têm um significado pejorativo, contribuindo para o seu abandono generalizado.

Embora já assim tenha sido, actualmente, as principais organizações mundiais de saúde, incluindo as de psicologia, não mais consideram a homossexualidade uma doença. Desde 1973, a homossexualidade deixou de ser classificada como tal pela Associação Americana de Psiquiatria e, na mesma época, foi retirada do Código Internacional de Doenças (sigla CID). A Assembléia-geral da Organização Mundial de Saúde (sigla OMS), no dia 17 de Maio de 1990, retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade. Apesar disso, existem técnicos da saúde que ainda vêem a homossexualidade como uma doença, perturbação ou desvio do desejo sexual - algo que necessita de tratamento ou reabilitação -, aos quais está associado o movimento ex-gay, dedicada à conversão de indivíduos homossexuais para a heterossexualidade.

Homossexualidade e a Sociedade

Veja também o artigo Direitos dos homossexuais pelo mundo

História de aceitação no Ocidente

Dentro das sociedades ocidentais, sempre existiu uma maioria de indivíduos heterossexuais, correspondente a uma, muitas vezes, pouco visível minoria homossexual. Ainda assim, determinadas sociedades, actuais ou passadas, existem ou existiram segundo parâmetros diferentes, em que a homossexualidade foi aceite, embora mais como prática sexual que validada orientação sexual alternativa: a efebofilia masculina e pederastia, eram práticas comuns na Grécia Antiga, sendo socialmente aceite um relacionamento homossexual temporário entre um adulto e um adolescente, com intuitos ou pedagógicos ou militares, devendo ser terminado quando o último atingisse a maioridade. No entanto, mesmo neste caso, a homossexualidade entre adultos era socialmente condenada, assim como a efeminação e a prostituição masculina.

A civilização ocidental moderna cai num campo condenatório no que toca à homossexualidade, em grande parte por ter as suas raízes na cultura judaico-cristã: por crenças religiosas, marcou-se uma aversão à homossexualidade como estilo de vida e prática sexual na ocidentalidade, observável até hoje, embora agora muito mais reduzida. Através da gradual consciencialização e reconhecimento da homossexualidade como recorrente na sociedade, esta mesma orientação tem vindo a ser gradualmente aceite.

Ainda assim, um número de grupos conservadores (normalmente associados à extrema-direita) e grupos religiosos (sendo os católicos os mais audíveis) mantêm a homossexualidade como um problema a abordar com urgência, pretendendo lidar legalmente com a questão para limitar o que consideram actos e estilos de vida imorais. Como tal, e pela aversão de porções razoáveis de população, mantem-se num número de países o debate quanto à legalização do casamento ou união civil entre indivíduos do mesmo sexo, e adopção de crianças por parte de casais homossexuais.

Perspectiva das religiões bíblicas

Segundo o livro bíblico de Génesis, foi Deus quem fez o homem e a mulher e colocou em seu íntimo a atracção sexual pelo sexo oposto. (Génesis 1:27, 28) Sob a Lei dada a Moisés ao Antigo Israel, os actos homossexuais eram punidos com a morte (Levítico 20:13). Nas culturas de matriz judaica cristã, a norma do Criador é a heterossexualidade e os actos homossexuais são assim "contrários à natureza".

Baseado nesse entendimento, o apóstolo Paulo em Romanos 1:18-27, classifica os actos homossexuais como "desnaturais" e "obscenos" e condena especificamente tanto a homossexualidade masculina como feminina. Ele escreveu em que "nem homens mantidos para propósitos desnaturais ("prostitutos", na New International Version; "efeminados", na Almeida), nem homens que se deitam com homens ("sodomitas", na Matos Soares; "homossexuais", na Today’s English Version) ... herdarão o reino de Deus." (I Coríntios 6:9, 10)

Como tal, com base no seu mais sagrado documento, as religiões bíblicas mantêm-se maioritariamente opostas à homossexualidade, considerando-a, pela palavra bíblica, fundamentalmente pecaminosa e imoral, estando contra a vontade de Deus. Surge em alguns casos desta aversão uma manifestação do fenómeno ex-gay, em que se exalta a capacidade de reconversão da religião e dedicação intensa a Deus, pretendendo-se portanto a purificação (ou seja, heterossexualização) do indivíduo homossexual.

No entanto, algumas religiões bíblicas aceitam a questão da homossexualidade dos membros como tolerada por Deus, realizando cerimónias de matrimónio entre pessoas do mesmo sexo e, até mesmo, a ordenar homossexuais como seus ministros religiosos. Isto significa que qualquer homossexual que professe fé em Cristo e afirme obedecer aos mandamentos de Deus é (ou será) bem aceite como membro baptizado dessa igreja.

Algumas pessoas crêm e defendem que nenhum argumento baseado na Bíblia contra a homossexualidade sobrevive a uma análise crítica e, que desta forma, a religião está a ser usada como uma desculpa para encobrir o preconceito. Muitos crêm que o ponto de vista da Bíblia seria simplesmente arcaico e antiquado. Segundo este ponto de vista, o pecado dos habitantes das cidades do distrito de Sodoma (Génesis 19) foi o orgulho, ódio, abuso, dureza de coração. Veja o artigo Sodomia. Também o termo "contrario à natureza" encontrado em Romanos 1:26 deveria ter sido vertido pelos termos "atípico" ou "não convencional".



Homossexualidade na Lei

Em alguns países como a Bélgica, os Países Baixos, Espanha e o Canadá, as leis já permitem o casamento civil de pleno direito entre pessoas do mesmo sexo, assim como adopção conjunta, às vezes até mesmo com algumas manifestações moderadas de apoio da Igreja Católica como o caso da Espanha. Na Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Islândia e Alemanha, bem como na província de Buenos Aires, na Argentina há pactos de união civil entre pessoas do mesmo sexo, que garantem aos parceiros os mesmos direitos dos casais homossexuais. Em países como Brasil e EUA, tem-se visto um extenso debate sobre estes temas desde meados de 2000. Muitos dos países europeus já têm medidas de protecção de casais do mesmo sexo, como é o caso da União de Facto em Portugal e o PaCS em França. Há que notar no entanto que a reivindicação pelo direito à união civil não é mantida por todos os homossexuais ou apoiantes destes - muitos consideram-na uma instituição inútil e como tal vêm o desejo de obtê-la como sem sentido. (Para mais informações consulte: Casamento entre pessoas do mesmo sexo, União de Facto e PaCS.)

Como crime em nações modernas

Apesar de uma progressão em direcção à aceitação, especialmente no Ocidente, determinadas nações mantêm legalmente que a homossexualidade é um crime punível, sendo, de acordo com a ILGA, esse o caso em oitenta países.

Alguns países, como o Egipto e Cuba, não criminalizam a homossexualidade, mas mantêm certas leis contra o desrespeito pela religião ou contra os "atentados" à moral e ordem pública que são usadas para perseguir homossexuais.

Nove países punem as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo com a pena de morte: Irão, Arábia Saudita, Afeganistão, Mauritânia, Sudão, Nigéria (estados do Norte, de maioria muçulmana), Iémen, Paquistão e Emiratos Árabes Unidos.

No Irã, a situação dos homossexuais piorou desde a chegada ao poder de Ahmadinejad. Vários casos de execuções públicas de jovens acusados de homossexualidade foram noticiados desde então, incluindo o caso de Mokthar e Ali, dois jovens iranianos enforcados na praça da cidade de Gorgan sob acusação de homossexualidade, como noticiado a 13 de Novembro de 2005 pelo jornal Keyhan.

Segundo o Keyhan, o número de sentenças de morte por homossexualidade no Irão nos 4 meses entre a chegada ao poder de Ahmadinejad e Novembro de 2005 (data da notícia) foi de pelo menos 92.

Em Portugal e no Brasil

Há a notar que as tendências políticas recorrentes ou imagem geral da população de um determinado país nem sempre correspondem ao nível de aceitação da Homossexualidade. No Brasil, que embora seja o maior país católico do mundo, é internacionalmente interpretado como correspondente a uma população sexualmente solta e activa, 89% porcento da população desaprova de práticas homo-afectivas ou sexuais (dados de 2005). Já em Portugal, normalmente considerado bastante conservador quando comparado com o Brasil, apenas 55% da população se afirmou contra a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no país em 2004.

Em Portugal, a homossexualidade constituiu crime até 1982. As penas previstas incluíam o internamento em manicómio criminal, o trabalho em colónia agrícola, a liberdade vigiada, a caução de boa conduta e a interdição do exercício de profissão. Nos dias de hoje, a situação é completamente diferente e os casais do mesmo sexo tem protecção legal através da União de Facto (2001). Além disso, a Constituição do país inclui explicitamente a não discriminação por Orientação Sexual (2004). A única situação no Código Civil em que é referida a orientação sexual é no Artigo 175, cuja aplicação tem sido recusada por diversos tribunais após a alteração da Constituição.

Libertação do Estigma das DST

Diversas campanhas de combate à transmissão de doenças sexualmente transmissiveis - nomeadamente a SIDA/AIDS - e da sua prevenção, mantidas por instituições não governamentais (sigla ONG) orientadas aos homossexuais, apresentaram resultados positivos. Tal facto, associado a medidas de entidades comerciais como sex clubs gays (com distribuição gratuita de preservativos) e os produtores de filmes pornográficos gays (que na sua esmagadora maioria já usam preservativos nos filmes) levaram a que a incidência de novos casos na maioria dos países desenvolvidos seja muito menor por via sexual do que nas relações heterossexuais. Com isso, o preconceito que persistia até meados dos anos 80 de que a doença era específica aos homossexuais deixou de ter justificação científica.

Porém, nos últimos anos assistiu-se nos EUA e em outras partes do mundo, a um aumento do número de casos de infecções por HIV entre homossexuais. Isso se deve ao facto de que a população em geral vêm minimizando o perigo real dos comportamentos de risco (promiscuídade sexual, relações sexuais ocasionais, relações sexuais desprotegidas, infidelidade sexual, etc.) e acreditando que o mal só acontece aos outros, sucedendo o mesmo com heterossexuais.

Frequência e Causas da Homossexualidade

Desde os Estudos de Kinsey (ver Alfred Kinsey), em 1949, que se popularizou a afirmação de que 10% da população humana teria uma orientação homossexual. No entanto, outros estudos indicaram valores diferentes, tais como como 4%. A principal razão para a dificuldade na obtenção de um valor credível está no facto de muitos homossexuais continuarem a esconder a sua orientação sexual por motivos diversos, além de ser difícil classificar e quantificar de forma científica o grau de homossexualidade/heterossexualidade de alguém.

Na caracterização do sexo de uma pessoa 4 elementos devem ser levados em consideração: seu sexo biológico, sua identidade sexual, seu papel social e sua preferência afectiva.

Classificação de Alfred Kinsey - Resumo

  • Heterossexual exclusivo
  • Heterossexual ocasionalmente homossexual
  • Heterossexual mais do que ocasionalmente homossexual
  • Igualmente heterossexual e homossexual, também chamado de bissexual
  • Homossexual mais do que ocasionalmente heterossexual
  • Homossexual ocasionalmente heterossexual
  • Homossexual exclusivo
  • Indiferente sexualmente

Há quem acredite que o comportamento homossexual é determinado por factores genéticos. Outros, crêm que a conjunção do meio com a figura dominadora do genitor do sexo oposto são decisivos na expressão da homossexualidade. Para o psicanalista Sigmund Freud, a homossexualidade seria um resultado da forma de como foi resolvido o Complexo de Édipo na infância.

Para os que defendem a influência do meio, perante a complexidade do comportamento humano é absurdo limitá-lo meramente à factores genéticos. O único ponto em que a maioria dos actuais investigadores concordam é que o comportamento homossexual é uma característica que se manifesta na espécie humana. É preciso que se admita que as causas da homossexualidade são complexas e, muitos casos, desafiam explicações simples. Em relação às explicações psicológicas, sublinha-se o facto de que embora alguns factos mostaram-se verdadeiros para alguns indivíduos, elas não serão para todos.

Teorias quanto à origem

Há enorme controvérsia sobre se a homossexualidade é determinada geneticamente, se é resultado da educação ou do meio ambiente em que a pessoa é criada. No momento, os investigadores parecem estar de acordo em somente um ponto: não há uma única causa quanto ao que determina a orientação sexual.

Argumentações Bio-genéticas

O neurobiólogo Roges Goski, da Universidade da Califórnia, EUA, fez experiências em laboratórios com ratos e seres humanos, ambos fêmeas, que receberam testosterona - a hormona sexual masculina - ainda em fase intra-uterina e observou que, desde a primeira fase da vida, elas tinham comportamentos masculinos, como gostos, brincadeiras mais agressivas além de sentirem-se mais atraídas por fêmeas.

Já o geneticista Dr. Dean Hamer, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, sustenta a tese de que a homossexualidade tem determinação genética. Ele alega ter descoberto genes numa determinada região, que ele chamou de GAY-1, associados ao comportamento homossexual. Tal hipótese não teve muita credibilidade no meio científico norte americano. É, controversialmente, para aqueles que se opõem à homossexualidade, uma tese que a coloca não como uma opção ou estilo de vida, mas como resultado de uma variação genética.

Glenn Wilson e Qazi Rahman, investigadores na área da psicologia e autores de Born Gay: The Psychobiology of Sex Orientation, concluem que há diferenças biológicas entre pessoas homossexuais e heterossexuais, e que estas não podem ser ignoradas. Estes investigadores estão dispostos a aceitar a teoria do "gene gay", mas complementam-na com a ideia de que alguns fetos masculinos com pré-disposição genética para a homossexualidade são incapazes de absorver correctamente a testosterona durante o seu processo de desenvolvimento, de modo que os circuitos neurocerebrais resposáveis pela atracção em relação ao sexo oposto nunca se desenvolvem. Quanto à homossexualidade feminina, Rahman avança com a hipótese de haver uma proteína no útero responsável pela protecção dos fetos femininos contra a exposição excessiva a hormonas masculinas que não actua o suficientemente cedo durante o processo de desenvolvimento.

Visão da psicanálise e psicologia

Contrários a essas argumentações bio-genéticas sobre as causas da homossexualidade, estão os psicólogos e psicanalistas. Não negando que a base genética de nossas características humanas ou as tendências que temos de desenvolver algumas doenças, por exemplo, tem base genética, consideram a percepção da homossexualidade como um traço geneticamente determinado incorrecta, procurando antes explicações associadas ao meio e educação dos indivíduos homossexuais

Dr. Daryl Bem, psicólogo da Universidade de Cornell, nos EUA, desenvolve pesquisas sobre a importância da formação intra-familiar na pessoa homossexual. Uma nova geração de psicólogos americanos, tais como Judith Harris, tende a valorizar as relações interpessoais (com vizinhos, colegas da escola, colegas da rua, ...) como os factores que mais pesam no desenvolvimento e estruturação da personalidade, e dentro desta, na definição da orientação sexual de cada um.

Há que notas também as teorias de Sigmund Freud, fundador da psicanálise, quanto à Homossexualidade. Segundo Freud, existem 3 factores que parecem determinar a homossexualidade. Segundo 1.º factor, a homossexualidade teria início devido a uma forte e incomum ligação com a mãe, o que impediria essa pessoa de se relacionar afectivamente com outra mulher. O 2.º factor, o narcisismo, faz com que a pessoa tenha menos esforço ao se relacionar com pessoas do mesmo sexo, em vez de relacionar com o sexo oposto. O 3.º factor, será uma atitude conformista com a sua psicossexualidade.

Críticas às tentativas de explicação

Existem diversas críticas às tentativas de explicações científicas para a homossexualidade, principalmente porque a maioria delas começa a ser desenvolvida ainda no Século XIX, quando se procuravam comprovações científicas para afirmar que determinadas características humanas tornariam um indivíduo superior à outro. Também, procurar interpetar a complexidade do comportamento humano com base no estudo do comportamento animal, não tem sentido. Veja o artigo darwinismo social.

No caso das pesquisas de ordem bio-química e neurológica, existe o risco de alguns pesquisadores estarem, na verdade, procurando uma forma de "curar" tal comportamento - mapear o que gera o desejo homossexual para depois converter-lo em desejo heterossexual. Em relação às explicações psicológicas, reside o facto de que não é porque alguns factos se mostaram verdadeiros para alguns indivíduos - eles o serão para todos os casos. Ou seja, com tais construções de pensamento ocorre a prática de generalização indevida e precipitada, bem adpoção de procedimentos errados, inadequados e contraprocedentes.

Relações entre géneros na Homossexualidade

Há que notar que há uma certa tendência para a interpretação da Homossexualidade como altamente diferente da Heteorossexualidade na natureza das relações que engloba - ocorre uma alienação do conceito das relações entre dois membros do mesmo sexo por uma falta de familiaridade com as mesmas. Esta imagem é propulsionada por representações recorrentes da natureza sexual do indivíduo homossexual como secundária ou ausente; grande parte das instâncias de representação de homens homossexuais nos veículos de comunicação, por exemplo, sugerem uma visão dos mesmos como, à partida, efemeninados e caricatos, e de tal forma se sublinham estes traços que o factor definidor da identidade homossexual (precisamente, a atracção por membros do mesmo sexo), é pouco reconhecida. O problema aplica-se ainda mais acentuadamente às lésbicas, cujo reconhecimento nos media é ainda mais reduzido.

No entanto, a verdade é que mesmo no caso das relações homossexuais as características comummente atribuídas a cada género prevalecem: o homem homossexual tem, essencialmente, pela pura genética do seu sexo e pela educação num meio em que se encaixa no papel de homem segundo parâmetros heteronormativos, a mesma probabilidade de encaixar na visão comum da identidade masculina tradicional como o heterossexual, como o tem a mulher de encaixar na da feminina, tanto em termos não só de modo de estar, personalidade e interesses, como na sua forma de desenvolver relações. Estas relações têm, precisamente, uma mecânica similar à das heterossexuais, em termos emocionais, sexuais e pessoais, excepto, claro está, pelas diferenciações inerentes ao sexo dos indivíduos envolvidos, como o sugere o relato de indivíduos envolvidos nas mesmas e estudos observatórios recentes.

Ainda assim, há pelo menos uma distinção recorrente que há a notar, entre, mais uma vez, o hétero e o homossexual, de natureza funcional e expressa a nível doméstico, no contexto de uma relação homossexual. Tal como no caso de heterossexuais em situações vistas socialmente como transitórias - pessoa solteira vivendo sozinha, serviço militar, estudante fora de casa -, as pessoas homossexuais vêem-se na necessidade de adaptar a atribuição de tarefas no dia-a-dia. Efectivamente, a falta de vivência na habitação com elementos do género oposto implica que muitas das tarefas socialmente vistas como exclusivas ao mesmo terão agora de ser realizadas pela própria pessoa. No contexto de uma relação do mesmo sexo, esta mesma experiência e transformação da atribuição de funções leva a um meio em que factores como a personalidade e conveniência se possam vir a sobrepor, até certo ponto, a convenções de género, mais uma vez, pela pura ausência do género oposto.

Visão geral da homossexualidade

Pela reduzida presença de indivíduos homossexuais tanto nos media como em campos de ficção proeminentes (como a televisão) a visão popular da homossexualidade resume-se, freqüêntemente, a determinados parâmetros, resultantes essencialmente:

  • Da observação limitada de alguns casos em particular - especialmente a de indivíduos mais efemeninados, por estes serem os que, publicamente, mais facilmente se assume serem gays e
  • Da interpretação da natureza, para muitos algo alienígena, de alguém que, ao contrário das regras de género aceites, forma relações sexuais e amorosas com pessoas do mesmo sexo - o estabelecimento de determinadas noções quanto a esta condição de acordo com o que se conhece das relações entre homens e mulheres.

Há, portanto, uma consciência reduzida do que envolve ser homossexual e viver como tal. Grupos LGBT observam que este estado leva à formação de estereotipos prejudiciais, e como tal, uma das suas preocupações é a luta contra estas mesmas representações e correspondentes visões da homossexualidade. Os GLAAD em particular entregam há muito os GLAAD Media Awards, que pretendem aplaudir representações de indíviduos gays ou bissexuais que consideram admiráveis pela sua credibilidade.

Especificamente, algumas das noções estabelecidas quanto à homossexualidade e aos indivíduos homossexuais são:

Quanto à sua origem e efeitos no heterossexual

  • O que causa a homossexualidade seria um trauma de infância;
  • Crianças criadas por homossexuais viriam também a ser homossexuais;
  • Informação positiva quanto à homossexualidade e o seu apoio poderia levar à conversão para a mesma;
  • A homossexualidade resultaria de uma incapacidade de relacionamento com o sexo oposto.

Embora decorra, ainda, tanto entre teoristas como entre cientistas a discussão quanto a qual a verdadeira origem da homossexualidade, todos os pontos em cima são descreditados. Uma das teorias mais abrangentes e, coincidentemente ou não, mais aceites, é precisamente que a orientação sexual é determinada tanto por factores biológicos e psicológicos decorrentes ao longo do desenvolvimento da identidade do indivíduo (Veja também Frequência e Causas da Homossexualidade neste artigo).

Assim, a atribuição da homossexualidade à um trauma é pouco credível (muitos homossexuais não têm sequer na sua experiência um desses "traumas de infância"), como o é a noção de que a sua aceitação e consciencialização, a presença de figuras educadoras homossexuais, ou a mera interação com indivíduos gays leva à dita - embora haja minorias que apoiam isto (principalmente populares e não científicas), a observação das experiências sexuais e à relação entre géneros leva a que a maioria da comunidade científica considere tais teorias desprovidas de validade, sendo a crença de que a orientação sexual é escolhida ou alterável descreditada, tal como o consideram a associação da homossexualidade a uma qualquer incapacidade de relacionamento como sexo oposto, visto que de forma geral, o indivíduo homossexual tem potencialmente um comportamento e experiência sociais iguais às do heterossexual.

Quanto às relações e comportamento sexual que engloba

  • Os homossexuais seriam mais promíscuos;
  • A homossexualidade estaria aliada à pedofilia;
  • Os homossexuais não discernem na sua atracção pelo mesmo sexo;
  • Nas relações homossexuais, tal como nas heterossexuais, é universal e inevitável a presença de um indivíduo de papel "feminino" (passivo) e de um papel "masculino" (activo).

Na verdade, os homossexuais não têm maior tendência para a promiscuidade que os heterossexuais, uma imagem que resultará possivelmente de bares gays serem o local mais frequentemente associado aos ditos e se interpretar que estes serão locais de procura de parceiros, e pela classificação anterior da homossexualidade como uma desordem de natureza exclusivamente sexual. Em parte dessa mesma interpretação da homossexualidade como desordem decorre a noção de que não são discernentes na sua procura de parceiros - subtil mas frequentemente observada na ocasião de pessoas heterossexuais que imediatamente reagem como temendo desmedidamente a possibilidade da atracção de um homossexual pelos próprios.

Mais uma vez ligada à interpretação da homossexualidade como desordem sexual está a sua associação à pedofilia, suportada pela tendência de os casos de pedofilia publicitados (como por exemplo, em Portugal, o caso Casa Pia), se observarem com maior frequência entre homens adultos e crianças ou adolescentes do mesmo sexo - cientificamente, observa-se que não há maior predisposição para o abuso sexual infantil conforme determinada sexualidade, sendo a pedofilia resultante de uma condição psíquica e não ligada à orientação sexual.

Finalmente, a ocorrência da atribuição de um papel masculino e feminino a cada um envolvido numa relação homossexual é, essencialmente, falsa, sendo os traços associados a cada um, tanto em termos gerais como na actividade sexual, partilhados. Há, no entanto, e contribuindo para este conceito generalizado, a ocorrência de indivíduos homossexuais que, na sua afirmação da sua sexualidade, ou pela sua própria personalidade, assumem comportamentos e, por exemplo, aparência exterior (principalmente, roupas) tipicamente atribuídos ao sexo oposto, mas esta ocorrência é relativamente reduzida e altamente específica, embora seja, obviamente, altamente visível. Ao contrário do que muitos pensam (incluindo próprios homossexuais) esse comportamento não está directamente relacionado com a forma como estas pessoas fazem sexo (por exemplo um homem homossexual com aparência "feminina" não é necessariamente o que faz de "passivo" tal como uma mulher com aparência "masculina" não é necessariamente a pessoa que "controla" a situação).

Comportamento homossexual em Animais

O comportamento homossexual e não homossexualidade, é observada em muitas espécies animais. Em espécies cujos casais são estáveis, a prática homossexual é normalmente persistente durante toda a vida. Em outras, esse comportamento pode ser abandonado frente a possibilidade efetiva de reprodução da espécie, levando-os à heterossexualidade. Estão documentados comportamentos homossexuais e bissexuais em centenas de espécies animais quer em cativeiro quer na natureza. Neste momento não existem estudos científicos conclusivos sobre a origem das diferentes orientações sexuais nos animais. Um caso notável é o de pinguins em cativeiro.

Algumas investigadores interpretam o comportamento homossexual em animais (e em seres humanos também) como um mecanismo de selecção evolutiva para conter o aumento excessivo de populações, além de manter em actividade indivíduos em idade reprodutiva quando não há disponibilidade de parceiros sexuais imediatos. O comportamento homossexual nos animais é encarado como o resultado de ambientes nos quais os animais estão sujeitos a elevados graus de poluição ou stresse. Outros pessoas consideram que o comportamento homossexual entre animais é apenas uma variante da sexualidade majoritária sempre presente, mesmo quando não existem condicionantes externas. Independentemente destas considerações, o complexo comportamento humano não pode ser interpertado segundo o comportamento animal.

Veja também

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