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Adolf Hitler

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Adolf Hitler

Adolf Hitler (Braunau-am-Inn, próximo a Linz, 20 de abril de 1889 - Berlim, 30 de abril de 1945) foi um líder do Partido Nazi e ditador alemão, era católico e filho de um funcionário de alfândega de uma pequena cidade fronteiriça da Áustria-Hungria. As suas teses racistas e anti-semitas e os seus objectivos para a Alemanha ficaram patentes no seu livro de 1924, Mein Kampf (Minha luta). No período da sua ditadura os Judeus e outros grupos minoritários considerados "indesejados" são perseguidos e exterminados no Holocausto. Hitler seria apenas deposto pela intervenção externa no seguimento da Segunda Guerra Mundial, que acarretou a morte de um total estimado de 50 milhões de pessoas. Cometeu o suicídio no Führerbunker em Berlim, com o Exército Vermelho a poucos quarteirões de distância.


A vergonha de Hitler

Hitler guardou sempre segredo sobre o período inicial da sua vida desde o nascimento até à entrada na política, a seguir à Primeira Guerra Mundial. "Vocês não podem saber de onde e de que família eu venho" disse ele em 1930 a opositores políticos (citação, Krockow). No verão de 1938, pouco depois da anexação da Áustria, Hitler ordenou a evacuação e destruição da aldeia de onde provinham os seus pais e avós, para ali instalar um campo de treino militar. Manifestamente, Hitler envergonhava-se das suas origens humildes e ainda por cima pouco transparentes. Ainda para mais, fez muito pouco da sua vida até ao seu serviço militar. As suas próprias declarações em "Mein Kampf" relativas à sua infância serviram sobretudo a promoção pessoal e são por isso pouco dignas de confiança.

Infância e Juventude em Linz

Adolf Hitler nasceu a 20 de Abril de 1889 em Braunau-am-Inn, uma pequena cidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria, próximo da fronteira alemã, no que na altura era a Áustria-Hungria.

O seu pai, Alois Hitler (1837-1903), era um funcionário da alfândega que tinha sido filho ilegítimo. Até aos seus 40 anos, o pai de Hitler, Alois, usou o apelido da sua mãe, Schicklgruber. Em 1876, Alois passou a empregar o nome do seu pai adoptivo, que era na sua origem 'Hiedler', ao pedir à Igreja que o declarasse como seu filho após a sua morte. Adolf Hitler chegou a ser acusado por inimigos políticos de não ser um Hitler mas sim um Schicklgruber.

A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era a prima em segundo grau do seu pai. Ele trouxe-a para a sua casa para tomar conta dos seus filhos enquanto a sua outra mulher, que estava doente e prestes a morrer, estava a ser cuidada por outra pessoa. Após a morte de sua mulher, Alois casou com Klara depois de ter esperado meses por uma permissão especial da Igreja Católica, que quando chegou veio em bom tempo porque Klara já estava visivelmente grávida. No total Klara teve seis filhos de Alois. No entanto, apenas Adolf, que era o seu segundo filho, e sua irmã mais nova Paula sobreviveram à infância.

Adolf era um rapaz inteligente mas mal humorado, e chumbou por duas vezes o exame de admissão à escola secundária de Linz. Ali, ele ficou cativado pelas ideias do Pan-Germanismo ministradas nas aulas do seu professor Leopold Poetsch, um Anti-semita, que influenciou fortemente as visões deste jovem rapaz.

Hitler era devotado à sua complacente mãe e presumivelmente não gostava do seu pai, que era um disciplinador estrito. No seu livro "Mein Kampf", Hitler é respeitoso da figura de seu pai, mas não deixa de afirmar que teve discussões irreconciliáveis com o seu pai acerca da firme decisão de Hitler de se tornar um artista. O seu pai opôs-se firmemente a tal carreira, preferindo que Hitler se tornasse um funcionário público.

Em Janeiro de 1903, Alois Hitler morreu, e em Dezembro de 1907 a sua viúva Klara morreu de cancro.

Viena

Com 18 anos de idade, Adolf era órfão e em breve partiu para Viena, onde tinha uma vaga esperança de se tornar um artista. Ele tinha direito a um subsídio para órfãos, que acabaria por perder em 1910.

Em 1907 fez exames de admissão à academia das artes de Viena, sem êxito. Nos anos seguintes permaneceu em Viena sem um emprego fixo, vivendo inicialmente do subsídio do apoio financeiro de sua tia Johanna Pölzl, de quem recebeu herança. Chegou mesmo a pernoitar num asilo para mendigos na zona de Meidling no outono de 1909. Teve depois a ideia de copiar postais e pintar paisagens de Viena, uma ocupação com a qual conseguiu financiar o aluguer de um apartamento, na Meldemannstrasse. Ele pintava cenas copiadas de postais e vendia-as a mercadores. Ele fazia-o simplesmente para ganhar dinheiro, e não considerava as suas pinturas uma forma de arte. Ao contrário do mito popular, ele fez uma boa vida como pintor, ganhando mais dinheiro do que se tivesse um emprego regular como empregado bancário ou professor do liceu, e tendo de trabalhar menos horas. Durante o seu tempo livre ele frequentou a ópera de Viena, especialmente óperas da mitologia norueguesa de Richard Wagner. Também passou muito tempo a ler.

Foi em Viena que Hitler se começou a profilar como um activo Anti-semita, uma paixão que governaria a sua vida e que foi a chave das suas acções subsequentes. O Anti-semitismo estava profundamente enraizado na cultura católica do sul da Alemanha e na Áustria, onde Hitler cresceu. Viena tinha uma larga comunidade judaica, incluindo muitos Judeus Ortodoxos da Europa de Leste.

Hitler tomou aqui contacto com os judeus ortodoxos, que ao contrário dos judeus de Linz, se distinguem pelas suas vestes. Intrigado, "procurou informar-se sobre os judeus através da leitura", tendo comprado em Viena os primeiros panfletos abertamente anti-semitas que leu na vida, como ele relata em Mein Kampf.

Em Viena, o Anti-semitismo tinha-se desenvolvido das suas origens religiosas numa doutrina política, promovida por pessoas como Jörg Lanz von Liebenfels, cujos panfletos Hitler leu, e políticos como Karl Lueger, o presidente da câmara de Viena, ou Georg Ritter von Schönerer, que contribuiu para o aspecto racial do Anti-Semitismo. Deles, Hitler adquiriu a crença na superioridade da "Raça Ariana" que formava a base das suas visões políticas. Hitler acreditava que os Judeus eram os inimigos naturais dos "Arianos" e eram responsáveis pelos problemas económicos alemães.

Como Hitler relata em Mein Kampf, foi também em Viena que tomou contacto com a doutrina Marxista, tendo "aprendido a lidar com a dialéctica deles", na discussão com marxistas, "incorporando-a para os meus fins".

Munique, a Primeira Guerra Mundial e o Putsch da Cervejaria

Em 1913, Hitler mudou-se para Munique para fugir ao serviço militar no exército Astro-Húngaro. O seu desejo de se afastar do império multi-étnico Austro-Húngaro e viver num país "racialmente" mais homogéneo como a Alemanha também foi um factor importante para esta decisão.

Pouco depois foi preso e o exército Austríaco obrigou-o a fazer um exame físico. Foi dado como impróprio para o serviço militar e permitiram-lhe que regressasse a Munique, onde prosseguiu a sua actividade de pintor, vendendo por vezes os seus quadros pela rua.

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Adolf Hitler na Primeira Guerra Mundial - Do lado esquerdo, por baixo da cruz branca

Mas em Agosto de 1914, quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, ele enlistou-se imediatamente no exército bávaro. Serviu na França e Bélgica como mensageiro, uma posição muito perigosa, que envolvia exposição a fogo inimigo, em vez de ficar protegido numa trincheira. A folha de serviço de Hitler foi exemplar mas nunca foi promovido além de corporal, por razões que se desconhecem. Foi citado duas vezes por coragem em acção. A primeira medalha que recebeu foi uma Cruz de Ferro de Segunda Classe em Dezembro de 1914. Depois, em Agosto de 1918, ele recebeu a cruz de ferro de primeira classe, uma distinção que raramente é atribuída a corporais (não oficiais).

Durante a guerra, Hitler adquiriu um patriotismo alemão apaixonado, apesar de não ser cidadão Alemão, um detalhe que ele não rectificaria antes de 1932. Ele ficou chocado pela capitulação da Alemanha de Novembro de 1918, acreditando que o exército alemão não tinha sido derrotado. Como muitos outros nacionalistas alemães, ele culpou os políticos civis (os "criminosos de Novembro") pela capitulação.

Após a Primeira Guerra Mundial, Hitler permaneceu no exército, que estava agora activo na supressão de revoltas socialistas que surgiram pela Alemanha, incluindo Munique, aonde Hitler regressou em 1919.

Hitler fez parte dos cursos de "pensamento nacional" organizados pelos departamentos da Educação e propaganda (Dept Ib/P) do grupo da Reichswehr da Baviera, Quartel-general número 4 sob o comando do capitão Mayr. Um dos principais objectivos deste grupo era criar um bode expiatório para os resultados da Guerra e a derrota da Alemanha. Este bode expiatório foi encontrado no "Judaísmo Internacional", nos comunistas, e nos políticos de todos os sectores.

Para Hitler, que tinha vivido os horrores da guerra, a questão da culpa era essencial. Já influenciado pela ideologia anti-semita, ele acreditou avidamente na responsabilidade dos Judeus e em breve se tornou num propagador eficiente da propaganda concebida por Mayr e os seus superiores. Em Julho de 1919, Hitler, por causa da sua inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de ligação (V-Mann) do "comando de esclarecimento" com o objectivo de influenciar outros soldados com as mesmas ideias. [1] Referência (em inglês).


Cartão de Adolf Hitler de membro do Partido Alemão dos Trabalhadores. Hitler pretendia criar o seu próprio partido mas foi ordenado por seus superiores no exército (Reichswehr) a infiltrar um partido já existente.

Ele foi então designado pelos quartel-general para se infiltrar num pequeno partido nacionalista, o Partido dos Trabalhadores Alemães. Hitler aderiu ao partido recebendo o número de membro 555 (a numeração começara em 500 para dar a impressão de que o partido tinha uma dimensão maior do que a verdadeira) em Setembro de 1919. Foi aqui que Hitler conheceu entre outros, Dietrich Eckart, um Anti-semita e um dos primeiros membros do partido. Tornou-se rapidamente chefe do partido, rebatizado "Partido Nacional-Socialista Alemão do Trabalho" (NSDAP).

No mesmo mês (Setembro de 1919), Hitler escreveu aquele que é geralmente tido como o seu primeiro texto anti-semitico, um "relatório sobre o Anti-Semitismo" requerido por Mayr para um tal de Adolf Gemlich, que participara nos mesmos "cursos educacionais" em que Hitler tinha participado. Neste relatório ao seu superior, Hitler fez a apologia de um "Anti-semitismo racional" que não recorreria aos pogroms, mas que "lutaria de forma legal para remover os privilégios gozados pelos Judeus em relação a outros estrangeiros vivendo entre nós. O seu objectivo final, no entanto, deverá ser a remoção irrevogável dos próprios Judeus". [2] Texto de Hitler aqui (em alemão)

Certamente todos compreenderam na altura que Hitler apelava à expulsão forçada, se o próprio Hitler assim o entendeu é menos claro, dado o genocídio que Hitler ordenaria 22 anos depois.

Hitler não seria liberado do exército antes de 1920, após o que ele começou a participar plenamente nas actividades do partido. Em breve se tornaria líder do partido e mudou o seu nome para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP (partido nacional socialista dos trabalhadores alemão), normalmente conhecido como partido Nazi que vem das palavras "National Sozialistische", em contraste com os Sozi, um termo usado para descrever os sociais democratas. O partido adoptou a suástica (supostamente um símbolo do "Arianismo") e a saudação romana, também usada pelos fascistas italianos.

Serviu-se depois do apoio da SA, uma milícia para-militar de homens em camisa castanha que vagueavam pelas ruas atacando esquerdistas e minorias religiosas e gritando slogans de propaganda, que criou em 1921, para criar um ambiente de apoio popular. Por volta de 1923 conheceu Julius Streicher, o editor de um jornal violentamente Anti-semita chamado Der Stürmer, que apoiaria a sua propaganda de promoção pessoal e de ódio anti-semita.

O partido Nazi era nesta altura constituido por um pequeno número de extremistas de Munique. Mas Hitler em breve descobriu que tinha dois talentos: o da oratória pública e o de inspirar lealdade pessoal. Oratória de esquina, atacando os Judeus, os socialistas e os liberais, os capitalistas e os comunistas, começou a atrair apoiantes. Alguns dos seguidores desde o início foram Rudolf Hess, Hermann Göring, e Ernst Röhm, o líder da SA. Outro admirador foi o Marechal de campo Erich Ludendorff.

Hitler decidiu usar Ludendorff como testa de ferro numa tentativa em 1923 de se apoderar do poder em Munique no chamado Putsch da Cervejaria em 8 de Novembro de 1923, no qual os Nazis marcharam desde uma cervejaria de Munique para o Ministério da Guerra Bávaro (Munique é a capital da Baviera), tencionando derrubar o governo de direita separatista da Baviera e depois marchar para Berlim. Foram rapidamente dispersados pelo exército e Hitler foi preso. Temendo que alguns membros "esquerdistas" do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou Alfred Rosenberg como líder temporário.

A obra de Hitler: Mein Kampf

Hitler foi julgado por alta traição e usou o seu julgamento como uma oportunidade de espalhar a sua mensagem por toda a Alemanha. Em Abril de 1924 ele foi condenado a 5 anos de prisão (acabaria por ser anistiado passados pouco mais de 6 meses) no estabelecimento prisional de Landsberg. Ali, ele ditou um livro chamado "Mein Kampf" (a minha luta) ao seu fiel ajudante Rudolf Hess. O livro foi escrito entre 1923 e 1924 na prisão e mais tarde numa taverna.

Ler o Mein Kampf é como ouvir Hitler falar longamente sobre a sua juventude, os primeiros dias do partido Nazi, planos futuros para a Alemanha e ideia sobre política e raça. O título originalmente escolhido por Hitler era "Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e cobardice". O seu editor Nazi aconselhou-o a encurtar para "Mein Kampf", simplesmente a minha luta ou a minha batalha.

Na sua escrita, Hitler anunciou o seu ódio contra aquilo que ele via como os dois males gémeos do mundo: Comunismo e Judaísmo, e declarou que o seu objectivo era erradicar ambos da face da terra. Ele anunciou que a Alemanha necessitava de obter novo terreno que chamou de "Lebensraum" (espaço vital) que iria nutrir apropriadamente o "destino histórico" do povo Alemão; este objectivo explica porque Hitler invadiu a Europa, a Leste e a Oeste, antes de lançar o ataque contra a Rússia. Hitler apresentou-se em Mein Kampf como o "Übermensch", ou "Sobrehomem", de que falava Friedrich Nietzsche nos seus escritos, especialmente no seu livro, 'Assim falou Zaratustra'. Uma vez que Hitler culpava o presente governo parlamentar por muitos dos males pelos quais ele se encolerizava, ele anunciou que iria destruir completante esse tipo de governo. É em Mein Kampf que se pode descobrir a verdadeira natureza do caracter de Hitler. Ele divide os humanos com base em atributos físicos. Hitler afirma que os "Arianos" Alemães de cabelo loiro e olhos azuis estavam no topo da hierarquia, e confere o fundo da pirâmide aos Judeus, Polacos, Russos, Checos e Ciganos. Segundo ele, aqueles povos beneficiam pela aprendizagem com os superiores arianos. Hitler também afirma que os Judeus estão a conspirar para evitar que a raça ariana se imponha ao Mundo como é seu direito, ao diluir a sua pureza racial e cultural e ao convencer os Arianos a acreditar na igualdade em vez da superioridade e inferioridade. Ele descreve a luta pela dominação do mundo como uma batalha racial, cultural e política em curso entre Arianos e Judeus. A suposta luta pela dominação mundial entre Arianos e Judeus foi aceita pela população quando Hitler chegou ao poder. Ele não poderia ter tanto sucesso por tanto tempo se a população da Alemanha não tivesse uma tradição de Anti-semitismo..

Ascensão ao poder

Considerado relativamente inofensivo, Hitler recebeu um amnistia bem cedo. Foi libertado em Dezembro de 1924. Por este tempo, o partido Nazi mal existia e Hitler necessitaria de um grande esforço para o reconstruir.

Nestes anos, ele fundou um grupo que mais tarde se tornaria um dos seus instrumentos fundamentais na persecução dos seus objectivos. Uma vez que o Sturmabteilung ("Tropas da Tempestade" ou SA), de Röhm, não eram confiáveis, e formavam uma base separada de poder dentro do partido, ele estabeleceu uma guarda de sua defesa pessoal, a Schutzstaffel ("Unidade de Proteção" ou SS). Esta elite de tropas em uniforme preto seria comandada por Heinrich Himmler, que se tornaria no principal executor dos seus planos relativamente à "Questão Judia" durante a Segunda Guerra Mundial.

Criou também numerosas organizações de filiação (Juventudes Hitleristas, associações de mulheres, etc.). O Partido nazi teve em 1929 uma progressão semelhante à do partido fascista de Benito Mussolini, beneficiando-se do mal-estar económico, político e social decorrente da derrota de 1918 e, depois, da crise de 1929.

Um elemento vital do apelo de Hitler era o sentimento de orgulho nacional ofendido pelo Tratado de Versalhes imposto ao Império Alemão pelos aliados. O império alemão perdeu território para a França, Polónia, Bélgica e Dinamarca e teve de admitir a responsabilidade única pela guerra, desistir das suas colónias e da sua marinha e pagar uma grande soma em reparações de guerra, um total de $6.600.000 (32 biliões de marcos). Uma vez que a maioria dos alemães não acreditava que o Império Alemão tivesse começado a guerra e não acreditava até mais tarde que tinham sido derrotados, eles ressentiam-se destes termos amargamente. Apesar das tentativas iniciais do partido de ganhar votos culpabilizando o "Judaísmo internacional" por todas estas humilhações não terem sido particularmente bem sucedidas com o eleitorado, a máquina do partido aprendeu rapidamente e em breve criou propaganda mais subtil - que combinava o Anti-semitismo com um ardente ataque aos falhanços do "sistema Weimar" (a República de Weimar) e os partidos que o suportavam. Esta estratégia começou a dar resultados.

Uma propaganda demagógica, que explorava habilmente essas frustrações e o sentimento anti-semita generalizado da sociedade alemã da época, apresentando os Judeus como bode expiatório dos problemas sociais, permitiu aos nazistas implantarem-se na classe média e entre os operários, ao mesmo tempo em que o abandono do programa social inicial lhes trazia o apoio da classe dirigente e dos meios industriais.

O ponto de viragem em benefício de Hitler veio com a Grande Depressão que atingiu a Alemanha em 1930. O regime democrático estabelecido na Alemanha em 1919, a chamada República de Weimar, nunca tinha sido genuinamente aceite pelos conservadores e tinha a oposição aberta dos fascistas.

Os sociais democratas e os partidos tradicionais de centro e direita eram incapazes de lidar com o choque da depressão e estavam envolvidos no sistema de Weimar. As eleições de Setembro de 1930 foram uma vitória para o partido Nazi, que de repente se levantou da obscuridade para ganhar mais de 18% dos votos e 107 lugares no "Reichstag" (parlamento alemão), tornando-se o segundo maior partido. A sua subida foi ajudada pelo império de mídia controlado por Alfred Hugenberg, de direita.

Hitler ganhou sobretudo votos entre a classe média alemã, que tinha sido atingido pela inflação dos anos 20 e o desemprego da Depressão. Lavradores e veteranos de guerra foram outros grupos que apoiaram em especial os Nazis. As classes trabalhadoras urbanas ignoraram geralmente os apelos de Hitler, em especial nas Cidades de Berlim e Bacia do Ruhr (norte da Alemanha protestante) eram particularmente hostis.

A eleição de 1930 foi um desastre para o governo de centro-direita de Heinrich Brüning, que estava agora impossibilitado de obter qualquer maioria no Reichstag, e teve de contar com a tolerância dos sociais democratas (esquerda) e o uso de poderes presidenciais de emergência para permanecer no poder. Com as medidas de austeridade de Brüning mostrando pouco sucesso face à Depressão, o governo teve receio das eleições presidenciais de 1932 e procurou obter o apoio dos Nazis para a extensão do termo presidencial de Paul von Hindenburg, mas Hitler recusou qualquer acordo, e acabou por competir com Hindenburg na eleição presidencial, obtendo o segundo lugar na primeira e segunda voltas da elição, e obtendo mais de 35% dos votos na segunda volta, em Abril, apesar das tentativas quer do ministro do interior Wilhelm Gröner e do governo social-democrata prussiano para restringir as actividades públicas Nazis, incluindo notoriamente a proibição das SA.

Os embaraços da eleição puseram fim à tolerância de Hindenburg para com Brüning, e o velho Marechal de Campo demitiu o governo, nomeando um novo governo sob o reacionário Franz von Papen, que imediatamente revogou a proibição das SA e convocou novas eleições do Reichstag.

Nas eleições de Julho de 1932, os Nazis tiveram o seu melhor resultado até então, obtendo 230 lugares no Parlamento e tornando-se o maior partido alemão. Uma vez que Nazis e comunistas detinham a maioria do Reichstag, a formação de um governo estável de partidos do centro era impossível e no seguimento do voto de desconfiança no governo Papen, apoiado por 84% dos deputados, o parlamento recém-eleito foi dissolvido e foram convocadas novas eleições.

Papen e o Partido do Centro tentaram agora abrir negociações assegurando a participação no governo, mas Hitler fez grandes exigências, incluindo o posto de Chanceler e o acordo do presidente para poder usar poderes de emergência de acordo com o artigo 48 da Constituição de Weimar. Este falhanço em formar um governo, juntamente com os esforços dos Nazis de ganhar o apoio da classe trabalhadora, alienaram algum do apoio de prévios votantes, de modo que as eleições de Novembro de 1931, os Nazis perderam votos, apesar de terem permanecido o maior partido do Reichstag.

Uma vez que Papen falhara na sua tentativa de assegurar uma maioria através da negociação e trazer os Nazis para o governo, Hindenburg demitiu-o e nomeou para o seu lugar o General Kurt von Schleicher, desde à muito uma figura influente e recentemente o Ministro da Defesa, que prometeu que iria assegurar um governo maioritário com negociações quer com os sindicatos sociais democratas quer com os dissidentes da facção Nazi liderada por Gregor Strasser.

Enquanto Schleicher procurava realizar a sua dificil missão, Papen e Alfred Hugenberg, que era também presidente do partido nacional do povo alemão (DNVP), o maior partido de direita da Alemanha antes da ascensão de Hitler, conspiravam agora para convencer Hindenburg a nomear Hitler Chanceler numa coligação com o DNVP, prometendo que eles o iriam controlar. Quando Schleicher foi forçado a admitir o falhanço dos seus esforços, e pediu a Hindenburg para dissolver novamente o Reichstag, Hindenburg demitiu-o e colocou o plano de Papen em execução, nomeando Hitler Chanceler com Papen como Vice-Chanceler e Hugenberg como Ministro das Finanças, num gabinete que ainda só incluía três Nazis - Hitler, Göring e Wilhelm Frick. A 30 de Janeiro de 1933, Adolf Hitler prestou juramento oficial como Chanceler na Câmara do Reichstag, perante o aplauso de milhares de apoiantes Nazis.

Mas Hitler ainda não tinha cativado definitivamente a nação. Ele foi feito Chanceler numa designação legal pelo presidente Hindenburg, o que foi uma ironia da história, uma vez que os partidos do centro tinham apoiado o presidente Hindenburg por ele ser a única alternativa viável a Hitler, não prevendo que seria Hindenburg que iria trazer o fim da República.

Mas nem o próprio Hitler nem o seu partido obtiveram alguma vez uma maioria absoluta. Nas últimas eleições livres, os Nazis obtiveram 33% dos votos, ganhando 196 lugares em 584. Mesmo nas eleições de Março de 1933, que tiveram lugar após o terror e violência terem varrido o Estado, os Nazis obtiveram 44% dos votos. O partido ganhou controlo de uma maioria de lugares no Reichstag através de uma coligação formal com o DNVP. No fim, os votos adicionais necessários para aprovar a lei de aprovação do governo, que deu a Hitler a autoridade ditatorial, foram assegurados pelos Nazis pela expulsão de deputados comunistas e intimidando ministros dos partidos do centro. Numa série de decretos que se seguiram pouco depois, outros partidos foram suprimidos e toda a oposição foi proibida. Em poucos meses, Hitler tinha adquirido o controlo autoritário do país e enterrou definitivamente os últimos vestígios de democracia.

Regime Nazi

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1 de Abril de 1933 - Os Nazis, recém-eleitos, organizam sob a batuta de Julius Streicher um boicote de um dia a todos as lojas e negócios pertencentes a Judeus na Alemanha, uma premonição do Holocausto. Neste cartaz afixado por um membro da milícia para-militar SA (os camisas castanhas), lê-se a seguinte propaganda Anti-semita: Alemães, defendam-se! Não comprem aos judeus!

Após ter assegurado o poder político sem ter ganho o apoio da maioria dos Alemães, Hitler tratou de o conseguir, e na verdade, Hitler permaneceu fortemente popular até ao fim do seu regime. Com a sua oratória e com todos os meios de comunicação alemães sob o controlo do seu chefe de propaganda, o Dr. Joseph Goebbels, ele conseguiu convencer a maioria dos Alemães de que ele era o salvador da Depressão, dos Comunistas, do tratado de Versalhes, e dos judeus.

Para todos aqueles que não ficaram convencidos, as SA, a SS e Gestapo (Polícia secreta do Estado) tinham mãos livres, e milhares desapareceram em campos de concentração como o Campo de Concentração de Dachau, perto de Munique, criado em 1933, o primeiro de todos e um modelo para os demais. Muitos milhares de pessoas emigraram, incluindo cerca da metade dos Judeus, que fugiram sobretudo para a Inglaterra, Palestina e EUA.

Na noite de 29 para 30 de Junho de 1934, a chamada "Noite das facas longas", Hitler autorizou a acção contra Röhm, o líder das SA, que acabaria por ser assassinado. Himmler tinha conspirado contra Röhm, apresentando a Hitler "provas" manipuladas de que Röhm planeava o assassínio de Hitler.

A 2 de Agosto de 1934, Hindenburg morre. Hitler apodera-se do seu lugar, fundindo as funções de Presidente e de Chanceler, passando a se auto-intitular de Líder (Führer) da Alemanha e requerendo um juramento de lealdade a cada membro das forças armadas. Esta fusão dos cargos, aprovada pelo parlamento poucas horas depois da morte de Hindenburg, foi mais tarde confirmada pela maioria de 89.9% do eleitorado no plebiscito de 19 de Agosto de 1934.

Os judeus que até aqui não tinham emigrado iriam em breve arrepender-se da sua hesitação. Com as Leis de Nuremberga de 1935, eles perderam o seu estatuto de cidadãos alemãos e foram banidos de quaisquer lugares na função pública, de exercer profissões ou de tomar parte na actividade económica. Foram acrescidamente sujeitos a uma nova e violenta onda de propaganda odiosa. Poucos não-judeus alemães objectaram estas medidas. As Igrejas Cristãs, elas próprias impregnadas de séculos de Anti-semitismo, permaneceram silenciosas. Estas restrições foram mais tarde apertadas mais estrictamente, particularmente após a operação anti-semita de 1938 conhecida como Kristallnacht.

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A segregação: Crachá imposto pelos Nazis identificando um Judeu

A partir de 1941, os Judeus foram obrigados a usar a estrela amarela em público. Entre Novembro de 1938 e Setembro de 1939, mais de 180.000 judeus fugiram da Alemanha; os Nazis confiscaram toda a propriedade que ficara para trás.

Nesta altura, sob o controle ditatorial, a Alemanha vive uma grande expansão da produção industrial. A economia alemã sob a liderança de Hitler conheceu quase o pleno emprego, pelo menos na população que Hitler entendia como "ariana". Paralelamente, os campos de concentração como o de Dachau forneciam trabalho escravo a empresas das redondezas.

Tal como na América do New Deal de Roosevelt, na Alemanha, Hitler promoveu um grande melhoramento nas infrastructuras do país, construindo barragens, auto-estradas e caminhos de ferro, os quais iriam futuramente fortalecer a sua economia de Guerra. Em forte contraste com a política face aos Judeus alemães, as iniciativas de Hitler no campo da saúde para os Alemães da suposta etnia "ariana" era progressiva. Por estas e outras razões, Hitler foi muito popular entre o povo alemão neste tempo.

Em Março de 1935 Hitler repudiou abertamente o Tratado de Versalhes ao reintroduzir o serviço militar obrigatório na Alemanha. O seu objectivo seria construir uma enorme maquinaria militar, incluindo uma nova marinha e força aérea (a Luftwaffe). Esta última seria colocada sob o comando de Göring, um comandante veterano da Primeira Guerra Mundial. O alistamento em grandes números pareceu resolver o problema do desemprego mas também distorceu a economia.

Em Março de 1936 ele volta a violar o Tratado de Versalhes ao reocupar a zona desmilitarizada na Renânia (zona do Rio Reno). Ingleses e Franceses não fizeram nada, o que o encorajou. Em Julho de 1936, a Guerra Civil Espanhola começou, com a rebelião dos militares, liderados pelo General Francisco Franco, contra o governo democraticamente eleito da Frente Popular. Uma rebelião que contou com o apoio do Vaticano. Hitler enviou tropas em apoio de Franco. A Espanha tornou-se também num campo de teste para as novas tecnologias e métodos militares desenvolvidos na Alemanha. Em Abril de 1937, os aviões alemães da Legião Condor bombardeiam e destroem pela primeira vez na história uma cidade a partir do ar. Foi a cidade de Guernica, na província espanhola do País Basco.

A 25 de Outubro de 1936, Hitler assinou uma aliança com o ditador italiano fascista Benito Mussolini. Esta aliança seria mais tarde expandida para incluir também o Japão, Hungria, Roménia e Bulgária, o que se tornou conhecido como as potências do eixo. A 5 de Novembro de 1937, na Chancelaria do Reich, Adolf Hitler presidiu a um encontro secreto onde discutiu os seus planos para adquirir o "espaço vital" do povo alemão.

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Berlim, Março de 1938. Hitler recebe uma ovação no Reichstag, após a anexação da Áustria

A 12 de Março de 1938, Hitler pressionou a sua Áustria nativa à unificação com a Alemanha (o chamado "Anschluss"). Suas tropas entraram na Áustria e Hitler fez um discurso triunfal em Viena na "Heldenplatz" (Praça dos Heróis) onde foi saudado efusivamente por uma multidão de Austríacos simpatizantes, muitos deles fazendo a saudação Nazi (ou do império romano).

O próximo passo seria a intensificação da crise com a zona dos Sudetas, de língua alemã, situada na Checoslováquia. Isto levou ao acordo de Munique de Setembro de 1938 onde a Inglaterra (Chamberlain assinou o pacto, propondo ainda uma política de contenção) e a França de forma fraca deram vazão às exigências de Hitler, procurando evitar a Guerra com Hitler, mas entregando-lhe a Checoslováquia.

No seguimento do acordo de Munique, Hitler foi designado como Homem do Ano de 1938. Foi também alegado que a autora de origem judaica Gertrude Stein defendeu nesse ano a entrega do Prémio Nobel da Paz a Hitler. A 10 de Março de 1939, Hitler ordenou a entrada do exército alemão em Praga.

Nesta altura, os ingleses e franceses perceberam finalmente que deveriam resistir. Resistiram às próximas exigências de Hitler, que diziam agora respeito à Polónia. Hitler pretendia o regresso dos territórios cedidos à Polónia pelo Tratado de Versalhes.

As potências ocidentais não aceitaram mas não conseguiram chegar a um acordo com a União Soviética para uma aliança contra a Alemanha e Hitler manobrou para uma posição de força. A 23 de Agosto de 1939, Hitler concluiu uma aliança (o pacto Molotov-Ribbentrop) com Stalin. A 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invade a Polónia. A Inglaterra e a França reagem desta vez, decretando a Guerra à Alemanha. A Segunda Guerra Mundial tinha começado.

Segunda Guerra Mundial: Vitórias iniciais

Nos três anos seguintes, Hitler conheceria uma série quase inabalada de sucessos militares. A Polónia foi rapidamente derrotada e dividida com os soviéticos. Em Abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e a Noruega. Em maio, a Alemanha iniciou uma ofensiva relâmpago, conhecida por "Blitzkrieg", que rapidamente ocupou a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França, que cederam em seis semanas. Nesta altura, Aristides Sousa Mendes era o cônsul de Portugal em Bordéus e salvou a vida a dezenas de milhares de refugiados, muitos dos quais judeus e que assim se salvaram do Holocausto. Contra as instruções expressas de Salazar, Aristides concedeu vistos de entrada para Portugal aos refugiados que o procuravam.

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Encontro com o líder palestiniano Amin al-Husayni em 1941

Em Abril de 1941, a Iugoslávia e a Grécia foram invadidas. Entretanto, forças alemãs avançavam pelo norte de África em direção ao Egito.

Estas invasões foram acompanhadas do bombardeamento de cidades indefesas, tais como Varsóvia, Roterdão e Belgrado.

A única derrota de Hitler nesta fase foi o fracasso da sua tentativa de bombardear e posteriormente invadir a Inglaterra. As forças inglesas acabariam por vencer a Batalha de Inglaterra. A incapacidade de adquirir superioridade no ar significou que a operação "Sealion", o plano de invadir a Grã-Bretanha, foi cancelada.

A 22 de Junho de 1941 começou a Operação Barbarossa. As forças de Hitler invadiram a União Soviética, rapidamente se apoderando da terça-parte da Rússia Europeia, cercando Leningrad e ameaçando Moscovo. No inverno, o exército de Hitler foi repelido às portas de Moscovo, mas no verão seguinte, a ofensiva continuou. Em Julho de 1942, os exércitos de Hitler chegavam ao Volga. Aqui, eles foram derrotados na Batalha de Stalinegrado, a primeira grande derrota alemã na Guerra.

No norte de África, os ingleses derrotaram os alemães na batalha de El Alamein, destroçando o plano de Hitler de se apoderar do Canal do Suez e do Médio Oriente.

A derrota

A partir de 1943, no entanto, a derrota alemã tornou-se inevitável e o atentado de Julho de 1944 contra Hitler revelou a força da oposição interna. Após uma última derrota (ofensiva das Ardenas, em Dezembro de 1944), Hitler refugiou-se em Berlim, onde se suicidou.

Uma maioria esmagadora dos relatos históricos sustenta a tese do suicídio de Hitler. No entanto, existem rumores na América Latina segundo os quais Hitler teria fugido para um país da América do Sul onde teria morrido com uma doença incurável, tendo sido um sósia a morrer no bunker em Berlim. O mesmo teria acontecido com Eva Braun.

Citações

  • A 3 de Janeiro de 1942, Hitler disse: "Himmler é de uma qualidade extraordinária. Não acredito que outra pessoa que não ele tivesse conseguido movimentar as tropas em semelhantes condições adversas. Eu vejo em Himmler o nosso Inácio de Loyola. Com inteligência e obstinação, contra vento e marés, ele deu forma às SS"
  • Adolf Hitler escreveu em "Mein Kampf", referindo-se à sua experiência em Viena: "de um fraco cosmopolita transformei-me (em Viena) num grande anti-semita".

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