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Revolução Industrial

O escocês James Watt

A Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, e foi a consequêcia do capitalismo como modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social e econômica que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com particular incidência nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países que permaneceram católicos a revolução industrial aparece, regra geral, mais tarde e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos "países mais avançados" (os países protestantes).

Já de acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, integra o conjunto das chamadas “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.

O processo de produção

Nessa evolução, a produção manual que antecede à industrial conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:

  • O artesanato foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios de produção (era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pelo utilização das ferramentas.
    • É importante lembrar que nesse período a produção artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também encontrava-se sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção.
  • A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.

A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até terceira e quarta Revoluções Industriais. Porém, se concebermos a industrialização como um processo, seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo dos século XX e XXI --- aspectos, porém, ainda discutíveis.

O pioneirismo da Inglaterra

A Inglaterra industrializou-se cerca de meio século antes de outras nações (em 1830 já éra um país industrial enquanto nos ourtos países só nas décadas de 1850 e 1860 que sua produção industrial ultrapassou a produção agricóla), por possuir uma série de condições econômicas favoráveis dentre as quais, destacaram-se: A alta densidade populacional na Inglaterra em relação aos outros países o que reduzia a produtividade no campo por trabalhador e consequentemente os salários no trabalho agricóla estimulando os trabalhadores a se mudarem para as cidades, a acumulação de capital decorrente da eficiênte proteção da propriedade privada pelo estado inglês e a alta divisão do trabalho nas cidades inglêsas (como Londres que tinha já em 1760, 700.000 habitantes e uma grande divisão do trabalho) o que facilitou a adoção de máquinas na produção.

Outro fator determinante foi a existência de um Estado liberal na Inglaterra desde 1688, com a Revolução Gloriosa. Essa revolução, que se seguiu à Revolução Puritana (1649), transformou a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando o espiríto empresarial de um Estado centralizado e intervencionista, que dará lugar a um Estado Liberal na Inglaterra um século antes da Revolução Francesa. Da mesma forma, a Revolução Gloriosa de 1688 marcou o fim da influência da religião católica no governo inglês. Desde então nenhum católico subiria ao trono britânico. Um facto importante, uma vez que as nações protestantes como a Inglaterra e a Holanda são também as nações onde a revolução industrial e a organização social capitalista liberal tomaram lugar mais cedo relativamente a nações católicas, que segundo autores como Ernest Gellner ou David Landes, se mantiveram mais longamente no paradigma da organização social feudal, como ele subsistia desde a Idade Média.

A prudoção industrial total da Inglaterra foi a maior do mundo até a década de 1880 quando os EUA ultrapassaram a Inglaterra em volume de produção industrial.

Fundamental para o progresso da Revolução Industrial foi o desenvolvimento, e produção em larga escala, de um material forte mas passível a conformação e usinagem. Com o desenvolvimento no ano de 1740 do aço tipo "crucible", pelo Benjamin Huntsman na sua oficina em Handsworth , Sheffield, este material de fato surgiu. Subsequentemente, com a invenção do Conversor de Bessemer (na fábrica do Henry Bessemer, também em Sheffield) em 1856 a siderurgia moderna começou. A produção de aço em larga escala havia começado e rapidamente se expandiu de 20.000 toneladas anuais em 1850 para 35 milhões de toneladas em 1900. No século XX a produção mudial de aço aumentou consideravelmente, para 60 milhões de toneladas em 1910, 140 milhões em 1925 e 200 milhões de toneladas em 1950. Em 1975 a produção já era da ordem de 600 milhões de toneladas. No ano 2000 a produção de aço global foi calculada em 850 milhões de toneladas.

Principais avanços da maquinofatura

  • Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.
  • Em 1740, Benjamin Huntsman desenvolve o processo de produzir aço tipo "crucible".
  • Em 1767 James Hargreaves inventa a “spinning jenny”, que permitia a um só artesão fiar 80 fios de uma única vez.
  • Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor.
  • Em 1769 Richard Arkwright inventa a “water frame”.
  • Em 1779 Samuel Crompton inventa a “mule”, uma combinação da “water frame” com a “spinning jenny” com fios finos e resistentes.
  • Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.

Desdobramentos sociais

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas (a população de Londres cresceu de 800.000 habitantes em 1780 para mais de 4 milhões em 1880). A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior e consequentemente seu salário. Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi a melhoria nas condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época.


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