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Mário de Andrade: mudanças entre as edições

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(Sem diferença)

Edição das 02h11min de 10 de agosto de 2007

Da esquerda para a direita: Cândido Portinari, Antônio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco.
Palace Hotel, Rio de Janeiro, 1936

Predefinição:Info biografia Mário Raul de Morais Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um poeta, romancista, crítico de arte, folclorista, musicólogo e ensaísta brasileiro.

Nasceu, estudou e iniciou a sua carreira literária na cidade de São Paulo. Em 1917 foi publicado o seu primeiro livro de versos: Há uma gota de sangue em cada poema. A sua segunda obra, Paulicéia desvairada, colocou-o entre os pioneiros do movimento modernista no Brasil, culminando, em 1922, como uma das figuras mais proeminentes da famosa Semana de Arte Moderna. Alguns dos seus livros de poesia mais conhecidos são: Losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Poesias e Lira paulistana.

Publicou, em 1928, Macunaíma o herói sem nenhum caráter e Ensaio sobre a Música Brasileira.

Em 1938 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu o cargo de diretor do Instituto de Artes na antiga Universidade do Distrito Federal. Regressando a São Paulo em 1942, regeu durante muitos anos a cadeira de História da Música no Conservatório Dramático e Musical.

Possuidor de uma cultura ampla e profunda erudição, foi o fundador e primeiro diretor do Departamento de Cultura de São Paulo da Prefeitura Municipal de São Paulo, onde fundou a Sociedade de Etnologia e Folclore, o Coral Paulistano e a Discoteca Pública Municipal.

Foi amigo e compartilhou os ideais estéticos modernistas de Oswald de Andrade.

Missão de pesquisas folclóricas

Em 1938 Mário de Andrade reuniu uma equipe com o objetivo de catalogar músicas do Norte e Nordeste brasileiros.

Dessa Missão resultaram um vasto acervo registrados em vídeo, áudio, imagens, anotações musicais, dos lugares percorridos pela Missão de Pesquisas Folclóricas, o que pode ser considerado como um dos primeiros projetos multimédia da cultura brasileira.

O material foi dividido de acordo com o caráter funcional das manifestações: músicas de dançar, cantar, trabalhar e rezar.

O papel de Mário de Andrade na implantação do Modernismo brasileiro

Talvez tenha sido Mário de Andrade quem melhor refletiu sobre a nova poesia brasileira. Especialmente nos dois textos Prefácio Interessantíssimo e A Escrava que não é Isaura. Mário define que a nova poesia deve ter por princípios:

  • “Tecnicamente: Verso Livre, rima livre, vitória do dicionário.
  • Esteticamente: Substituição da ordem intelectual pela ordem subconsciente, rapidez e síntese, polifonismo.”

As suas reflexões aproximam-no de Huidoboro, escritor de vanguarda sul americano. Para ambos a prática da poesia tem que ser (ou tem que ter) uma reflexão consciente dos problemas da linguagem, das suas limitações e possibilidades. Além disso vêem no poeta um sujeito criador consciente do texto literário.

Mário de Andrade vê a criação como dois momentos complementares: o da intuição criadora (a antiga inspiração) e da organização consciente. O primeiro momento é da ordem do Inconsciente, o segundo é um exercício de vontade, uma capacidade racional para fazer o poema (poiesis, fazer).

Como muitos dos modernistas, Mário de Andrade é atraído também pelos temas urbanos.

Prefácio interessantíssimo

O "prefácio interessantíssimo" é um prefácio de Mário de Andrade ao seu próprio livro Paulicéia Desvairada. Abre com uma citação do escritor belga Émile Verhaeren, que é o autor de Villes Tentaculaires. O prefácio não fala do livro mas sim da atitude geral perante a literatura. É uma espécie de manifesto poético em verso livre.

No início do Prefácio ele próprio denuncia qual vai ser a sua atitude. Depois de afirmar que “está fundado o Desvairismo” afirma que o seu texto é meio a sério meio a brincar. O que lhe dá um carácter inconfundível de, por um lado programa poético e por outro de paródia. Assim o sério e o divertimento se misturam num todo sem fronteiras definidas. Repare-se ainda que é um texto muito assertivo, provocativo e polémico no que é característico o Modernismo.

Num estilo rápido e solto, com ideias truncadas, e que atinge um efeito de grande dinamismo. Mário de Andrade luta por uma expressão nova, por uma expressão que não esteja agarrada a formas do passado: “escrever arte moderna não significa jamais para mim representar a vida actual no que tem de exterior: automóveis, cinema, asfalto.”

Outra das ideias expressas por Mário de Andrade neste Prefácio/Manifesto é que a língua portuguesa é uma opressão para a livre expressão do escritor no Brasil. Assim ele afirma que “A língua brasileira é das mais ricas e sonoras”. Para reforçar esta ideia do brasileiro como língua, grafa propositadamente a ortografia de modo a ficar com o sotaque brasileiro. Assim aparece muitas vezes neste manifesto “si” em vez de “se”. Neste ponto está a ser completamente contra os poetas parnasianos que defendiam uma idéia de que a língua portuguesa seria a língua dos bons e grandes escritores do passado. Assim, neste ponto, Mário de Andrade é um nacionalista. Mas não admira Marinetti. É contra a rima. E contra todas as imposições externas. “A gramática apareceu depois de organizadas as línguas. Acontece que meu inconsciente não sabe da existência de gramáticas, nem de línguas organizadas”.

A idéia talvez mais importante deste Prefácio é a de Polifonia e de Liberdade. “Arroubos... Lutas... Setas... Cantigas... povoar!" (trecho da poesia Tietê) Estas palavras não se ligam. Não formam enumeração. Cada uma é frase, período elíptico, reduzido ao mínimo telegráfico”.

Representações na cultura

Mário de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Paulo Hesse no filme O Homem do Pau-Brasil (1982) e Pascoal da Conceição nas minisséries Um Só Coração (2004) e JK (2006).

Também teve sua efígie impressa nas notas de CR$ 500,00 (quinhentos cruzeiros reais; até 1993, Cr$ 50.000 ou quinhentos mil cruzeiros).

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