Polifonia, em música, é uma técnica compositiva que produz uma textura sonora específica, em que duas ou mais vozes se desenvolvem preservando um caráter melódico e rítmico,[1] em contraste privada à monofonia, onde só uma voz existe ou, se há outras, seguem a principal em uníssono ou à distância de oitava(s), ou apenas tecem floreios em torno da principal; à monodia, onde uma voz melódica é acompanhada ou não de acordes sem caráter melódico próprio,[2] e à homofonia e ao contraponto, onde as várias vozes se movem com ritmo idêntico ou muito semelhante de modo a formar acordes nítidos, podendo elas ou não ter um caráter melódico próprio e pronunciado.[3][4] A palavra vem do grego e significa várias vozes.
No contexto da música erudita do ocidente, polifonia usualmente se refere à música composta na Idade Média tardia e no Renascimento, quando era a técnica de composição mais usual, mas formas barrocas como a fuga também são claramente polifônicas. Num sentido estrito, significando simplesmente várias vozes, a polifonia também engloba a homofonia e o contraponto.
Desde o princípio dos tempos a música é feita de maneira homofônica, ou seja, uma melodia única, linear, com somente acompanhamento rítmico. Na Europa medieval, a monodia prevaleceu com o Cantus Firmus e o Canto Gregoriano.
No século X iniciou-se a prática de escrever música para vozes em intervalos de oitavas e quintas. Este processo se desenvolveu e teve seu apogeu no século XV, onde a técnica do contraponto era altamente difundida. Tem-se por contraponto a técnica de contrapor melodias, ou seja, cantar melodias diferentes ao mesmo tempo.
Este procedimento criou uma resultante musical nova, que era a verticalidade musical, ou seja, notas sobrepostas, soando ao mesmo tempo. Com o temperamento esta nova técnica musical resultou na harmonia.
História
As primeiras obras polifônicas surgem na alta Idade Média, ainda no ambiente profano, sob a forma de cânones. A prova mais antiga existente de uma tentativa para estabelecer regras na polifonia primitiva da música ocidental se encontra em um método publicado no Século IX com o título em Latim, Musica enchiriadis.[5] A música religiosa desenvolve o estilo a partir dos organum. A maioria das músicas desse período até o início do barroco serão predominantemente polifônicas. No século XX, a polifonia ainda alcançará um grande destaque com a técnica dodecafônica criada por Arnold Schoenberg, onde ela volta a assumir um aspecto linear como os contrapontos renascentistas, em oposição à harmonia movimentada, também chamada de contraponto, vigente no século XIX.
Cronologia
- Século IX - primeiras formas polifônicas em que se tem o registro (organum). "Musica enchiriadis" é publicado.
- Século XII - auge da composição de organa.
- Século XIV - formas polifônicas da Ars Nova.
- Séculos XV e XVI - contraponto renascentista.
- Século XVII - contraponto barroco.
- Século XIX - contraponto no estilo de Albrechtsberger (harmonia movimentada).
- Século XX - contraponto dodecafônico de Schoenberg.
Ver também
- Canto gregoriano o gênero precursor no uso da polifonia---a monodia (música)
- Organum - as primeiras formas polifônicas
- Fuga - gênero musical da música barroca com vasto uso de polifonia
- Invenção (música) outro gênero musical da música barroca com vasto uso de polifonia
Referências
- ↑ Polyphony. Wikipedia, The Free Encyclopedia
- ↑ Ocasionalmente monodia e monofonia são usados como sinônimos
- ↑ Griffiths, Paul. The Penguin Companion to Classical Music. (2005). ISBN 0-14-051559-3.
- ↑ Randel, Don Michael. The Harvard Concise Dictionary of Music and Musicians. (2002).
- ↑ Grout, Donald J.& Claude V. Palisca, History of the Western Music, W. W. Norton & Company, Londres: História da Música Ocidental, pag.98, 4º edição, Gradiva, Janeiro 2007.