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Luís de Camões: mudanças entre as edições

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Edição das 16h28min de 2 de julho de 2006

Luís de Camões

Luís Vaz de Camões (c. 1524 - 10 de Junho de 1580) é considerado o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade. O seu génio é comparável ao de Virgílio, Dante ou Shakespeare. Das suas obras, a epopeia Os Lusíadas é a mais significativa.

Origens e Juventude

Monumento a Camões, Lisboa

Camões teria nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família de origem galega que se fixou primeiro no Norte (Chaves) e depois irradiou para Coimbra e Lisboa. Foi seu pai Simão Vaz de Camões e mãe Ana de Sá e Macedo. Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama.

Entre 1542 e 1545, vive em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. João III, conquistando fama de poeta, e feitio altivo.

Viveu algum tempo em Coimbra onde teria frequentado o curso de Humanidades, talvez no Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha um tio padre D. Bento de Camões. Não há registos da passagem do poeta por Coimbra. Em todo o caso, a cultura refinada dos seus escritos torna a única universidade de Portugal do tempo como o lugar mais provável de seus estudos. Ligado à casa do Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, e talvez preceptor do filho D. António, segue para Ceuta em 1549 e por lá fica até 1551. Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia Aquela que de amor descomedido. Num cerco, teve um dos olhos vazados por uma seta pela fúria rara de Marte. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate.

De regresso a Lisboa, não tarda em retomar a vida boémia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria irmã do Rei D. Manuel I. Teria caído em desgraça, a ponto de ser desterrado para Constância. Não há, porém, o menor fundamento documental. No dia do Corpo de Deus de 1552 entra em rixa, e fere um certo Gonçalo Borges. Preso, é libertado por carta régia de perdão de 7.3.1552, embarcando para a Índia na armada de Fernão Álvares Cabral, a 24 desse mesmo mês.

Oriente

Túmulo de Camões, Mosteiro dos Jerónimos

Chegado a Goa, Camões toma parte na expedição do Vice-Rei D. Afonso de Noronha contra o Rei de Chembe, conhecido como o «rei da pimenta». A esta primeira expedição se refere a elegia O Poeta Simónides falando. Depois Camões fixa-se em Goa onde escreveu grande parte da sua obra épica. Considerou a cidade como uma madrasta de todos os homens honestos. Lá estudou os costumes de cristãos e hindus, e a geografia e a história locais. Toma parte em mais expedições militares. Entre Fevereiro e Novembro de 1554 vai na armada de D. Fernando de Meneses constituida por mais de 1000 homens e 30 embarcações, ao Golfo Pérsico, aí sentindo a amargura expressa na canção Junto de um seco, fero e estéril monte. No regresso é nomeado "provedor-mor dos defuntos nas partes da China" pelo Governador Francisco Barreto, para quem escreveria o Auto do Filodemo.

Em 1556 parte para Macau, onde continuou os seus escritos. Vive numa célebre gruta com o seu nome e por aí terá escrito boa parte de "Os Lusíadas". Naufragou na foz do rio Mekong, onde conservou de forma heróica o manuscrito dos Lusíadas então já adiantados (cf. Lus., X, 128). No naufrágio teria morrido a sua companheira chinesa Dinamene, celebrada em série de sonetos. É possível que datem igualmente dessa época ou tenham nascido dessa dolorosa experiência as redondilhas Sôbolos rios.

Regressa a Goa antes de Setembro de 1560 e pede a protecção do Vice-Rei D. Constantino de Bragança num longo poema em oitavas. Aprisionado por dívidas, dirige súplicas em verso ao novo Vice-Rei, D. Francisco Coutinho, Conde do Redondo, para ser liberto. Em 1567, vem para a Ilha de Moçambique, onde, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou, como relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava "tão pobre que vivia de amigos". (Década 8.ª da Ásia). Trabalhava então na revisão de Os Lusíadas e na composição de "um Parnaso de Luís de Camões, com poesia, filosofia e outras ciências", obra roubada. Diogo do Couto pagou-lhe o resto da viagem até Lisboa, onde Camões aportou em 1569.

Os Lusíadas e a obra lírica

“As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
(...)
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte”

Camões, Lusíadas, Canto I.

Os Lusíadas são considerados a principal epopeia da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. As realizações de Portugal desde o Infante D. Henrique até à união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na História, marcando a transição da Idade Média para a Época Moderna. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências de uma visão heróica.

A obra lírica de Camões foi publicada como "Rimas", não havendo acordo entre os diferentes editores quanto ao número de sonetos escritos pelo poeta e quanto à autoria de algumas das peças líricas. Alguns dos seus sonetos, como o conhecido Amor é fogo que arde sem se ver, pela ousada utilização dos paradoxos, prenunciam já o Barroco que se aproximava.

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Obras

Rimas

Teatro

Bibliografia

  • "Os Lusíadas". Catálogo da Exposição Bibl., iconogr. e medalhística de Camões. Intr., sel. e notas de José V. de Pina Martins. Lisboa, 1972;
  • Col. Camoniana de José do Canto. Lisboa, 1972.

Bibliografia activa

  • Enfatriões. Pref. e notas de Vieira de Almeida. Lisboa, 1942;
  • El-Rei Seleuco. Id. Ib., 1944;
  • Obras completas. Com prefácio e notas de Hernâni Cidade. Lisboa, 1946-1947;
  • Obra completa. Org., intr., com. e anotações de A. Salgado Júnior. R. de Janeiro, 1963;
  • Os Lusíadas. Leitura, prefácio e notas de Álvaro J. da Costa Pimpão. Lisboa, 1992;
  • Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra, 1994

Bibliografia passiva

  • Rebelo Gonçalves, Dissertações Camonianas. S. Paulo, 1937;
  • António Salgado Júnior, Os Lusíadas e a viagem do Gama. O tratamento mitológico de uma realidade histórica. Porto, 1939;
  • B. Xavier Coutinho, Camões e as artes plásticas. Porto, 1946-1948;
  • J. Vieira de Almeida, Le théâtre de Camões dans l'histoire du théâtre portugais. Lisboa, 1950;
  • H. Cidade, L. de Camões. Os Autos e o teatro do seu tempo. As cartas e o seu conteúdo biográfico. Lisboa, 1956;
  • Jorge de Sena, Uma canção de Camões. Lisboa, 1966; id., Os sonetos de Camões e o soneto quinhentista peninsular. Lisboa, 1969;
  • Georges le Gentil, Camões. Lisboa, 1969;
  • Roger Bismut, La Lyrique de Camões. Paris, 1970;
  • Vítor M. de Aguiar e Silva, Maneirismo e Barroco na poesia lírica portuguesa. Coimbra, 1971;
  • M.ª Isabel F. da Cruz, Novos subsídios para uma ed. crítica da Lírica de Camões. Porto, 1971;
  • Visages de L. de Camões. Paris, 1972;
  • António José Saraiva, Camões. Lisboa, 1972;
  • XLVIII Curso de Férias da Faculdade de Letras de Coimbra. Ciclo de lições comemorativas do IV Cent. da publ. de "Os Lusíadas". Coimbra, 1972;
  • Luciano Pereira da Silva, A Astronomia de "Os Lusíadas". Lisboa, 1972;
  • Ocidente (n.º especial). Nov. 1972;
  • Garcia de Orta (n.º especial). Lisboa, 1972;
  • Cleonice Berardinelli, Estudos Camonianos. R. de Janeiro, 1973; Estudos Camonianos. R. de Janeiro, 1974;
  • João Mendes, Lit. Portuguesa I. Lisboa, 1974;
  • E. Asensio, Sobre El Rey Seleuco de Camões, em Estudios Portugueses. Paris, 1974;
  • Roger Bismut, Les Lusiades de Camões, confession d'un poète. Paris, 1974;
  • Vítor M. de Aguiar e Silva, Notas ao cânone da Lírica camoniana. Coimbra, 1968 e 1975;
  • Gilberto Mendonça Teles, Camões e a poesia brasileira. R. de Janeiro,1979;
  • José Maria Rodrigues, Fontes dos Lusíadas. Lisboa, 1979;
  • Quaderni Portoghesi, 6. Pisa, 1979;
  • Studi Camoniani. L'Aquila, 1980;
  • Homenaje a Camoens. Estudios y ensayos hispano-portugueses. Granada, 1980;
  • Brotéria, vols. 110 e 111;
  • Luís F. Rebelo, Variações sobre o teatro de Camões. Lisboa, 1980;
  • A. Costa Ramalho, Estudos Camonianos. 2Lisboa, 1980;
  • A. Pinto de Castro (et al.), Quatro orações camonianas. Lisboa, 1980;
  • Eduardo Lourenço, Poesia e Metafísica. Lisboa, 1980;
  • Hélder de Macedo, Camões e a viagem iniciática. Lisboa, 1980;
  • Jorge de Sena, A estrutura de "Os Lusíadas" e outros estudos camonianos e de poesia peninsular do séc. XVI. Lisboa, 1980; id.,30 Anos de Camões. Lisboa, 1980;
  • Cleonice Berardinelli, Os sonetos de Camões. Paris, 1980;
  • Jorge Borges de Macedo, "Os Lusíadas e a História. Lisboa, 1980;
  • J. G. Herculano de Carvalho, Contribuição de "Os Lusíadas" para a renovação da língua portuguesa. Coimbra, 1980;
  • Vasco Graça Moura, L. de Camões: alguns desafios. Lisboa, 1980;
  • W. Storck, Vida e obras de L. de Camões. Lisboa, 1980;
  • Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 1980-1981;
  • M.ª Vitalina Leal de Matos, Introdução à poesia de L. de Camões. Lisboa, 1980; id., O canto na poesia épica e lírica de Camões. Paris, 1981;
  • M.ª Clara Pereira da Costa, O enquadramento social da Família de Camões na Lisboa do séc. XVI. Lisboa, 1981;
  • José Pedro Machado, Notas Camonianas. Lisboa, 1981;
  • J. Filgueira Valverde, Camões. Coimbra, 1981; Cuatro lecciones sobre Camoens. Madrid, 1981;
  • A. Pinto de Castro, Camões, poeta pelo mundo em pedaços repartido. Lisboa, 1981;
  • A Viagem de "Os Lusíadas": símbolo e mito. Lisboa, 1981;
  • E. Asensio e J. V. de Pina Martins, L. de Camões. El Humanismo en su obra poética. Los Lusíadas y las Rimas en la poesía española. Paris, 1982;
  • M.ª Lucília G. Pires, A crítica camoniana no séc. XVII. Lisboa, 1982;
  • J. de Sena, Estudos sobre o vocabulário de "Os Lusíadas". Lisboa, 1982;
  • Jacinto do Prado Coelho, Camões e Pessoa, poetas da utopia. Lisboa, 1983;
  • H. Cidade, L. de Camões. I. O Lírico. Lisboa, 1985; id., L. de Camões. II. O Épico. Lisboa, 1985;
  • Camoniana Californiana. St.ª Bárbara, 1985;
  • Vasco Graça Moura, Camões e a divina proporção. Lisboa, 1985; id., Os penhascos e a serpente. Lisboa, 1987;
  • Fidelino de Figueiredo, A épica portuguesa do séc. XVI. Lisboa, 1987;
  • Martim de Albuquerque, A expressão do Poder em L. de Camões. Lisboa, 1988;
  • J. A. Cardoso Bernardes, O Bucolismo português. Coimbra, 1988;
  • M.ª Helena Ribeiro da Cunha, A dialéctica do desejo na Lírica de Camões. Lisboa, 1989;
  • A. Costa Ramalho, Camões no seu e no nosso tempo. Coimbra, 1992;
  • Actas das Reuniões Internacionais de Camonistas: I (Lisboa, 1973); III (Coimbra, 1987); IV (Ponta Delgada, 1984) e V (S. Paulo, 1992);
  • Revista Camoniana (S. Paulo, 10 vols publ. desde 1964).

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