𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Filosofia: mudanças entre as edições

(Sem diferença)

Edição das 03h13min de 4 de março de 2006

Predefinição:Portal-filosofia

Escola de Atenas Raphael

Filosofia é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão de idéias (ou visões de mundo) a um nível geral, abstracto ou fundamental. Divide-se em várias disciplinas, cada uma tratando um assunto, nomeadamente:

Definição da filosofia e metafilosofia

A palavra "filosofia" ganha, em dimensões específicas de tempo e espaço, concepções novas e diferentes tornando difícil sua exata definição. São muitas as discussões sobre sua definição e seu objeto específico. [1] Definir a filosofia é realizar uma tarefa metafilosófica. Em outras palavras, é fazer uma filosofia da filosofia. Aqui se vê que a melhor maneira de se abordar inicialmente a filosofia talvez não seja definindo-a, pois tal definição já exige alguma filosofia.

Esse problema deve ser visto em toda sua seriedade. Não há como se definir sem que se tenha alguma compreensão dada de definição, do mesmo modo que não há como responder adequadamente a uma pergunta, se não partimos de uma compreensão dada de pergunta e resposta. (Sobre a filosofia do pergunter ver Martin Heidegger, Ser e tempo, §2.)

Historicamente, a filosofia é conhecida por ser difícil de definir com precisão, não conseguindo a maioria (se não todas) das definições cobrir tudo aquilo a que se chama filosofia. Mas, pelo que dissemos acima, isso não deve nos surpreender.

Há outros modos de se chegar a uma concepção da filosofia, mesmo sem uma definição.

À falta de uma definição "definitiva", as introduções à filosofia geralmente apostam em apresentar uma lista de discussões e problemas filosóficos, e uma lista de questões que não são filosóficas.

Algumas questões filosóficas incluem, por exemplo, "O que é o conhecimento?" "Será que o homem pode ter livre arbítrio?", "Para que serve a ciência?" ou, até mesmo, "O que é a filosofia?". A forma de responder a estas questões não é, por seu lado, uma forma científica, política ou religiosa, nem muito menos se trata de uma investigação sobre o que a maioria das pessoas pensa, ou do senso comum. Envolve, antes, o exame dos conceitos relevantes, e das suas relações com outros conceitos ou teorias.

O método da listagem de discussões e problemas filosóficos tem seus limites. Por si só, ele não permite que se veja o que unifica os debates e as discussões. É por isso, talvez, que os filósofos não costumam apelar a esse método. Ao invés disso apresentam imagens da filosofia.

Imagens da filosofia

Alguns filósofos apresentaram a filosofia através de quadros, ou imagens.

A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele não é um especialista. O sophós (o sábio, tomado aqui como sinônimo de filósofo), é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do kosmos (o universo) como o da physis (a natureza), como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua real forma.

Para Platão, a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A partir da admiração faz-se a reflexão crítica, o que marca a filosofia como busca da verdade. Filosofar é dar sentido à experiência.

Segundo Whitehead, a filosofia ocidental é uma nota de rodapé à obra de Platão.

Para Wittgenstein, a filosofia é uma espécie de terapia através da qual o sujeito, embaralhado pela metafísica, volta a utilizar as palavras no seu sentido empírico.

Para Strawson, a filosofia é um análogo da gramática. Assim como a gramática de uma língua natural explicita as regras que os falantes seguem explicitamente, a filosofia explicita os conceitos-chave que seguimos implicitamente.

Para Richard Rorty, no espírito da posição de Whitehead, a filosofia ocidental é um gênero literário.

Etimologia

A palavra "filosofia" (do grego "φιλοσοφία") resulta da união de outras duas palavras: "philia" (φιλία), que significa "amizade", "amor fraterno" (não no sentido erótico) e respeito entre os iguais e "sophia" (σοφία), que significa "sabedoria", "conhecimento". De "sophia" decorre a palavra "sophos" (σοφός), que significa "sábio", "instruído". Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. A tradição atribui ao filósofo Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a criação da palavra. Filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Referências Bibliográficas: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. 2. reimp. São Paulo: Ática, 2000, p. 19.

Tradições filosóficas

Entre os povos que desenvolveram escritas fonéticas ou ideogramáticas, as principais tradições filosóficas são a filosofia hindu, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental.

É provável que povos que não desenvolveram tais tipos de escrita também tivessem algum tipo de tradição filosófica. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro ("Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena", capítulo 7 de A inconstância da alma selvagem, São Paulo, Cosac & Naify, 2002) aponta para o fato de encontrarmos pontos de vista perspectivistas entre os ameríndios desde a Terra do Fogo até o Alasca, por exemplo. (Para saber mais sobre o estudo dos pressupostos do pensamento indígena veja o Projeto AmaZone.)

Pensamento mítico e pensamento filosófico

Historicamente, a filosofia, tal como a conhecemos, inicia com Tales de Mileto. Tales foi o primeiro dos filósofos Pré-socráticos, aqueles que buscavam explicar todas as coisas através de um ou poucos princípios.

Ao apresentarem explicações fundamentadas em princípios para o comportamento da natureza, os pré-socráticos chegam ao que pode ser considerado uma importante diferença em relação ao pensamento mítico. Nas explicações míticas, o explicador é tão desconhecido quanto a coisa explicada. Por exemplo, se a causa de uma doença é a ira divina, explicar a doença pela ira divina não nos ajuda muito a entender porque há doença. As explicações por princípios definidos e observáveis por todos os que tem razão (e não apenas por sacerdotes, como ocorre no pensamento mítico), tais como as apresentadas pelos pré-socráticos, permitem que apresentemos explicadores que de fato aumentam a compreensão sobre aquilo que é explicado.

Talvez seja na diferença em relação ao pensamento mítico que vejamos como a filosofia de origem européia, na sua meta de buscar explicadores menos misterioros do que as coisas explicadas, tenha levado ao desenvolvimento da ciência contemporânea. Desde o ínicio, isto é, desde os pré-socráticos vemos a semente da meta cartesiana de controlar a natureza. (Ver Descartes, Discurso do método, Parte VI.)

Depois dos pré-socráticos

Platão é quem inicia esta nova linguagem, a filosofia como a conhecemos, a busca da essência, a ontologia, dos conceitos universais em detrimento do conhecimento vulgar e sensorial. Anteriormente a ele, a filosofia era discursada por sábios, era o amor pela sabedoria daqueles que haviam experimentado a própria ignorância, conceito, ao que parece, atribuído por Pitágoras.

Por muito tempo a Filosofia concebia tudo o que era conhecimento, basta ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange desde a física até a ética. Ainda hoje é difícil definir o objeto exato da filosofia.

Seus objetos próprios são:

  • Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do conhecimento do ser (ontologia), do que transcende o sensorial e também da teologia.
  • Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.
  • Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria como devemos viver e agir.
  • Estética: A busca do belo, sua conceituação e questionamento. O entendimento da arte.

Correntes e Tópicos

Cronologia básica

séc. VI a.C. Início da filosofia ocidental com Tales de Mileto.

fim do séc. VI a.C. Morte de Pitágoras.

399 a.C. Sócrates condenado à morte em Atenas.

387 a.C. Platão funda a Academia em Atenas, a primeira universidade.

335 a.C. Aristóteles funda o Liceu em Atenas, escola rival da Academia.

324 d.C. O imperador Constantino muda a capital do Império Romano para Bizâncio.

400 d.C. Santo Agostinho escreve Confissões. A filosofia é absolvida pela teologia cristã.

410 d.C. Roma é saqueada pelos visigodos.

529 d.C. Fechamento da Academia em Atenas, pelo imperador Justiniano, marca o fim da era greco-romana e consolida a entrada na Alta Idade Média.

meados do séc. XIII Tomás de Aquino escreve seus comentários sobre Aristóteles. Era da filosofia escolástica.

1453 Queda de Bizâncio para os Turcos, fim do Império Bizantino.

1492 Colombo chega à América. Renascimento em Florença e renovação do interesse pela aprendizagem do grego.

1543 Copérnico publica Sobre as revoluções dos orbes celestes, com um modelo matemático no qual a Terra gira em torno do Sol.

1633 Galileu é forçado pela Igreja a abjurar a teoria heliocêntrica, até que (e se) surgissem evidências conclusivas dessa hipótese.

1641 Descartes publica as Meditações, início da filosofia moderna.

1677 A morte de Espinoza permite a publicação da Ética.

1687 Newton publica os Principia, introduzindo o conceito de gravidade.

1689 Locke publica o Ensaio sobre o entendimento humano. Início do empirismo.

1710 Berkeley publica os Princípios do conhecimento humano, levando o empirismo a novos extremos.

1716 Morte de Leibniz.

1739-40 Hume publica o Tratado sobre a natureza humana, conduzindo o empirismo a seus limites lógicos.

1781 Kant, despertado de seu "sono dogmático" por Hume, publica a Crítica da razão pura. Início da grande era da metafísica alemã.

1807 Hegel publica A fenomenologia do espírito: apogeu da metafísica alemã.

1818 Schopenhauer publica O mundo como vontade e representação.

1844 Marx escreve os manuscritos de filosofía e economia que dão origen a teoría Marxista.

1879 Gottlob Frege publica a *Begriffsschrift*(*Conceitografia* ou *Ideografia*), um marco na história da Lógica e da tradição posteriormente conhecida como filosofia analítica.

1892 Frege publica *Uber Sinn und Bedeutung* (*Sobre Sentido e Referência*).

1889 Nietzsche, o declarador de que "Deus está morto", sucumbe à loucura em Turim.

1898 G.E.Moore publica "The Nature of Judgment", uma das obras que inaugura a tradição da filosofia analítica na Inglaterra.

1903 Moore publica Principia Ethica.

1903 Bertrand Russell publica The Principles of Mathematics.

1905 Bertrand Russell publica seu artigo 'On Denoting', em que expõe pela primeira vez sua teoria das descrições definidas.

1910 Bertrand Russell e A.N. Whitehead publicam o primeiro volume de Principia Mathematica.

1921 Wittgenstein publica o Tractatus logico-phiosophicus, advogando a "solução final" para os problemas da filosofia.

década de 1920 O círculo de Viena (capitaneado por Rudolf Carnap e Moritz Schlick, entre outros) apresenta o positivismo lógico.

1927 Heidegger publica Ser e tempo, anunciando a ruptura entre a filosofia analítica e a continental.

1928 Rudolf Carnap publica Der logische Aufbau der Welt.

1930 Kurt Gödel publica "The Completeness of the axioms of the functional calculus of logic"

1931 Gödel publica "On formally undecidable propositions of Principia Mathematica and related systems I".

1937 Carnap publica The Logical Syntax of Language.

1943 Sartre publica O ser e o nada, avançando no pensamento de Heidegger e instigando o surgimento do existencialismo.

1950 Carnap publica "Empiricism, Semantic and Ontology".

1950 W.N.Quine publica "Two Dogmas of Empiricism", que contem um rejeição da distinção análitico/sintético.

1950 Peter Strawson publica "On Referring", criticando "aquele paradigma da filosofia"(como disse Frank Ramsey), a teoria das descrições definidas de Russell.

1953 Publicação póstuma de Investigações filosóficas, de Wittgenstein. Auge da análise lingüística.

1959 Strawson publica Individuals.

1962 Thomas Kuhn publica The Structure of Scientific Revolutions.

1971 Saul Kripke publica "Identity and Necessity".

1972 Kripke publica a primeira edição de Naming and Necessity.

1977 David Kaplan profere as conferências publicadas mais tarde (1989) com o título Demonstratives--An Essay on the Semantics, Logic ,Metaphysics, and Epistemology of Demonstratives and other Indexicals.

1980 Richard Rorty publica Philosophy and the Mirror of Nature.

1980 Kripke publica a segunda edição de Naming and Necessity.

1982 Kripke publica Wittgenstein on Rules and Private Language.

1985 Bernard Williams publica Ethics and the Limits of Philosophy.

Ver também

Ligações externas

Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Filosofia

Notas

  1. Esta página trata apenas da chamada Filosofia Ocidental. Para outras tradições de pensamento ver: Filosofia no Egito Antigo | Filosofia védica | Filosofias da Índia | ...

Predefinição:Ciências-rodapé

Predefinição:Link FA

ceb:Pilosopiya

af:Filosofie an:Filosofía ang:Ūðwitegung ar:فلسفة ast:Filosofía bg:Философия br:Prederouriezh bs:Filozofija ca:Filosofia cs:Filosofie csb:Filozofijô cv:Философи da:Filosofi de:Philosophie el:Φιλοσοφία en:Philosophy eo:Filozofio es:Filosofía et:Filosoofia fa:فلسفه fi:Filosofia fr:Philosophie fy:Filosofy gd:Feallsanachd gl:Filosofía he:פילוסופיה hi:दर्शनशास्त्र hr:Filozofija hu:Filozófia ia:Philosophia id:Filsafat io:Filozofio is:Heimspeki it:Filosofia ja:哲学 jv:Filsafat ka:ფილოსოფია ko:철학 ku:Felsefe la:Philosophia lad:Filosofiya lb:Philosophie li:Filosofie lt:Filosofija lv:Filozofija mk:Филозофија mn:Философи ms:Falsafah nl:Filosofie nn:Filosofi no:Filosofi pl:Filozofia ro:Filozofie ru:Философия scn:Filusufìa sco:Philosophie simple:Philosophy sk:Filozofia sl:Filozofija sq:Filozofia sr:Филозофија su:Filsafat sv:Filosofi th:ปรัชญา tl:Pilosopiya tr:Felsefe tt:Fälsäfä uk:Історія філософії vi:Triết học vo:Filosop zh:哲学

talvez você goste