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Edição das 18h51min de 16 de novembro de 2005
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Filosofia é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão de ideias (ou visões de mundo) a um nível geral, abstracto ou fundamental. Divide-se em várias disciplinas, cada uma tratando um assunto, nomeadamente
- a que trata da verdade ou falsidade de asserções (lógica);
- da realidade, do ser e do nada (metafísica ou ontologia);
- da crença e do conhecimento (epistemologia ou teoria do conhecimento);
- do certo e do errado, do bem e do mal (ética);
- do belo (estética).
A Filosofia usa também estas disciplinas para investigar outras áreas do conhecimento, explicitando os fundamentos das mesmas e buscando resolver seus conflitos e contradições internas. É nesse sentido que falamos em filosofia do direito, filosofia do cinema, epistemologia da ciência, ética médica, etc.
Definição
Historicamente, a Filosofia é conhecida por ser difícil de definir com precisão, não conseguindo a maioria (se não todas) das definições cobrir tudo aquilo a que se chama filosofia. Assim, à falta de uma definição "definitiva", as introduções à filosofia geralmente apostam em apresentar uma série de exemplos de discussões e problemas filosóficos, e uma lista de questões que não são filosóficas. Algumas questões filosóficas incluem, por exemplo, "O que é o conhecimento?" "Será que o homem pode ter livre arbítrio?", "Para que serve a ciência?" ou, até mesmo, "O que é a filosofia?". A forma de responder a estas questões não é, por seu lado, uma forma científica, política ou religiosa, nem muito menos se trata de uma investigação sobre o que a maioria das pessoas pensa, ou do senso comum. Envolve, antes, o exame dos conceitos relevantes, e das suas relações com outros conceitos ou teorias.
Etimologia
A palavra "filosofia" (do grego "φιλοσοφία") resulta da união de outras duas palavras: "philia" (φιλία), que significa "amizade", "amor" (não no sentido erótico) e "sophia" (σοφία), que significa "sabedoria", "conhecimento". De "sophia" decorre a palavra "sophos" (σοφός), que significa "sábio", "instruído". Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria. A tradição atribui aos filósofo Pitágoras a criação da palavra. São muitas, entretanto, as discussões sobre sua definição e seu objeto específico. [1]
Tradições filosóficas
Entre os povos que desenvolveram escritas fonéticas ou ideogramáticas, as principais tradições filosóficas são a filosofia hindu, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental.
É provável que povos que não desenvolveram tais tipos de escrita também tivessem algum tipo de tradição filosófica. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro ("Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena", capítulo 7 de A inconstância da alma selvagem, São Paulo, Cosac & Naify, 2002) aponta para o fato de encontrarmos pontos de vista perspectivistas entre os ameríndios desde a Terra do Fogo até o Alasca, por exemplo. (Para saber mais sobre o estudo dos pressupostos do pensamento indígena veja o Projeto AmaZone.)
Imagens da filosofia
Alguns filósofos apresentaram a filosofia através de quadros, ou imagens.
A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele não é um especialista. O sophós (o sábio), é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do kosmos como o da physis (a natureza), como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua real forma.
Para Platão, a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A partir da admiração faz-se a reflexão crítica, o que marca a filosofia como busca da verdade. Filosofar é dar sentido à experiência.
Para Wittgenstein, a filosofia é uma espécie de terapia através da qual o sujeito, embaralhado pela metafísica, volta a utilizar as palavras no seu sentido empírico.
Para Strawson, a filosofia é um análogo da gramática. Assim como a gramática de uma língua natural explicita as regras que os falantes seguem explicitamente, a filosofia explicita os conceitos-chave que seguimos implicitamente.
Origens históricas
A palavra "filosofia" ganha, em dimensões específicas de tempo e espaço, concepções novas e diferentes tornando difícil sua exata localização.
Historicamente, a Filosofia inicia com Tales de Mileto, embora este princípio histórico seja mais um ponto de referência do que uma discussão já acabada. Aristóteles escreveu que a Filosofia foi possível através do ócio, pois, tendo resolvidos seus problemas com moradia, alimentação, vestuário, e sendo dispensados da necessidade do trabalho braçal pesado, os gregos puderam dedicar-se à investigação filosófica.
Tales foi o primeiro dos filósofos Pré-socráticos, ou filósofos da Physis, que buscavam a arché, que era um princípio que, além de ser o princípio de todas as coisas, deveria também compor (ou fazer parte de) todas as coisas, e mesmo ser o fim último de todas as coisas.
Platão é quem inicia esta nova linguagem, a filosofia como a conhecemos, a busca da essência, a ontologia, dos conceitos universais em detrimento do conhecimento vulgar e sensorial. Anteriormente a ele, a filosofia era discursada por sábios, era o amor pela sabedoria daqueles que haviam experimentado a própria ignorância, conceito, ao que parece, atribuído por Pitágoras.
Por muito tempo a Filosofia concebia tudo o que era conhecimento, basta ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange desde a física até a ética. Ainda hoje é difícil definir o objeto exato da filosofia.
Seus objetos próprios são:
- Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do conhecimento do ser (ontologia), do que transcende o sensorial e também da teologia.
- Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.
- Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria como devemos viver e agir.
Correntes e Tópicos
- Os Pré-Socráticos
- Sócrates e os Sofistas
- Platão e Aristóteles
- Helenismo
- Neoplatonismo
- Escolástica
- Humanismo
- Iluminismo
- Pragmatismo
- Fenomenologia
- Existencialismo
- Antropologia filosófica
- Racionalismo
- Materialismo
- Idealismo
- Filosofia analítica
Cronologia básica
séc. VI a.C. Início da filosofia ocidental com Tales de Mileto.
fim do séc. VI a.C. Morte de Pitágoras.
399 a.C. Sócrates condenado à morte em Atenas.
387 a.C. Platão funda a Academia em Atenas, a primeira universidade.
335 a.C. Aristóteles funda o Liceu em Atenas, escola rival da Academia.
324 d.C. O imperador Constantino muda a capital do Império Romano para Bizâncio.
400 d.C. Santo Agostinho escreve Confissões. A filosofia é absolvida pela teologia cristã.
410 d.C. Roma é saqueada pelos visigodos.
529 d.C. Fechamento da Academia em Atenas, pelo imperador Justiniano, marca o fim da era greco-romana e consolida a entrada na Alta Idade Média.
meados do séc. XIII Tomás de Aquino escreve seus comentários sobre Aristóteles. Era da filosofia escolástica.
1453 Queda de Bizâncio para os Turcos, fim do Império Bizantino.
1492 Colombo chega à América. Renascimento em Florença e renovação do interesse pela aprendizagem do grego.
1543 Copérnico publica Sobre as revoluções dos orbes celestes, com um modelo matemático no qual a Terra gira em torno do Sol.
1633 Galileu é forçado pela Igreja a abjurar a teoria heliocêntrica, até que (e se) surgissem evidências conclusivas dessa hipótese.
1641 Descartes publica as Meditações, início da filosofia moderna.
1677 A morte de Espinoza permite a publicação da Ética.
1687 Newton publica os Principia, introduzindo o conceito de gravidade.
1689 Locke publica o Ensaio sobre o entendimento humano. Início do empirismo.
1710 Berkeley publica os Princípios do conhecimento humano, levando o empirismo a novos extremos.
1716 Morte de Leibniz.
1739-40 Hume publica o Tratado sobre a natureza humana, conduzindo o empirismo a seus limites lógicos.
1781 Kant, despertado de seu "sono dogmático" por Hume, publica a Crítica da razão pura. Início da grande era da metafísica alemã.
1807 Hegel publica A fenomenologia do espírito: apogeu da metafísica alemã.
1818 Schopenhauer publica O mundo como vontade e representação.
1889 Nietzsche, o declarador de que "Deus está morto", sucumbe à loucura em Turim.
1921 Wittgenstein publica o Tractatus logico-phiosophicus, advogando a "solução final" para os problemas da filosofia.
década de 1920 O círculo de Viena apresenta o positivismo lógico.
1927 Heidegger publica Ser e tempo, anunciando a ruptura entre a filosofia analítica e a continental.
1943 Sartre publica O ser e o nada, avançando no pensamento de Heidegger e instigando o surgimento do existencialismo.
1953 Publicação póstuma de Investigações filosóficas, de Wittgenstein. Auge da análise lingüística.
Ver também
Ligações externas
- Breve História da Filosofia
- Diretório Filosofia(ODP)
- Guia de Filosofia(SobreSites)
- Bertrand Russell, The Problems of Philosophy (ótima introdução, em inglês)
Notas
- ↑ Esta página trata apenas da chamada Filosofia Ocidental. Para outras tradições de pensamento ver: Filosofia no Egito Antigo | Filosofia védica | Filosofias da Índia | ...
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