𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Museu de Arte Moderna de São Paulo: mudanças entre as edições

Sem resumo de edição
imported>Zoldyick
(+correções automáticas (v0.37/3.1.35))
Linha 1: Linha 1:
{{Info/Museu
{{Info/Museu
|nome          = Museu de Arte Moderna de São Paulo
|nome          = Museu de Arte Moderna de São Paulo
|imagem        =MAM-SP 04.JPG
|imagem        = MAM-SP 04.JPG
|imagesize    = 250px
|imagesize    = 250px
|fundação  = [[1948]]
|fundação  = [[1948]]
|localização      = [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]
|localização      = [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]
|tipo        = Artes
|tipo        = Artes
|visitors      =
|visitors      =
|diretor      = [[Milú Villela]]
|diretor      = [[Milú Villela]]
|curador      = [[Felipe Chaimovich]]
|curador      = [[Felipe Chaimovich]]
|website      = [http://www.mam.org.br/ www.mam.org.br]
|website      = [http://www.mam.org.br/ www.mam.org.br]
}}
}}
O '''Museu de Arte Moderna de São Paulo''' ('''MAM''') é uma das mais importantes instituições culturais do [[Brasil]]. Localiza-se sob a [[marquise]] do [[Parque Ibirapuera]], em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], em um edifício inserido no conjunto arquitetônico projetado por [[Oscar Niemeyer]] em 1954 e reformado por [[Lina Bo Bardi]] em 1982 para abrigar o museu.<ref name="Chiarelli 09">Chiarelli, 1998, pp. 9.</ref> É uma [[Organização da Sociedade Civil de Interesse Público|Organização da Sociedade Civil de Interesse Público]], sem fins lucrativos, que tem por objetivo a conservação, extroversão e ampliação de seu [[patrimônio artístico]], a divulgação da [[arte moderna]] e [[Arte contemporânea|contemporânea]] e a organização de [[Exposição|exposições]] e de atividades culturais e educativas.<ref name="MAM Institucional">{{citar web | autor=| titulo=Institucional| publicado = Museu de Arte Moderna de São Paulo| url=http://www.mam.org.br/paginas/ver/institucional#conteudo| formato= | acessodata=[[10 de junho]] de [[2012]]}}</ref><ref name="EICAV MAM">{{citar web | autor=| titulo=Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)| publicado = Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais| url=http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=910&lst_palavras=&cd_idioma=28555&cd_item=10| formato= | acessodata=[[10 de junho]] de [[2012]]}}</ref>
O '''Museu de Arte Moderna de São Paulo''' ('''MAM''') é uma das mais importantes instituições culturais do [[Brasil]]. Localiza-se sob a [[marquise]] do [[Parque Ibirapuera]], em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], em um edifício inserido no conjunto arquitetônico projetado por [[Oscar Niemeyer]] em 1954 e reformado por [[Lina Bo Bardi]] em 1982 para abrigar o museu.<ref name="Chiarelli 09">Chiarelli, 1998, pp. 9.</ref> É uma [[Organização da Sociedade Civil de Interesse Público|Organização da Sociedade Civil de Interesse Público]], sem fins lucrativos, que tem por objetivo a conservação, extroversão e ampliação de seu [[patrimônio artístico]], a divulgação da [[arte moderna]] e [[Arte contemporânea|contemporânea]] e a organização de [[Exposição|exposições]] e de atividades culturais e educativas.<ref name="MAM Institucional">{{citar web | autor=| titulo=Institucional| publicado = Museu de Arte Moderna de São Paulo| url=http://www.mam.org.br/paginas/ver/institucional#conteudo| formato= | acessodata=[[10 de junho]] de [[2012]]}}</ref><ref name="EICAV MAM">{{citar web | autor=| titulo=Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)| publicado = Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais| url=http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=910&lst_palavras=&cd_idioma=28555&cd_item=10| formato= | acessodata=[[10 de junho]] de [[2012]]}}</ref>


Linha 18: Linha 17:
Sucessivas crises institucionais e dificuldades financeiras, entretanto, levaram ao rompimento do fundador com o conselho diretor do museu, resultando na sua extinção temporária e doação de todo o seu patrimônio à [[Universidade de São Paulo]] (que o utilizou como acervo base de seu [[Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo|Museu de Arte Contemporânea]]). O MAM iniciou então um processo de reestruturação e recomposição de seu acervo, hoje focado na arte contemporânea, apesar de sua denominação. Permaneceu, entretanto, como importante referência na vida cultural do país.<ref name="EICAV MAM"/>
Sucessivas crises institucionais e dificuldades financeiras, entretanto, levaram ao rompimento do fundador com o conselho diretor do museu, resultando na sua extinção temporária e doação de todo o seu patrimônio à [[Universidade de São Paulo]] (que o utilizou como acervo base de seu [[Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo|Museu de Arte Contemporânea]]). O MAM iniciou então um processo de reestruturação e recomposição de seu acervo, hoje focado na arte contemporânea, apesar de sua denominação. Permaneceu, entretanto, como importante referência na vida cultural do país.<ref name="EICAV MAM"/>


O acervo conta hoje com mais de 5.000 peças, a maioria produzida por artistas brasileiros ativos da década de 1960 em diante. Mantém o Jardim de Esculturas, um espaço de 6.000 [[metro quadrado|m<sup>2</sup>]] projetado por [[Roberto Burle Marx]], onde são expostas obras do acervo a céu aberto. Possui uma das maiores [[biblioteca]]s especializadas em arte da cidade de São Paulo, com mais de 60.000 volumes, além de um setor de publicações próprias, responsável pela edição de catálogos e pela revista trimestral ''Moderno''. Desde 1969 organiza a mostra bienal ''[[Panorama da Arte Atual Brasileira]]'', uma das mais tradicionais exposições periódicas do país e importante ferramenta para a ampliação do acervo.<ref name="MAM Institucional"/><ref name="MAM Acervo">{{citar web | autor=| titulo=Acervo| publicado = Museu de Arte Moderna de São Paulo| url=http://www.mam.org.br/paginas/ver/apresentacao-acervo#conteudo| formato= | acessodata=[[10 de junho]] de [[2012]]}}</ref><ref name="EICAV MAM"/>
O acervo conta hoje com mais de 5.000 peças, a maioria produzida por artistas brasileiros ativos da década de 1960 em diante. Mantém o Jardim de Esculturas, um espaço de 6.000 [[metro quadrado|]] projetado por [[Roberto Burle Marx]], onde são expostas obras do acervo a céu aberto. Possui uma das maiores [[biblioteca]]s especializadas em arte da cidade de São Paulo, com mais de 60.000 volumes, além de um setor de publicações próprias, responsável pela edição de catálogos e pela revista trimestral ''Moderno''. Desde 1969 organiza a mostra bienal ''[[Panorama da Arte Atual Brasileira]]'', uma das mais tradicionais exposições periódicas do país e importante ferramenta para a ampliação do acervo.<ref name="MAM Institucional"/><ref name="MAM Acervo">{{citar web | autor=| titulo=Acervo| publicado = Museu de Arte Moderna de São Paulo| url=http://www.mam.org.br/paginas/ver/apresentacao-acervo#conteudo| formato= | acessodata=[[10 de junho]] de [[2012]]}}</ref><ref name="EICAV MAM"/>


== História ==
== História ==
 
=== Antecedentes ===
===Antecedentes===
 
A [[Semana de Arte Moderna|Semana de Arte Moderna de 1922]], sediada no saguão do [[Teatro Municipal de São Paulo]], é frequentemente apontada como o marco inicial do movimento de renovação das artes plásticas no Brasil. Este movimento, entretanto, não pode ser entendido como uma ruptura brusca causada por esta manifestação. Insere-se, ao contrário, em um longo processo reformador, com raízes dentro da própria [[Academismo no Brasil|Academia]], em função do descontentamento dos artistas ativos na passagem do século XIX para o século XX com a rigidez formal do aprendizado acadêmico e com a ausência de liberdade técnica e expressiva. É o caso de pintores como [[Antônio Parreiras]], [[Belmiro de Almeida]], [[Eliseu Visconti]], [[Benedito Calixto]] e [[Almeida Júnior]], que, sem abandonar a sobriedade acadêmica, buscaram atualizar suas linguagens artísticas, inspirando-se frequentemente nos movimentos europeus de renovação pictórica.<ref name="Larrousse 4033">Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, pp. 4033.</ref>
A [[Semana de Arte Moderna|Semana de Arte Moderna de 1922]], sediada no saguão do [[Teatro Municipal de São Paulo]], é frequentemente apontada como o marco inicial do movimento de renovação das artes plásticas no Brasil. Este movimento, entretanto, não pode ser entendido como uma ruptura brusca causada por esta manifestação. Insere-se, ao contrário, em um longo processo reformador, com raízes dentro da própria [[Academismo no Brasil|Academia]], em função do descontentamento dos artistas ativos na passagem do século XIX para o século XX com a rigidez formal do aprendizado acadêmico e com a ausência de liberdade técnica e expressiva. É o caso de pintores como [[Antônio Parreiras]], [[Belmiro de Almeida]], [[Eliseu Visconti]], [[Benedito Calixto]] e [[Almeida Júnior]], que, sem abandonar a sobriedade acadêmica, buscaram atualizar suas linguagens artísticas, inspirando-se frequentemente nos movimentos europeus de renovação pictórica.<ref name="Larrousse 4033">Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, pp. 4033.</ref>


Em 1913, [[Lasar Segall]] realizou em São Paulo aquela que é tida como a primeira mostra de arte moderna do Brasil, com obras de [[Expressionismo|tendência expressionista]] e influxo [[Cubismo|cubista]], abordando a temática social. Foi seguido por [[Anita Malfatti]], que realizou sua primeira mostra individual na capital paulista em 1917 &mdash; elogiada pelo crítico [[Nestor Rangel]], mas violentamente atacada por [[Monteiro Lobato]] em artigo publicado no jornal ''[[O Estado de S. Paulo]]''. A desqualificação pretendida por Lobato teve efeito oposto, unindo em torno da artista o incipiente grupo de modernistas ativos na cidade, sem que deixassem de refletir, entretanto, as pluralidades e diversidades da vida cultural brasileira. Após a realização da Semana de Arte Moderna, os artistas nacionais buscaram uma maior aproximação com as vanguardas europeias.<ref name="Larrousse 4033"/><ref name="Barbosa 11">Barbosa, 1990, pp. 11.</ref>
Em 1913, [[Lasar Segall]] realizou em São Paulo aquela que é tida como a primeira mostra de arte moderna do Brasil, com obras de [[Expressionismo|tendência expressionista]] e influxo [[Cubismo|cubista]], abordando a temática social. Foi seguido por [[Anita Malfatti]], que realizou sua primeira mostra individual na capital paulista em 1917 elogiada pelo crítico [[Nestor Rangel]], mas violentamente atacada por [[Monteiro Lobato]] em artigo publicado no jornal ''[[O Estado de S. Paulo]]''. A desqualificação pretendida por Lobato teve efeito oposto, unindo em torno da artista o incipiente grupo de modernistas ativos na cidade, sem que deixassem de refletir, entretanto, as pluralidades e diversidades da vida cultural brasileira. Após a realização da Semana de Arte Moderna, os artistas nacionais buscaram uma maior aproximação com as vanguardas europeias.<ref name="Larrousse 4033"/><ref name="Barbosa 11">Barbosa, 1990, pp. 11.</ref>


A “guerra ideológica” representada pelo surgimento de diversos grupos e propostas antagônicas impediu, por um lado, a unificação do movimento modernista brasileiro, mas também permitiu ampliar o conhecimento das propostas estéticas de vanguarda junto aos círculos intelectuais e sedimentar a sua aceitação. Surgiram na cidade, nos anos trinta, diversos agrupamentos de modernistas, como a [[Sociedade Pró-Arte Moderna]] (SPAM) e o [[Clube dos Artistas Modernos]] (CAM), e as [[Galeria de arte|galerias]] e salões de arte tradicionais passaram a ceder espaço às vanguardas. Mesmo a conservadora [[Pinacoteca do Estado de São Paulo|Pinacoteca do Estado]], então o único museu de arte paulistano, passou a fazer cessões esporádicas à produção moderna, adquirindo obras de Lasar Segall, Anita Malfatti, [[Victor Brecheret]] e [[Tarsila do Amaral]], tornando-se a primeira instituição museológica do país a incorporar obras modernistas à sua coleção. Não obstante, o debate estético não chegava a atingir o grande público e o modernismo ainda não era capaz de definir um circuito artístico na cidade.<ref name="Larrousse 4033"/><ref name="Barbosa 11"/><ref name="Duprat 9"> Duprat, 2009, pp. 9.</ref>
A “guerra ideológica” representada pelo surgimento de diversos grupos e propostas antagônicas impediu, por um lado, a unificação do movimento modernista brasileiro, mas também permitiu ampliar o conhecimento das propostas estéticas de vanguarda junto aos círculos intelectuais e sedimentar a sua aceitação. Surgiram na cidade, nos anos trinta, diversos agrupamentos de modernistas, como a [[Sociedade Pró-Arte Moderna]] (SPAM) e o [[Clube dos Artistas Modernos]] (CAM), e as [[Galeria de arte|galerias]] e salões de arte tradicionais passaram a ceder espaço às vanguardas. Mesmo a conservadora [[Pinacoteca do Estado de São Paulo|Pinacoteca do Estado]], então o único museu de arte paulistano, passou a fazer cessões esporádicas à produção moderna, adquirindo obras de Lasar Segall, Anita Malfatti, [[Victor Brecheret]] e [[Tarsila do Amaral]], tornando-se a primeira instituição museológica do país a incorporar obras modernistas à sua coleção. Não obstante, o debate estético não chegava a atingir o grande público e o modernismo ainda não era capaz de definir um circuito artístico na cidade.<ref name="Larrousse 4033"/><ref name="Barbosa 11"/><ref name="Duprat 9">Duprat, 2009, pp. 9.</ref>


Ainda na década de 1930, o poder público passou a estabelecer iniciativas de apoio à cultura simpáticas aos ideais modernistas. Em 1937, foi criado o [[Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (SPHAN) e, no mesmo ano, iniciou-se a construção do edifício do [[Ministério da Educação e Saúde Pública]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], projetado por um grupo de arquitetos modernos sob consultoria de [[Le Corbusier]] - uma espécie de símbolo do comprometimento do poder público com as vanguardas, refletindo o anseio de construir uma nova imagem do Brasil como uma nação moderna.<ref name="Britto 7">Britto, 1999, pp. 7.</ref> Na capital paulista, a prefeitura criou seu [[Departamento de Cultura de São Paulo|Departamento Municipal de Cultura]], idealizado por [[Mário de Andrade]], órgão responsável pela manutenção de uma rede de equipamentos culturais, nomeadamente a [[Biblioteca Mário de Andrade|Biblioteca Pública Municipal]] (hoje denominada “Mário de Andrade”), com o objetivo de estimular, coordenar e desenvolver iniciativas que favorecessem o desenvolvimento artístico, cultural e educacional da população.<ref name="Barbosa 11"/><ref name="Barros 21-26">Barros, 2005, pp. 21-26.</ref>
Ainda na década de 1930, o poder público passou a estabelecer iniciativas de apoio à cultura simpáticas aos ideais modernistas. Em 1937, foi criado o [[Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (SPHAN) e, no mesmo ano, iniciou-se a construção do edifício do [[Ministério da Educação e Saúde Pública]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], projetado por um grupo de arquitetos modernos sob consultoria de [[Le Corbusier]] - uma espécie de símbolo do comprometimento do poder público com as vanguardas, refletindo o anseio de construir uma nova imagem do Brasil como uma nação moderna.<ref name="Britto 7">Britto, 1999, pp. 7.</ref> Na capital paulista, a prefeitura criou seu [[Departamento de Cultura de São Paulo|Departamento Municipal de Cultura]], idealizado por [[Mário de Andrade]], órgão responsável pela manutenção de uma rede de equipamentos culturais, nomeadamente a [[Biblioteca Mário de Andrade|Biblioteca Pública Municipal]] (hoje denominada “Mário de Andrade”), com o objetivo de estimular, coordenar e desenvolver iniciativas que favorecessem o desenvolvimento artístico, cultural e educacional da população.<ref name="Barbosa 11"/><ref name="Barros 21-26">Barros, 2005, pp. 21-26.</ref>
Linha 34: Linha 31:
Com a eclosão da [[Segunda Guerra Mundial]] e a concomitante expansão da influência cultural e do poderio econômico norte-americanos, acentuou-se um processo de transferência progressiva do eixo de referência das artes plásticas mundiais da [[Europa]] para os [[Estados Unidos]]. [[Nova Iorque]] substituía gradualmente [[Paris]] como o mais proeminente centro cultural do [[Mundo ocidental|ocidente]] e atraía diversos artistas europeus, fugindo do ambiente hostil criado pela guerra. Surgiram na cidade novos movimentos de vanguarda, ao passo que correntes estéticas pré-existentes encontraram um espaço adequado para florescer. O Museu de Arte Moderna novaiorquino, o primeiro a ser fundado no mundo, em 1929, passou então a inspirar a criação de diversas novas instituições voltadas ao registro da produção de vanguarda, a princípio nos Estados Unidos (com a criação de museus de arte moderna em [[Boston]], [[São Francisco (Califórnia)|São Francisco]] e [[Cincinnati]]) e posteriormente na Europa.<ref name="Larrousse 4033"/>
Com a eclosão da [[Segunda Guerra Mundial]] e a concomitante expansão da influência cultural e do poderio econômico norte-americanos, acentuou-se um processo de transferência progressiva do eixo de referência das artes plásticas mundiais da [[Europa]] para os [[Estados Unidos]]. [[Nova Iorque]] substituía gradualmente [[Paris]] como o mais proeminente centro cultural do [[Mundo ocidental|ocidente]] e atraía diversos artistas europeus, fugindo do ambiente hostil criado pela guerra. Surgiram na cidade novos movimentos de vanguarda, ao passo que correntes estéticas pré-existentes encontraram um espaço adequado para florescer. O Museu de Arte Moderna novaiorquino, o primeiro a ser fundado no mundo, em 1929, passou então a inspirar a criação de diversas novas instituições voltadas ao registro da produção de vanguarda, a princípio nos Estados Unidos (com a criação de museus de arte moderna em [[Boston]], [[São Francisco (Califórnia)|São Francisco]] e [[Cincinnati]]) e posteriormente na Europa.<ref name="Larrousse 4033"/>


No Brasil, [[Sérgio Milliet]], diretor da Divisão de Bibliotecas do Departamento de Cultura, foi o principal incentivador da criação de instituições dedicadas ao ideário modernista neste período. Em 1945, Milliet criou a Seção de Arte da Biblioteca Pública Municipal, iniciando uma política de aquisição sistemática de obras de arte modernas. A coleção pertencente à Seção de Arte, composta por obras de [[Aldo Bonadei]], [[Cândido Portinari]], [[Antonio Gomide]], [[Di Cavalcanti]], Tarsila do Amaral, [[Pierre-Auguste Renoir]], [[Joan Miró]], [[Fernand Léger]], [[Marc Chagall]] e [[Henri Matisse]], entre outros, é tida como o primeiro acervo modernista do Brasil. A existência desta coleção, hoje conservada na [[Pinacoteca Municipal de São Paulo]], bem como as mostras, exposições didáticas, cursos e conferências organizados pela Biblioteca Municipal, ampliaram a discussão sobre a criação de um museu de arte moderna na cidade. Em artigo publicado n’''O Estado de S. Paulo'' em 1938, Milliet declarou que “''a ausência de um museu de arte moderna em São Paulo se faz duramente sentir''” e que “''se este existisse em nossa capital, a exemplo do que ocorre em quase todos os países civilizados do mundo, talvez não ficasse sem registro permanente o esforço dos pintores e escultores da atual geração brasileira''”. A administração municipal, entretanto recusou-se a encampar a idéia. Mário de Andrade era opositor do projeto, acreditando que a criação de museus didáticos, com reproduções e cópias de obras consagradas, seria mais útil para o propósito de instruir culturalmente os cidadãos.<ref name="Barros 21-26"/><ref name="Barbosa 12">Barbosa, 1990, pp. 12.</ref>
No Brasil, [[Sérgio Milliet]], diretor da Divisão de Bibliotecas do Departamento de Cultura, foi o principal incentivador da criação de instituições dedicadas ao ideário modernista neste período. Em 1945, Milliet criou a Seção de Arte da Biblioteca Pública Municipal, iniciando uma política de aquisição sistemática de obras de arte modernas. A coleção pertencente à Seção de Arte, composta por obras de [[Aldo Bonadei]], [[Cândido Portinari]], [[Antonio Gomide]], [[Di Cavalcanti]], Tarsila do Amaral, [[Pierre-Auguste Renoir]], [[Joan Miró]], [[Fernand Léger]], [[Marc Chagall]] e [[Henri Matisse]], entre outros, é tida como o primeiro acervo modernista do Brasil. A existência desta coleção, hoje conservada na [[Pinacoteca Municipal de São Paulo]], bem como as mostras, exposições didáticas, cursos e conferências organizados pela Biblioteca Municipal, ampliaram a discussão sobre a criação de um museu de arte moderna na cidade. Em artigo publicado n’''O Estado de S. Paulo'' em 1938, Milliet declarou que “''a ausência de um museu de arte moderna em São Paulo se faz duramente sentir''” e que “''se este existisse em nossa capital, a exemplo do que ocorre em quase todos os países civilizados do mundo, talvez não ficasse sem registro permanente o esforço dos pintores e escultores da atual geração brasileira''”. A administração municipal, entretanto recusou-se a encampar a ideia. Mário de Andrade era opositor do projeto, acreditando que a criação de museus didáticos, com reproduções e cópias de obras consagradas, seria mais útil para o propósito de instruir culturalmente os cidadãos.<ref name="Barros 21-26"/><ref name="Barbosa 12">Barbosa, 1990, pp. 12.</ref>
 
=== O museu ===
Criado em [[1948]], pelo industrial e [[mecenato|mecenas]] [[ítalo-brasileiro]] [[Francisco Matarazzo Sobrinho]] (Ciccillo Matarazzo) e sua esposa, a famosa aristocrata paulista [[Yolanda Penteado]], o Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi um dos primeiros assentos institucionais da produção artística modernista no país.
 
O modelo museográfico era o do [[MoMA]] de [[Nova Iorque]], então presidido por [[Nelson Rockefeller]], que dera instruções e obras para a nova fundação.


===O museu===
Os estatutos gerais do novo MAM previam a constituição de uma entidade dedicada ao incentivo do gosto artístico do público, por todas as maneiras que forem julgadas convenientes, no campo das artes plásticas, da música, da literatura e da arte em geral. Compunham o conselho de administração, entre outros, os arquitectos [[Villanova Artigas]] e [[Luís Saia]] e os críticos [[Sergio Milliet]] e [[Antônio Cândido Mello e Souza|Antônio Cândido]].


Criado em [[1948]], pelo industrial e [[mecenato|mecenas]] [[ítalo-brasileiro]] [[Francisco Matarazzo Sobrinho]] (Ciccillo Matarazzo) e sua esposa, a famosa aristocrata paulista [[Yolanda Penteado]], o Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi um dos primeiros assentos institucionais da produção artística modernista no país.  
Antes mesmo da inauguração oficial, no ano seguinte a 1948, o MAM expunha o seu acervo (ainda incipiente) numa sede provisória, na rua [[Caetâno Pinto]], o endereço da Metalúrgica Matarazzo.


O modelo museográfico era o do [[MoMA]] de [[Nova Iorque]], então presidido por [[Nelson Rockefeller]], que dera instruções e obras para a nova fundação.
Como um cigano ou um nômade, a história do MAM-SP é marcada por diversas mudanças de sede e direção. Ele foi fundado em 1948 por Francisco Matarazzo, e sua sede ficava na Rua Sete de Abril. Nas palavras do próprio fundador, os objetivos do MAM eram: “incentivo do gosto artístico do público, por todas as maneiras que forem julgadas convenientes, no campo da plástica, da música, da literatura e da arte em geral”. [[Imagem:Parque do Ibirapuera IMG 2607.JPG|thumb|direita|150px.|'''[[MAM]]''']]


Os estatutos gerais do novo MAM previam a constituição de uma entidade dedicada ao incentivo do gosto artístico do público, por todas as maneiras que forem julgadas convenientes, no campo das artes plásticas, da música, da literatura e da arte em geral. Compunham o conselho de administração, entre outros, os arquitectos [[Villanova Artigas]] e [[Luís Saia]] e os críticos [[Sergio Milliet]] e [[Antônio Cândido Mello e Souza|Antônio Cândido]].
Depois da Rua sete de Abril ele foi para o Parque Ibirapuera em 1958. Lá ficou primeiramente no Museu da Aeronáutica e posteriormente foi para o pavilhão da Bienal. Francisco Matarazzo, que também foi o fundador da Fundação Bienal de São Paulo, resolve separar as duas instituições que antes eram correlacionadas, em 1963. Nesse mesmo ano ele convoca uma assembléia geral para realizar a dissolução do MAM e doa seu acervo para o surgimento do Museu de Arte Contemporânea da USP. Mas nem todos foram a favor do fim do MAM.


Antes mesmo da inauguração oficial, no ano seguinte a [[1948]], o MAM expunha o seu acervo (ainda incipiente) numa sede provisória, na rua [[Caetâno Pinto]], o endereço da Metalúrgica Matarazzo.
Os sócios do museu Paulo Mendes de Almeida e Mário Pedrosa deram início ao “novo MAM” e atestaram no artigo primeiro da ata: “O Museu de Arte Moderna de São Paulo, sociedade civil sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, tem por objetivo constituir um acervo de artes plásticas modernas, principalmente brasileiras, incentivar e difundir a arte contemporânea”.


Como um cigano ou um nômade, a história do MAM-SP é marcada por diversas mudanças de sede e direção. Ele foi fundado em 1948 por Francisco Matarazzo, e sua sede ficava na Rua Sete de Abril. Nas palavras do próprio fundador, os objetivos do MAM eram: “incentivo do gosto artístico do público, por todas as maneiras que forem julgadas convenientes, no campo da plástica, da música, da literatura e da arte em geral”. [[Ficheiro:Parque do Ibirapuera IMG 2607.JPG|thumb|right|150px.|'''[[MAM]]''']]
Depois da Rua sete de Abril ele foi para o Parque Ibirapuera em 1958. Lá ficou primeiramente no Museu da Aeronáutica e posteriormente foi para o pavilhão da Bienal. Francisco Matarazzo, que também foi o fundador da Fundação Bienal de São Paulo, resolve separar as duas instituições que antes eram correlacionadas, em 1963. Nesse mesmo ano ele convoca uma assembléia geral para realizar a dissolução do MAM e doa seu acervo para o surgimento do Museu de Arte Contemporânea da USP. Mas nem todos foram a favor do fim do MAM.
Os sócios do museu Paulo Mendes de Almeida e Mário Pedrosa deram início ao “novo MAM” e atestaram no artigo primeiro da ata: “O Museu de Arte Moderna de São Paulo, sociedade civil sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, tem por objetivo constituir um acervo de artes plásticas modernas, principalmente brasileiras, incentivar e difundir a arte contemporânea”.
Com a dissolução o MAM fica sediado provisoriamente no Edifício Itália e no Conjunto Nacional, em ocasiões diferentes.  Em 1968 ele vai para a pombos
Com a dissolução o MAM fica sediado provisoriamente no Edifício Itália e no Conjunto Nacional, em ocasiões diferentes.  Em 1968 ele vai para a pombos


Linha 58: Linha 54:


== A exposição inaugural do Museu ==
== A exposição inaugural do Museu ==
A exposição inaugural do MAM, denominada ''Do figurativismo ao abstracionismo'', aprofundava uma discussão que começara anos antes, sobre a oposição entre a arte figurativa (de representação da natureza), já tida como retrógrada, e a arte abstrata (subjetiva), que surgira duas décadas antes na [[Europa]], considerada a ''vanguarda'' das artes plásticas.  
A exposição inaugural do MAM, denominada ''Do figurativismo ao abstracionismo'', aprofundava uma discussão que começara anos antes, sobre a oposição entre a arte figurativa (de representação da natureza), já tida como retrógrada, e a arte abstrata (subjetiva), que surgira duas décadas antes na [[Europa]], considerada a ''vanguarda'' das artes plásticas.


Organizada pelo director do museu da época, o crítico de arte belga [[Léon Degand]], a mostra reunia 95 obras, sobretudo de artistas europeus – já que problemas financeiros impediram a vinda de trabalhos originários dos [[Estados Unidos]].
Organizada pelo director do museu da época, o crítico de arte belga [[Léon Degand]], a mostra reunia 95 obras, sobretudo de artistas europeus – já que problemas financeiros impediram a vinda de trabalhos originários dos [[Estados Unidos]].
Linha 68: Linha 64:
''Outros museus de arte moderna e contemporânea do Brasil'':
''Outros museus de arte moderna e contemporânea do Brasil'':


*[[Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco]]
*[[Museu de Arte Contemporânea de Campinas]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Campinas]]
*[[Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande]]
*[[Museu de Arte Contemporânea de Niterói]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Niterói]]
*[[Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura]]
* [[Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura]]
*[[Museu de Arte Contemporânea do Paraná]]
* [[Museu de Arte Contemporânea do Paraná]]
*[[Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul]]
* [[Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul]]
*[[Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães]]
* [[Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães]]
*[[Museu de Arte Moderna da Bahia]]
* [[Museu de Arte Moderna da Bahia]]
*[[Museu de Arte Moderna Murilo Mendes|Museu de Arte Murilo Mendes]]
* [[Museu de Arte Moderna Murilo Mendes|Museu de Arte Murilo Mendes]]


''Museus internacionais de arte moderna e contemporânea'':
''Museus internacionais de arte moderna e contemporânea'':


*[[Museu de Arte Contemporânea (Fundação de Serralves)|Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves]]
* [[Museu de Arte Contemporânea (Fundação de Serralves)|Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves]]
*[[Museu de Arte Moderna de Bruxelas]]
* [[Museu de Arte Moderna de Bruxelas]]
*[[Museu de Arte Contemporânea de Caracas]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Caracas]]
*[[Museu de Arte Contemporânea de Elvas]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Elvas]]
*[[Museu de Arte Contemporânea de Teerã]]
* [[Museu de Arte Contemporânea de Teerã]]
*[[Museu de Arte Moderna (Portugal)|Museu de Arte Moderna de Sintra]]
* [[Museu de Arte Moderna (Portugal)|Museu de Arte Moderna de Sintra]]
*[[Museu do Chiado]]
* [[Museu do Chiado]]
*[[Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia]]
* [[Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia]]


{{ref-section}}
{{Referências}}


=={{Bibliografia}}==
== Bibliografia ==
<div class="references-small">
<div class="references-small">
* {{Referência a livro|Autor= BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos (ed.)|Título= O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo|Subtítulo= Série Museus Brasileiros| Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=1990|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD 708-98153}}
* {{Citar livro|Autor= BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos (ed.)|Título= O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo|Subtítulo= Série Museus Brasileiros| Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=1990|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD 708-98153}}
*{{Referência a livro|Autor= BARROS, Stella Teixeira de|Título= A Pinacoteca do Município de São Paulo - Coleção de Arte da Cidade|Subtítulo=Série Museus Brasileiros | Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=2005|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD-709.981611}}
* {{Citar livro|Autor= BARROS, Stella Teixeira de|Título= A Pinacoteca do Município de São Paulo - Coleção de Arte da Cidade|Subtítulo=Série Museus Brasileiros | Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=2005|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD-709.981611}}
* {{Referência a livro|Autor= BRITTO, M.F. do Nascimento (ed.)|Título= O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro|Subtítulo= Série Museus Brasileiros| Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=1999|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD 708-98153}}
* {{Citar livro|Autor= BRITTO, M.F. do Nascimento (ed.)|Título= O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro|Subtítulo= Série Museus Brasileiros| Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=1999|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD 708-98153}}
*{{Referência a livro|Autor= CHIARELLI, Tadeu (ed.)|Título= O Museu de Arte Moderna de São Paulo|Subtítulo=Série Museus Brasileiros | Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=1998|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD 709.981611}}
* {{Citar livro|Autor= CHIARELLI, Tadeu (ed.)|Título= O Museu de Arte Moderna de São Paulo|Subtítulo=Série Museus Brasileiros | Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Banco Safra| Ano=1998|Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=CDD 709.981611}}
*{{Referência a livro|Autor= COMISSÃO de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo|Título= Guia de Museus Brasileiros |Subtítulo= | Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Edusp| Ano=2000 |Páginas=448-450|Volumes= |Volume= | ID=}}
* {{Citar livro|Autor= COMISSÃO de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo|Título= Guia de Museus Brasileiros |Subtítulo= | Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Edusp| Ano=2000 |Páginas=448-450|Volumes= |Volume= | ID=}}
*{{Referência a livro|Autor= DUPRAT, Carolina|Título= Pinacoteca do Estado de São Paulo|Subtítulo= Coleção Folha grandes museus do mundo| Edição=| Local de publicação = Rio de Janeiro| Editora= Mediafashion| Ano=2009 |Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=ISBN 978-85-99896-79-2}}
* {{Citar livro|Autor= DUPRAT, Carolina|Título= Pinacoteca do Estado de São Paulo|Subtítulo= Coleção Folha grandes museus do mundo| Edição=| Local de publicação = Rio de Janeiro| Editora= Mediafashion| Ano=2009 |Páginas= |Volumes= |Volume= | ID=ISBN 978-85-99896-79-2}}
*{{Referência a livro|Autor= VÁRIOS|Título= Bravo! Guia de Cultura |Subtítulo= São Paulo| Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Abril| Ano=2005 |Páginas=163|Volumes= |Volume= | ID=}}
* {{Citar livro|Autor= VÁRIOS|Título= Bravo! Guia de Cultura |Subtítulo= São Paulo| Edição=| Local de publicação = São Paulo| Editora= Abril| Ano=2005 |Páginas=163|Volumes= |Volume= | ID=}}
*{{Referência a livro|Autor= VÁRIOS|Título= Grande Enciclopédia Larousse Cultural |Subtítulo= | Edição=| Local de publicação = Santana do Parnaíba| Editora= Plural| Ano=1998 |Páginas=4032-4034|Volumes= |Volume=XVI | ID=ISBN 85-13-00770-6}}
* {{Citar livro|Autor= VÁRIOS|Título= Grande Enciclopédia Larousse Cultural |Subtítulo= | Edição=| Local de publicação = Santana do Parnaíba| Editora= Plural| Ano=1998 |Páginas=4032-4034|Volumes= |Volume=XVI | ID=ISBN 85-13-00770-6}}
</div>
</div>


=={{links externos}}==
== Ligações externas ==
* [http://www.mam.org.br/ Página oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo]
* [http://www.mam.org.br/ Página oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo]


{{Cidade de São Paulo}}
{{Cidade de São Paulo}}
{{Portal3|Arte}}


[[Categoria:Museus da cidade de São Paulo|Arte Moderna de Sao Paulo]]
[[Categoria:Museus da cidade de São Paulo|Arte Moderna de Sao Paulo]]

Edição das 04h34min de 31 de janeiro de 2014

Predefinição:Info/Edifício O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) é uma das mais importantes instituições culturais do Brasil. Localiza-se sob a marquise do Parque Ibirapuera, em São Paulo, em um edifício inserido no conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer em 1954 e reformado por Lina Bo Bardi em 1982 para abrigar o museu.[1] É uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, sem fins lucrativos, que tem por objetivo a conservação, extroversão e ampliação de seu patrimônio artístico, a divulgação da arte moderna e contemporânea e a organização de exposições e de atividades culturais e educativas.[2][3]

O museu foi fundado por Francisco Matarazzo Sobrinho, dito Ciccillo Matarazzo, em 1948, concomitante ao surgimento do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ambos inspirados pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) e frutos do ambiente de grande efervescência cultural e progresso socioeconômico que caracterizou o Brasil na década de 1940. Ao longo de sua história, o MAM se notabilizou por sua ativa agenda cultural e por importantes iniciativas voltadas à sedimentação e difusão da arte moderna na sociedade brasileira, nomeadamente a criação da Bienal Internacional de São Paulo. Amealhou também, nos seus primeiros anos, um notável acervo artístico, agregando obras de alguns dos mais relevantes nomes nacionais e internacionais das artes visuais no século XX.[2][3]

Sucessivas crises institucionais e dificuldades financeiras, entretanto, levaram ao rompimento do fundador com o conselho diretor do museu, resultando na sua extinção temporária e doação de todo o seu patrimônio à Universidade de São Paulo (que o utilizou como acervo base de seu Museu de Arte Contemporânea). O MAM iniciou então um processo de reestruturação e recomposição de seu acervo, hoje focado na arte contemporânea, apesar de sua denominação. Permaneceu, entretanto, como importante referência na vida cultural do país.[3]

O acervo conta hoje com mais de 5.000 peças, a maioria produzida por artistas brasileiros ativos da década de 1960 em diante. Mantém o Jardim de Esculturas, um espaço de 6.000 projetado por Roberto Burle Marx, onde são expostas obras do acervo a céu aberto. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em arte da cidade de São Paulo, com mais de 60.000 volumes, além de um setor de publicações próprias, responsável pela edição de catálogos e pela revista trimestral Moderno. Desde 1969 organiza a mostra bienal Panorama da Arte Atual Brasileira, uma das mais tradicionais exposições periódicas do país e importante ferramenta para a ampliação do acervo.[2][4][3]

História

Antecedentes

A Semana de Arte Moderna de 1922, sediada no saguão do Teatro Municipal de São Paulo, é frequentemente apontada como o marco inicial do movimento de renovação das artes plásticas no Brasil. Este movimento, entretanto, não pode ser entendido como uma ruptura brusca causada por esta manifestação. Insere-se, ao contrário, em um longo processo reformador, com raízes dentro da própria Academia, em função do descontentamento dos artistas ativos na passagem do século XIX para o século XX com a rigidez formal do aprendizado acadêmico e com a ausência de liberdade técnica e expressiva. É o caso de pintores como Antônio Parreiras, Belmiro de Almeida, Eliseu Visconti, Benedito Calixto e Almeida Júnior, que, sem abandonar a sobriedade acadêmica, buscaram atualizar suas linguagens artísticas, inspirando-se frequentemente nos movimentos europeus de renovação pictórica.[5]

Em 1913, Lasar Segall realizou em São Paulo aquela que é tida como a primeira mostra de arte moderna do Brasil, com obras de tendência expressionista e influxo cubista, abordando a temática social. Foi seguido por Anita Malfatti, que realizou sua primeira mostra individual na capital paulista em 1917 — elogiada pelo crítico Nestor Rangel, mas violentamente atacada por Monteiro Lobato em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo. A desqualificação pretendida por Lobato teve efeito oposto, unindo em torno da artista o incipiente grupo de modernistas ativos na cidade, sem que deixassem de refletir, entretanto, as pluralidades e diversidades da vida cultural brasileira. Após a realização da Semana de Arte Moderna, os artistas nacionais buscaram uma maior aproximação com as vanguardas europeias.[5][6]

A “guerra ideológica” representada pelo surgimento de diversos grupos e propostas antagônicas impediu, por um lado, a unificação do movimento modernista brasileiro, mas também permitiu ampliar o conhecimento das propostas estéticas de vanguarda junto aos círculos intelectuais e sedimentar a sua aceitação. Surgiram na cidade, nos anos trinta, diversos agrupamentos de modernistas, como a Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM) e o Clube dos Artistas Modernos (CAM), e as galerias e salões de arte tradicionais passaram a ceder espaço às vanguardas. Mesmo a conservadora Pinacoteca do Estado, então o único museu de arte paulistano, passou a fazer cessões esporádicas à produção moderna, adquirindo obras de Lasar Segall, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Tarsila do Amaral, tornando-se a primeira instituição museológica do país a incorporar obras modernistas à sua coleção. Não obstante, o debate estético não chegava a atingir o grande público e o modernismo ainda não era capaz de definir um circuito artístico na cidade.[5][6][7]

Ainda na década de 1930, o poder público passou a estabelecer iniciativas de apoio à cultura simpáticas aos ideais modernistas. Em 1937, foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e, no mesmo ano, iniciou-se a construção do edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública, no Rio de Janeiro, projetado por um grupo de arquitetos modernos sob consultoria de Le Corbusier - uma espécie de símbolo do comprometimento do poder público com as vanguardas, refletindo o anseio de construir uma nova imagem do Brasil como uma nação moderna.[8] Na capital paulista, a prefeitura criou seu Departamento Municipal de Cultura, idealizado por Mário de Andrade, órgão responsável pela manutenção de uma rede de equipamentos culturais, nomeadamente a Biblioteca Pública Municipal (hoje denominada “Mário de Andrade”), com o objetivo de estimular, coordenar e desenvolver iniciativas que favorecessem o desenvolvimento artístico, cultural e educacional da população.[6][9]

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e a concomitante expansão da influência cultural e do poderio econômico norte-americanos, acentuou-se um processo de transferência progressiva do eixo de referência das artes plásticas mundiais da Europa para os Estados Unidos. Nova Iorque substituía gradualmente Paris como o mais proeminente centro cultural do ocidente e atraía diversos artistas europeus, fugindo do ambiente hostil criado pela guerra. Surgiram na cidade novos movimentos de vanguarda, ao passo que correntes estéticas pré-existentes encontraram um espaço adequado para florescer. O Museu de Arte Moderna novaiorquino, o primeiro a ser fundado no mundo, em 1929, passou então a inspirar a criação de diversas novas instituições voltadas ao registro da produção de vanguarda, a princípio nos Estados Unidos (com a criação de museus de arte moderna em Boston, São Francisco e Cincinnati) e posteriormente na Europa.[5]

No Brasil, Sérgio Milliet, diretor da Divisão de Bibliotecas do Departamento de Cultura, foi o principal incentivador da criação de instituições dedicadas ao ideário modernista neste período. Em 1945, Milliet criou a Seção de Arte da Biblioteca Pública Municipal, iniciando uma política de aquisição sistemática de obras de arte modernas. A coleção pertencente à Seção de Arte, composta por obras de Aldo Bonadei, Cândido Portinari, Antonio Gomide, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Pierre-Auguste Renoir, Joan Miró, Fernand Léger, Marc Chagall e Henri Matisse, entre outros, é tida como o primeiro acervo modernista do Brasil. A existência desta coleção, hoje conservada na Pinacoteca Municipal de São Paulo, bem como as mostras, exposições didáticas, cursos e conferências organizados pela Biblioteca Municipal, ampliaram a discussão sobre a criação de um museu de arte moderna na cidade. Em artigo publicado n’O Estado de S. Paulo em 1938, Milliet declarou que “a ausência de um museu de arte moderna em São Paulo se faz duramente sentir” e que “se este existisse em nossa capital, a exemplo do que ocorre em quase todos os países civilizados do mundo, talvez não ficasse sem registro permanente o esforço dos pintores e escultores da atual geração brasileira”. A administração municipal, entretanto recusou-se a encampar a ideia. Mário de Andrade era opositor do projeto, acreditando que a criação de museus didáticos, com reproduções e cópias de obras consagradas, seria mais útil para o propósito de instruir culturalmente os cidadãos.[9][10]

O museu

Criado em 1948, pelo industrial e mecenas ítalo-brasileiro Francisco Matarazzo Sobrinho (Ciccillo Matarazzo) e sua esposa, a famosa aristocrata paulista Yolanda Penteado, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi um dos primeiros assentos institucionais da produção artística modernista no país.

O modelo museográfico era o do MoMA de Nova Iorque, então presidido por Nelson Rockefeller, que dera instruções e obras para a nova fundação.

Os estatutos gerais do novo MAM previam a constituição de uma entidade dedicada ao incentivo do gosto artístico do público, por todas as maneiras que forem julgadas convenientes, no campo das artes plásticas, da música, da literatura e da arte em geral. Compunham o conselho de administração, entre outros, os arquitectos Villanova Artigas e Luís Saia e os críticos Sergio Milliet e Antônio Cândido.

Antes mesmo da inauguração oficial, no ano seguinte a 1948, o MAM expunha o seu acervo (ainda incipiente) numa sede provisória, na rua Caetâno Pinto, o endereço da Metalúrgica Matarazzo.

Como um cigano ou um nômade, a história do MAM-SP é marcada por diversas mudanças de sede e direção. Ele foi fundado em 1948 por Francisco Matarazzo, e sua sede ficava na Rua Sete de Abril. Nas palavras do próprio fundador, os objetivos do MAM eram: “incentivo do gosto artístico do público, por todas as maneiras que forem julgadas convenientes, no campo da plástica, da música, da literatura e da arte em geral”.

Depois da Rua sete de Abril ele foi para o Parque Ibirapuera em 1958. Lá ficou primeiramente no Museu da Aeronáutica e posteriormente foi para o pavilhão da Bienal. Francisco Matarazzo, que também foi o fundador da Fundação Bienal de São Paulo, resolve separar as duas instituições que antes eram correlacionadas, em 1963. Nesse mesmo ano ele convoca uma assembléia geral para realizar a dissolução do MAM e doa seu acervo para o surgimento do Museu de Arte Contemporânea da USP. Mas nem todos foram a favor do fim do MAM.

Os sócios do museu Paulo Mendes de Almeida e Mário Pedrosa deram início ao “novo MAM” e atestaram no artigo primeiro da ata: “O Museu de Arte Moderna de São Paulo, sociedade civil sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, tem por objetivo constituir um acervo de artes plásticas modernas, principalmente brasileiras, incentivar e difundir a arte contemporânea”.

Com a dissolução o MAM fica sediado provisoriamente no Edifício Itália e no Conjunto Nacional, em ocasiões diferentes. Em 1968 ele vai para a pombos

A coleção

Na coleção, podem encontrar-se telas de Anita Malfatti, Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Emiliano Di Cavalcanti, José António da Silva, Joan Miró, Marc Chagall, Mario Zanini, Pablo Picasso e Raoul Dufy, entre outros. A maioria pertencera à coleção particular de Matarazzo e da esposa, a famosa Yolanda Penteado.

A exposição inaugural do Museu

A exposição inaugural do MAM, denominada Do figurativismo ao abstracionismo, aprofundava uma discussão que começara anos antes, sobre a oposição entre a arte figurativa (de representação da natureza), já tida como retrógrada, e a arte abstrata (subjetiva), que surgira duas décadas antes na Europa, considerada a vanguarda das artes plásticas.

Organizada pelo director do museu da época, o crítico de arte belga Léon Degand, a mostra reunia 95 obras, sobretudo de artistas europeus – já que problemas financeiros impediram a vinda de trabalhos originários dos Estados Unidos.

Puderam ser vistos nesta exposição nomes como Jean Arp, Alexandre Calder, Waldemar Cordeiro, Robert Delaunay, Wassily Kandinsky, Francis Picabia e Victor Vasarely. Todos abstracionistas.

Ver também

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Museu de Arte Moderna de São Paulo

Outros museus de arte moderna e contemporânea do Brasil:

Museus internacionais de arte moderna e contemporânea:

Referências

  1. Chiarelli, 1998, pp. 9.
  2. 2,0 2,1 2,2 «Institucional». Museu de Arte Moderna de São Paulo. Consultado em 10 de junho de 2012 
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 «Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 10 de junho de 2012 
  4. «Acervo». Museu de Arte Moderna de São Paulo. Consultado em 10 de junho de 2012 
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, pp. 4033.
  6. 6,0 6,1 6,2 Barbosa, 1990, pp. 11.
  7. Duprat, 2009, pp. 9.
  8. Britto, 1999, pp. 7.
  9. 9,0 9,1 Barros, 2005, pp. 21-26.
  10. Barbosa, 1990, pp. 12.

Bibliografia

  • BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos (ed.) (1990). O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Série Museus Brasileiros. [S.l.]: Banco Safra. CDD 708-98153  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);
  • BARROS, Stella Teixeira de (2005). A Pinacoteca do Município de São Paulo - Coleção de Arte da Cidade. Série Museus Brasileiros. [S.l.]: Banco Safra. CDD-709.981611  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);
  • BRITTO, M.F. do Nascimento (ed.) (1999). O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Série Museus Brasileiros. [S.l.]: Banco Safra. CDD 708-98153  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);
  • CHIARELLI, Tadeu (ed.) (1998). O Museu de Arte Moderna de São Paulo. Série Museus Brasileiros. [S.l.]: Banco Safra. CDD 709.981611  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);
  • COMISSÃO de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo (2000). Guia de Museus Brasileiros. [S.l.]: Edusp  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda)
  • DUPRAT, Carolina (2009). Pinacoteca do Estado de São Paulo. Coleção Folha grandes museus do mundo. [S.l.]: Mediafashion. ISBN 978-85-99896-79-2  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda);
  • VÁRIOS (2005). Bravo! Guia de Cultura. São Paulo. [S.l.]: Abril  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda)
  • VÁRIOS (1998). Grande Enciclopédia Larousse Cultural. [S.l.]: Plural. ISBN 85-13-00770-6  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Volume= ignorado (|volume=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda)

Ligações externas

Predefinição:Navbox com grupos anexos

talvez você goste