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* Verdade ''material'' é a adequação entre [[ser|o que é]] e o que é dito. | |||
* Verdade ''formal'' é a [[validade]] de uma conclusão à qual se chega seguindo as [[regra]]s de [[inferência]] a partir de [[postulado]]s e [[axioma]]s aceitos. | |||
* É uma verdade ''analítica'' a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos". | |||
* É uma verdade ''sintética'' a frase na qual o predicado não está contido no sujeito. | |||
== Desvelamento == | == Teorias da verdade == | ||
=== Verdade como correspondência ou adequação === | |||
A teoria correspondentista da verdade é encontrada no [[aristotelismo]] (incluindo o [[tomismo]]). De acordo com essa concepção, a verdade é a [[adequação]] entre aquilo que se dá na [[realidade]] e aquilo que se dá na [[mente]]. | |||
A verdade como correspondência foi definida por [[Aristóteles]] no tratado ''[[Da interpretação]]'', no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é é, ou que o que não é não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é não é, ou que o que não é é. | |||
O problema dessa concepção é entender o que significa ''correspondência''. É um tipo de ''semelhança'' entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as [[palavra]]s e as coisas? | |||
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De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma [[proposição]] basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca. | |||
=== Deflacionismo === | |||
De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que ..." não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada". | |||
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Segundo esta concepção, verdade é [[desvelamento]]. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser. | Segundo esta concepção, verdade é [[desvelamento]]. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser. | ||
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Para o [[pragmatismo]] a verdade é o [[valor]] de uma coisa. É típico de pragmatistas como [[Richard Rorty]] a oposição à posição correspondentista. | Para o [[pragmatismo]] a verdade é o [[valor]] de uma coisa. É típico de pragmatistas como [[Richard Rorty]] a oposição à posição correspondentista. | ||
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[[Santo Anselmo]]. ''De veritate''. | |||
Aristóteles. ''Da interpretação''. | |||
[[John Austin]]. [[1961]]. "Truth". In ''Philosophical papers''. Oxford University Press. | |||
[[Pascal Engel]]. [[1998]]. ''La vérité: réfléxions sur quelques truismes''. Paris: Hatier. | |||
[[Espinoza]]. [[1663]]. ''[[Pensamentos metafísicos]]''. Primeira parte, capítulo VI. | |||
Martin Heidegger. [[1927]]. ''Ser e tempo''. Parágrafo 44. | |||
Martin Heidegger. [[1930]]. "Sobre a essência da verdade". In: Victor Civita, editor. ''Os pensadores: Heidegger''. São Paulo: Abril Cultural, 1983, 2a. edição. Tradução de [[Ernildo Stein]]. | |||
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Edição das 01h05min de 18 de outubro de 2005
Várias concepções da verdade podem ser encontradas na lógica e na metafísica.
O portador da verdade
Há vários tipos de coisas das quais podemos dizer que são verdadeiras ou falsas:
É típico desses portadores da verdade poderem ser avaliados pela razão ou entendimento. Também é típico dos mesmos poderem ser expressos pela linguagem. Pensamentos, crenças, opiniões e proposições podem ser expressos em frases.
Tipos de verdade
- Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.
- Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.
- É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos".
- É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.
Teorias da verdade
Verdade como correspondência ou adequação
A teoria correspondentista da verdade é encontrada no aristotelismo (incluindo o tomismo). De acordo com essa concepção, a verdade é a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que se dá na mente.
A verdade como correspondência foi definida por Aristóteles no tratado Da interpretação, no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é é, ou que o que não é não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é não é, ou que o que não é é.
O problema dessa concepção é entender o que significa correspondência. É um tipo de semelhança entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?
Desmenção
De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma proposição basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.
Deflacionismo
De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que ..." não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada".
Desvelamento
Segundo esta concepção, verdade é desvelamento. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser.
Posição típica de Martin Heidegger (em Ser e tempo, parágrafo 44, e na conferência "A essência da verdade").
Pragmatismo
Para o pragmatismo a verdade é o valor de uma coisa. É típico de pragmatistas como Richard Rorty a oposição à posição correspondentista.
Em Habermas a verdade se confunde com a validade intersubjetiva, ou consenso.
Indicações de leitura
Santo Anselmo. De veritate.
Aristóteles. Da interpretação.
John Austin. 1961. "Truth". In Philosophical papers. Oxford University Press.
Pascal Engel. 1998. La vérité: réfléxions sur quelques truismes. Paris: Hatier.
Espinoza. 1663. Pensamentos metafísicos. Primeira parte, capítulo VI.
Martin Heidegger. 1927. Ser e tempo. Parágrafo 44.
Martin Heidegger. 1930. "Sobre a essência da verdade". In: Victor Civita, editor. Os pensadores: Heidegger. São Paulo: Abril Cultural, 1983, 2a. edição. Tradução de Ernildo Stein.
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